Por Thiago Oliveira
O ano de 2015 nem bem
começou e uma série de profetadas já foi proferida por ditos apóstolos e
falsos pastores. A picaretagem motivacional é quase sempre a mesma. Utilizam-se
do ano novo para iludir as pessoas de que tal ano pode ser diferente e bem mais
abençoado do que aquele se passou. Obviamente, todos nós gostaríamos de receber bênçãos
do SENHOR. Mas, e se não for isso que acontecer? E se 2015 não for nem um pouco
melhor que 2014? Já parou para pensar nisso?
Uma das coisas mais fáceis
do mundo é manobrar a massa. Basta falar o que todos querem ouvir. Utilizar-se
de muita “positividade” e tentar calar qualquer um que questione a “grande
visão” do líder. Vemos isso a torta e a direita no cenário evangelical
brasileiro. E este tempo de virada de ano é propício para intensificar as tais “palavras
proféticas”.
Algumas igrejas optam por
utilizarem-se de personagens bíblicos, geralmente do Antigo Testamento, e
batizam o ano vindouro com o nome de tal personagem. Por exemplo: Ano de Josué,
Ano de Ester, Ano de José e etc. Todos estes, tiveram dificuldades em sua
trajetória, mas sabemos que acabaram bem. Josué foi um comandante que
teve êxito na conquista de Canaã, Ester tornou-se rainha da Pérsia e evitou um
holocausto judeu, José de escravo passou a ser o mandachuva do próspero Egito e
por aí vai. Já outras Igrejas, preferem outro tipo de nomenclatura para batizar
os seus anos. Por exemplo: Ano do Crescimento, Ano da Prosperidade, Ano da
Conquista, Ano da Farta Colheita, etc.
Logicamente, ser
motivacional não é nada pecaminoso. Olhar as coisas pelo lado positivo tem lá
as suas vantagens. Mas isto deve ser característica pessoal e ponto. Não podemos
adequar a mensagem do Evangelho para que este nos sirva como literatura de autoajuda.
Sabemos que a mensagem que Deus revelou a nós através da Sua Palavra escrita é
uma boa nova. Os santos de Deus terminarão bem. Tudo, no fim, dará certo para
os que estão em Cristo Jesus. No entanto, as promessas de bem não são
referentes a esta nossa vida aqui. As promessas do Evangelho são para o Reino
dos Céus.
Pensando nos exemplos
descritos acima, fica nítida a manipulação da Bíblia para que ela seja
apresentada para satisfazer o bel-prazer da grande massa. Por que não colocar
personagens como Isaías para batizar um ano que se aproxima? Só porque Deus o
enviou para uma missão onde ele pregaria e as pessoas não se converteriam? (Is.
6.10). Por que não Moisés? Só porque ele enfrentou todos os perrengues com o
povo no deserto e no final não pode entrar na Terra Prometida que ele tanto ansiou
possuir (Dt 1.37)? Por que não queremos o
“Ano de Paulo”? Só porque ele enfrentou fome, sede, necessidade de roupas,
brutalidade, falta de moradia, trabalho árduo, palavras maldizentes,
perseguições e calúnias? (1 Co 4. 11-13).
Obviamente, Deus não nos
chamou para termos a vida de Abraão, Sansão, Paulo, Pedro, entre outros. A sua
vida é a sua vida e Deus se relaciona com você de uma maneira singular. Mas,
podemos aplicar a história de tais homens e ver que nem tudo foi um mar de rosas e
nem sempre acabou bem - digo acabar bem aqui neste mundo. Você lembra que de todos
os apóstolos, apenas João morreu de velhice? O resto foi violentamente
assassinado. Isto faz dos apóstolos pessoas fracassadas? Sim e não. Na ótica do
mundo, eles podem ser considerados um fracasso. Já para Deus - e esta deve ser
a ótica por nós almejada – eles foram considerados mais que vencedores, pois a vitória deles foi imputada porque Cristo venceu na Cruz. Todos os mártires da
Igreja são tidos por vitoriosos. Apocalipse 12.9 vai dizer que eles venceram
pelo sangue do Cordeiro.
Por isso, devemos estar
dispostos a enfrentar todo e qualquer tipo de situação. 2015 pode ser um ano
totalmente atribulado. Possa ser que nada do que você almejou se concretize. Outra coisa: Ninguém está isento de sofrimento, na verdade, ele é inevitável. E se tudo a
sua volta parecer que vai desmoronar? A sua fé vai junto? Você irá maldizer a
Deus e blasfemar contra seu santo nome? Se for um cristão a quem o SENHOR
chamou para fazer parte do Reino do Filho do seu Amor, é claro que você não vai
fazer isso. A Palavra nos diz "que todas as coisas cooperam para o bem daqueles
que amam a Deus e que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). Também
podemos ler em Provérbios 16.4 “que o
SENHOR fez todas as coisas para determinados fins, e até o perverso para o dia
da calamidade”.
Um pouco mais acima citei o
fato de Moisés não ter entrado em Canaã. Ele havia sido chamado por Deus para
conduzir o povo do Egito até esta terra prometida. Ele passou por maus bocados
no deserto. O povo reclamando, as intempéries naturais daquele lugar inóspito...Enfim,
uma série de dificuldades. Quando Moisés descobre que não vai entrar na tão
sonhada terra, deve ter ficado certamente abatido. Mas, ele sabia muito bem
quem era o Deus a quem ele servia. O seu abatimento não se transformou em
indiferença ou tristeza aguda. No relato de sua morte há algo impressionante: “Era Moisés da idade de cento e vinte anos
quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor”
(Dt 34.7).
Portanto, não deixe que nada tire o seu vigor. O que quero deixar
claro para você é que independente daquilo que o ano de 2015 lhe trouxer, faça
como Jó, louve a Deus independente das circunstâncias (Jó 1.21). Não se deixe iludir por
uma nomenclatura que algum líder da Igreja propôs para este período. Nós não
podemos determinar o tipo de ano que teremos. E se Deus quiser fazer do seu “ano
da Prosperidade” um ano cheio de dificuldades financeiras? Nós não somos
capazes de acrescentar um palmo a mais a nossa estatura, o que dirá determinar
o agir de Deus nos próximos 12 meses. Que neste ano, possamos estar em
conformidade com a vontade d’Ele. Quando orar, não tente pressionar a Deus,
para que Ele atenda os seus caprichos. Ore reconhecendo sua impotência e dependência
do SENHOR e diga: “Pai, seja feita a Tua
vontade”.
Finalizo com um trecho de uma
das mais belas orações já feitas de que temos registro. Uma oração que também é
um hino de louvor, e uma consistente declaração de fé:
“Ainda que as figueiras não produzam frutas, e as parreiras não deem
uvas; ainda que não haja azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda
que não haja mais ovelhas nos campos nem gado nos currais, mesmo assim eu darei
graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador. O Senhor Deus é a minha
força. Ele torna o meu andar firme como o de uma corça e me leva para as
montanhas, onde estarei seguro”.
Habacuque 3. 17-19 (NTLH)
Glória somente a Deus!