Por François Turretini
As
razões são:
1) Cristo e os apóstolos frequentemente a ensinavam (como
transparece dos evangelhos - Mt 11.20,25; 13.11; 25.34; Lc 10.20; 12.32; Jo
8.47; 15.16 e em outras partes - e das Epístolas de Paulo a totalidade de Rm 9
e Rm 8.29,30; Ef 1.4,5,11; 2Tm 1.9; lTs 5.9; 2Ts2.13). Não se expressavam de
outra forma Pedro, Tiago e João quando falavam reiteradamente desse mistério,
sempre que se lhes propiciava alguma ocasião. Ora, se lhes era próprio
ensiná-la, por que nos é impróprio ensiná-la? Por que Deus ensinaria aquilo
sobre o que seria preferível (arrêton) guardar silêncio (ameinon)? Por que ele
quis proclamar aquelas coisas que seria preferível fossem ignoradas? Porventura
desejamos ser mais prudentes do que Deus ou prescrever-lhe regras?
2)
Essa é uma das principais doutrinas evangélicas e que constituem os fundamentos
da fé. Não pode ser ignorada sem grave injúria à igreja e aos crentes, pois ela
é a fonte de nossa gratidão a Deus, a raiz da humildade, o fundamento e mui
sólida âncora da confiança em todas as tentações, o esteio da mais doce
consolação e mui poderoso aguilhão (incitamentum) à piedade e à santidade.
3)
A importunação dos adversários (que têm corrompido esse cume primordial da fé
com erros letais e calúnias infames com os quais costumam cumular nossa
doutrina) nos impõe a necessidade de manuseá-la, para que a verdade seja
nitidamente exibida e isentada das falsíssimas e mui iníquas incriminações
maldosamente impostas pelos homens. Como se introduzíssemos uma necessidade
fatal e estóica; como se, com ela, extinguíssemos toda a religião da mente
humana, mitigando-a no leito da segurança e profanação, ou arremessando-a no
abismo do desespero; como se convertêssemos Deus num ser cruel, hipócrita e
autor do pecado - recuso-me a prosseguir. Ora, como todas essas coisas são
completamente falsas, temos o dever de inquestionavelmente refutá-las mediante
uma sóbria e saudável exibição dessa doutrina com base na Palavra de Deus.
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Extraído
do primeiro volume do Compêndio de Teologia e Apologética