Por Erik Raymond
Qual foi a coisa mais estúpida que você já falou?
Provavelmente, você não vai querer repeti-la. Entretanto, como eu acho algo
edificante, vou reviver esse meu momento. Eu era um cristão novo e estava
conversando com minha esposa em uma tarde de domingo, quando eu solto a
seguinte pérola: “Cristianismo é tão fácil. Não vejo o que há de demais”. Mas
eu ainda não havia terminado: “Eu leio minha Bíblia, oro e falo com as pessoas
sobre Jesus. Além disso, nós vamos à igreja domingo e ouvimos alguém pregando.
O que há de difícil nisso?”.
Deus me mostraria o que há de difícil nos 18 meses
seguintes. Nós começamos a frequentar uma igreja que enfatizava a comunidade e
os “uns aos outros”. Em pouco tempo eu já estava pisando nos calos dos outros,
e eles estavam retornando o favor. Vida em comunidade com pecadores não é
ilustração de cartão de natal. É algo bagunçado e que expõe o orgulho. É
qualquer coisa, menos fácil.
A diferença é simplesmente a palavra amor.
Cristianismo era algo fácil quando eu falava sobre ele, mas ele se tornou real
quando eu tive começar a me doar. A diferença é o amor. O amor sempre dá, mas,
raramente, ele tira.
Não é surpreendente que Deus nos desafia a sermos
fiéis em nosso amor. Quando lemos diversas passagens do Novo Testamento, nós
nos vemos como um cachorro inclinado ao ouvir um estranho sussurro. “O quê?
Não, espera!”.
“Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa?
Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que voz
fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se
emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também
os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amais, porém,
os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será
grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até
para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, como também é misericordioso
vosso Pai”. Lucas 6.32-36
Eis a questão: o tipo e o modelo de amor que Deus
requer não é natural. Não é fácil. Veja: os pagãos conseguem exercer o amor
auto-gratificante. Quem não consegue amar as amáveis pessoas que amam você?!
Não é difícil!
Por outro lado, Deus também quer que amemos quem não é
amável e quem não nos ama. Esse é o tipo de amor que reflete o amor de Cristo
que está no Evangelho. Cristãos, aqueles que seguem a Cristo, devem ter o
Evangelho como modelo e motivação do nosso amor (1 João 4.7-11).
Um amigo meu gosta de colocar isso de uma forma bem
sucinta. Ele disse recentemente: “Você não tem um amigo de verdade até que ele
tenha aborrecido você. Até que ele tenha te irritado profundamente, você ainda
está na superfície”. Você ainda não teve de amá-lo… você apenas gosta dele.
Pense sobre o que Deus fez: ele nos encheu de amor e
nos circundou de pessoas que também precisam desse amor, e, então, disse: “Vá e
ame aos outros e demonstre esse amor pelos outros ao seu redor”. Essa
comunidade de pessoas deveria ser especialmente sensível a esse amor, porque
elas precisam saber o quão não amáveis e sem amor eles eram. Elas devem
conhecer e estimar o amor de Deus de uma forma tão grande que precisam
demonstrá-lo aos outros.
Tristemente, não é isso que normalmente acontece. Nós
procuramos o amor que vem fácil e deixamos de lado o amor que requer suor e
graça. O amor que Deus exige de sua igreja não é natural; ele requer trabalho e
é diferente. Ele não se parece com as coisas que você ouve no supermercado, lê nas
revistas ou vê e um drama romântico. É diferente. Ao invés de ser
autorreferente, ele é abnegado.
Se você acha que Cristianismo é fácil, então você não
está amando as pessoas da forma certa. Talvez você não esteja vivendo bem perto
de outros crentes. Talvez você não esteja aplicando frequentemente o Evangelho.
Talvez a pessoas e a obra de Jesus não é o modelo e a motivação do seu amor.
Quando examinamos a Bíblia e o que Deus requer de nós cristãos, vemos que não é
algo fácil ou natural. É um trabalho árduo que exige muita graça. Vá em frente,
vá fundo; suje suas mãos – há muitas oportunidades!
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Fonte: Reforma 21