Por Kevin DeYoung
Que ferramentas todo
pastor deve possuir? Que habilidades ele precisa ter? Ou, perguntando com
franqueza: o que um pastor tem de fazer razoavelmente para ser um bom pastor?
Observe o que não
estou perguntando. Não estou perguntando sobre a teologia do pastor. Ou sobre a
sua santidade pessoal. Ambas são essenciais e mais importantes do que algum dom
específico. Todo pastor precisa cuidar bem de sua vida e de sua doutrina (1 Tm
4.16). Mas, o que um pastor tem de fazer?
Esse é o assunto deste artigo.
Admitamos que ele
está indo bem nas áreas de caráter e de convicção. Mas, o que se exige dele
quanto à competência?
Em seguida,
apresentamos uma lista que não é exaustiva. E, com certeza, não reivindicamos
ser excelentes em cada área. Todavia, com base em minha experiência, um pastor
de igreja local – estou pensando, em particular, no papel de pastor principal
ou de pastor único – tem de ser competente em cinco áreas.
1. Um pastor tem de
ser capaz de ensinar. Uma das cinco diferenças existentes nas
qualificações de presbíteros e diáconos e a única habilidade na lista é que o
presbítero seja “apto para ensinar” (1 Tm 3.2). Se o pastor é o único ou o
pastor principal, ele labutará especialmente na pregação e no ensino (1 Tm
5.17). As igrejas suportarão várias deficiências, porém muitas igrejas ficarão
impacientes com um pastor que não sabe ensinar.
É verdade que ensinar
e pregar são habilidades que se desenvolvem com o passar do tempo. Por isso,
talvez seja difícil determinar se um jovem é “apto para ensinar”. Contudo,
antes de alguém entrar no ministério, ele deve ser capaz de comunicar a Palavra
de Deus com alguma medida de confiança e clareza.
Algumas coisas que
devemos examinar:
• Ele gosta de
ensinar? Se não gosta, não melhorará no ensino.
• Ele pode se
comunicar com as crianças? Seria um grande treinamento e um admirável campo de
prova se os pastores trabalhassem como professores de alunos das primeiras
séries, antes de entrar no ministério de tempo integral. Bons mestres sabem
como tornar compreensíveis verdades profundas. Em contraste, se você torna
confusas coisas simples, talvez não tenha o dom de ensino, ainda não.
• Ele gosta de ler?
Alguns pastores leem bastante. Outros lerão devagar ou sem muita
freqüência. Mas, se um pastor não gosta de ler (supondo que ele tem acesso a
bons livros), ele dificilmente crescerá em profundidade e amplitude de
discernimento. Se um pastor não tem fome por aprender, talvez não ajudará outros
a aprender.
2. Um pastor tem de
ser capaz de relacionar-se com as pessoas. Há muitas
maneiras de um pastor conectar-se com seu povo. Ele pode fazer visitas aos
enfermos, ou mentorear pessoas individualmente, ou liderar grupos pequenos, ou
trabalhar para que haja mais envolvimento da equipe de colaboradores. Sempre
haverá pessoas ao redor do ministério; e um bom pastor se esforçara para estar
disponível a pelo menos algumas dessas pessoas.
Os relacionamentos
assumem muitas formas. Você pode ser um pastor extrovertido e gregário ou um
introvertido meditativo. Alguns de nós somos bons em bate-papo. Outros odeiam
isso e preferem um convívio mais próximo e quieto com outra pessoa. Não estou
dizendo que o ministério pastoral é somente para os sociáveis. Mas, se um homem
não pode lidar cordial, gentil e amavelmente com as pessoas, ele deve pensar
duas vezes em ser um pastor.
Uma boa pergunta a
ser considerada: este homem faz amigos com facilidade? Eu hesitaria em chamar
um pastor que luta para fazer e manter amigos.
3. Um pastor tem de
ser capaz de liderar. Isso pode nos enganar. Ao usar o vocábulo “liderar”
não quero dizer que todo pastor tem de ser um empreendedor ousado. Mas ele deve
ter pessoas que o seguem. Tem de ser disposto a tomar uma posição, ser
impopular às vezes. Precisa de coragem e da habilidade de tomar decisões
desagradáveis. Se um homem tem necessidade de ser apreciado por todos, em todo
o tempo, ele não está pronto para ser um pastor. Um pastor não deve ter medo de
influenciar. E, se ele não é um visionário ousado, deve ser aquele tipo de
líder que encoraja outros que têm dons de liderança mais destacados.
4. Um pastor tem de
ser relativamente organizado ou cercar-se de pessoas que podem fazer isso por
ele. Eu
queria usar a palavra “administração” para referir-me a esse assunto, mas
decidi não usá-la por receio de ser mal compreendido. Não creio que os pastores
precisam ser gurus administrativos. De fato, penso que nenhum pastor entrou num
seminário com o sonho de que poderia ser capaz de manter a igreja cumprindo sua
função tranquilamente. Administração não é a essência do ministério; pelo
menos, não deveria ser.
No entanto, não
podemos evitar isto: um pastor tem de possuir alguma habilidade básica de organização.
Ele não pode esquecer sempre os seus compromissos ou chegar atrasado em cada
reunião de presbíteros. O pastor precisa retornar as chamadas telefônicas e
entender como se realiza uma reunião. Na verdade, todos esquecemos coisas.
Todos nós falhamos de vez em quando. Ser um pastor não exige onisciência ou
onipotência, mas temos de ser responsáveis. Certo ou errado, talvez a sua
igreja não perceba imediatamente que você parou de estar com as pessoas e que
você não tem capacidade de liderar, mas a congregação perceberá logo que não
pode depender de você.
Competência
administrativa básica é exigida para o ministério pastoral. Se você não tem
essa competência como pastor, ache pessoas que têm e permita que elas cuidem de
você.
5. Um pastor tem de
orar. Se
essa ferramenta ficar corroída, ninguém saberá; pelo menos, não a princípio. É
impossível sobreviver como pastor sem as outras quatro habilidades. Contudo,
infelizmente, é fácil sobreviver e, até, prosperar no ministério sem essa
ferramenta. O pastor que prospera sem oração não é o pastor sob cujo ministério
quero estar, nem o pastor que desejo ser. Podemos realizar muito em nós mesmos,
mas o que realmente importa exige oração, porque exige a presença de Deus. Um
homem que não ora não deve pregar.
Como você mesmo pode
testemunhar, essas cinco competências não são iguais em importância. As
competências 1, 2 e 5 são essenciais e devem ser o foco do ministério. As
competências 3 e 4 podem ser evitadas por algum tempo, mas não podem ser
ignoradas. Em minha experiência, todas as cinco habilidades são necessárias ao
ministério pastoral. Alguns pastores serão excelentes em várias dessas
competências. Alguns serão muito bons em uma área ou muito bons em outras.
Nenhum pastor será um modelo de todas essas cinco áreas. Se eu tivesse de
avaliar um aluno de seminário que está prestes a entrar no ministério, ou se
fosse membro de uma igreja que está à procura de um pastor, desejaria ver
competência básica em cada uma dessas áreas.
______________
Traduzido por:
Wellington Ferreira
Do original em
inglês: Requisite
Tools
Fonte: Ministério
Fiel