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9 de fev. de 2015

Sobre usar e enterrar talentos

Por Daniel Clós Cesar

O meio "cristão-contemporâneo-pouco-bíblico" é extremamente criativo em produzir conceitos, jargões, vocabulário e campanhas. Para fazer parte deste sistema você não precisa mais se vestir de forma diferente, você precisa falar de forma estranha. O meio produziu uma série de vocábulos que fazem sentido apenas para cristãos de determinados nichos, e mesmo um teólogo buscando seriamente nas folhas de uma Bíblia não conseguiria fazer muitas conexões deste dicionário gospel com princípios bíblicos. Via de regra, são palavras tiradas de um contexto espiritual e espiritualizadas no cotidiano da massa gospel.

Você já deve ter sido confrontado com a ideia ou conceito de "talento". Se você é alguém que está sentado no banco durante as reuniões de domingo e não exerce nenhuma função "oficial" dentro da congregação, essa palavra provavelmente já veio acompanhada do verbo "enterrar".

Mas o que é "usar" ou "enterrar" seus talentos?

Acho que uma das melhores formas de explicar o que uma coisa é, as vezes, explicar o que ela não é:

1. Usar talentos em prol do Reino não é participar ativamente de "ministérios" ou departamentos da igreja em busca de reconhecimento pessoal;

2. Usar talentos em prol do Reino não é ser membro ativo na instituição igreja, mas sem nenhum relacionamento efetivo com o Noivo da Igreja;

3. Usar talentos em prol do Reino não é ser um participante das atividades da igreja e não um participante do Reino de Deus.

Não tenho dúvidas, com o bom tempo que tenho de conversão ao Evangelho, que a grande maioria dos membros ativos em eventos e ações das congregações estão ali por reconhecimento pessoal. Isso é notório quando ministérios como Oração, Portaria, Limpeza e Ensino da Palavra são regularmente e frequentemente os menos visitados por candidatos a usar seus "talentos" em prol do Reino. Não incomum as pessoas desses ministérios querem ser "promovidas" a ministérios mais "relevantes" a seus egos.

O que percebi nesses anos é que a igreja contemporânea é lamentavelmente composta de artistas, cantores e apresentadores. Ora, não são os departamentos (ou ministérios) de Louvor, Teatro e Pregação os mais procurados pela massa gospel? Ninguém vê algo espiritualmente estranho nisso?

Os "ministérios" mais visados, são infelizmente os mais ouvidos e que mais influenciam o pensar e caminhar da congregação. Mas também são os que mais frequentemente são compostos por pessoas no mínimo inadequadas, para não dizer totalmente despreparadas. Cantores que não conhecem a Palavra de Deus para confrontar as letras de músicas que mais parecem saídas de um cantor bêbado de boteco de quinta, pregadores que nunca leram a Bíblia uma única vez e reproduzem pregações e cacoetes copiados da TV e por fim medíocres atores de teatro que julgam estar na Broadway quando sobem ao palco porque sentem sede de aplausos.

Usar os talentos em prol do crescimento do Reino parte de uma vida dedicada a primeiro a aprender a Palavra, para depois usá-la da forma que os verdadeiros apóstolos neotestamentários usaram. Não para converter pessoas a uma denominação ou modelo litúrgico, mas convertê-los mediante a obra sobrenatural do Espírito Santo àquele que foi crucificado por nós.

Se você usa seus talentos de forma inadequada, você não os usa, você lança pérolas ao porcos... simples assim.

Soli Deo Gloria!
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*Este texto não deseja generalizar quem está nesses departamentos/ministérios, mas propor a reflexão dos motivos de você estar onde está.

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