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30 de mai. de 2015

O Campus Universitário é Local de Perseguição e um árduo Campo Missionário

Por Thiago Azevedo

Pouco se fala daqueles cristãos que estão inseridos no universo acadêmico. Pouco é comentado sobre a perseguição sutil e ferrenha que estes sofrem na atualidade. Perseguição no campo intelectual, ético e moral. O estudante universitário na atualidade e, de um modo geral, possui um estereótipo muito distante dos princípios cristãos, assim o estudante universitário cristão será compelido a se moldar dentro de tais padrões, caso rejeite, será perseguido e/ou excluso. Recentemente um vocalista de uma banda de rock chamado Roberto Oliveira, universitário da Universidade Federal do Acre, mostrou como os cristãos devem ser recebidos no ambiente universitário. O jovem queimou um exemplar da Bíblia Sagrada em um dos shows de sua banda em pleno campus e em meio a uma multidão de estudantes. Esta atitude gerou repudia de muitos cristãos para com o jovem, inclusive de um líder religioso de uma instituição local chamado Mássimo Lombardi. Tal líder escreveu uma carta ao jovem e insano universitário. Após ler a carta do líder religioso o referido jovem também se pronuncia por meio de uma carta e reconhece que errou e que estava profundamente arrependido (cuidado para da próxima vez não queimar o alcorão, talvez não dê tempo de se arrepender).

A atitude deste jovem fala muito, é como se ela quisesse dizer que o ambiente universitário não é para cristãos, é como se ela quisesse dizer que os cristãos não serão aceitos neste ambiente, é como se ela quisesse dizer também que se o cristão adentrar ali já sabe o que vai encontrar. Essa atitude traduz uma revolta que pouco se explica. Isso sem falar que a multidão delirava enquanto o exemplar da Bíblia virava fumaça.

Recentemente na universidade que curso filosofia, numa palestra sobre as beneficies da pós-modernidade, algo me deixou intrigado. Muitos criticavam os paradigmas e valores cristãos ainda vigentes em nossa sociedade. Muitos criticavam as Escrituras Sagradas com todo vigor. Ao término do evento, perguntei a um dos críticos da bíblia quantas vezes ele tinha lido o livro, a resposta foi imediata: “nenhuma, mas mesmo assim, não o suporto”. Como pode alguém não gostar daquilo que não conhece? Ora, o pressuposto para que se critique alguém é justamente conhecer suas ideias, seus pressupostos, suas alegações, e assim refutá-las. Isso é uma regra no ambiente acadêmico, se trata de honestidade intelectual. Mas quando o assunto é Bíblia, parece que a falta dessa honestidade passa despercebida.

Outro caso que vale a pena destacar foi quando há uns dois meses um grupo de irmãos estava distribuindo Novos Testamentos no campus da universidade. Era a oportunidade que muitos tinham de ter o primeiro contato com aquele livro tão criticado. Mas, para minha surpresa, após algumas horas de distribuição, boa parte do piso do campus universitário estava todo azul (essa era a cor dos exemplares do novo testamento), alguns exemplares não davam nem para ser utilizados novamente, isso pelo fato de terem sidos destruídos e rasgados. O jardim da universidade estava repleto de exemplares melados de areia e molhados. Mesmo assim, com o coração ferido, com a ajuda de um amigo, apanhei o que pude e trouxe para minha residência, onde os reorganizei e posteriormente os distribui para motoristas e cobradores de ônibus. Com certeza estes exemplares foram oferecidos às pessoas que criticam a Bíblia e que perseguem os cristãos e que nunca nem sequer leram uma linha das Sagradas Escrituras. Ler a Bíblia seria uma oportunidade de conhecer o cristianismo genuíno, e assim poder diferenciá-lo dos muitos “cristianismos” da atualidade, daqueles que se utilizam apenas de uma capa de cristianismo, mas a essência é outra.

É com este argumento que tenho conseguido fazer com que amigos universitários (antes avessos à Bíblia) despertem pelo interesse da leitura bíblica, o que para mim já valeu a pena minha estadia no ambiente acadêmico. Na realidade a Bíblia passou por diversas épocas da história, diversos governos, diversos monarcas, diversos imperadores, diversas perseguições, adulterações propositais etc., e nunca foi freado seu avanço. Não serão os hereges da pós-modernidade que irão ameaçá-la. O nosso temor não é com o que possa acontecer com o futuro da Escritura em nosso tempo. O nosso temor é com o que pode acontecer com as pessoas que se prestam a denigrir e a destruir exemplares da Bíblia em público na atualidade.

Pessoas que realizam tamanho desserviço devem ser alvo de nossas constantes orações e do nosso amor. O cristão universitário que se encontra no árduo campo missionário, este que é o campus de sua universidade, deve também se dedicar a oração por tais pessoas. A perseguição de cristãos em ambiente acadêmico é pouco notada e conhecida, na realidade, só sabe que existe quem passa por tal. Não queremos aqui comparar perseguições, evidentemente que há cristãos que sofrem muito mais perseguições que meros estudantes universitários. Mas isso não exclui o fato de haver perseguição aos cristãos em universidades. Para fugir desta perseguição, muitos se utilizam de um artifício perigoso, a saber, não se mantêm firmes nos princípios cristãos em busca de aceitação acadêmica. Logo se escuta a tão famosa frase: “você é um cristão, mas um cristão diferente, um cristão legal”. Se você é cristão, é universitário e escuta essa frase corriqueiramente, cuidado! Ela na realidade quer dizer algo bem diferente.

Geralmente um cristão universitário bom, diferente e legal é aquele que fuma maconha, gazeia aulas e cola nas provas. Espero nunca ser um cristão bom aos olhos destes avaliadores. Um cristão universitário da atualidade para ser avaliado como bom deve também se mesclar a grupos que comungam de teorias ideológicas materialistas que não comungam com as verdades e princípios cristãos. Geralmente, se ele quiser ser aceito pelos demais estudantes, deve se pintar e se vestir de vermelho e pleitear militantemente pela revolução não sei de que. Se o cristão universitário se opuser a estas práticas, será um cristão obsoleto e sofrerá perseguição.

É bem verdade que é possível conseguir o respeito no ambiente acadêmico sem negar os princípios do cristianismo. Será mais difícil e mais árduo, o caminho será mais longo, as perseguições serão acachapantes, mas vale a pena. Uma das melhores definições do que é ser cristão encontrei lendo um livro de leis eclesiásticas e cabe ao momento:

“Certo homem, vestido de roupas brancas, visitou uma carvoaria vegetal, lá permaneceu durante toda a extração do carvão e carreto ao depósito no galpão; findo os trabalhos, o visitante se despediu dos trabalhadores e saiu, sendo que suas vestes não tinham mancha alguma de carvão” (Nunes, 2005, p. 42).

É difícil, mas não é impossível. Este conceito de cristão deve ser retido por qualquer cristão e em quaisquer lugares. Porém, muito mais pelos cristãos universitários. Ou seja, está próximo e conviver não significa se sujar. O fato de termos no ambiente universitário pessoas avessas e perseguidoras do cristianismo, não significa dizer que estes devem ser repudiados e excluídos de nossa convivência, o campus universitário é um árduo campo missionário e é nele que o cristão universitário atua.

Por fim, assim como em qualquer outro exemplo de perseguição cristã, o cristão universitário deve ser estratégico e pedir a sabedoria divina para lhe dar com tais situações. Suas ações não podem ser independentes e confiadas apenas nas suas capacidades intelectuais. Lembre-se que o campus universitário é um árduo campo missionário. O cristão universitário deve entender que fazer missões nem sempre significa viajar, tirar vistos de entrada em países estrangeiros, preparar malas, passar por check-in em aeroportos, etc. Fazer missões é - sobretudo - olhar para os que estão próximos: o campus universitário é a Jerusalém, Judéia e Samaria de Atos 1:8. Nele haverá perseguição, lutas e provação. Mas também haverá provisão por parte daquele que lhe colocou neste lugar, a saber, Deus.   

Um comentário:

Unknown disse...

Obrigado por compartilhar suas experiências e este texto. Pra mim foi de grande valia.