Por Thiago Azevedo
Pouco
se fala daqueles cristãos que estão inseridos no universo acadêmico. Pouco é
comentado sobre a perseguição sutil e ferrenha que estes sofrem na atualidade.
Perseguição no campo intelectual, ético e moral. O estudante universitário na
atualidade e, de um modo geral, possui um estereótipo muito distante dos
princípios cristãos, assim o estudante universitário cristão será compelido a
se moldar dentro de tais padrões, caso rejeite, será perseguido e/ou excluso. Recentemente
um vocalista de uma banda de rock chamado Roberto Oliveira, universitário da
Universidade Federal do Acre, mostrou como os cristãos devem ser recebidos no
ambiente universitário. O jovem queimou um exemplar da Bíblia Sagrada em um dos
shows de sua banda em pleno campus e em meio a uma multidão de estudantes. Esta
atitude gerou repudia de muitos cristãos para com o jovem, inclusive de um
líder religioso de uma instituição local chamado Mássimo Lombardi. Tal líder
escreveu uma carta ao jovem e insano universitário. Após ler a carta do líder
religioso o referido jovem também se pronuncia por meio de uma carta e
reconhece que errou e que estava profundamente arrependido (cuidado para da
próxima vez não queimar o alcorão, talvez não dê tempo de se arrepender).
A
atitude deste jovem fala muito, é como se ela quisesse dizer que o ambiente
universitário não é para cristãos, é como se ela quisesse dizer que os cristãos
não serão aceitos neste ambiente, é como se ela quisesse dizer também que se o
cristão adentrar ali já sabe o que vai encontrar. Essa atitude traduz uma
revolta que pouco se explica. Isso sem falar que a multidão delirava enquanto o
exemplar da Bíblia virava fumaça.
Recentemente
na universidade que curso filosofia, numa palestra sobre as beneficies da pós-modernidade,
algo me deixou intrigado. Muitos criticavam os paradigmas e valores cristãos
ainda vigentes em nossa sociedade. Muitos criticavam as Escrituras Sagradas com
todo vigor. Ao término do evento, perguntei a um dos críticos da bíblia quantas
vezes ele tinha lido o livro, a resposta foi imediata: “nenhuma, mas mesmo
assim, não o suporto”. Como pode alguém não gostar daquilo que não conhece? Ora,
o pressuposto para que se critique alguém é justamente conhecer suas ideias,
seus pressupostos, suas alegações, e assim refutá-las. Isso é uma regra no
ambiente acadêmico, se trata de honestidade intelectual. Mas quando o assunto é
Bíblia, parece que a falta dessa honestidade passa despercebida.
Outro
caso que vale a pena destacar foi quando há uns dois meses um grupo de irmãos
estava distribuindo Novos Testamentos no campus da universidade. Era a
oportunidade que muitos tinham de ter o primeiro contato com aquele livro tão
criticado. Mas, para minha surpresa, após algumas horas de distribuição, boa
parte do piso do campus universitário estava todo azul (essa era a cor dos
exemplares do novo testamento), alguns exemplares não davam nem para ser
utilizados novamente, isso pelo fato de terem sidos destruídos e rasgados. O
jardim da universidade estava repleto de exemplares melados de areia e
molhados. Mesmo assim, com o coração ferido, com a ajuda de um amigo, apanhei o
que pude e trouxe para minha residência, onde os reorganizei e posteriormente
os distribui para motoristas e cobradores de ônibus. Com certeza estes
exemplares foram oferecidos às pessoas que criticam a Bíblia e que perseguem os
cristãos e que nunca nem sequer leram uma linha das Sagradas Escrituras. Ler a Bíblia
seria uma oportunidade de conhecer o cristianismo genuíno, e assim poder
diferenciá-lo dos muitos “cristianismos” da atualidade, daqueles que se
utilizam apenas de uma capa de cristianismo, mas a essência é outra.
É
com este argumento que tenho conseguido fazer com que amigos universitários
(antes avessos à Bíblia) despertem pelo interesse da leitura bíblica, o que
para mim já valeu a pena minha estadia no ambiente acadêmico. Na realidade a Bíblia
passou por diversas épocas da história, diversos governos, diversos monarcas, diversos
imperadores, diversas perseguições, adulterações propositais etc., e nunca foi
freado seu avanço. Não serão os hereges da pós-modernidade que irão ameaçá-la. O
nosso temor não é com o que possa acontecer com o futuro da Escritura em nosso tempo.
O nosso temor é com o que pode acontecer com as pessoas que se prestam a denigrir
e a destruir exemplares da Bíblia em público na atualidade.
Pessoas
que realizam tamanho desserviço devem ser alvo de nossas constantes orações e
do nosso amor. O cristão universitário que se encontra no árduo campo
missionário, este que é o campus de sua universidade, deve também se dedicar a
oração por tais pessoas. A perseguição de cristãos em ambiente acadêmico é
pouco notada e conhecida, na realidade, só sabe que existe quem passa por tal. Não
queremos aqui comparar perseguições, evidentemente que há cristãos que sofrem
muito mais perseguições que meros estudantes universitários. Mas isso não
exclui o fato de haver perseguição aos cristãos em universidades. Para fugir
desta perseguição, muitos se utilizam de um artifício perigoso, a saber, não se
mantêm firmes nos princípios cristãos em busca de aceitação acadêmica. Logo se
escuta a tão famosa frase: “você é um cristão, mas um cristão diferente, um
cristão legal”. Se você é cristão, é universitário e escuta essa frase corriqueiramente,
cuidado! Ela na realidade quer dizer algo bem diferente.
Geralmente
um cristão universitário bom, diferente e legal é aquele que fuma maconha,
gazeia aulas e cola nas provas. Espero nunca ser um cristão bom aos olhos
destes avaliadores. Um cristão universitário da atualidade para ser avaliado
como bom deve também se mesclar a grupos que comungam de teorias ideológicas
materialistas que não comungam com as verdades e princípios cristãos.
Geralmente, se ele quiser ser aceito pelos demais estudantes, deve se pintar e
se vestir de vermelho e pleitear militantemente pela revolução não sei de que. Se
o cristão universitário se opuser a estas práticas, será um cristão obsoleto e
sofrerá perseguição.
É
bem verdade que é possível conseguir o respeito no ambiente acadêmico sem negar
os princípios do cristianismo. Será mais difícil e mais árduo, o caminho será
mais longo, as perseguições serão acachapantes, mas vale a pena. Uma das
melhores definições do que é ser cristão encontrei lendo um livro de leis
eclesiásticas e cabe ao momento:
“Certo
homem, vestido de roupas brancas, visitou uma carvoaria vegetal, lá permaneceu
durante toda a extração do carvão e carreto ao depósito no galpão; findo os trabalhos,
o visitante se despediu dos trabalhadores e saiu, sendo que suas vestes não
tinham mancha alguma de carvão” (Nunes, 2005, p. 42).
É
difícil, mas não é impossível. Este conceito de cristão deve ser retido por
qualquer cristão e em quaisquer lugares. Porém, muito mais pelos cristãos
universitários. Ou seja, está próximo e conviver não significa se sujar. O fato
de termos no ambiente universitário pessoas avessas e perseguidoras do
cristianismo, não significa dizer que estes devem ser repudiados e excluídos de
nossa convivência, o campus universitário é um árduo campo missionário e é nele
que o cristão universitário atua.
Por
fim, assim como em qualquer outro exemplo de perseguição cristã, o cristão
universitário deve ser estratégico e pedir a sabedoria divina para lhe dar com
tais situações. Suas ações não podem ser independentes e confiadas apenas nas
suas capacidades intelectuais. Lembre-se que o campus universitário é um árduo campo
missionário. O cristão universitário deve entender que fazer missões nem sempre
significa viajar, tirar vistos de entrada em países estrangeiros, preparar
malas, passar por check-in em aeroportos, etc. Fazer missões é - sobretudo - olhar
para os que estão próximos: o campus universitário é a Jerusalém, Judéia e
Samaria de Atos 1:8. Nele haverá perseguição, lutas e provação. Mas também haverá
provisão por parte daquele que lhe colocou neste lugar, a saber, Deus.