Por Thiago Oliveira
Este cálice é a nova aliança
em meu sangue, que é derramado por vós.
Lucas
22.20
Cristo é aquele que confirma
todas as alianças que vimos até aqui. As promessas feitas a Abraão e até a
Adão, de que ele dominaria sobre a Terra são todas cumpridas na pessoa e na obra
de Jesus Cristo. O nosso Senhor, na celebração da ceia com seus discípulos
refere-se a uma Nova Aliança (Lc 22.20). Todavia, este novo concerto não está desvinculado
dos outros pactos que estudamos até aqui. Jeremias, ainda no Antigo Testamento,
já havia mencionado a Nova Aliança (Jr 31.31,32). Isto quer dizer que ela
apresenta continuidade com o passado, embora represente novidade para o
presente.
Para ilustrarmos melhor a
ideia de continuidade com novidade, atentemos para as palavras de Jeremias: "Esta é a aliança que farei com a comunidade
de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor: Porei a minha lei no
íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão
o meu povo.” Jeremias 31:33
Aqui está algo crucial: A
lei que será gravada no coração dos eleitos é a mesma lei que Deus havia
escrito em tábuas de pedra e dado para os israelitas no Sinai. Mas, temos
novidades e isto contrasta com a Antiga Aliança. Não podemos também achar que a
Nova Aliança foi apenas um melhoramento da antiga. A nova, embora traga consigo
elementos da primeira, é uma outra aliança, consumada em Cristo e vivenciada de
uma forma diferente pelos cristãos, que não são israelitas aperfeiçoados, e
sim, pessoas de todas as nacionalidades.
PERDÃO
DOS PECADOS
O centro da nova Aliança é o
perdão dos pecados. O que lemos na profecia são as seguintes palavras: “dos seus pecados jamais me lembrarei”
(Jr. 31.34). Sabemos que o sacrifício no calvário cumpriu bem este papel. Os
Israelitas, quando tinham o tabernáculo, e posteriormente o templo, tinham no
sacrifício de animais o mais importante ofício religioso. Os sacrifícios
oferecidos eram no intuito de aplacarem a Ira Divina e receberem o perdão por
seus pecados. Quando faziam isso em busca de perdão, de certa forma, estavam
lembrando dos seus pecados. Então, na nova aliança, Cristo é o sacrifício final
para que ninguém precise mais sacrificar nada. Este é um convite para nos
libertarmos da lembrança do pecado. Esta é uma tremenda benção da Nova Aliança.
Um dos termos usados para
descrever o que Cristo fez por nós é redenção, o significado desta palavra é jurídico. Ela indica libertação por meio de
pagamento. Nós fomos comprados por alto preço (1 Co 6.20). O sangue de Cristo
foi o pagamento que nos resgatou (1 Pe 1.18.19). Com sua morte Ele cancelou a
nossa dívida (Cl 2.14) de modo que somos livres e nenhuma condenação há para os
que estão n’Ele (Rm 8.1).
OUTROS
POVOS
Outro aspecto diferente da
Nova Aliança é que o Israel étnico não mais será o fio condutor, por assim
dizer, da revelação divina. Aqueles que antes não eram povo, serão chamados de
povo, e amados como povo (Rm 9.25). Isto se dá porque parte dos israelitas
quebram a aliança (Jr 31.32). Mas há um remanescente de Israel que será salvo
(Rm 9.27 e 11.5). O sangue de Cristo comprou homens de todas as nacionalidades
(Ap 5.9).
Na Nova Aliança, israelitas
e gentios formam um só corpo. Tem os mesmos direitos e os mesmos deveres como
filhos de Deus. O rebanho é único, e Deus não trata de maneira diferente, ou
melhor, separada, a Igreja formada por judeus e a Igreja formada por outros
povos. As palavras do apóstolo Paulo não nos deixam sombra de dúvida quanto a
isso: “Não há judeu nem grego, escravo ou
livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de
Cristo, então, sois descendência de Abraão e plenos herdeiros de acordo com a
Promessa”. (Gl 3.28,29, grifo meu).
PARAÍSO
RESTAURADO
Por fim, uma outra questão importante
para ser vista aqui é a relação da promessa da Terra feita à Abraão, e a Igreja. Não
podemos encarar tais promessas como algo referente a Palestina ou um outro
pedaço de chão qualquer. João tem uma visão da Nova Jerusalém e ela mede 12 mil
estádios (2400 km) de largura, altura e comprimento (Ap 21.16). A Palestina,
mede apenas 64 km de largura. Isto demonstra que a antiga Jerusalém é tipológica. Ela
foi prometida aos descendentes de Abraão como se fosse uma fotografia do
paraíso.
Quando Deus colocou Adão no
Éden, deu ordens para que ele dominasse sobre todas as coisas (Gn 1.28). Quando
Adão quebrou o pacto de obras e o pecado entrou no mundo, a criação também
sofreu e algumas coisas ficaram desajustadas com o propósito principal. Por
isso é dito que a natureza geme como se estivesse sentido dores de parto, na
expectativa da sua libertação (Rm 8.21,22). Com o preço que Cristo pagou pelo
nosso resgate, Ele também restabeleceu a ordem natural das coisas. O mundo não mais será um ambiente de hostilidade para os remidos.
Isaías vai descrever a
atmosfera do paraíso restaurado, com uma imagem surpreendente e comovente: “O lobo viverá com o cordeiro, o leopardo se
deitará com o bode, o bezerro, o leão e o novilho gordo pastarão juntos; e uma
criança os guiará. A vaca se alimentará com o urso, seus filhotes se deitarão
juntos, e o leão comerá palha como o boi. A criancinha brincará perto do
esconderijo da cobra, a criança colocará a mão no ninho da víbora. Ninguém fará
nenhum mal, nem destruirá coisa alguma em todo o meu santo monte, pois a terra
se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”. (Is
11:6-9)
Tudo isso é possível apenas
por meio de Cristo, que reconciliou consigo todas as coisas (Cl 1.20). Esta
Nova Aliança é definitiva. As outras eram estágios para que a Aliança da Graça
acontecesse e pela cruz desfrutássemos das infinitas bênçãos de um Deus que é
fiel à Sua Palavra. Somos um povo, herdeiros das promessas de Abraão.
Somos governados pela Lei do Senhor e pelo Rei que é da raiz de Davi e que reinará
para todo o sempre. Louvemos a Deus por vivermos debaixo do sangue da Nova
Aliança.
APLICAÇÕES
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Celebremos a salvação: Por meio da graça fomos salvos (Ef
2.8). Somos mais que vencedores em Cristo (Rm 8.37). O mérito não é nosso, é
todo d’Ele. Isto nos faz lembrar que se não fosse o SENHOR estaríamos perdidos.
Então não vamos nos vangloriar por termos sidos lavados e remidos. Façamos
como disse o apóstolo Paulo: que eu jamais venha me orgulhar de nada, a não ser
da cruz de Cristo (Gl 6.14). A Ele a glória!
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Amemos todos os povos: Por estarmos debaixo da Nova Aliança,
precisamos entender que nenhuma nacionalidade, etnia ou cultura deve ser
inferiorizada. Racismo, xenofobia ou qualquer tipo de preconceito é algo
inadmissível para os que foram salvos sem mérito algum. Que possamos nos amar
como um só corpo e orar por aqueles povos que ainda não foram alcançados pelo
Evangelho. Amar e orar devem nos impulsionar a evangelização mundial, sem
limitações étnicas.
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Cumpramos nosso mandato: O mundo nos foi dado para zelarmos por
ele. A ordem dada a Adão serve para nós. Deus é glorificado quando cuidamos
daquilo que Ele colocou sob a nossa responsabilidade. Então que cuidemos da
Terra com o objetivo de glorificarmos aquele que é o Criador e Senhor sobre
todas as coisas. Assim estaremos agindo em conformidade com o padrão dos santos que estão inseridos nesta Nova Aliança.