Por Thiago Azevedo
Antes de qualquer explicação,
a resposta desta pergunta tema é: Sim. Isso mesmo, é sim! Talvez os
especialistas na área em questão me questionem pelo fato de não haver nenhum
princípio químico na pornografia que gere dependência. Mas, mesmo não
encontrando o princípio químico, as semelhanças práticas entre uma coisa e
outra são mais que reais. As duas se tratam de fenômenos sociais que tanto tem
vitimado pessoas. Ambos destroem vidas, ambos destroem famílias, ambos põem fim
em objetivos diversos, ambos trucidam e geram dependência, ambos carecem de
tratamento e, por fim, ambos matam. Para chegar a uma conclusão iremos comparar
os efeitos de uma das drogas mais devastadoras da atualidade, a saber, o
craque, com a pornografia em si.
O craque é uma droga devastadora
que deixa seus rastros. O usuário/dependente entra num verdadeiro processo de
transfiguração de sua imagem. Logo sua aparência se torna característica de
quem usa a referida droga, sendo possível assim reconhecer seu usuário de longe:
“O
usuário de crack apresenta mudanças evidentes de hábitos, comportamentos e
aparência física. Um dos sintomas físicos mais comuns que ajudam a identificar
o uso da droga é a redução drástica do apetite, que leva à perda de peso rápida
e acentuada – em um mês de uso contínuo, o usuário pode emagrecer até 10
quilos. Fraqueza, desnutrição e aparência de cansaço físico também são sintomas
relacionados à perda de apetite. É comum ainda que o usuário tenha insônia
enquanto está sob o efeito do crack, assim como sonolência nos períodos sem a
droga. Os períodos utilizando a droga prolongam-se e o usuário começa a ficar
períodos maiores fora de casa, gastando, em média, três dias e noites inteiras
destinados ao consumo do crack. Neste contexto, atividades como alimentação,
higiene pessoal e sono são completamente abandonadas, comprometendo gravemente
o estado físico do usuário”.[1]
Com tudo isso o usuário
passa a ser conhecido com facilidade. O desejo da obtenção da droga a todo
custo que é gerado pela dependência é outra marca dentre os usuários das mais
diversas drogas. À medida que estes usuários desenvolvem eficácia para
conseguir a droga – roubam, matam, extorquem etc. – eles também se desfiguram
como um boneco de massa de modelar, isso tanto fisicamente quanto socialmente
falando. Com isso ficam, ipsis litteris,
à margem da sociedade.
Perceba que o usuário da
devasta droga chamada craque possui características de seu uso que são vistas
de forma externa e sua dependência acaba que se tornando uma evidência mais que
notória. Esta evidência do uso da droga pode, em alguns casos, contribuir para
que usuários se conscientizem de que precisam e necessitam de ajuda. Muitos ao
se enxergarem no espelho tomam a decisão de mudar de vida e, evidentemente, o
apoio da família é mais que importante neste processo. Há uma história muito
conhecida passada no programa Câmera Record de Agosto deste ano, sobre um
usuário que há anos não via sua própria imagem no espelho. Foi quando seu
próprio pai resolveu mostrá-lo. O choque foi imediato. Esse jovem que morava nas
ruas (Cracolândia) regressou aos cuidados da família e aceitou o tratamento. Esta
técnica, de confrontar o usuário com sua imagem no espelho, passou a ser
utilizada com mais frequência.
A pornografia por sua vez
causa os mesmos efeitos, mas internamente. Ou seja, o dependente pornográfico
não visualiza sua situação no espelho, mas sabe que também é viciado. Por mais
que esteja necessitado de ajuda, por mais que esteja desfigurado internamente,
por mais que esteja destruído internamente, por mais que sua alma esteja
enferma, nada disso reflete no lado externo. Com isso, não há quem identifique
que a mesma necessita de ajuda, apenas a própria pessoa sabe disso e, na
maioria das vezes, não quer reconhecer nem pedir ajuda por vergonha. Aqui está
o argumento principal para o sim na resposta inicial deste texto, pois não há
quem se mobilize para ajudar um viciado em pornografias, uma vez que os
indícios não são vistos externamente. Com isso a pessoa vai morrendo aos
poucos, perdendo amizades, rompendo relações familiares, divórcio, isolamento,
depressão... Estes poderiam figurar como indícios externos de quem é viciado ou
usuário de pornografia, mas quando se chega a este nível, é muito comum que o
dependente pornográfico ainda não assuma o seu real problema.
Por que o dependente
pornográfico perde relacionamentos próximos?
Esta é uma boa pergunta que
pode ser respondida da seguinte forma: o dependente pornográfico quer aplicar
suas referências pagãs e pornográficas nos seus relacionamentos diversos -
conjugal, profissional, social etc. Quando percebe que não terá êxito, sai
fora. Geralmente a vida conjugal do dependente pornográfico é a mais afetada. O
dependente quer usar sua esposa como marionete, quer colocar em prática tudo
que assisti e absorve no mundo pornográfico e é neste ponto que muitas mulheres
não aceitam e se posicionam. Logo, o divórcio é a saída. Mas, mesmo ocorrendo
tal situação, o divórcio, a desculpa mais famosa para justificação da separação
é que houve incompatibilidade de gênios. Infelizmente existem muitos homens que
se dizem cristãos que possuem referências pagãs quanto ao casamento e quanto às
suas respectivas esposas, e também quanto às suas amizades femininas, logo os
resultados serão drásticos.
Dentro deste panorama a
comparação da pornografia com as drogas vem a calhar, mas, em nossa opinião,
entende-se que a pornografia ainda é bem pior pelo fato de não deixar indícios
externos. Sabe-se que as mulheres, com o advento da internet, também têm
mergulhado neste submundo, mas nossa ênfase maior aqui recai sobre os homens
pelo fato das estatísticas mostrarem que estes são os que mais se deixam levar
nas águas poluídas deste rio chamado Pornografia. Quantas famílias destruídas
por este mal e que ninguém sabe o motivo da destruição? Quantos casais
separados por este mal e que ninguém sabe o motivo da separação? Quantos
ministérios arruinados por este mal e que ninguém sabe o motivo? Na realidade o
motivo é a pornografia, mas ninguém tem coragem de dizer, como também os
indícios não podem ser detectados com facilidade no âmbito externo. Assim é
possível afirmar que este vício é silencioso ao mesmo tempo que devastador.
Isso se dá também pela cultura cristã ocidental que demonizam alguns tipos de
pecados e santificam outros. Por exemplo, adultério, pornografia, fornicação
são pecados do diabo. Em contra partida fofocar, mentir, roubar, usar o nome de
Deus em vão nas diversas profetadas trata-se de “pecados santos” que não tem
tanto problema cometê-los. Pecado é pecado independentemente do que seja e
precisa ser tratado como tal. O advento da internet contribuiu e muito para que
o mal da pornografia se propagasse ajudando mais ainda o lado oculto de toda
prática. Antigamente o dependente pornográfico se expunha mais na busca de sua
droga predileta e da aventura, mas na atualidade basta um click no conforto de
sua casa e pronto. Aqui a internet desempenha o papel do traficante que fornece
a droga.
Conclui-se, portanto, que há
tratamentos para ambos os casos, a saber, pornografia e drogas. Todavia, se faz
mais que necessário uma mudança de mente seguida de uma limpeza da mente que só
em Cristo o indivíduo consegue de fato tal transformação. Paulo em Romanos 12:2
atenta para a importância da renovação da mente, metanóia no grego. Esta palavra aponta para uma mudança do modo de
vida em razão de uma total mudança de pensamento e de atitude quanto ao pecado
e justiça. Ou seja, não se trata apenas da demonstração de tristeza ou
contrição ao realizar determinado ato, e sim uma mudança total, tanto na forma
de pensar como na forma de agir Lc 3:8 / At 26:20. Logo, o arrependimento
possui obras dignas deste. Não se trata de uma forma mágica ou de um tratamento
psicológico apenas, mas sim da intervenção divina para que a verdadeira mudança
ocorra de fato.
Geralmente os dependentes
químicos ou pornográficos não conseguirão êxito com fórmulas práticas,
exercícios psicológicos, ou passos a serem seguidos, tudo isso não passa de
pragmatismo dos “brabos”. Estas pessoas necessitam mais de uma relação próxima
com Deus e a partir disso começaram a identificar os resultados desta
aproximação, sem esta aproximação e entendimento correto da pessoa divina e de
seu plano salvífico em direção a seu povo, tudo que for feito não passará de
paliativo. O distanciamento cada vez maior na atualidade entre homem e pessoa
divina é refletido cada vez mais, de forma negativa, no cotidiano dos homens. Uma
maior Intimidade com Deus significa suportar de forma mais exitosa as flechas
do pecado lançadas por seu arqueiro. Sua aljava está repleta de flechas e lá
dentro existem duas com os seguintes nomes: pornografia e drogas!
[1]
Disponível em <http://www.camaramateusleme.mg.gov.br/noticias_crack.html>
Acessado em 10 de Dez de 2014.