Ao transcorrermos sobre
o campo da ética devemos ter em mente algumas questões importantes. A ética é o
correto procedimento nas mais variadas camadas de conhecimento e cultura. De
fato vivemos um momento ímpar no ocidente em relação à ética, tendo em vista a
ascensão da modernidade e a proliferação do relativismo. Uma sociedade
relativizada é responsável por sua destruição cultural, social, histórica e
moral. É imprescindível refletirmos sobre a ética nos meios massivos, por isso
é importante que uma população consciente de sua cidadania e responsabilidade
ética seja recíproca aos observatórios da mídia, eles são responsáveis por
apontar os erros e manipulações dos conglomerados, e das investidas antiéticas das empresas de comunicação. Como também seus pontos positivos e suas
contribuições, podemos citar como exemplo o observatório da imprensa que a mais
de dez anos sob a chefia de seu fundador, o jornalista Alberto Dines, é
responsável por um trabalho formidável e de utilidade pública.
Quando analisamos a questão
ética nas redes sociais podemos identificar a evolução pluralista e narcisista.
Mais do que nunca as pessoas tornaram-se amantes de si mesmas como disse o
Apostolo Paulo. A libertinagem sexual da informação, principalmente nas redes
sociais tornou-se algo comum e evidente. O Facebook tomou a posição de: "espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?" Jovens sarados que
querem mostrar suas divisões abdominais, que desejam mostrar ardentemente o
quanto malham e são vistosos. Garotas que desejam ardentemente serem alvos do
desejo dos homens aflorando instintos pecaminosos através de suas selfs, usando
roupas sensuais, fazendo caras e bocas, insinuando-se para receberem comentários recheados de concupiscência.
Quando tratamos desses
fatores devemos entender que isso não está fora da esfera cristã evangélica, não
é anormal encontrarmos em redes sociais fotos de garotas seminuas dizendo “Obrigado Senhor por mais um dia”,
isso parece sem importância para muitos, mas ao considerarmos a ética cristã
contida na Palavra de Deus, identificamos tais pecados da geração atual. Toda
manifestação sensual e erótica fora do matrimônio é pecado e condenado na
Bíblia como prostituição. Muitos jovens esquecem que terão que viver muito
ainda, e tais comportamentos que estarão registrados na rede podem causar
situações desconfortáveis e constrangedoras no futuro. Uma pesquisa publicada pelo site olhar
digital apontou que um em cada três casamentos acabam por causa do Facebook.
Relacionamentos extraconjugais, flertes entre pessoas casadas e solteiras (muitas delas ditas cristãs) acontecem de forma absurda nas redes sociais.
Inúmeras páginas no Facebook são de conteúdo erótico e pornográfico e essa cultura que entroniza o
sexo como “divindade” tende a descer mais fundo nesse abismo de perdição e
iniquidade. A imoralidade tem sido sacralizada, as conversas indecentes, os
olhares lascivos, os relacionamentos pecaminosos tem sido cada dia marca
registrada nas grandes mídias. Como cristãos devemos filtrar o conteúdo que
consumimos. Devemos fazer tudo para glória de Deus e viver dignificando seu
santo nome. Outra pesquisa recente mostrou que as pessoas querem mais
privacidade no Facebook, no entanto, essa privacidade é um disparate com o que
muitas pessoas postam diariamente. Muitos se colocam em situação de risco,
marcando os lugares onde estão e com quem estão; abrindo facilmente a
possibilidade de serem encontradas para os mais variados fins.
A
revista pernambucana Olhar Cristão publicou uma matéria muito interessante
sobre a igreja e as redes sociais, na sua edição de número 6, Julho/Agosto do ano passado. A
matéria de capa foi o Evangelho na Rede
contendo valiosas opiniões de especialistas em redes sociais, pastores,
teólogos, missiólogos e Jornalistas. A matéria escrita por Carlos Henrique da
Silva em um trecho nos trás algo cabível a nossa pauta:
O
Fenômeno brasileiro é observado também a nível internacional: chamado de
“capital da mídia social do universo” pelo Wall Street Journal numa reportagem
em fevereiro, o Brasil é um dos campeões de participação, mesmo enfrentando
dificuldades básicas de conexão comparadas com potências como os Estados Unidos
e Japão".
Essa presença marcante
do Brasileiro na rede pode servir como meio eficaz de propagação da mensagem
do evangelho, nossa ética é regida pelas Escrituras Sagradas e deve ser
manifestada em todas as camadas em que estivermos presentes.
Em seu livro Os Cristãos e os desafios contemporâneos
o falecido Reverendo John Stott nos presenteia com uma maravilhosa obra sobre
cosmovisão cristã, gostaria de citar um trecho do livro que Stott diz:
"Os
cristãos devem permear a sociedade, apesar de os cristãos serem moral e
espiritualmente diferentes dos não cristãos – ao menos deveriam ser – eles não
devem viver segregados socialmente. Ao contrário, a sua luz deve brilhar na
escuridão e o seu sal deve infiltrar a carne em decomposição. Os cristãos podem
influenciar a sociedade até mesmo quando ela rejeita veementemente a fé cristã"¹.
Como cristãos não
devemos estar alienados da sociedade, mas, viver de forma a brilhar como luz
nas trevas como disse Jesus:
Vós sois o sal da terra; e se o sal for
insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar
fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder
uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca
debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Mateus 5.13-16
A ética cristã permeia todas as nossas relações na sociedade, nos diz que renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, devemos viver neste presente século de forma sóbria, justa e piedosamente (Tito 2.12). [grifo meu]
Mateus 5.13-16
A ética cristã permeia todas as nossas relações na sociedade, nos diz que renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, devemos viver neste presente século de forma sóbria, justa e piedosamente (Tito 2.12). [grifo meu]
No seu tratado
monumental sobre ética o livro A Doutrina
da Vida cristã² o Dr. John Frame nos mostra a base da ética não cristã em
três princípios:
Ética
teleológica – Para alguns eticistas não cristãos,
prevalece o principio teleológico. Para eles o mais importante é o objetivo que
buscamos, em geral definido como felicidade ou prazer.
Ética
deontológica – Também temos entre os eticistas não
cristãos o principio deontológico, que busca princípios éticos absolutos, principio
que deve ser externo a nós mesmos, deve ser universal, necessário e
transcendente.
Ética
existencial – Defende o a bondade interior, a
interiorização do homem é responsável por sua melhora como dizia Jean-Paul
Sartre.
Vemos, no entanto, essa
manifestação filosófica sobre o procedimento humano presente nas sociedades
virtuais das redes, note que, os três princípios defendidos por eticistas não
cristãos são cabalmente cumpridos em sua totalidade e perfeição somente em
Deus e não no homem. Na ética não cristã o homem prevalece. Na ética
cristã, Deus é o autor e causador de uma
melhoria na vida interior e exterior do indivíduo. Portanto nossas relações
sociais, incluindo as redes sociais devem ser a manifestação da graça comum aos
homens, assim nosso viver falará mais do que nossas palavras. O problema do
cristianismo moderno não é só o tipo de pregação, mas, a vida da mensagem.
Nosso viver mostrará o poder de Deus em nossas vidas, nossa ética deve ser
regida pela vontade soberana de Deus manifestada em sua Palavra. Como cristãos
devemos utilizar as redes sociais para dignificar e honrar a Deus.
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1 - Os Cristãos e os desafios contemporâneos,
John Stott – Ed. Ultimato
2 - A Doutrina da Vida cristã, John Frame – Ed.
Cultura Cristã