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31 de dez. de 2014

Indicação de Livros: Só Autores Reformados



Hoje é o último dia de 2014. Foi um ano diferente. Copa do Mundo, eleições e tantas coisas que agitaram o nosso país. Foi diferente também, por ter surgido este blog.  Começamos em Janeiro como uma fanpage lá no Facebook. Daí, em Setembro iniciamos o Blog e desde então estamos nessa luta para divulgar um conteúdo com qualidade. Evangelho puro e simples, ao alcance de todos, para a edificação da Igreja de Cristo.

Nossos articulistas se juntaram outras vezes para fazerem indicações de teólogos relevantes. Dessa vez a proposta foi um pouco diferente. Eles se reuniram para indicar um livro que eles leram neste ano e querem compartilhar com vocês, nossos leitores, um pouco do entusiasmo deles com cada uma das obras lidas. Ao clicar no título de cada obra, você será redirecionado para uma loja virtual ou página da própria editora para ver mais detalhes, e se possível, efetuar a compra.

Que essa lista possa ser de grande utilidade. Deus abençoe a todos!

Até 2015...


Leitura excelente para a compreensão do zelo pela pregação e pelo púlpito. O Lawson descreve maravilhosamente a piedade de Calvino na exposição da Escritura. Boa leitura para nosso tempo, onde a pregação da palavra está sendo tão negligenciada nos púlpitos de nossas igrejas. "ir ao púlpito é pisar em terra santa". Este é sentimento que devemos ter .

Fernando Carvalho leu e recomenda “O Spurgeon que foi Esquecido” do Iain Murray:

Recomendo “O Spurgeon que foi esquecido”, pelo apontamento dos perigos da doutrina Arminiana dentro da igreja, assim como o zelo do pregador Spurgeon com o púlpito em uma época de perseguição, dentro da própria convenção onde o mesmo fazia parte. Ele não negociava negligência bíblica em troca de popularidade, além de sofrer várias calúnias no desempenho do ministério da pregação.

Thomas Magnum leu e recomenda “A Força Oculta dos Protestantes” do André Biéler:

Um livro indispensável aqueles que desejam compreender dentro do contexto histórico, social, econômico e teológico a força do pensamento da reforma protestante e como a reforma no século dezesseis e principalmente na cosmovisão calvinista foi além da soteriologia, pregando o reino de Deus e sua soberania a todas as esferas da vida humana. Um livro indispensável para a biblioteca de estudantes da bíblia, seminaristas, pastores e professores de escola dominical.

Morgana Mendonça leu e recomenda “A Batalha Pertence ao Senhor” do K.S. Oliphint:

Um livro boníssimo, na área da apologética pressuposicional, contribuindo com bastante utilidade na nossa literatura teológica. Um livro que você "não pode passar dessa vida sem ler" como diz o Rev. Jonas Madureira. O autor leva o leitor a compreensão da sua responsabilidade em defender a fé usando como base as Escrituras e entendendo que toda a batalha pertence ao Senhor. Um texto claro e que realmente deve ser indicado aos cristãos atuais. Pastores, missionários, professores, teólogos, eis um livro que não pode faltar na sua estante! A leitura começa incrível e termina espetacular!

Samuel Alves leu e recomenda “A Doutrina do Arrependimento” do Thomas Watson:

Escrito pelo puritano Thomas Watson, este livro é um clássico, leitura indispensável. Atualmente, é este livro que tem me exortado...

Thiago Azevedo leu e recomenda “A Oração Muda as Coisas?” do R.C. Sproul:

Este livro traz à tona a importância da principal prática cristã, mas mesmo sendo a principal, é também, a mais negligenciada. Uma frase que muito me marcou é a seguinte: " A oração está para a o cristão como o ar está para vida"! Eis um pequeno livro que fala grandes verdades!

Fred Lins leu e recomenda "Você se torna aquilo que adora" do G. K. Beale:

G. K. Bale nos traz uma maravilhosa análise de um lado da idolatria que pouco conhecemos ou talvez pouco assumimos, que é quando a idolatria não são as imagens, as coisas, mas sim, aqueles ídolos que estão dentro de nós mesmos e que nos consomem e usurpam o verdadeiro sentido de uma adoração  que deve ser inteiramente de e para Deus

Bruno Silva leu e recomenda “Poder pela Oração” do E.M. Bounds:

O livro trata acerca de cultivar uma vida de oração e ter mais intimidade com Deus. Fala também de homens que viveram esta jornada, desafiados a buscar incessantemente a poderosa e santa presença de Deus.

Wallace Jaguaribe leu e recomenda “Apóstolos” do Augustus Nicodemus:

Li recentemente e recomendo. "Apóstolos" é uma leitura muito gostosa. Embora trate de um assunto que já tenha sido bem trabalhado no passado, apresenta uma clareza que o torna indispensável.


O que você faria se soubesse que tinha apenas algumas semanas de vida? O Dr. James Boice decidiu escrever um livro para defender as doutrinas da graça como sendo essenciais para o evangelicalismo, e para isso chamou o amigo e companheiro ministerial Philip Ryken. O texto é incrível. Além de uma sólida defesa dos 5 pontos do calvinismo, tem também um pouco da contribuição do calvinismo para a história e traça o perfil de piedade que todo calvinista deveria adotar. Um dos melhores livros que já li na vida. 

30 de dez. de 2014

Sexo na Universidade

Por Augustus Nicodemus

A universidade, além de ser o local aonde os jovens vão para adquirir uma boa educação e se preparar para o futuro, acaba sendo o ponto de partida para o sexo casual, às vezes com consequências sérias para o resto da vida. Entre estas, podemos mencionar a gravidez indesejada, os abortos e as doenças sexualmente transmissíveis (DST). Em muitos casos, o sexo fortuito ocorre associado com uso de bebidas alcoólicas e drogas que se inicia nos bares no entorno das universidades.
Do ponto de vista cristão, o sexo é uma dádiva de Deus, que desfrutado da maneira correta, é fonte de alegria, satisfação e realização. O cristianismo limita o relacionamento sexual ao casamento. Mas, não é necessário lançar mão do viés religioso para se perceber que o apelo sexual na universidade acaba abrindo as portas para relacionamentos complicados. Os mesmos podem trazer problemas de ordem emocional, psicológico e até legal (como a curetagem e o aborto clandestinos), que acabam prejudicando não somente a carreira estudantil, acadêmica e profissional do jovem, mas sua vida como um todo.
O sexo não é apenas um momento fisiológico de prazer. Por causa da natureza humana, a sexualidade está entretecida com nossa dimensão emocional, psicológica, moral, social e religiosa. As relações sexuais, mesmo as fortuitas e casuais, acarretam apegos e paixões, por um lado, culpa, raiva e nojo, por outro – emoções poderosas que conturbam a paz interior das pessoas, especialmente de adolescentes recém-chegados à universidade.
Jovens com a vida emocional conturbada por relacionamentos sexuais complicados podem acabar levando para a sala de aula estas perturbações, que roubam a paz de espírito e a tranquilidade necessárias para ler, aprender, estudar, pesquisar e escrever. As estatísticas mostram que o maior índice de óbitos decorrentes de curetagem ilegal se dá entre jovens na faixa de 20 a 29 anos, faixa etária onde se insere a maior parte dos universitários. Uma pesquisa de 1993 da ocorrência de aborto entre jovens de uma universidade brasileira mostrou que mais de 50% das que engravidaram fizeram curetagem, com maior incidência das mais jovens. Todavia, não creio que precisemos de pesquisas estatísticas para afirmar que jovens viciados em sexo e afundados em problemas de relacionamento frequentemente acabam se dando mal academicamente.
É triste assistir ao desperdício voluntário de talentos por parte de jovens que cedem aos engodos da cultura pós-moderna na área de sexualidade, a qual reduz o sexo a uma mera função biológica orientada para o prazer momentâneo e inconsequente.
A fé cristã reformada valoriza a família, o sexo no casamento, sem reduzi-lo a mera função procriadora. Valoriza o trabalho, o bom desempenho acadêmico e o exercício eficaz da profissão como parte da cidadania e da vocação cristã. Na Bíblia encontramos a história de um jovem líder do povo judeu chamado Sansão, com potencial para ser um dos maiores juízes do seu povo. Todavia, os repetidos envolvimentos sexuais de Sansão, e as consequências que os mesmos trouxeram, acabaram por arruinar sua carreira (veja Juízes 14.1-2; 16.1; 16.4; 16.19; 16.28-30). A Bíblia também registra o encontro de Jesus com uma mulher sedenta de sentido e propósito na vida, mesmo após ter tido cinco maridos e estar vivendo com um amante. Em Jesus ela encontrou a plena satisfação para seu coração vazio (João 4.7-29).
Os pais e professores deveriam aconselhar os jovens a não trocarem um futuro promissor por prazeres inconsequentes e passageiros. No Evangelho de Jesus Cristo encontrarão perdão para erros cometidos e a força necessária para resistir aos apelos que não levam em conta as consequências e os efeitos de atos impensados.
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Fonte: Facebook do autor

29 de dez. de 2014

Santidade e Justiça

Por Herman Bavinck

A santidade e a justiça de Deus caminham de mãos dadas com a Sua bondade e com a Sua Graça. Deus é chamado o Santo não apenas porque Ele é exaltado sobre todas as Suas criaturas, mas especialmente porque Ele é separado de tudo o que é pecaminoso e impuro no mundo. Portanto, Ele exige que Seu povo, que pela Sua livre Graça Ele escolheu para que fosse Seu, seja santo, e Ele se santifica a Si mesmo nesse povo através de Cristo (Ef 5.26,27),pois apesar de Cristo ter santificado a Si mesmo por Seu povo e em lugar dele, esse povo pode ser santificado na verdade (Jo 17.19). E a retidão e justiça de Deus estão intimamente relacionadas com a Sua santidade, pois, sendo o Santo, Ele não pode ser amigo do pecado. Ele abomina o pecado (SI 45.7; Jó 34.10), levanta-se contra ele (Rm 1.18), é zeloso de Sua honra (Ex 20.5) e, portanto, não pode inocentar o culpado (Ex 25.5,7). 

Sua natureza santa requer também que, fora de Si mesmo, no mundo de Suas criaturas, Ele mantenha a justiça e, de forma imparcial, retribua a cada um segundo as Suas obras (Rm 2.2-11; 2Co 5.10). Hoje em dia há aqueles que tentam fazer com que outras pessoas acreditem que Deus não se importa com os pensamentos e atos pecaminosos do homem. Mas o Deus vivo e verdadeiro que as Escrituras nos apresentam pensa muito diferente sobre isso. Sua ira contra o pecado é terrível, e Ele pune o pecador tanto temporal-mente quanto eternamente por meio de um justo julgamento (Dt 27.26; Gl 3.10).

Mas Ele não apenas pune os incrédulos de acordo com Sua justiça. É um ensino notável das Escrituras que de acordo com essa mesma justiça Ele conceda salvação aos santos. De fato, esses santos são pecadores também, e em nada são melhores do que os outros. Mas enquanto o incrédulo oculta os seus pecados ou os encobre, os santos os reconhecem e confessam. Essa é a distinção entre eles. Apesar de serem pessoalmente culpados e impuros, eles estão do lado de Deus e contra o mundo. Eles podem, portanto, apelar à promessa do pacto da Graça, à verdade da Palavra de Deus, à justiça que Deus realizou em Cristo.

Em termos dessa justiça nós podemos dizer, corajosa e reverentemente, que Deus é obrigado a perdoar os pecados de Seu povo e dar-lhe vida eterna. E se Deus deixa que Seu povo espere por Ele e prova sua fé por um longo tempo, segue-se que em sua perfeita redenção a integridade e a fideli­dade de Deus são demonstradas mais gloriosamente.
O Senhor aperfeiçoará aque­les que pertencem a Seu povo, pois Sua misericórdia dura para sempre (SI 138.8). O Senhor é mi­sericordioso e gracioso, longânimo e abundante em bondade e verdade.
Uns confiam em carros, ou­tros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Se­nhor, nosso Deus. Esse Deus é o nosso Deus para todo o sempre; Ele será o nosso guia até à morte(SI 48.14). Ele é um Deus abençoador glorioso (ITm 6.15; Ef1.17). E feliz é o povo cujo Deus é o Senhor (SI 33.12).
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Fonte: O Calvinismo

28 de dez. de 2014

O Calvinismo enfraquece a obra missionária? Um Levantamento Histórico

Por Thomas Magnum

Ao ensinar sobre as doutrinas da graça, comumente sou questionado com algumas perguntas que são motivo de confusão na mente daqueles que não tem um devido conhecimento do que chamamos de Calvinismo. Ao usar aqui o termo Calvinismo preciso esclarecer de imediato que por ser aderente dessa linha teológica - que para mim é a que melhor se coaduna com as Escrituras Sagradas - não sou por isso obrigado a concordar com a totalidade da teologia de Calvino ou Calvinista, embora o reformador genebrino seja para mim um dos maiores nomes da história da teologia e o maior nome da reforma protestante, sendo o seu legado para posteridade de valor inestimável. No entanto a teologia de Calvino não é a Escritura Sagrada, por isso me denomino calvinista no que se coaduna com as Escrituras. Bem, feitos esses esclarecimentos, prossigamos.

Dentre muitas questões levantadas para um correto entendimento do Calvinismo uma delas é: Se o Calvinismo está correto em seus cinco pontos então para que evangelizar? Porque a igreja se esforçar na obra missionária? Se Deus tem seus eleitos, se a expiação é particular, se a graça é eficaz? Ora, se o Calvinismo está certo não precisamos evangelizar!? Errado. Nesse artigo procuraremos trazer alguns dados históricos sobre o trabalho da igreja reformada e seu empenho em evangelizar as tribos, povos e nações. Procurarei traçar uma linha histórica desde a reforma até o presente ponto histórico e os esforços da igreja para levar as boas novas de salvação a todos os homens.

De forma alguma o objetivo desse texto é atacar os irmãos arminianos, mas, esclarecer que a reforma também foi um movimento histórico voltado para missões no que se refere a seus desdobramentos, embora inicialmente tenha sido um movimento voltado para a eclesiologia e não para a missiologia. Esclarecer esses fatos é importante para uma mais larga compreensão das contribuições do Calvinismo nos vários movimentos missionais ocorridos na história da igreja. Ao fim desse texto listarei alguns livros que ajudarão numa pesquisa complementar para aqueles que desejarem se aprofundar no assunto. É importante dizer também que houve movimentos importantes relacionado as missões cristãs que partiram da influencia de Moody e Wesley.

A Reforma e Missões

A historiadora de missões Ruth Turker nos diz acerca de Calvino:

"Calvino por si mesmo, entrementes, fora pelo menos exteriormente o espírito mais missionário de todos os reformadores. Ele não só enviou dezenas de evangelistas de volta à sua terra natal, a França, mas também comissionou quatro missionários, juntamente com um bom número de huguenotes franceses, para estabelecer uma colônia e evangelizar os índios no Brasil." *

Calvino acreditava que os missionários tinham que ser preparados para ler a Bíblia nas línguas originais e por ser cuidadosamente preparados para o campo e profundamente habilitados em teologia. Michael Horton falando da preocupação de Calvino com a preparação de obreiros para o campo diz: "O campo missionário não merecia menos do que qualidade de ministros esperados em sua terra de origem".

Em seu comentário de 1 Timóteo 2.3-5 Calvino fala:

"Assim podemos ver o significado que São Paulo pretende quando diz: Deus deu a conhecer a todo mundo, e seu evangelho pregado a todas as criaturas. Portanto, devemos procurar, tanto quanto possível, convencer aqueles que são estranhos à fé, e parecem estar totalmente privados da bondade de Deus, a aceitar a salvação. Jesus Cristo não é apenas um Salvador de poucos, mas ele se oferece a todos."

Calvino ainda diz em um outro sermão sobre 1 Timóteo 2.3-5 : "Temos de trabalhar, tanto quanto possível para levar a salvação aqueles parecem estar distantes."

Michael Horton ainda nos diz em seu livro A favor do Calvinismo p. 208:

"Calvino não era indiferente em seu zelo missionário. O catecismo de Heidelberg (1564), por si mesmo era uma ferramenta evangelística, foi traduzido para o Holandês, Saxão, Húngaro, Inglês, Grego, Francês, Polonês, Lituano e Italiano. No período de vinte e cinco anos de sua publicação inicial."

Vale ainda frisarmos aqui que o catecismo na era pós-reforma foi traduzido em malaio, javanês, português, espanhol, cingalês, tâmil, chinês e japonês. Algum tempo depois em navajo, zuni, tiv e hausa. Essa preocupação demonstra a intensificação da atividade missionária do calvinismo na era da reforma e pós-reforma. Essa preocupação está fundamentada no ensino de Jesus e dos apóstolos sobre a evangelização das nações e como lemos correntemente no livro do Apocalipse, que adorarão ao Cordeiro gente de toda tribo, povo, raça e nação. O fato de o Calvinismo pregar a eleição dos santos e a expiação limitada não empobrece o ímpeto missionário provindo do ensino teológico de expoentes do pensamento reformado. A exemplo disso podemos citar o avivamento de Princeton com as preleções de Charles Hodge, que futuramente foi responsável por impelir jovens a vários lugares do mundo como veremos mais adiante.  

Portanto ao nos depararmos com a questão que ronda a mente daqueles que não conhecem bem o calvinismo nem sua história, vemos que as doutrinas da graça não invalidam a obra missionária, antes, a intensifica. Se Deus elegeu homens e mulheres de todas as tribos, povos e nações, e o soberano Deus decretou que essas pessoas seriam salvas ao ouvirem a pregação, esse é o maior incentivo para a igreja de Cristo, existem eleitos nesses povos e o Senhor quer que cheguemos lá com a mensagem do evangelho para que eles sejam salvos. O empenho missionário das igrejas reformadas é a demonstração do zelo do povo de Deus pela ordem que lhes foi dada, Ide, e não somente em um tempo histórico, mas, indo, indo por todas as nações e fazendo discípulos.

O Movimento Missionário Moderno

Ao chegarmos aos tempos modernos temos grandes nomes a citar nessa visão panorâmica que estamos estabelecendo aqui, aconselho o leitor a ampliar a leitura sobre esses dados históricos.

A Sociedade Missionária de Londres que foi organizada em 1795. Era um celeiro do movimento missionário e confessionalmente Calvinista. Na primeira reunião do grupo George Burder discursou:

“... espírito apostólico revivido nos gloriosos reformadores” seguindo a ‘longa e terrível noite’ da superstição e do declínio medieval. Lutero, Calvino, outras grandes luzes da Reforma recuperaram o evangelho em seus dias. ‘Mas, oh! Onde está o zelo primitivo? Onde estão os heróis da igreja – homens que voluntariamente entregaram e se dissiparam por Cristo, onde? Que a ambição não trilhe em uma linha já preparada por eles, mas que preguem a Cristo, onde, ainda ele não foi invocado".

Vale citarmos aqui também David Brainerd (1718-1747) ministro calvinista notável por sua missão entre os índios no Oeste de Massachusetts e Jhonatas Edwards (1749) que foi missionário entre os índios também. Edwards é conhecido pelo memorável sermão – Pecadores nas mãos de um Deus irado – teólogo, escritor, ainda um filosofo influente no pensamento americano.

Não podemos deixar de citar também William Carey, conhecido como o pai das missões modernas, tradutor da Bíblia, pregador do evangelho de Cristo na índia. Os esforços de Carey são um exemplo para a igreja. A morte de duas esposas e de um filho não foram impedimentos para Carey atender o chamado para levar o evangelho a Índia, sapateiro, com pouco estudo, aprendeu sânscrito, hebraico e grego, Carey foi um dos grandes se não o maior tradutor das Escrituras Sagradas. Carey foi muito influenciado pelos escritos de Jhonatas Edwards, também de confissão calvinista.  

Os calvinistas também olharam para a África e Robert Moffat (1795-1862) e David Livingstone (1813-1873) foram nomes chaves na evangelização da África. A escocesa Mary Stessor, missionária pioneira na África Ocidental em 1876 com apenas 27 de idade. Ela era vice-côsul do império Britânico e abriu mão para ser missionária tomando a missão como superior, morreu aos sessenta e seis anos de idade na sua cabana de barro.

Jonathan Goforth, conhecido como o mais notável evangelista da China, foi um presbiteriano canadense. Chegando em tempos recentes temos a chegada de Robert Reid Kalley ao Brasil em 1855. Kalley chegou ao Brasil e  um tempo depois fundou a primeira congregação de nativos brasileiros, a igreja evangélica fluminense. Depois de assistir uma palestra do Dr. Charles Hodge em Princeton o jovem Ashbel Green Simonton também veio para o Brasil e após sua chegada oito anos depois (1867) fundou o primeiro presbitério no Rio de Janeiro e o primeiro seminário presbiteriano. Claro que poderíamos citar muitos outros nomes e trazer mais provas históricas do empenho dos calvinistas para a evangelização do mundo, mas, concluiremos citando alguns nomes contemporâneos que tem se empenhado em esforços a evangelização de povos não alcançados, temos o conhecido pastor John Piper que segundo Russel Shedd é um dos maiores evangelistas do nosso tempo, temos também Paul David Washer que tem percorrido o mundo pregando o evangelho de Cristo, não poderíamos deixar de citar dois nomes importantes, o Dr. Russel Shedd, fundador das edições Vida Nova, que tem se dedicado por décadas a evangelização do Brasil e preparação de líderes da nação brasileira. O último nome que gostaria de mencionar é do missionário Ronaldo Lidório que também tem empreendido grandes esforços na evangelização de povos não alcançados, fundador do Instituto Antropos.

Dentro desse escopo que discorremos temos reformados das mais variadas denominações como Presbiterianos, Anglicanos, Congregacionais, Reformados, Episcopais, Batistas e muitas outras denominações que professam os princípios e ensinos da Reforma do século XVI. Portanto é um erro afirmar que o Calvinismo não promove o zelo missionário nas igrejas. Historicamente vimos que é o oposto, Calvino enviou missionários ao Brasil e a evangelização posterior do Brasil também se deu pelo trabalho Calvinista. Os Estados Unidos são frutos de uma peregrinação e colonização cristã, e aí é valioso um estudo da vida e obra dos Puritanos. O zelo por missões está em nossas raízes e deve arder em nosso coração, como foi com nossos irmãos no passado. Que esse breve texto venha servir como uma simples introdução ao estudo missiológico. 

Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda judeia e Samaria, e até os confins da terra. NVI Atos 1.8


"Esperemos grandes coisas de Deus, 
façamos grandes coisas para Deus".
                                                                            William Carey
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*– Missões até os confins da Terra – Ruth Tucker, ed. Vida Nova

Livros indicados
Missões até os confins da Terra – Ruth Tucker, ed. Vida Nova.
A Favor do Calvinismo – Michael Horton, ed. Reflexão.
A Igreja Missional na Bíblia – Michael Goheen, ed. Vida Nova.
A Missão de Deus - Christopher J. H. Wright, ed. Vida Nova.
A Missão do Povo de Deus - Christopher J. H. Wright, ed. Vida Nova.

Evangelização – Fundamentos Bíblicos – Russel Shedd, ed. Vida Nova.
Igreja Centrada – Timothy Keller, ed. Vida Nova.
História e Teologia da Evangelização – Fabio Henrique Caetano, ed. Arte Editorial.
História da Evangelização no Brasil, dos Jesuítas aos neopentecostais – Elben César, ed. Ultimato.

27 de dez. de 2014

Thalles: A Personificação da Heresia

Por Thiago Oliveira

O cantor (e dito pastor) Thalles Roberto deu uma entrevista ao programa The Noite, apresentado por Danilo Gentili (veja aqui), no dia de Natal. Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que não tenho nada contra a sua pessoa, e desejo o seu sucesso. Porém, acima disto tenho apreço a Palavra de Deus e é por este apreço que eu escrevo tais palavras.  Até gostaria de falar algo que achei bacana na entrevista: No final, o Thalles disse que está revertendo o dinheiro do seu álbum para resgatar meninas que são vendidas – no Nepal – para que homens tenham relações sexuais com elas. Isto (se realmente acontece) é louvável, mas não apaga uma série de coisas negativas realizadas pelo mesmo. O Chico Xavier, por exemplo, nunca ficou com um centavo de suas obras, todo o dinheiro arrecadado era para a caridade. Só que tal ato não faz dele alguém ortodoxo.

EXPLICANDO O TÍTULO

O título deste texto faz uma alusão ao significado de heresia. Numa descrição bem direta, heresia é um ensino contrário ao que determinado sistema religioso ensina. Ao ensinamento correto, chamamos de ortodoxo. Para os católicos, tudo o que a Igreja estabelece como correto deve ser acatado como certo. Quando aconteceu a Reforma Protestante no século XVI, os reformados enfatizaram como lema a frase que dizia: “Somente a Escritura”. Essa mudança de pensamento fez da Bíblia a palavra final em matéria de credo. Para os católicos, a Bíblia também é uma autoridade, mas a tradição da Igreja está em pé de igualdade com o Texto Sagrado.

Pois bem, sabemos que o movimento evangelical é oriundo da Reforma, e por isso, os evangélicos devem manter o mesmo lema dos reformadores “Somente a Escritura”. Na prática, isto deveria funcionar da seguinte maneira: Se algo dito por determinado pastor ou outro irmão qualquer não estiver de acordo com a Bíblia, deve-se repudiar e fazer com que o determinado irmão entenda que o que ele diz é prejudicial, por se tratar de um desvio da Sã Doutrina. Só que no segmento evangélico, há espaço para muitas outras revelações questionáveis. Enquanto a Bíblia é infalível e isenta de erros, pessoas que se dizem profetas e tem as mais variadas visões e sonhos, devem ser questionadas à luz da Escritura. Algo que não ocorre muito. Geralmente, mesmo se uma profecia diz o oposto da Bíblia, o status quo do profeta faz com que as pessoas desconsiderem o texto bíblico e abracem uma profecia, ainda que herética.

Paulo, aos Gálatas disse: “Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.8). Este é um versículo que nos alerta sobre determinadas “inovações” doutrinárias que surgem aos montes. Mas, saibam que as heresias são velhas, só fazem trocar de roupa. A heresia, tida por coisa nova, na verdade é uma repetição de algo que já foi dito – e combatido pelos ortodoxos – anteriormente. Mas afinal, você pergunta, porque que o Thalles personifica a heresia?

A resposta é simples: O termo latino que deu origem a palavra heresia, significa “escolha”. Escolher trilhar um caminho autônomo é algo muito tentador. Para quê seguir normas? Do que servem estes padrões pré-estabelecidos? Estes são os questionamentos de boa parte dos que chutam o pau da barraca e mandam a ortodoxia para as cucuias. Por isso que a heresia parece ser algo bom. Pois, ela lhe dá a sensação de inovação, de liberdade. Faz você pensar que criou algo, que é revolucionário, que é singular. Assim sendo, os hereges sempre se apresentam como pessoas atraentes, bacanas, descoladas... Os hereges são populares, inspiradores, admiráveis. Tal como o Thalles constrói a sua imagem, a heresia ganhou terreno na cristandade utilizando-se da mesma metodologia.

Ao chegar no talk show, trajando uma roupa com os dizeres Ide 3 (que é o nome do seu álbum), o Thalles diz que foi uma estratégia que ele teve para falar sobre Deus. Logo no começo da entrevista ele fala o seguinte: “Eu acho que religião faz mal sempre, de verdade. A minha autenticidade de falar de Deus, vem do coração que não tá misturado com pessoas, não tá misturado com seguir ninguém. Eu sigo Deus cara”.  Daí o que se segue é o relato de sua conversão. Segundo o cantor, ele comprou uma Bíblia e sozinho, desvinculado de Igreja, a partir de suas experiências foi construindo as suas convicções sobre a Divindade.

Parece que foi essa falta de alguém para lhe discipular que fez com que o Thalles não só fosse apenas uma personificação da heresia, mas também um herege que ensina uma concepção errônea e confusa sobre Deus. Eis o preço que muitos pagam por querer a “autenticidade” ao invés da infalível revelação escriturística.

COMO ASSIM, SOU DOS TRÊS?

A controvérsia sobre a Trindade é algo combatido ao longo dos séculos em toda a Cristandade. Thalles, sem criar ou inovar coisa alguma, afirma pertencer aos 3 (Pai, Filho e Espírito Santo). O problema é que embora existam 3 pessoas distintas, Deus é um só. Quando falamos por aí que somos dos 3, isso redunda em uma confissão politeísta. Devemos refutar este conceito, pois Deus é um. Vejamos o que dizem dois credos, um do século IV e um do século V:

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis”.  (Credo Niceno)

Ora, a verdadeira fé cristã é esta: que honremos um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade. (...) Sem confundir as Pessoas ou dividir a substância. (...)Contudo não são três eternos, mas um só Eterno. (...) Contudo não são três todo-poderosos, mas um só Todo-poderoso. (...) Pois, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar cada pessoa em particular como sendo Deus e Senhor, assim somos proibidos pela fé cristã de falar de três Deuses ou Senhores”. (Credo Atanasiano)

Se parássemos nestes dois estaria ótimo. Mas após a Reforma, outras confissões de fé foram elaboradas, e todas elas fazem coro com estes dois antigos credos. A Confissão Belga (1561) relata que Deus é um ser único, mas que contém 3 pessoas na sua essência una. Embora:

“Esta distinção não significa que Deus está dividido em três. Pois a Sagrada Escritura nos ensina que cada um destes três, o Pai e o Filho e o Espírito Santo, tem sua própria existência, distinta por seus atributos, de tal maneira, porém, que estas três pessoas são um só Deus”.

A Confissão Helvética (1566), também é trinitariana, e diz crer e ensinar sobre Deus imenso, uno e indiviso. A crença no Deus único é clara. E mesmo esse Deus distinto em pessoas “(...) não há três deuses, mas três pessoas, consubstanciais, co-eternas e co-iguais, distintas quanto às hipóstases e quanto à ordem, tendo uma precedência sobre a outra, mas sem qualquer desigualdade. Segundo a natureza ou essência, acham-se tão unidas que são um Deus, e a essência divina é comum ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”.

Para encerrar, utilizemos a Confissão de Fé de Westminster (1643). No primeiro artigo da segunda seção é dito que “Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições”. E o terceiro artigo diz mais: “Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade”.

Portanto, na história da Cristandade, o conceito da Trindade está bem definido há séculos, embora seja atacado por diversos grupos heréticos que vez ou outra se levantam, acusando a doutrina trinitariana de ferir a lógica. A grande questão é que pela lógica não conseguiremos nunca compreender a Trindade. Pois, segundo nosso raciocínio lógico, 1 + 1 + 1 = 3. Já quando estamos falando sobre o ser de Deus, a conta é muito diferente: 1 + 1 + 1 = 1. Este mistério só é compreendido por fé, através da revelação vinda do próprio Deus. Trindade é unidade e a unidade de Deus é trina.

Thalles está errado em enumerar as pessoas da Trindade desta forma, pois elas não se somam entre si. Embora haja Pai, Filho e Espírito Santo, a essência não é compartilhada. Como vimos nos credos e confissões. A essência de Deus é una e não pode se dividir. Nenhuma das Confissões acima utiliza-se do plural em referência a Deidade. Todas estão de acordo em manifestar a unidade de Deus. Todas confessam e adoram a um Deus único e verdadeiro. Referir-se a Deus no plural é ferir um de seus atributos, que é a Sua indivisibilidade, e assim cometer blasfêmia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Torno a dizer que não tenho absolutamente nada contra a pessoa do Thalles e não gostaria de prejudicá-lo. Como sempre digo: quando se trata de Ortodoxia, não estamos falando sobre mim ou você, falamos sobre Deus e sobre a maneira que Ele se revelou na Palavra. Para mim seria ótimo que o Thalles tivesse acesso a este texto e parasse de utilizar o bordão “Sou dos 3”. Compreendo que isso lhe traria certo prejuízo financeiro, pois uma série de produtos com essa marca deixariam de ser vendidos. Mas, se ele é um servo autêntico de Deus, não se preocupará com esse prejuízo, se preocupará em fazer o que é certo.

Já para aqueles que sentiram falta das referências bíblicas que respaldem a doutrina da Trindade, nem se preocupem. Deixei elas para o final deste texto. Que Deus abençoe a todos. A Ele a glória!

Mt. 3:16-17; 28-19; João 1:14, 18 e 15:26; Gl. 4:6 I Jo. 5:7.

26 de dez. de 2014

O Que o Natal Significa Para Mim

Por C.S. Lewis
Há três coisas que levam o nome de “Natal”. A primeira é a festa religiosa. Ela é importante e obrigatória para os cristãos mas, já que não é do interesse de todos, não vou dizer mais nada sobre ela. A segunda (ela tem conexões históricas com a primeira, mas não precisamos falar disso aqui) é o feriado popular, uma ocasião para confraternização e hospitalidade. Se fosse da minha conta ter uma “opinião” sobre isso, eu diria que aprovo essa confraternização. Mas o que eu aprovo ainda mais é cada um cuidar da sua própria vida. Não vejo razão para ficar dando opiniões sobre como as pessoas devam gastar seu dinheiro e seu tempo com os amigos. É bem provável que elas queiram minha opinião tanto quanto eu quero a delas. Mas a terceira coisa a que se chama “Natal” é, infelizmente, da conta de todo mundo.
Refiro-me à chantagem comercial. A troca de presentes era apenas um pequeno ingrediente da antiga festividade inglesa. O Sr. Pickwick levou um bacalhau a Dingley Dell [1]; o arrependido Scrooge [2] encomendou um peru para seu secretário; os amantes mandavam presentes de amor; as crianças ganhavam brinquedos e frutas. Mas a ideia de que não apenas todos os amigos mas também todos os conhecidos devam dar presentes uns aos outros, ou pelo menos enviar cartões, é já bem recente e tem sido forçada sobre nós pelos lojistas. Nenhuma destas circunstâncias é, em si, uma razão para condená-la. Eu a condeno nos seguintes termos.
1. No cômputo geral, a coisa é bem mais dolorosa do que prazerosa. Basta passar a noite de Natal com uma família que tenta seguir a ‘tradição’ (no sentido comercial do termo) para constatar que a coisa toda é um pesadelo. Bem antes do 25 de dezembro as pessoas já estão acabadas ― fisicamente acabadas pelas semanas de luta diária em lojas lotadas, mentalmente acabadas pelo esforço de lembrar todas as pessoas a serem presenteadas e se os presentes se encaixam nos gostos de cada um. Elas não estão dispostas para a confraternização; muito menos (se quisessem) para participar de um ato religioso. Pela cara delas, parece que uma longa doença tomou conta da casa.
2. Quase tudo o que acontece é involuntário. A regra moderna diz que qualquer pessoa pode forçar você a dar-lhe um presente se ela antes jogar um presente no seu colo. É quase uma chantagem. Quem nunca ouviu o lamento desesperado e injurioso do sujeito que, achando que enfim a chateação toda terminou, de repente recebe um presente inesperado da Sra. Fulana (que mal sabemos quem é) e se vê obrigado a voltar para as tenebrosas lojas para comprar-lhe um presente de volta?
3. Há coisas que são dadas de presente que nenhum mortal pensaria em comprar para si ― tralhas inúteis e barulhentas que são tidas como ‘novidades’ porque ninguém foi tolo o bastante em adquiri-las. Será que realmente não temos utilidade melhor para os talentos humanos do que gastá-los com essas futilidades?
4. A chateação. Afinal, em meio à algazarra, ainda temos nossas compras normais e necessárias, e nessa época o trabalho em fazê-las triplica.
Dizem que essa loucura toda é necessária porque faz bem para a economia. Pois esse é mais um sintoma da condição lunática em que vive nosso país ― na verdade, o mundo todo ―, no qual as pessoas se persuadem mutuamente a comprar coisas. Eu realmente não sei como acabar com isso. Mas será que é meu dever comprar e receber montanhas de porcarias todo Natal só para ajudar os lojistas? Se continuar desse jeito, daqui a pouco eu vou dar dinheiro a eles por nada e contabilizar como caridade. Por nada? Bem, melhor por nada do que por insanidade.
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Notas:
[1] Samuel Pickwick é o personagem principal de Pickwick Papers, romance de Charles Dickens no qual suas aventuras são narradas. Dingley Dell é o nome de uma fazenda, um dos cenários do romance. (N. do T.)
[2] Referência ao avarento milionário Ebenezer Scrooge, personagem da obra Um Conto de Natal, de Charles Dickens. (N. do T.)

25 de dez. de 2014

O Verdadeiro Sentido do Natal e o Paganismo Histórico

Por Thiago Azevedo

A Influência pagã tem sido infelizmente uma marca na história do cristianismo e da igreja. Desde os tempos mais longínquos o povo israelita, mesmo possuindo referências divinas, manteve um costume de reter referências pagãs na sua caminhada. A idolatria do povo de Israel pode ser vista como o principal indício desta alegação. Em dias que evidenciam o clima natalino não há como não se lembrar do enxerto de referências pagãs que esta data, o natal e o seu real significado, sofreu.

Sabe-se que na realidade o mês que Jesus nasceu de fato não foi Dezembro, mas, ao que tudo indica, foi Março. Até mesmo o ano do nascimento do salvador do mundo é questionado entre os estudiosos. Existe até um ditado entre os historiadores: “Jesus nasceu dois ou três anos antes de Cristo”. No decorrer da história houve uma transferência da data do nascimento de Cristo para o mês de Dezembro por diversos motivos; políticos, religiosos e até econômicos. Antes de se comemorar de fato o nascimento de Cristo no mês de Dezembro na tradicional data comemorou-se várias outras festividades, a saber, o culto ao deus do sol: Mitra – mitraísmo. De origem persa, um dos ensinos desta crença era o real desprezo às mulheres, ato que o cristianismo não comungava. Logo o cristianismo sobrepõe o mitraísmo. Outra festividade pagã que também concorreu a tão disputada data de Dezembro foi a Saturnália Romana que era um festival romano em honra ao deus Saturno que ocorria no mês de dezembro, mais provavelmente no dia 17 do referido mês. Acredita-se que o festival passou a ser prolongado por toda a semana chegando à data 25 de Dezembro. Nesta festividade escravos eram temporariamente colocados na posição de senhores e de forma temporária eram livres. Ou seja, os escravos eram livres, mas só o tempo que durasse a festividade.

Tendo por base o que foi exposto acerca das duas festividades pagãs se pode estabelecer algumas distinções com o verdadeiro Cristianismo. Primeiro: enquanto no Mitraísmo excluíam-se as mulheres, o Cristianismo traz na sua essência a importância destas. Maria concebe o Messias prometido e entra para o rol dos grandes expoentes da fé cristã. Como se não bastasse, Jesus ao ressuscitar aparece primeiro para mulheres Mt 28:1-9. Ou seja, Maria, mãe de Jesus, participa de forma direta tanto no inicio do ministério terrestre de Cristo, como também é testemunha do ministério celeste do mesmo.

No que tange a Saturnália e sua pseudo e temporária liberdade concedida a homens, o Cristianismo também o sobrepõe. A liberdade que Cristo concede não é falsa nem muito menos temporária, e sim eterna. Qualquer semelhança desta última festividade pagã com o bom velhinho – “Papai Noel” – não é mera coincidência. Tudo isso nada mais é que a tentativa embutida no paganismo de ofertar uma felicidade ou uma sensação de liberdade falsa/temporária. A morte de Cristo na cruz do calvário concede ao pecador liberdade perene, seu nascimento significa esperança. É como um farol no meio da madrugada guiando os barcos à terra firme e segura. Natal significa que nasceu o salvador e libertador do mundo. Esta mesma liberdade também está no bojo de toda obra divina; no Egito Deus guia seu povo por meio da coluna de fogo e da nuvem, isso depois de ordenar que as casas fossem marcadas pelo sangue do cordeiro na praga dos primogênitos, fato que levaria a libertação do povo do Egito. No nascimento de Cristo Deus guia os reis magos por meio de uma estrela, esta estrela apontaria mais uma vez para liberdade, mas agora uma liberdade perene – diferentemente da liberdade proposta pela Saturnália que é provisória. 

Natal é salvação, natal é liberdade, natal é compreender que em Cristo se alcança tudo isso. Não há promoção, compras, presentes ou banquetes que superem esta verdade. O nascimento de Cristo não deve ser evidenciado na vida dos cristãos em um dia específico, mas sim em toda a vida. Até mesmo porque não tem como precisar a data de seu nascimento. Deve ter sido por isso que Deus na sua soberania manteve o sigilo desta informação, pois mesmo sem ter certeza da data do real nascimento do Messias, pessoas enxertam tanto sentido pagão e pueril e conseguem ocultar a verdadeira essência do natal – nascimento do verdadeiro salvador e libertador do mundo.

24 de dez. de 2014

Uma Carta de Natal

Por Thiago Oliveira e Thomas Magnum

Zezinho* era um menino de onze anos que vivia no interior do estado de Pernambuco, na cidade de Serrita, e que gostava muito de ir a biblioteca pública da cidade gastar suas tardes nas leituras de várias histórias. Costumeiramente o menino gostava de ouvir histórias lendárias da cidade que seu Manoel contava à meninada, na calçada de casa todo fim de tarde, depois de voltar do roçado, no sítio onde trabalhava. 

Certo dia Zezinho se deparou com um envelope  que estava no chão na porta da biblioteca, na frente estava escrito: "Uma Carta de Natal". Dentro havia um caderninho ilustrado, e o texto falava da história do filho de Deus. Zezinho só havia escutado sobre Jesus algumas vezes em procissões e missas da cidade, o menino ficou muito curioso para saber que carta era aquela e o que o texto dizia. Desistiu de sua tarde de leitura na biblioteca e foi para um sítio onde seu Manoel trabalhava, havia uma jaqueira no sítio, Zezinho gostava de subir nela e ficar olhando a paisagem, mas, o objetivo naquele dia foi outro. O menino estava muito curioso para ler aquele pequeno caderno que continha vários desenhos, chamando muito a sua atenção. Era possível perceber que o menino estava ofegante e seus olhos ansiosos pela leitura. Bom, até que enfim Zezinho chegou ao sítio, abriu a porteira e quase que de forma desesperada subiu na jaqueira. Após ver as primeiras gravuras, leu a frase inicial da tal carta: 

"Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens."

Então ele continuou a ler a carta que dizia: 

"Essa frase foi dita por anjos, a pastores que estavam bem próximo do lugar em que nasceu um menino que mudaria a história do mundo. Tudo começou quando um anjo visitou uma moça, que tem o conhecido nome de Maria. Ela ia casar com José, mas teria um filho que não era dele. Não seria fruto de uma relação natural. O menino veio de uma semente divina. Maria conceberia do Espírito Santo, agraciada foi entre as mulheres, e milagrosamente, engravidou, mesmo sendo virgem.

José, quando soube da gravidez ficou desconfiado e triste, pensou em largar Maria...mas aí o anjo também o visitou e contou tudo o que estava se passando. Ele então entendeu que aquilo tudo era o plano de Deus, que enviou Seu Filho para tornar-se homem e salvar o mundo. Salvar de que ué? Ora, salvar da condenação do Inferno, pois por sermos todos pecadores, merecíamos o castigo eterno. O menino que nasceria, viria com a missão de pagar por nossa culpa, por nossos pecados, sofrer o nosso castigo e assim livrar das cadeias infernais todo aquele que crer em sua pessoa e sua mensagem.

Quando estava prestes de dar a luz, numa cidade chamada Belém (que não fica no Pará, é lá em Israel), não havia hospedagem para Maria e José, então eles improvisaram uma sala de parto num estábulo. O menino não teve berço ao nascer. Foi colocado numa manjedoura, onde se colocava o feno para os animais. Foi ali, num lugar sem pompa, com cheiro de bicho, balidos, mugidos e cacarejos, que o Rei dos Reis nasceu.

Os anjos então cantaram e convidaram os pastores para irem louvar o bebê que recebeu o nome de Jesus. Este nome pequeno, com cinco letras, quer dizer que o menino veio trazer salvação. Tudo isso já estava escrito na Santa Escritura. As profecias foram todas cumpridas ali naquela noite especial, que chamamos de natal.

Jesus não permaneceu um menino, ele cresceu em graça diante do Senhor e pregou a boa-nova de salvação. Os homens de seu tempo o penduraram numa cruz e o mataram. Mas você pensa que terminou assim? Que nada! Tudo isso também estava nas profecias. Ele precisou ser moído para pagar a pena que era nossa. O justo morreu pelos injustos e nos tornou livres da culpa e da condenação quando nos substituiu naquele madeiro. E após ter morrido, ele voltou a vida, venceu a morte, o inferno e o Diabo. Triunfou e nos deixou a salvação por herança. Foi pra isso que o menino Jesus nasceu. Seu começo está atrelado a este fim maravilhoso para todos os que nele depositam sua fé. Por isso repetimos com os anjos: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.

Tenha fé no Salvador, ore clamando por misericórdia e confesse que Cristo é o teu Senhor. Ore, com fé no nome de Jesus."

O pedaço de papel foi molhado com duas gotas de lágrimas. Zezinho estava chorando. Ele não entendia o real motivo do choro compulsivo que lhe tomou por inteiro, mas sabia que o seu coração começou a arder por Jesus naquele exato momento. Ele queria orar, mas só conhecia a reza do Pai Nosso e  da Ave Maria. Achou que não era essa prece que deveria fazer. Mas então, como orar? Surgiu então um grupo de irmãos, que o Zezinho identificou como os que seguem a "lei dos crentes". O missionário André estava naquele sítio para entregar presentes para as crianças e alimento para as famílias carentes.

Zezinho se aproximou e ouviu o missionário pregar sobre Jesus. Ele disse que havia escrito várias cartas  para contar a toda a cidade a história do Natal conforme está registrada na Bíblia. Zezinho disse: "eu li a carta, quero Jesus, mas não sei como orar". André emocionado foi até o menino, orou com ele e lhe deu um caminhão de brinquedo. No entanto, Zezinho soube que naquele dia o seu presente foi outro. O seu presente foi Jesus, que lhe trouxe a salvação. 

Enquanto olhamos ao nosso redor, nos grandes centros comerciais e nas grandes metrópoles, vemos as massas comemorando uma festa que não honra o homenageado. Que possamos entender, tal como o pequeno Zezinho, que Jesus é o verdadeiro Natal. O seu nascimento tem grande significado para a humanidade, Ele nasceu, encarnou, tomando uma forma humana. O nascimento do Filho de Deus ocorreu para que também pudéssemos nascer, mas, não nascer fisicamente, e sim espiritualmente. Esse é o verdadeiro Natal, a vida de Cristo em nós, o novo nascimento concedido graciosamente aos homens. Tal como lemos nas Escrituras:

Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador. Tito 3:4-6

Essa bondade revelada é Jesus, Ele que nos salva dos nossos pecados e nos redime. Não por nosso merecimento, ou por boas obras que tenhamos feito, mas, pela sua graça, seu favor para com os homens. Jesus é o Natal, Jesus é o Salvador. Ele é o maior presente! 

Creia nisso!
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Esta é uma história fictícia, mas que gostaríamos muito que fosse verdadeira. O sertão nordestino é uma área missionária que requer nossa atenção. Pois aqui, em nosso país, há povos não alcançados também. Serrita, cidade utilizada em nosso enredo, possui apenas 0,59 % de cristãos evangélicos. Há povoados sem igrejas, pessoas sedentas, que até sabem o que é religiosidade, mas que desconhecem o único e suficiente Senhor e Salvador. Oremos e evangelizemos o nosso sertão. 

23 de dez. de 2014

Natal e o nome de Jesus

Por Augustus Nicodemus

“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” 

Mateus 1:21

De acordo com o relato acima, do Evangelho de Mateus, o nome de Jesus Cristo foi dado pelo anjo Gabriel, quando anunciou seu nascimento a José, desposado com a virgem Maria. Gabriel não somente disse que Maria estava grávida pelo Espírito Santo de Deus, como orientou José a chamar o filho de “Jesus”.

A razão para este nome, cuja raiz em hebraico significa “salvar”, é que aquele menino, filho de Maria e Filho de Deus, haveria de salvar o seu povo dos seus pecados, conforme anunciou o anjo.

Não precisamos ir mais longe do que isso para entender o significado do Natal. Está tudo no nome do Menino. No nome dele, Jesus, temos a razão para seu nascimento, a sua identidade e a missão de sua vida. Em outras palavras, aquilo que o Natal realmente representa.

A razão do seu nascimento é simplesmente esta, que somos pecadores, estamos perdidos, não podemos resolver este problema por nós mesmos e precisamos desesperadamente de um Salvador, alguém que nos livre das consequências passadas, presentes e futuras dos nossos erros. Deus atendeu nossa necessidade escolhendo um homem como nós para ser nosso representante e Salvador, alguém que partilhasse da nossa humanidade e fosse um de nós. Esse homem nasceu há dois mil anos naquela manjedoura da cidade de Belém, num país remoto, lá no Antigo Oriente. E ganhou o nome de Jesus por este motivo.

Sua missão era assumir nosso lugar como nosso representante diante de Deus e sofrer todas as consequências de nossos pecados, erros, iniquidades, desvios e desobediências. Em vez de castigar-nos com a morte eterna, como merecemos, Deus faria com que ele a experimentasse em nosso lugar, que ele experimentasse toda dor e sofrimento consequentes dos nossos pecados. Essa missão foi revelada logo ao nascer, pelo anjo Gabriel, ao recitar seu nome a José: Jesus.

Para nos salvar de nossos pecados, ele teria de sofrer e morrer, ser sepultado, ficar sob o domínio da morte e, desta forma, pagar inteiramente nossa dívida para com Deus. Somente assim poderíamos ser salvos das consequências eternas de nossa desobediência. Mas, para que os benefícios de seu sofrimento e de sua morte pudessem ser transferidos a outros seres humanos, ele não poderia ter pecado ou culpa, pois, senão, ao morrer, estaria simplesmente recebendo o salário do seu próprio pecado. Mas, se ele fosse inocente, sem pecado e perfeito, sua morte teria valor para os pecadores. Por este motivo, ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, ainda virgem, Filho de Deus, sem pecado. O Salvador tinha que ser Deus e homem ao mesmo tempo.

Quando um colunista, que objeta ao nascimento sobrenatural de Jesus, escreveu recentemente em um jornal de grande circulação de São Paulo que virgens não dão à luz todos os dias, ele estava mais certo do que pensava. Esse é o único caso. Jesus é único. Deus e homem numa só pessoa. Nem antes e nem depois dele virgens engravidam sobrenaturalmente. Da mesma forma que Deus não cria mundos todos os dias, também não gera salvadores de virgens cotidianamente. Pois nos basta este.

O famoso teólogo suíço Emil Brunner disse que todo homem tem um problema no passado, no presente e no futuro. No passado, culpa. No presente, medo. E no futuro, a morte. Jesus nos salva de todas estas consequências do pecado: nos perdoa da culpa de nossos erros passados, nos livra no presente do medo ao andar conosco e nos livrará da morte, pois ressurgiu dos mortos e vive à direita de Deus. Um dia haverá de nos ressuscitar.

É isto que o Natal representa. É por isto que os cristãos o celebram com tanta gratidão e alegria. Nasceu o Salvador. Nasceu Jesus! Como este anúncio alegra o coração daqueles que têm culpa, sentem medo e sabem que vão morrer!
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Fonte: Bereianos