Esta
dúvida, certamente, não é o que podemos chamar de uma novidade, mas ainda passa
na cabeça de muita gente. As pessoas confundem igreja/instituição com igreja/povo de Deus. Outros valorizam a igreja/povo de Deus e menosprezam a igreja/local. E há os que criaram uma aversão tão grande as instituições que
organizaram um grupo sem nome, e terminaram por criar o que não queriam: a
igreja sem nome.
O fato é
que a igreja é a comunidade dos que foram escolhidos antes da fundação do
mundo, regenerados pelo Espírito Santo para serem santos e irrepreensíveis
perante Deus. Estes, externamente, confessam Jesus como seu Senhor e salvador.
Esta igreja tem um aspecto interno, invisível aos olhos humanos, mas visível
por Deus, que é a sinceridade do seu coração, a veracidade de sua conversão.
Este aspecto só é plenamente conhecido por Deus, pois “o Senhor não vê como vê
o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para
o coração”. (1 Samuel 16:7).
Todavia, esta
igreja também possui um aspecto local. Um grupo de salvos em Cristo Jesus deve
se reunir – “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes,
façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus
10:25). E só podemos nos reunir em uma lugar específico, geograficamente
falando. Assim, Jesus enviou cartas para igrejas locais: Éfeso, Esmirna,
Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laudiceia (Apocalipse 2-3). O apóstolo
Paulo ordenou que se elegessem presbíteros em cada igreja local – “Por esta
causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem
como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi:” (Tito
1:5). Esta determinação implica que a igreja local tem valor e é nela que
devemos congregar e servir.
O problema
é que na igreja local, ou visível, congregam crentes genuínos e similares –
trigo e joio. Ora, se os verdadeiros crentes enfrentam problemas para vencer
sua natureza pecaminosa, imaginem quando, numa mesma comunidade, ainda têm de
enfrentar os falsos crentes. Certamente os machucões espirituais, emocionais e,
às vezes, até físicos e econômicos, ocorrem. Então, alguns optam por não
congregar. Afirmam que podem servir a Deus sem se envolverem com a igreja. Mas,
isto é possível?
Bem, como
já disse, congregar em uma igreja local é um dever do cristão, observem: “Não
deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações
e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10:25). Esta é uma
ordem, um mandamento e não uma opção. O alvo deste comando é suprir uma
necessidade dos filhos de Deus – o crescimento, amadurecimento e edificação
mútua até cada um chegar à estatura de Cristo - observem a maneira como o
apóstolo Paulo fala sobre este assunto “E ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para
pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho
do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à
unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” (Efésios 4:11-13).
Sabemos
que estamos numa invasão de abertura de igrejas (denominações), muitas
resultando de líderes rebeldes, de mercenários, de lobos vorazes. O
resultado é o descrédito da igreja – alvo pretendido pelo inimigo. No
entanto, Jesus afirmou que as portas do inferno não resistiriam à sua igreja,
e, embora, estas palavras tenham sido dirigidas à sua igreja universal, ele
também se dirigiu à igrejas locais que representavam sua Igreja da sua primeira
à sua segunda vinda. Elogiou as igrejas locais com apreciações como: “Conheço
as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes
suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram
apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e
suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer”
(apocalipse 2:2-3)... “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
A igreja de Cristo está nas igrejas, mas nem todas as igrejas são a Igreja de
Cristo. Mas, isto não nos dá o direito de nos afastarmos da igreja local porque
ela também é instituição.
Quem ama
Jesus Cristo ama a sua Igreja, compromete-se e sacrifica-se por ela. Embora,
fisicamente, seja possível amar o irmão primogênito e rejeitar seus outros
irmãos, espiritualmente isto não é possível. Quem ama Cristo, ama sua Igreja,
quem ama a Igreja sacrifica-se por ela. Creio que, em parte, por isso o
apóstolo Paulo afirmou “ Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei
gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?”(2 Cor. 12:15).
Observe o amor à Igreja, naquela ocasião manifesta como igreja local, era
evidenciado no envolvimento, ainda que desgastante.
Quem ama Jesus cuida
de sua Igreja. Foi isto que Jesus disse a Pedro nas seguintes palavras: “Simão,
filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu
sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a
perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe
respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as
minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu
me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me
amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo.
Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21:15-17). Sei que estas
palavras foram ditas a Pedro, mas ela expõe claramente que tipo de cuidado,
zelo, envolvimento, Jesus quer que tenhamos com sua Igreja. Sim, não é possível
amar Jesus e não amar, com consequente envolvimento, à sua igreja.
As
feridas, os machucões, os desencantos, as decepções, e coisas semelhantes a
estas podem vir, porque a Igreja está em processo de edificação. E as aves do
isolamento, acompanhamento de longe, insensibilidade, também podem descer em
sua mente procurando fazer um ninho. Creia, resista à tentação, enxote estas
aves da sua mente e faça o seguinte: “não deixe de congregar, (não deixe de se
envolver, de participar, de cooperar) como é costume de alguns”.