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30 de abr. de 2015

Livre-se do fardo da culpa


Por Thiago Oliveira

Existem duas coisas que são prejudiciais em nossa jornada por esta vida passageira. A primeira é ser cínico ao ponto de achar que a prática do pecado é normal e não mais se importar com o ato de pecar, pecando assim constantemente e com uma mentalidade tão cauterizada ao ponto de não sentir culpa e não se confessar diante de Deus. A segunda está num outro extremo, é a culpabilidade exacerbada que não é capaz de reconhecer o alcance e a dimensão do perdão que Cristo oferece ao pecador arrependido. É sobre este último aspecto que eu tratarei neste breve texto.

Gostaria muito que você lesse o capítulo 50 de Gênesis, se possível até pare de ler este artigo e volte terminada a sua leitura do referido texto bíblico. Lá está o relato da morte de Jacó, e o cortejo fúnebre que partiu do Egito até as proximidades de Canaã, onde enterrou-se o Patriarca. José, seu filho querido, chorou copiosamente. Afinal, conhecemos a sua história e sabemos que ele viveu anos longe do amado pai. Quando seus irmãos o venderam para um mercador de escravos, deve ter sido muito dorido para aquele jovem José se dar conta de que nunca mais teria o afago do seu "velho", não ouviria a suas histórias e sequer saberia o seu paradeiro.

Mas nos é sabido que os dois se reencontraram e que o Senhor transformou o mal em bem. Foi no Egito que a família de José foi preservada e não morreu de fome. O menino vendido, agora governante de uma terra estranha, tinha o poder de vingar-se como bem quisesse. Ao invés disso, perdoou. Só que os seus irmãos atormentados pela culpa parecem que não assimilaram bem o perdão. Jacó morreu e eles temeram que José não lhes poupasse a vida: 

“Vendo os irmãos de José que seu pai havia morrido, disseram: "E se José guardar rancor contra nós e resolver retribuir todo o mal que lhe causamos? " Então mandaram um recado a José, dizendo: 

"Antes de morrer, teu pai nos ordenou que te disséssemos o seguinte: ‘Peço-lhe que perdoe os erros e pecados de seus irmãos que o trataram com tanta maldade! ’ Agora, pois, perdoa os pecados dos servos do Deus do teu pai". Quando recebeu o recado, José chorou”.

Gênesis 50:15-17

O choro de José foi de tristeza, pois aqueles que eram sangue do seu sangue não acreditaram que o seu perdão tinha sido sincero e definitivo. Ele deve ter pensado: “Será possível que durante todo esse tempo eles viveram com medo de que eu voltasse atrás e os matasse? ” Fato é que o temor pela retaliação os impediu de conviver afetuosamente e sinceramente com aquele irmão a quem tinham tentado prejudicar no passado. Desacreditar no perdão de José significava não se relacionar fraternalmente com ele. Por isso se apresentam como escravos e não como irmãos (v. 18) Daí o entendível choro. 

Novamente José renova seus votos de perdão e alenta o coração dos demais filhos de seu pai prometendo que cuidaria muito bem deles (v.21). Não sei de você já se deu conta de que o “Homem do Egito” é semelhante ao “Homem de Nazaré”. Pois é isso mesmo, José é uma tipologia de Cristo: Amado pelo Pai, rejeitado por seus irmãos, pagou por um crime que não cometeu, mas triunfou e redimiu aqueles que o ofenderam. Sendo assim entendamos de uma vez por todas que:

I) O Perdão supera o mérito

Costumamos ouvir com frequência a frase: “Fulano não merece ser perdoado”. E quem foi que disse que perdão tem a ver com merecimento? José entendeu isso muito bem. Cristo na cruz teve que nos perdoar para nos redimir e para isso Ele superou a questão meritória. Paulo nos diz que éramos merecedores da Ira, contudo, pela riqueza da misericórdia divina, foi nos oferecido a vida. Pela graça nós fomos salvos (Ef 2:3-5). Confessar a nossa culpa e reconhecer a nossa natureza caída é essencial para nos achegarmos até ao Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo e por Ele nos tornarmos alvos como a neve, segundo a letra de um antigo hino cristão. 

II) O perdão supera a culpa

A síndrome dos irmãos de José tem afetado muita gente. Não é sadio o cristianismo pautado pelo medo e pela incerteza. A fé na Divina Graça não deve viver assombrada. Será que não somos capazes de confiar no que a Palavra diz?

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça”.

1 João 1:9

A obra de Cristo na cruz não é vã e nem está incompleta. Confesse o seu pecado, peça o auxílio celestial para abandoná-lo e siga em frente sabendo que as coisas velhas já passaram. Deus lança nossas faltas nas profundezas do mar (Mq 7:19). O mar do esquecimento. E alguém certa feita completou dizendo que nesse mar tem uma placa onde é possível ler o seguinte aviso: “É proibido pescar”. 

III) O perdão supera a inimizade 

No Egito, José foi afetuoso com seus irmãos, seus sobrinhos e também com seus sobrinhos-netos. Mesmo sendo a parte ofendida, cedeu e pode desfrutar de um excelente relacionamento familiar. Da mesma forma quando Cristo nos redimiu e nos perdoou, desfez o muro de inimizade que havia entre Deus e nós, pecadores. Podemos desfrutar de um bom relacionamento com o nosso Pai que está nos Céus, e devemos louvar ao Senhor porque foi Ele quem tomou a iniciativa da reconciliação.

Portanto, se algo incomoda você, e te deixa com medo ou incerto da remissão, ore para que o Espírito Santo ateste ao seu espírito que a culpa foi lançada fora. Livre-se dela de uma vez por todas. Livre-se desse fardo e ande com os ombros leves pela estrada que nos leva ao Reino Celestial, lugar da habitação do nosso Redentor. Não diminua a eficácia da graça que nos foi oferecida na cruz. Não esqueça a verdade bíblica presente em Romanos 8:1:

Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus”.

Isso é Boa-Nova.

Soli Deo Gloria!

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