Por Richardson Gomes
É muito comum, nas nossas igrejas evangélicas, notarmos
práticas que não tem um menor respaldo bíblico. E quando se condena algumas
dessas tais práticas, a primeira coisa que dizem é: “Mas isso está lá em…” e em
seguida, citam alguma passagem bíblica que justifica (pelo menos à consciência
deles) o ato. O problema é acharmos que respaldo bíblico é simplesmente
quando encontramos referência bíblica. Referência bíblica não é o mesmo que
respaldo bíblico. Por exemplo: encontramos referências de adultério na Bíblia
como em Oséias 7:4 e nem por isso devemos tomar como respaldo bíblico para
que se torne aceitável diante de Deus um adultério na igreja.
Jesus, porém, respondendo,
disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. (Mateus 22.29)
A maioria dos crentes não estuda mais o contexto, não
estuda mais a Bíblia na dependência do Espírito Santo. No máximo, estuda-se
apenas para confirmar como certas as suas convicções e práticas. Não estão mais
abertos para mudanças constantes, para se reformarem a cada dia à luz das
Escrituras. Infelizmente, enquanto não houver um zelo pela Palavra de
Deus, práticas como línguas balbuciadas sem sentido (e aqui, vale lembrar que
falo da glossolalia), unção de tudo quanto é coisa, reteté, cai-cai,
gritos, danças proféticas, apelos, aplausos, profecias, revelações, aparições
de anjos, transfigurações, histeria coletiva, viagens a outras dimensões (como
céu e inferno), decretos humanos, baladas gospel, dentre outras, vão continuar.
De sorte que a fé é pelo ouvir, e o
ouvir pela palavra de Deus. (Romanos 10:17)
E quando essas práticas são condenadas, a primeira coisa
que nos exortam a ter é fé. Como se fé fosse separada daquilo revelado na
Bíblia. Rejeitando o ensino que nos diz que a fé nos é plantada quando ouvimos
a Palavra de Deus (Rm 10:17). Precisamos entender que “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar,
para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;” (2Tm 3:16) e
que ela deve ser nossa única regra
de fé e prática. É somente ela! Somente a Escritura que nos leva a ouvir os
propósitos de Deus e a Sua vontade. Somente a Escritura que nos ajuda a viver
de forma que glorifique a Deus. Somente pela Escritura que temos acesso ao
Verbo vivo de Deus, Jesus Cristo, para que possamos ser salvos. Ela sim é,
unicamente, a voz de Deus. Não podemos nunca deixar com que algo fale mais alto
que ela, pois é a Palavra de Deus. E quando o costume, a tradição, as
experiências e qualquer outra coisa vão de encontro à Escritura, devemos
rejeitar. Como Lutero disse: Qualquer ensinamento
que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça
chover milagres todos os dias.
Nossa fé deve estar totalmente baseada na Bíblia. Antes
de termos crido em Jesus, precisávamos ouvir quem Ele é, o que Ele fez e faz.
Para que eu creia ou não em algo preciso, com muita devoção, humildade e
fervor, meditar na Palavra de Deus para ouvir se aquilo que se prega/pratica
deve ser tido como correto ou não. Preciso
conhecer para crer e não crer para conhecer. Até quando você
deixa de crer em algo que é antibíblico, mas assim o faz simplesmente porque os
outros também não creem; você está crendo pelo costume e não pela Bíblia! E não
está “descrendo” pela fé, e, portanto, está pecando. (Rm 14:23). Estude as
Escrituras! Queira ouvir a voz de Deus e não a voz do seu próprio coração, pois
é enganoso (Jr 17:9). Decida, a partir de agora, que tudo que não estiver na
Bíblia deve ser rejeitado.
Se não posso encontrar minhas
experiências na Bíblia, é porque elas não vêm de Deus, mas do diabo.
Lutero
Você tem meditado em suas próprias práticas? E nas
práticas de sua igreja? O que você faz tem respaldo bíblico? Olhe para a Bíblia! As
práticas que foram citadas acima, dentre outras, são defendidas por pessoas que
têm no coração um espaço muito maior para suas experiências do que para a
Palavra. Elas nos dizem para ter fé, mas de que fé estão falando? Seria uma fé
humana ou aquela que Cristo nos deu? Muitos costumam taxar os tradicionais ou
reformados como “aqueles que não creem”. Porém, a fé que eles dizem ter não está
fundamenta pelas Escrituras Sagradas. Com isso, somente posso concluir que,
mesmo que elas creiam em todas aquelas práticas, o que elas menos têm é Fé.
Sola Scriptura!