Por Thomas Magnum
"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as
conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e
ninguém as arrebatará da minha mão."
João 10.27,28
Uma grande verdade das
Escrituras é a segurança eterna dos santos, nesse texto do evangelho de João,
lemos essa maravilhosa promessa da parte do Senhor. Embora tal ponto seja
controvertido para muitos arminianos, que afirmam que o calvinismo toma por
base a lógica do seu sistema de pensamento e dogmatiza sua dedução com
pressupostos infundados, esse argumento prova por si mesmo que não é isso que o
calvinismo diz. Iremos nos ater nesse texto de João e em alguns outros da
Escritura para mostrar que a perseverança dos santos é um ensino genuinamente
bíblico e que o Senhor Jesus nos ensinou com tamanha clareza que é impossível
contradizer isso.
Ao examinarmos outros
textos do Novo Testamento notaremos que o ensino da perseverança dos santos é
transmitido de forma abundante por Paulo como também pelos apóstolos. O
arminianismo assegura que um crente pode perder sua salvação, seu livre
arbítrio pode ser usado para a rejeição da fé. No entanto o pensamento
calvinista nos mostra com maior substancialidade bíblica e teológica que a
doutrina da segurança eterna é ensinada nas escrituras de forma clara e
enfática.
E os que predestinou,
a eles também chamou; e os que chamou, a eles também justificou; e os que
justificou, a eles também glorificou. Romanos 8.30
Paulo nos diz aqui que
o Deus que predestina, chama, e o que chama, justifica, o que justifica,
glorifica. Note que o tempo verbal aqui demonstra um ato já realizado, Deus
glorificou seus eleitos, essa passagem nos mostra que a segurança de nossa
salvação não depende da força que seguramos a mão de Deus, mas em sua mão que
nos sustenta. Paulo continua:
Portanto, que
poderemos dizer diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que não poupou nem o próprio Filho, mas, pelo contrário, o entregou por
todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem trará alguma
acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica; quem os
condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou, pelo contrário, quem ressuscitou
dentre os mortos, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou
perseguição, ou fome, ou privação, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por
amor de ti somos entregues à morte todos os dias; fomos considerados como
ovelhas para o matadouro, Mas em todas essas coisas somos mais que vencedores,
por meio daquele que nos amou. Pois tenho certeza de que nem morte, nem vida,
nem anjos, nem autoridades celestiais, nem coisas do presente nem do futuro,
nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos
8.31-39
Aqui nós podemos tirar
alguns pontos interessantes sobre nossa segurança em Cristo.
1. O Sacrifico de
Cristo é suficiente para nos sustentar e santificar e glorificar, Ele nos dará
todas as coisas.
2. Em Cristo temos a
justificação dos nossos pecados. Ninguém condenará os eleitos, ninguém terá
triunfo sobre nossa salvação, para nos tirar da presença de Deus.
3. E que nada nos
separará do amor de Cristo, nenhuma circunstância ou adversidade.
4. Cristo nos torna
mais que vencedores.
No Evangelho de João
Podemos constatar isso
em outras passagens, vejamos:
Mas aquele que beber
da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará
nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.
João 4.14
Na verdade, na verdade
vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida
eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. João 5.24
Todo o que o Pai me dá
virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu
desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou. João 6.37-38
Porquanto a vontade
daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha
a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6.40
Eu sou o pão vivo que
desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu
der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. João 6.51
Eu sou o pão da vida.
João 6.48
Podemos ver com esses
textos que a vida eterna depende unicamente de Deus, não do homem, temos a
expressa confirmação disso em João 1.13.
Os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. João
1.13
Quem nos garante a
vida eterna é o próprio Cristo, quanto aos afirmam que a salvação poderá ser
perdida, estão invalidando as promessas e os decretos de Deus, Que mediante a
fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se
revelar no último tempo. 1 Pedro 1.5
Estou convencido de
que aquele que começou boa obra em vocês vai completá-la até o dia de Cristo
Jesus. [1] Nos diz ainda o profeta Jeremias:
E farei com eles uma
aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor nos
seus corações, para que nunca se apartem de mim.
Jeremias 32.40
Voltemos agora para
nosso texto base.
As minhas ovelhas
ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida
eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão. João 10.27,28
D.A. Carson comenta
essa passagem:
"Jesus, então, dá vida
eterna para suas próprias ovelhas. Em termos de metáfora das ovelhas, Jesus já
disse que Ele dá para elas vida plena (v.10); agora Ele afirma claramente que
essa vida é sua própria vida eterna, frequentemente oculta no evangelho sob as
figuras de água, luz, bom pastor. A consequência de Ele conhecer suas ovelhas e
de lhes dar a vida eterna é que elas jamais perecerão [...] Mesmo assim, o foco
não é o poder da vida em si mesmo, mas o poder de Jesus: ninguém as poderá
arrancar da minha mão, nem lobo (v.12), nem ladrões, nem os assaltantes (vv.1,
8), nem ninguém. Pensar de outra forma acarretaria a conclusão que Jesus tinha
fracassado na explicita atribuição dada a ele pelo Pai, de preservar a todos
que foram dados a Ele. A segurança definitiva das ovelhas de Jesus baseia-se no
bom pastor". [2]
Fica evidente nessa
passagem que a atribuição para a segurança da fé, depende do pastor, operando
eficazmente em suas ovelhas. Note que no texto de Paulo a Bíblia nos diz que
nada nos separaria de Cristo, na fala de Jesus no evangelho de João nos diz que
ninguém nos separaria dele.
A confissão de Fé de
Westminster
I. Os que Deus aceitou
em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito,
não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a
certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos.
Fl. 1. 6; Jo 10.
28-29; I Pe. 1.5, 9.
II. Esta perseverança
dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto
da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do
mérito e intercessão de Jesus Cristo, da permanência do Espírito e da semente
de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de todas estas coisas vêm a sua
certeza e infalibilidade.
II Tm. 2.19; Jr. 31.3;
Jo 17.11, 24; Hb 7.25; Lc. 22.32; Rm. 8.33, 34, 38-39; Jo 14.16-17; I João 2.27
e 3:9; Jr. 32.40; II Ts. 3.3; I Jo 2.19; João 10.28. [3]
Essa certeza é que nos
move a uma vida santa na presença do Senhor, buscamos a santidade não para
sermos salvos, mas, porque fomos salvos e temos o profundo desejo gerado em nós
pelo Espirito Santo de sermos mais parecidos com Cristo.
Como diz o Hino de
H.M. Wright, 423, do hinário Salmos e Hinos:
Segurança do Crente
Oh! Quão preciosa e Rica
promessa
De Jesus Cristo,
celeste Rei!
Ao que confia na sua
graça
Diz Ele: “Nunca te
deixarei!”
Oh! Não temas! Oh, não
temas!
Pois Eu contigo sempre
serei.
Oh, não temas! Oh, não
temas!
Porque Eu nunca te
deixarei!
________________________________
[1] Filipenses 1.6-
Bíblia Sagrada
[2] O Comentário de
João, D.A. Carson- Ed. Vida Nova
[3] A Confissão de Fé
de Westminster – Ed. Cultura Cristã.