Por Thomas Magnum
Ao tratarmos desse tema
infelizmente não estamos falando de algo irreal. Na verdade o assunto é bem
atual e abrangente por vários motivos. A industrialização do sexo, a facilidade
de se obter material de cunho sexual, a rapidez da internet em fornecer
informações pornográficas em segundos através dos milhões de sites
pornográficos na rede, da cultura relativista e hegemonicamente comercial, da
figura de mulheres e homens que vendem sensualidade e prazer; basicamente a
questão do sexo hoje pode ser facilmente apontada como nicho de mercado.
Depois de termos essa visão
social/industrial/mercadológica, não podemos deixar de falar sobre questão
antiga em relação ao sexo. Em muitos povos antigos o sexo era parte do culto,
no antigo Egito por exemplo. Vemos que a sexualidade não somente apontava para
uma tendência natural do ser humano, mas fazia parte de uma cultura
ritualística no culto aos deuses. Desde então vemos a mesma questão da
corrupção sexual na Grécia antiga, e o culto voltado também à promiscuidade não
somente no relacionamento de homens mais velhos com mais novos, mas também na
ilha de Lesbos, onde mulheres mantinham relações sexuais, foi dali surgiu a
palavra lésbica.
Por isso no mundo antigo
tinham as prostitutas cultuais. Nos casos de prostituição do antigo Israel
relatadas no antigo testamento não era somente prostituição espiritual, mas
física também. O prazer sexual vendido pelas religiões foi mais uma
consequência da queda de Adão e Eva e do engano de Satanás. A sexualidade do
ser humano foi inevitavelmente afetada pelo pecado. Sob o prisma da depravação
total temos um correto entendimento de que as faculdades do homem foram
escravizadas pelo pecado, nisso a sua vontade também, por isso temos paixões
lascivas como diz Paulo:
"Mortificai, pois, os
vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, afeição
desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Pelas quais
coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; Nas quais, também,
em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas."
Colossenses 3:5-7
E o Senhor também advertiu:
"Eu, porém, vos digo,
que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu
adultério com ela."
Mateus 5:28
Ao chegarmos a nossos ares
modernos, temos grandes problemas no que se refere a compreensão do propósito
do sexo na vida dos seres humanos. A Bíblia diz que o sexo é uma bênção de Deus
e sua finalidade é ser desfrutado não somente para procriação, mas, para o
prazer dos cônjuges como lemos no livro de Cantares. Ainda sim, soa estranho para
muita gente na igreja ouvir isso. Muitos perguntam – mas o que é que tem se eu
transar com minha namorada? Somos maiores de idade e podemos fazer nossas
escolhas. Outro argumento é, nós iremos nos casar, então podemos manter
relações sexuais. Já houveram casos de casais de namorados cristãos até orarem
antes da relação sexual.
O fato é que a juventude
cristã é bombardeada com liberalismo sexual diariamente, da mesma forma que o
liberalismo político versa sobre o individualismo quase divinizado do homem o
liberalismo sexual segue a mesma linha de raciocínio de que o homem é soberano
sobre suas escolhas. Diante disso temos algumas situações; porque sexo antes do
casamento é errado e se alguém manteve uma vida sexual antes da conversão como
lidar com isso?
Ao falarmos sobre
sexualidade cristã, falamos de indivíduos dotados de inclinações sexuais
naturais, mas, falamos também que essas inclinações não necessariamente
precisam ou devem ser supridas, pois, a sexualidade é restrita ao casamento.
Para relações extraconjugais a bíblia denomina isso de fornicação entre
solteiros e adultério para pessoas casadas que obtiveram outro parceiro sexual.
Esses valores têm sido tratados por muitos dentro do cristianismo como algo
ultrapassado e que agora vivemos na geração fast food, o que importa é a
satisfação pessoal, como comumente ouvirmos – o importante é ser feliz. Os
impulsos sexuais devem ser imediatamente saciados porque o que importa é a
satisfação. Essa atmosfera que vigora sobre a sociedade moderna é fruto de uma
cosmovisão hedonista, egoísta, pluralista e relativista. E esse gás tem sido
distribuído no meio cristão.
Em primeiro lugar devemos
pensar sobre a questão, se somos adultos o que nos impede de transarmos? Vale
lembrar que estamos trabalhando nesse texto em um contexto cristão, embora o
princípio bíblico é válido a todas as pessoas. A bíblia nos diz o seguinte:
"Todas as coisas me são
lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas
nem todas as coisas edificam."
1 Coríntios 10:23
A liberdade para pecar todos
tem, essa livre agencia é dada aos homens, mas a grande questão é, isso tem a
aprovação de Deus? Vemos na Palavra que o casamento foi criado por Deus e o
sexo foi criado para o casamento. O sexo entre homens e mulheres é uma bênção
de Deus, mas, não podemos esquecer que esse relacionamento íntimo está
enquadrado dentro de uma aliança, a aliança do casamento. Foi assim desde o
início com Adão e Eva. Em Mateus 25 lemos a parábola das dez virgens que
esperavam o noivo para as bodas, veja que elas eram virgens. A bíblia defende a
virgindade, porque o sexo foi criado para o casamento. Ao iniciar uma vida
sexual fora do casamento o jovem em primeiro plano está pecando contra Deus e
seu propósito para sua sexualidade. Da mesma maneira quando falamos sobre a
masturbação, pelo fato que tais práticas sexuais estarem fora da aliança
conjugal.
Um outro problema é quando
um jovem ou qualquer pessoa que não é casada se torna cristã e antes tinha uma
vida sexualmente ativa, o que fazer agora? Numa primeira palavra digo que você
agora é cristão e deve ser corajoso para viver como tal, deve negar-se como
Jesus ensinou e deve submeter sua vontade ao Cristo Senhor. Lembre-se que a
tentação vai passar, por mais dura que seja, mas o peso do pecado nos
envergonha e nos afasta de Deus. Deve-se entender que agora como cristão os
padrões são os da palavra de Deus e não os do mundo. Corre sempre uma história
de que ficar sem sexo faz mal ao homem, onde foi provado isso cientificamente?
Temos na bíblia pessoas que nunca se casaram, viveram como celibatários.
De fato sob essa pressão
social, midiática erotizada que empurra novos padrões sexuais que são fruto não
só de ideias pagãs antigas, mas também de que o sexo quando usado fora dos
propósitos de Deus está ligado a idolatria, o sexo pode ser um ídolo e tem sido
na sociedade moderna tanto quanto foi nas antigas. A diferença é que não temos
mais a personificação do ídolo, mas, ele continua vivo nos corações dos
homens. A grande questão é que na nossa
cultura ocidental os ídolos físicos não são comuns a todos, no entanto os
ídolos ideológicos estão presentes aqui tanto quanto estiveram lá.
Uma outra questão levantada
pela mídia voltada para o entretenimento é a figura erotizada da mulher, que
deve se vestir sensualmente (afirmando que isso enfatiza feminilidade o que não
é), humilhando a figura feminina que foi criada a imagem de Deus, colocando
padrões de beleza que são estranhos as escrituras. No Brasil temos uma infeliz
imagem figurada pelo carnaval, mostrando mulheres quase sem roupa, essa é uma
das imagens vendidas para o exterior. Em seu clássico Casa Grande e Senzala, o
antropólogo Gilberto Freire diz que nos tempos coloniais as mulheres brancas
eram para casar, as índias para trabalhar e as negras para servir sexualmente
seus senhores. De fato sabemos que essa cultura da mulher como objeto sexual no
Brasil é fortalecida a cada dia. E o que mais impressiona é que tais mulheres
se orgulham disso, esse comportamento da sexualidade humana é derivado da
queda. Da mesma forma os homens que tem sua virilidade relacionada a serem
garanhões e serem adúlteros, isso é motivo de orgulho para muitos (infelizmente
até quem se chame cristão). Quando vemos que tais comportamentos liberais
também estão relacionados à depravação total.
Gostaria de citar aqui um
trecho do artigo do pastor Guilherme de Carvalho que tem por título Ideologia
liberal e promiscuidade sexual: cúmplices? Ao falar de liberdade muitas vezes
nem compreendemos o que é e quais são as consequências de um entendimento
errado sobre isso, ao falar desse liberalismo diz Carvalho:
Mas o que significa
“liberdade” numa sociedade utilitarista e consumista, que destrói
sistematicamente a capacidade humana de resistir a seus desejos e sonhos de
felicidade? O indivíduo hipermoderno é um fraco, incapaz de amar o que deve
amar e de odiar o que deve odiar, treinado desde a infância a investir todas as
suas energias na busca da satisfação emocional. É um indivíduo dependente do
consumo e do entretenimento, buscando a felicidade sem virtude. Poucos colocam
o problema tão bem quanto Lipovetsky:
“O relaxamento dos controles
coletivos, as normas hedonistas, a escolha da primeira qualidade, a educação
liberal, tudo isso contribuiu para compor um indivíduo desligado dos fins
comuns e que, reduzido tão-só às suas forças, se mostra muitas vezes incapaz de
resistir tanto às solicitações externas quanto aos impulsos internos. [...] Por
toda parte, a tendência ao desregramento de si acompanha a cultura de livre
disposição dos indivíduos entregues à vertigem de si próprios no supermercado
contemporâneo dos modos de vida. À medida que se amplia o princípio de pleno
poder sobre a direção da própria vida, as manifestações de dependência e de
impotência subjetivas se desenvolvem num ritmo crescente. O que se representa
na cena contemporânea do consumo é tanto Narciso libertado quanto Narciso
acorrentado.” (Lipovetsky, 2008, p. 127)".*
Com isso vale dizer que
aqueles que se acham livres para viverem como querem, ao fim das contas quem
dera enxerguem que o homem que vive a seu bel prazer não vive, mas está morto.
Que ao sabermos que o sexo é parte da aliança do matrimônio consideremos que o
que estiver fora disso é abominável diante de Deus e sua palavra (Romanos cap.1
e 1Corintios cap.6).
______________
*http://ultimato.com.br/sites/guilhermedecarvalho/2013/10/29/ideologia-liberal-e-promiscuidade-sexual-cumplices/