Por Thiago Oliveira
“Porei nas nuvens o meu arco.”
Gênesis
9:13
Vimos que Adão e Eva
falharam em guardar o mandamento divino e com isso a humanidade caiu em
desgraça. Não demorou muito para que o mundo conhecesse o efeito danoso do
pecado. Caim mata Abel e mancha a terra com sangue (Gn 4.8). A resposta que
Caim dá ao SENHOR quando perguntado sobre o que fez (Gn 4.9) nos mostra a
frieza de um homem degenerado.
Continuando a leitura do
Gênesis, lemos coisas nada animadoras com relação a humanidade: “O Senhor viu
que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinação
dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal”. Gn 6.5.
O versículo nos mostra que
todo o pensamento humano já estava pré-disposto a esquematizar práticas
ilícitas. O homem escravizado pelo pecado tornara-se preso a uma cadeia de
vileza da qual não podia sair. Deus então decide destruir a humanidade (Gn
6.6). Todavia, mostrou benevolência para com Noé (Gn 6.8), este seria salvo
juntamente com a sua família.
GRAÇA,
APENAS GRAÇA
Porque Noé? O que ele fez
para ser poupado da destruição? A resposta é: absolutamente nada. Isto é graça.
Graça é algo que é dado sem merecimento ou razão, e é, até certo ponto,
incompreensível. No entanto, ela nos revela quem Deus é. Deus é soberano e
bondoso. Não havia nada em Noé que chamasse a atenção de Deus. Nunca há em
nenhum de nós. É nessa perspectiva que Paulo escreve: (Rm 3.9-12). Ninguém é
bom para receber o favor do SENHOR. Tudo que Ele nos concede é por graça. É
assim com cada um de nós, e assim foi com Noé.
FAMÍLIAS
NA ALIANÇA
Fato importante, e que não
pode passar despercebido, é que o favor de Deus a Noé, se estende para toda a
sua família. Deus sempre se regozijou em salvar indivíduos e há festa no céu
quando um pecador se arrepende (Lc 15.10), mas, podemos enxergar muito além
disso. Deus, na perspectiva da aliança, salva famílias. Noé foi o cabeça da
aliança, no entanto, quando Deus disse a Noé que ia cair o dilúvio sobre a
terra, mandou que ele construísse a Arca para abrigar toda a sua casa (Gn
6.18).
Quando lemos o Novo
Testamento, vemos que famílias eram salvas e batizadas. Observe o relato da
conversão de Lídia (At 16.14-15) e do carcereiro em Filipos (At 16.31-34).
Obviamente, pessoas solteiras não estão fora da aliança, como no caso do Eunuco
batizado por Filipe (At 8.38). Contudo, devemos lembrar que na criação, Deus
fez a família, macho e fêmea criou e autorizou o primeiro casal a serem
fecundos. A família é um projeto de Deus desde o início. Assim também como
criou, Deus também resgata famílias inteiras afetadas pelo pecado.
PRESERVAÇÃO
Passado o dilúvio, o caráter
de aliança fica mais evidente. Como vimos no estudo anterior, a aliança é algo
soberanamente administrado por Deus. Ele estabelece os termos. Com Noé a
unilateralidade do pacto fica tão clara que é impossível conceber alguma ideia
de cooperação humana. Noé e seus familiares nada fizeram. A aliança que vamos
analisar é planejada, determinada, estabelecida, confirmada e executada por
Deus: “Eis que estabelecerei a minha aliança convosco” (Gn 9.9).
1) Deus se compromete a
preservar a ordem natural do mundo (Gn 8.22). Os dias e as noites, assim como
as estações do ano são amostras da preservação.
2) Deus reestabelece a
mordomia do homem (Gn 9.2-3). Noé recebe o mesmo mandato que Adão teve para
cuidar do Jardim. Cabe ao homem sujeitar a Terra.
3) Deus institui uma lei
para refrear a maldade (Gn 9.6). Para isso servem os governos (Rm 13.1-5).
4) Deus preserva o mundo da
destruição (Gn 9.11).
O pacto da preservação nos
enche de alegria por sabermos que é uma aliança perpétua e o seu caráter
universal (Gn 9.9-11). Deus preservou a vida humana pelo desejo de redimi-la em
Cristo. Apenas após a morte do seu Filho a salvação estaria consumada. Se todos
fossem destruídos com o dilúvio, nenhum de nós seria comprado pelo sangue do
Cordeiro. Isto quer dizer que Deus preservou a humanidade para que os seus
pudessem ser resgatados das trevas e trazidos para o reino do Filho do seu amor
(cl 1.13).
O sinal que Deus estabelece
é mais uma demonstração de que tudo partiu dEle. Para demonstrar que a aliança
não seria quebrada nunca, o arco-íris é posto no céu (Gn 9.13-16). Um sinal que
está distante da capacidade humana construir. Um sinal que demonstra a
fidelidade daquele que através das alianças se relaciona com os homens, mesmo
quando esses revelam a sua rebeldia ou indiferença para com Deus. Como está
escrito: “mas se somos infiéis, Ele, entretanto, permanece fiel, pois não pode
negar-se a si mesmo”. 2Tm 2.13.
APLICAÇÕES
Podemos aplicar esse estudo
sabendo que:
- Deus é infinitamente
gracioso. Tudo o que o SENHOR nos concede é graça e nada mais que isso. Sua
bondade é tanta que estende o seu favor para justos e injustos. A nossa vida
deve ser vivida em constante louvor ao nosso Deus. Dia após dia, a cada nascer
e a cada pôr-do-sol, exultemos com a verdade de sermos amados e pelo fato do
SENHOR zelar pela nossa vida.
- Há esperança para as
nossas famílias. Desde o princípio Deus estabeleceu o relacionamento familiar
para honrá-lo. Ele quer salvar famílias inteiras e não apenas indivíduos. Por
mais que a situação em muitos lares seja caótica, não podemos duvidar do poder
de Deus em regenerar o mais vil pecador. Ele pode fazer isso e se Ele quiser
não há quem o impeça de fazê-lo.
- Temos garantia de vida
eterna. Como foi dito, a aliança da preservação visava a redenção. Da semente
de Noé, por meio de Sem, descendem os povos semitas, e dentre tais povos, os
israelitas, de onde viria o Rei dos Reis. Quando Deus decide não mais destruir
a humanidade, é porque Ele tinha planos de vida eterna. Não é à toa que no
trono celestial o arco-íris se faz presente (Ap 4.3). A vida eterna nos foi
graciosamente concedida, tal como Deus a concedeu a Noé e a sua casa.