Por Sam Storms
1 Pedro 1.1-2
Pedro, apóstolo
de Jesus Cristo,
Aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no
Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia, escolhidos
de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do
Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue:
Graça e paz
lhes sejam multiplicadas.
A passagem de 1
Pedro 1. 1-2 afirma que somos eleitos “de acordo com a pré-conhecimento de Deus
Pai”. Como já vimos, a presciência de Deus é o deleite especial ou a afeição
graciosa com a qual Ele nos vê. Mais uma vez, um bom sinônimo é “amar primeiro”.
Precisamos também interpretar a força da proposição traduzida por “de acordo
com” (kata).
A maioria
concorda que a palavra kata nessa
passagem tem o sentido de “em conformidade com”. Em outras palavras, a
presciência de Deus ou seu amor eterno por nós era o padrão ou norma à luz da
qual seu ato eletivo foi realizado. Contudo, como sugerido por M.J. Harris, é
quase como se a noção de conformidade fosse “totalmente deslocada, passando
kata adenotar ‘fundamento’. Assim, a eleição é fundamentada na (kata) presciência de Deus Pai, realizada
pela (en) obra santificadora do
Espírito, tendo como objetivo ou conquista (eis)
a obediência e a aspersão constante do sangue de Cristo”.
Precisamos ser
cautelosos para não fundamentar uma grande parte da nossa teologia nas nuances
das preposições gregas. Entretanto, não podemos nos dar ao luxo de ignorar as
preposições como se elas não tivessem qualquer importância. Um exemplo
relacionado a ignorar as preposições é a tentativa de Norman L. Geisler de
contornar a doutrina da eleição incondicional. Geisler insiste em que, segundo
1 Pedro 1. 1-2, a eleição e a presciência são atos simultâneos, que nenhum se
baseia no outro, seja cronológica ou logicamente. Mas dizer que a eleição é “de
acordo com” a presciência (que é a interpretação de Geisler) não é a mesma
coisa que dizer que a eleição é “concomitante” ou “simultânea” à presciência. A
exegese de Geisler tem duas falhas graves. Primeira: ele pensa erroneamente que
a presciência se refere a não mais do que a onisciência divina, o atributo em
virtude do qual Deus conhece todas as coisas. E a segunda: ele lê na preposição
kata um significado estranho ao Novo Testamento.
Em suma, o
argumento de Pedro é o mesmo que o de Paulo. Em conformidade com o amor, ou
talvez com base nele e na afeição graciosa pré-temporais de Deus pelos
pecadores, Ele nos predestinou à fé e à vida.
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Extraído do livro Escolhidos: Uma Exposição da Doutrina da Eleição.
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Extraído do livro Escolhidos: Uma Exposição da Doutrina da Eleição.