Por Bruno Silva
O ensinamento à Igreja era
um só: “lutar todo tempo contra as pressões e investidas do mundo”. Para nós,
igreja contemporânea, ficam aqui alguns ensinamentos da Palavra de Deus. Nos versículos de 7 à 10 - deste mesmo
capítulo - o apóstolo nos mostra os meios, a cura para uma igreja secularizada.
Tiago chega em um dos pontos fundamentais na luta contra a secularização que é
a origem do mal, o próprio Diabo. Ele diz: “Sujeitai-vos, portanto a Deus;
mas resisti ao Diabo e ele fugirá de vós”.
As pessoas têm várias
percepções do Diabo. Algumas pessoas acreditam que ele é um ser mitológico,
outros acham que é apenas fruto da imaginação criativa dos homens, e ainda há
quem acredite que ele não existe. No entanto, precisamos entender que isso são
estratégias, do próprio Diabo, para levar vantagem sobre nós, e sermos suas
presas fáceis. Tiago nos apresenta estratégias muito práticas para lidar com
sua astúcia e termos uma vida piedosa.
O
primeiro é: a submissão ao Senhor. Submeter-se a Deus
é estar debaixo de sua autoridade, seguir suas diretrizes, sua Palavra. É ter
ouvidos para a voz do Redentor, Cristo! Russell Shedd em seu comentário nos dá
uma preciosa definição de Submissão, ele diz: “É estar completamente
dependente de Deus em tudo nessa vida, de tal forma que nada é feito sem antes
consultar sua Palavra, e ouvir dele a orientação”.[1]
Quem assim crê entende que sua vontade é boa, perfeita e agradável (Rm 12:2).
Submeter-se a Deus não é um ato de tristeza, não nos traz peso e sim, alegria e
deleite.
O
segundo é: a resistência ao Diabo. Significa que devemos nos
manter firmes diante dele ou nos opormos a ele. Existe uma parcela de culpa por
parte do diabo em nossas quedas, mas precisamos nos manter firmes para que ao
acontecer o ataque ele fuja de nós. Da mesma forma que aconteceu com Jesus na
tentação no deserto. A Bíblia diz que ele o deixou, ainda que por algum
tempo, “até momento oportuno”, (Lc 4:13).
O
terceiro é: chegar-se a Ele. Significa que aquele que
foi lavado e remido no sangue do Filho de Deus pode se achegar a Ele. Como diz
o autor aos Hebreus “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono
da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em
ocasião oportuna” (4:16). No passado éramos proibidos de nos achegarmos a Sua
presença, mas agora por causa de Cristo, e somente por causa Dele, podemos nos
aproximar da Presença doce e bendita do Pai. Com isso Tiago diz que Ele, Deus,
se achegará, (i.é.) aproximará de nós! Significa, que a própria presença de
Deus será o nosso galardão. Não, os benefícios que Suas mãos podem dar, e que
são muito bons, mas Ele. A seus filhos, o apóstolo, diz que Ele concede: graça
(v.6); Sua presença (v.8). Esse lembrete é para todos que podem não estar
indo muito bem na sua resistência ao secularismo. Entretanto, não podemos
desistir, precisamos confiar e nos aproximar d’Ele.
O
quarto é: purificar as mãos e limpar o coração. Purificar as
mãos está ligado a ter uma conduta irrepreensível. Os judeus tinham essa
prática no cumprimento de seus deveres religiosos e o autor sabiamente faz essa
ligação com a nossa prática de vida. Esse confronto é para mantermos nossa vida
livre da sujeira do pecado. A limpeza do coração, a qual ele se refere, é mais
profundo do que um arrependimento momentâneo. É uma denúncia a todos aqueles
que tem uma mente dividida. A expressão: “ânimo dobre” (no grego é dipsuchos)
“duas almas”, confronta aqueles que abandonaram o seu primeiro amor. Essa
linguagem requer de nós autoexame. Será que os leitores são nascidos do
Espírito? De qualquer forma, o genuíno arrependimento é necessário para se
achegar diante de Deus.
O
Quinto é: um quebrantamento que precede o avivamento. “Afligi-vos,
lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em
tristeza. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará” (v.9-10).
Precisamos ter em nossos corações esse entendimento da necessidade de um
quebrantamento poderoso da parte do Senhor. Na história dos avivamentos o que
precedia a conversão de milhares de pessoas era o arrependimento. Richard
Baxter em seu livro, Quebrantamento: Espírito de Humilhação, diz: “Um dos
usos da humilhação é ajudar na mortificação da carne, ou do “eu” carnal, e
aniquilá-la, visto ser esta o ídolo da alma”. E completa: “a humilhação
transforma esta torre de Babel em pó, e faz com que detestemos até o pó e
cinzas. Ela toca fogo na casa, na qual confiávamos e nos deleitávamos, diante
dos nossos olhos; e nos faz não apenas ver, mas sentir que é tempo de nos
rendermos”. O que Deus espera é o arrependimento verdadeiro e genuíno. Só o
verdadeiro arrependimento poderá gerar em nós a verdadeira alegria. A exaltação
da qual ele encerra falando esse trecho é para aqueles que se submetem
alegremente a Sua vontade.
Que o Senhor nos ajude em
todo o tempo nesta luta contra a secularização. Resistindo fielmente, para que
sua glória seja manifestada através de nós, Sua Igreja. Recebendo assim o
chamado do Senhor no último dia: “...Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel
no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.
Soli Deo Gloria!