Por Thiago Oliveira
A
tarefa que o jovem Timóteo deveria exercer não era das mais fáceis. Pastoreando
uma igreja que ficava no grande centro comercial da Ásia, a cidade de Éfeso;
tinha por missão exortar e corrigir pessoas que estavam promovendo o falso
ensino e também aqueles que estavam se comportando mal. Na segunda carta de
Paulo (o homem que o delegou para tal missão) à Timóteo, temos 4 exortações
para aqueles que estão labutando pela causa do Evangelho, exercendo o
ministério pastoral, uma tarefa paradoxalmente árdua e prazerosa.
1 - Guarda o Evangelho (1.14)
Quando
Paulo exorta “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.” Ele
insta para que o seu discípulo conserve o Evangelho (o excelente depósito,
segundo a versão de Erasmo) da corrupção, isto é, da distorção da sua mensagem.
Escrevendo aos filipenses, o apóstolo dá uma tríplice advertência (Cuidado!
Cuidado! Cuidado!) contra os hereges e sectários a quem chama de cães,
perversos e falsa circuncisão (Fl 3.2).
Timóteo
ao guardar o valor (inestimável) que lhe foi confiado, contava com o auxílio do
próprio Espírito, que habita em todo o eleito de Deus. É uma felicidade saber
que o socorro divino é constante. Saber que o Espírito Santo prontamente nos
auxilia. Isso não nos exime da responsabilidade. Temos que servir ao Senhor
diligentemente, guardando seus mandamentos, todavia, contar com a Sua ajuda é
um privilégio que nos impele a louvá-lo por tamanha bondade para conosco.
2 - Sofre pelo Evangelho (2. 3,8 e 9)
Aqui
temos uma recomendação que muitos não gostariam que estivesse na Bíblia. Mas
está e cabe aos que querem viver semelhantemente a Cristo, o Senhor. O jargão
“pare de sofrer” tão comum em alguns segmentos evangelicais, não coaduna com a
teologia paulina, ou melhor dizendo, com a Palavra de Deus. Paulo diz ao seu
filho na fé, que ele deve perseverar como um bom soldado (2.3). E a figura de
um militar em campanha é muito boa para nos ilustrar que o sofrimento não é
opcional e nem raro. Na guerra, o soldado não encontrará facilidades. Ele vai
para a batalha sem nem saber se volta. Assim, são os discípulos de Cristo:
Soldados expostos ao perigo.
Lembremos
de Jesus (2.8), que descendendo de Davi, ressuscitou dentre os mortos. Aqui
Paulo lembra a Timóteo o porquê que ele vem padecendo como um malfeitor (2.9).
Ele sofre, à semelhança do seu Mestre, e também por manter pura a mensagem do
Evangelho. É por Jesus, e pela Palavra, que o apóstolo conviveu com diversas
intempéries durante a sua jornada. Novamente, citando sua fala aos filipenses,
Paulo diz que pode todas as coisas naquele que o fortalece, a saber, o próprio
Salvador (Fl 4.13). Este “poder” não é sinônimo de “conquistas”, e sim de
“suportar”. Daí, temos que fazer uma pergunta a nós mesmos: “Estaria eu,
disposto a suportar todo o tipo de dificuldade por amor ao Nazareno? Um soldado
fiel não hesitaria em morrer pelo seu comandante.
3 - Persevera no Evangelho (3. 14-15)
Timóteo
havia aprendido desde muito moço as Escrituras. Quando Paulo passa em Listra
pela segunda vez, recebe dos irmãos daquela localidade agradáveis notícias
acerca de um rapazinho letrado e apto para o ensino (At 16 1-3). Pois é
exatamente neste ensino que ele deveria permanecer. Numa palavra anterior,
Paulo afirma que muitos enganadores surgirão. Estes homens são maus e a sua
impiedade é crescente. Todavia, mesmo que as heresias se proliferem, que os
maus exemplos se tornem referência e que o que a Bíblia diz que é condenável
seja venerado pelos homens de nosso tempo, nós, devemos, custe o que nos custar,
permanecer fiéis ao ensino apostólico. A Palavra é nosso único parâmetro, ou
pelo menos, deveria ser.
Paulo
então acrescenta que a doutrina que Timóteo aprendeu, lhe foi confiada. Sendo
então um ministro do Evangelho, a responsabilidade só aumenta. Todos aqueles
que derem comida estragada as ovelhas do Senhor, terão que prestar contas com
ele. Portanto, perseveremos. Termino este ponto com o seguinte versículo:
Como,
pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele (Cl 2:6).
4 - Proclama o evangelho (4.1-2)
O
Evangelho precisa ser difundido. Para isto fomos chamados. O ministro tem a
missão de pregar “em tempo e fora de tempo”. Esta urgência se dá, devido a ação
de Satanás não parar. Ele anda em nosso derredor e está disposto a prejudicar o
andamento da propagação do Reino de Cristo. Ele sofreu sucessivas derrotas,
recebeu um golpe mais duro na cruz do calvário. Foi precipitado do céu e por
isso é tão colérico contra a Igreja. Se descansarmos, seremos tragados
facilmente. Por isso, sejamos constantes. Frequentes em anunciar a Salvação aos
povos.
Nem
Timóteo, nem nenhum outro ministro pode relaxar em seu serviço. O pastor
precisa ser proativo em “redarguir, repreender e exortar”. Agora gostaria de
lembra-los que esta não é apenas uma atribuição pastoral. Toda a Igreja precisa
“em toda a sabedoria, ensinar e admoestar uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3:16).
Diante
do que foi exposto, que o SENHOR nos ajude a cumprir o que nos foi proposto.
Alegre-se n’Ele, pois:
“Tendo
por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará
até ao dia de Jesus Cristo.”
Filipenses
1:6
A
Ele a glória, para sempre. Amém!
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Referências Bibliográficas
CALVINO,
João. As Pastorais. São José dos
Campos-SP: Editora Fiel.
KELLY, J.N.D. 1 e 2 Timóteo e Tito: Introdução e
Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova.