Os pais da igreja
deram grande contribuição na expansão e defesa do Evangelho. Seus escritos
preenchem a lacuna das informações históricas sobre o desenvolvimento da
igreja. Esses líderes construíram uma apologética para defesa contras as
heresias que adentravam na igreja. Os pais apostólicos apareceram como a
testemunha da fé tradicional, não apenas como interpretes, mesmo que suas
manifestações, geralmente fragmentárias e muitas vezes ingênuas, proporcionam
uma boa noção das bases em que a teologia inconsistente da igreja estava se
desenvolvendo, longe de formarem um grupo homogêneo, esses pais da igreja eram
porta-vozes de tendências bem distintas.
Olhando para os pais da igreja, J.N.D. Kelly[1], Afirma que:
Olhando para os pais da igreja, J.N.D. Kelly[1], Afirma que:
Esta, portanto, é a ordem da nossa fé... Deus Pai, não criado, não material, invisível; um só Deus, o criador de todas as coisas: este é o primeiro ponto da nossa fé. O segundo ponto é este: o Verbo de Deus, filho de Deus, Cristo Jesus nosso Senhor, que se manifestou aos profetas de acordo com a forma da profecia deles e em harmonia com o método da dispensação do Pai; por intermédio de quem (isto é, do verbo) todas as coisas foram feitas; o qual também, na consumação dos tempos, para completar e reunir todas as coisas, fez-se homem entre os homens, visível e tangível, a fim de destruir a morte e expor a vida, produzindo a perfeita reconciliação entre Deus e o homem. E o terceiro ponto é: o Espírito Santo, por meio de quem os profetas profetizaram, os pais aprenderam as coisas de Deus e os justos foram conduzidos ao caminho da justiça; o qual, na consumação dos tempos, foi derramado de maneira nova sobre a humanidade em toda a terra, renovando o homem para Deus.
O nome “pai da
igreja” foi concedido aos bispos, especialmente no ocidente. Esse título foi
dado principalmente aos ortodoxos e os expoentes da fé. É praticamente certo
que os escritos do Novo Testamento já estavam concluídos, trazendo luz aos
escritos dos pais apostólicos.
Abaixo segue tabela que mostram os primeiros pais[2]
Primeiro século
(95-c. 150) “Interpretação Tipológica”
Alguns expoentes:
Clemente de Roma (c. 30-100)
Em meados de 95 a
igreja de Corinto teve sérios problemas, foi então que Clemente, Presbítero da
igreja escreveu sua carta para orientar e exortar os irmãos que estavam em
revolta contra o presbitério. Esta carta está entre os escritos mais antigos da
Igreja. Esta epístola é muito valiosa por suas informações e relacionamentos
entre bispos, presbíteros, clero e leigos. Esta carta cita cerca de 150 textos
do Antigo testamento.
Inácio (Séc. I – Séc. II d.C)
Outro pai da igreja,
bispo de Antioquia da Síria, foi preso devido a seu testemunho cristão, e
enviado para ser devorado pelas feras nos jogos imperiais. Em suas cartas
alertou aos irmãos a lutarem contra as heresias que ameaçavam a Igreja.
Combateu fortemente os gnósticos e docéticos.
Policarpo (c. 70-155)
Policarpo
provavelmente foi discípulo de João, Bispo de Esmirna, foi martirizado em 155,
queimado numa estaca, no seu martírio reafirmou a fé em Cristo com a célebre frase:
“Não posso falar mal de Cristo, a quem sirvo a 86 anos”. Escreveu sua carta em
110, foi uma testemunha valiosa da vida e da obra da Igreja Primitiva. Ao
contrario de Inácio, Policarpo não se interessou pelas questões administrativas
da igreja.
Epistola de Barnabé
Geralmente conhecida
como pseudo-Barnabé, esta carta foi escrita para ajudar os novos convertidos
oriundos do paganismo. Esses escritos, possivelmente, fazem link com o Didaquê.
O autor deste livro usa o método tipológico muito usado nas passagens no Antigo
Testamento em alegorias, afim de fundamentar sua argumentação.
Epístola de Diogneto
Esta carta tem sua
autoria incerta, porém, tem um caráter apologético. O autor apresenta uma
defesa racional do cristianismo e mostra a loucura da idolatria, inadequação do
judaísmo, superioridade do cristianismo, a esperança que dá aos convertidos.
Segunda Epístola de Clemente aos Coríntios
Embora não seja uma
carta, mas, uma homilia, provavelmente não foi escrito por Clemente. Sua
autoria está associada aos pais da igreja. O autor encontra-se interessado em
fazer uma defesa da cristologia e na pureza da vida cristã.
Papias
A obra “Interpretação dos ditos do Senhor” foi
escrita em meados do II Século por Papias, Bispo de Hierápolis, na Frígia. Ela registra
informações dos anciãos que conheceram os apóstolos. Possivelmente Papias foi
discípulo de João.
Literatura Apocalíptica
O Pastor de Hermas,
foi concebido a partir do livro de Apocalipse, foi escrito provavelmente em 150
por Hermas, seu objetivo é moral e prático.
Literatura Catequética
Didaquê foi um livro
que teve bastante influência, foi descoberto em uma biblioteca por um homem
chamado Bryennios Philoteus em 1883 em Constantinopla, este é um manual de
instruções eclesiásticas.
Conclusão
Portanto, é
importante ressaltar as contribuições dos Pais da Igreja na defesa da fé. Eles
não estavam debatendo por vaidade, mas, por uma ortodoxia saudável. Muitos
desses homens foram martirizados, mas, não negam nenhum de seus postulados
teológicos, temos que olhar para nossa história e rever nossa postura diante
das heresias que entram em nossas igrejas. Mesmo usando os métodos de
interpretação Alegórico e tipológico, vale a pena destacar o papel fundamental
desses homens que foram martirizados pela defesa da fé. Os apologistas dão testemunho da tensão em que
vivem os cristãos dos primeiros séculos, rejeitam o paganismo, lutam contra os
gnósticos, se negam a adorar o imperador, e assim atraem a perseguição.
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Notas:
[1]
J.N.D. Kelly. Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas
Centrais da Fé Cristã. São Paulo: Vida Nova,1994, 65-66p.
[2] Cairns, Earle Edwin: O cristianismo através
dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova,3ª edição, 2008,
61p.
Referências Bibliográficas:
Cairns, Earle Edwin:
O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo:
Vida Nova, 3ª edição, 2008.
J.N.D. Kelly.
Patrística: Origem e desenvolvimento das doutrinas Centrais da Fé Cristã. São
Paulo: Vida Nova,1994.
González, Justo L. E
até os confins da terra: uma história do Cristianismo; tradução Key Yuasa. São
Paulo: Vida Nova, 1995.