É inegável que as redes sociais
são nesse processo de campanhas eleitorais uma ferramenta de extremo valor e
uma trincheira absolutamente necessária para os principais partidos envolvidos
nos maiores números percentuais de intenção de voto no Brasil. A morte do
presidenciável Eduardo Campos trouxe um verdadeiro furacão e reviravolta no
cenário político brasileiro. As pesquisas apontavam Eduardo numa média de 8%
das intenções de voto, a briga acirrada estava sendo pleiteada pelos candidatos
do PT e PSDB, respectivamente a presidente Dilma Rousseff e Aécio Neves. O
acidente ocorrido em 13 de Agosto desse ano, trouxe uma comoção nacional e
ateou fogo ao contexto político, isso sendo somado aos processos econômicos no
Brasil como a recessão e o escândalo da Petrobrás. Tudo isso tem elevado os
ânimos e desabrochado um verdadeiro tiroteio de acusações e ataques entre os
candidatos a presidência da república.
No contexto do eleitorado
evangélico é fácil perceber que esse grupo social tem hoje uma voz no Brasil e
uma força política, não falamos somente da bancada evangélica, mas, de líderes
evangélicos das mais variadas vertentes teológicas que são muito influentes
sobre o rebanho e que tem suas preferencias políticas, consequentemente o
eleitorado evangélico é guiado pela liderança na escolha dos candidatos a
cargos políticos.
A presença de dois evangélicos na
candidatura a presidência da república tem sido um incomodo para os demais
candidatos e interessados por políticas capitalistas, marxistas, naturalistas e
comunistas. Em entrevista ao Jornal da Globo a candidata evangélica da Assembleia
de Deus Marina Silva foi perguntada por Willian Waack se governaria o Brasil
tomando decisões influenciada pela Bíblia. Existe realmente um temor por parte
de muitos em que um evangélico assuma a chefia da nação. Um exemplo claro disso
é que muitos dizem que a candidata Marina Silva imporia o ensino do
criacionismo nas escolas, coisa que ela nunca declarou, ou que os homossexuais
vão perder seus direitos, dentre muitas outras historietas.
O outro candidato Pastor
Everaldo, tem se pronunciado abertamente contra o aborto e o casamento entre
pessoas do mesmo sexo, e isso tem sido uma ofensa para os demais partidos. O
candidato é apoiado pela Assembleia de Deus, que é a maior denominação
evangélica do país e pelo conhecido pastor Silas Malafaia que já se posicionou
ao lado de Marina no segundo turno. A presidente Dilma Rousseff tem sido
apoiada pela igreja Universal do Reino de Deus, o seu líder máximo Edir Macedo
tem dado apoio à candidata. Notamos com isso o forte interesse pelos votos
evangélicos.
Nunca a difusão e campanha
política foram tão intensas como na utilização das redes sociais, o ciberespaço
tem sido solo fértil para política e as páginas dos candidatos têm milhares de
seguidores, e através de suas redes sociais os candidatos podem fazer seus pronunciamentos
e até lançar seus planos de governo como fez Marina Silva. Muitos tem se
surpreendido com a força política dos protestantes, mas se surpreendem porque
desconhecem a história. Poderíamos citar muitos exemplos como Martin Luther
King, como os Puritanos que colonizaram os Estados Unidos, até mesmo o
influente pensamento político dos reformadores no século dezesseis nas pessoas
de Marinho Lutero, Ulric Zuinglio e João Calvino. Podemos citar a influência
cristã de modo geral na política também, na verdade a política está ao alcance
da religião para influenciá-la, o pensamento geral entre os cristãos não é mais
um domínio sobre o estado mais garantir a liberdade religiosa que foi algo
conquistado por protestantes também. A influência cristã na economia pode ser
pontuada aqui com o pai da contabilidade chamado Fra Luca Pacioli, monge
franciscano italiano da Renascença, publicou um livro revolucionário em 1494: Suma de arithmetica, geometria, proportioni
et proportionalita.
Goethe disse que era uma das maiores descobertas do
intelecto humano. Certa vez Fidel Castro disse que admirava muitos dos
evangélicos de Cuba. Isso porque eles trabalhavam duro, comparecem ao trabalho
pontualmente, não burlam o sistema [1]. Podemos apontar também a contribuição dos
evangélicos na educação na fundação das maiores universidades do mundo como:
Oxford, Cambridge, Yale, Princeton e muitas outras. A contribuição na educação
no Brasil com escolas cristãs e isso se inicia com os missionários Robert
Kalley e Sara Kalley com o trabalho de escola dominical. O proeminente educador
americano, dr. Samuel Blumenfeld pesquisou as origens do ensino público para
seu polêmico livro Is public education
necessary? Ele declara que as raízes do ensino das massas remetem a reforma
e, especialmente, a João Calvino. A prensa inventada por Gutenberg também é uma
contribuição cristã a cultura mundial, a invenção da tipografia ajudou a
preparar o caminho para a Reforma Protestante, porque os reformadores queriam
que o povo fosse educado e soubesse ler, para lerem a Bíblia. Antes de sua morte Calvino funda a Academia
de Genebra que era um centro acadêmico onde se ensinava direito, medicina e
teologia. Vemos então a grande influência dos protestantes no desenvolvimento
da humanidade.
Vemos que na cosmovisão reformada
Calvino versa até sobre taxa de juros e empréstimos [2]. Max Weber distorce de
certa forma o pensamento de Calvino pondo o reformador como o pai do
capitalismo, que se propor a estudar as obras o reformador e seu pensamento
social e político verá que Weber estava equivocado, ou analisou grupos
calvinistas que estavam distantes do pensamento de Calvino.
Portanto, os evangélicos têm
contribuído muito na política e isso é observado na história. Em relação ao
contexto que vivemos no Brasil, os evangélicos podem se posicionar, porque são
guiados sim, pela Bíblia, isso é um princípio da reforma, Sola Scriptura, por isso não podemos ser burlados dos nossos
direitos, se existe democracia, temos direitos civis, sociais e políticos. Por
isso podemos opinar e candidatar-nos a cargos públicos, e defender nossos
ideais. Não incomoda uma nação ter governantes ateus, mas, incomoda ter
governantes cristãos. Porque valores não podem ser defendidos pelo ateísmo,
conheço ateus que tem valores, mas isso é uma contradição a sua crença. Embora
não seja partidário, não me iluda com promessas políticas, não defendo uma
inercia por parte dos evangélicos, embora sejamos peregrinos temos o dever de lutar pela verdade, justiça
e igualdade. Se os demais grupos sociais têm direitos, nós também temos, se
eles defendem, nós também defendemos. Também
temos cidadania.