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3 de out. de 2014

Os Protestantes, As Redes Sociais e Sua Posição Política


Por Thomas Magnum

É inegável que as redes sociais são nesse processo de campanhas eleitorais uma ferramenta de extremo valor e uma trincheira absolutamente necessária para os principais partidos envolvidos nos maiores números percentuais de intenção de voto no Brasil. A morte do presidenciável Eduardo Campos trouxe um verdadeiro furacão e reviravolta no cenário político brasileiro. As pesquisas apontavam Eduardo numa média de 8% das intenções de voto, a briga acirrada estava sendo pleiteada pelos candidatos do PT e PSDB, respectivamente a presidente Dilma Rousseff e Aécio Neves. O acidente ocorrido em 13 de Agosto desse ano, trouxe uma comoção nacional e ateou fogo ao contexto político, isso sendo somado aos processos econômicos no Brasil como a recessão e o escândalo da Petrobrás. Tudo isso tem elevado os ânimos e desabrochado um verdadeiro tiroteio de acusações e ataques entre os candidatos a presidência da república.

No contexto do eleitorado evangélico é fácil perceber que esse grupo social tem hoje uma voz no Brasil e uma força política, não falamos somente da bancada evangélica, mas, de líderes evangélicos das mais variadas vertentes teológicas que são muito influentes sobre o rebanho e que tem suas preferencias políticas, consequentemente o eleitorado evangélico é guiado pela liderança na escolha dos candidatos a cargos políticos.

A presença de dois evangélicos na candidatura a presidência da república tem sido um incomodo para os demais candidatos e interessados por políticas capitalistas, marxistas, naturalistas e comunistas. Em entrevista ao Jornal da Globo a candidata evangélica da Assembleia de Deus Marina Silva foi perguntada por Willian Waack se governaria o Brasil tomando decisões influenciada pela Bíblia. Existe realmente um temor por parte de muitos em que um evangélico assuma a chefia da nação. Um exemplo claro disso é que muitos dizem que a candidata Marina Silva imporia o ensino do criacionismo nas escolas, coisa que ela nunca declarou, ou que os homossexuais vão perder seus direitos, dentre muitas outras historietas.

O outro candidato Pastor Everaldo, tem se pronunciado abertamente contra o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e isso tem sido uma ofensa para os demais partidos. O candidato é apoiado pela Assembleia de Deus, que é a maior denominação evangélica do país e pelo conhecido pastor Silas Malafaia que já se posicionou ao lado de Marina no segundo turno. A presidente Dilma Rousseff tem sido apoiada pela igreja Universal do Reino de Deus, o seu líder máximo Edir Macedo tem dado apoio à candidata. Notamos com isso o forte interesse pelos votos evangélicos.

Nunca a difusão e campanha política foram tão intensas como na utilização das redes sociais, o ciberespaço tem sido solo fértil para política e as páginas dos candidatos têm milhares de seguidores, e através de suas redes sociais os candidatos podem fazer seus pronunciamentos e até lançar seus planos de governo como fez Marina Silva. Muitos tem se surpreendido com a força política dos protestantes, mas se surpreendem porque desconhecem a história. Poderíamos citar muitos exemplos como Martin Luther King, como os Puritanos que colonizaram os Estados Unidos, até mesmo o influente pensamento político dos reformadores no século dezesseis nas pessoas de Marinho Lutero, Ulric Zuinglio e João Calvino. Podemos citar a influência cristã de modo geral na política também, na verdade a política está ao alcance da religião para influenciá-la, o pensamento geral entre os cristãos não é mais um domínio sobre o estado mais garantir a liberdade religiosa que foi algo conquistado por protestantes também. A influência cristã na economia pode ser pontuada aqui com o pai da contabilidade chamado Fra Luca Pacioli, monge franciscano italiano da Renascença, publicou um livro revolucionário em 1494: Suma de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita

Goethe disse que era uma das maiores descobertas do intelecto humano. Certa vez Fidel Castro disse que admirava muitos dos evangélicos de Cuba. Isso porque eles trabalhavam duro, comparecem ao trabalho pontualmente, não burlam o sistema [1]. Podemos apontar também a contribuição dos evangélicos na educação na fundação das maiores universidades do mundo como: Oxford, Cambridge, Yale, Princeton e muitas outras. A contribuição na educação no Brasil com escolas cristãs e isso se inicia com os missionários Robert Kalley e Sara Kalley com o trabalho de escola dominical. O proeminente educador americano, dr. Samuel Blumenfeld pesquisou as origens do ensino público para seu polêmico livro Is public education necessary? Ele declara que as raízes do ensino das massas remetem a reforma e, especialmente, a João Calvino. A prensa inventada por Gutenberg também é uma contribuição cristã a cultura mundial, a invenção da tipografia ajudou a preparar o caminho para a Reforma Protestante, porque os reformadores queriam que o povo fosse educado e soubesse ler, para lerem a Bíblia.  Antes de sua morte Calvino funda a Academia de Genebra que era um centro acadêmico onde se ensinava direito, medicina e teologia. Vemos então a grande influência dos protestantes no desenvolvimento da humanidade.

Vemos que na cosmovisão reformada Calvino versa até sobre taxa de juros e empréstimos [2]. Max Weber distorce de certa forma o pensamento de Calvino pondo o reformador como o pai do capitalismo, que se propor a estudar as obras o reformador e seu pensamento social e político verá que Weber estava equivocado, ou analisou grupos calvinistas que estavam distantes do pensamento de Calvino.

Portanto, os evangélicos têm contribuído muito na política e isso é observado na história. Em relação ao contexto que vivemos no Brasil, os evangélicos podem se posicionar, porque são guiados sim, pela Bíblia, isso é um princípio da reforma, Sola Scriptura, por isso não podemos ser burlados dos nossos direitos, se existe democracia, temos direitos civis, sociais e políticos. Por isso podemos opinar e candidatar-nos a cargos públicos, e defender nossos ideais. Não incomoda uma nação ter governantes ateus, mas, incomoda ter governantes cristãos. Porque valores não podem ser defendidos pelo ateísmo, conheço ateus que tem valores, mas isso é uma contradição a sua crença. Embora não seja partidário, não me iluda com promessas políticas, não defendo uma inercia por parte dos evangélicos, embora sejamos peregrinos  temos o dever de lutar pela verdade, justiça e igualdade. Se os demais grupos sociais têm direitos, nós também temos, se eles defendem, nós também defendemos.  Também temos cidadania.