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22 de dez. de 2014

Cristo Noel?

Por Sinclair Ferguson

Peguei a mão do meu filho pequeno (isso foi há algumas décadas), enquanto caminhávamos até uma loja local numa pequena e remota ilha Escocesa, onde, no início daquele ano, eu tinha sido instalado como pastor. Era semana de Natal. A loja estava bem decorada e um ar de entusiasmo estava em toda a parte.

Sem qualquer aviso, as conversas dos clientes foram interrompidas por uma voz questionadora ao meu lado. Meu filho, levantando o dedo indicador, apontou para um grande desenho do Papai Noel. “Papai, quem é aquele homem de aparência engraçada”, ele perguntou.

Espanto espalhou-se pelos rostos dos compradores, olhares acusadores eram dirigidos a mim. Que vergonha, o filho do pastor não reconheceu o Papai Noel! Qual a probabilidade, então, de ouvir algo bom em sua pregação nessa época festiva?

Essas experiências podem nos fazer chorar ao perceber como o mundo ocidental se dá todos os anos ao Papai Noel e ao comércio. Nós acabamos celebrando uma festa pagã retrabalhada, em que a única ligação com a encarnação é semântica. Noel é adorado, e não o Salvador; peregrinos vão às lojas com cartões de crédito, não para a manjedoura com presentes. É a festa da indulgência, e não da encarnação.

É sempre mais fácil lamentar e criticar o novo paganismo do secularismo idólatra flagrante do que ver a facilidade com que a igreja – e nós mesmos – distorcemos ou diluimos a mensagem da encarnação a fim de satisfazer os nossos próprios gostos. Mas sendo criteriosos, infelizmente, temos várias maneiras comuns em que transformamos o Salvador em uma espécie de Papai Noel.

Cristianismo Papai Noel

Por um lado, em nossa adoração no Natal, podemos envernizar a verdade espantosa da encarnação com uma roupagem visual e auditiva esteticamente agradável. Nós confundimos prazer emocional – ou pior, sentimento – com verdadeira adoração.

Por outro lado, podemos denegrir o nosso Senhor com uma cristologia de papai noel. Infelizmente, é comum a Igreja fabricar um Jesus que é o reflexo do Papai Noel. Ele torna-se um Cristo Noel.

Esse Cristo Noel é, por vezes, um Jesus pelagiano. Como Papai Noel, ele simplesmente pergunta-nos se temos sido bons. Mais exatamente, uma vez que o pressuposto é que todos nós somos naturalmente bons, Cristo Noel pergunta-nos se temos sido “suficientemente bons”. Assim como a ceia de Natal é simplesmente o jantar que realmente merecemos, Jesus torna-se uma espécie de bônus que faz nossa vida ainda melhor. Ele não é visto como o Salvador dos pecadores desamparados.

Ou o Cristo Noel pode ser um Jesus semi-pelagiano – um Jesus um pouco mais sofisticado, que, como o Papai Noel, dá brindes para aqueles que já tenham feito o melhor que podiam! Assim, a mão de Jesus, como o saco do Papai Noel, só abre quando conseguimos dar uma boa resposta  para a pergunta não muito pesada, “Você fez o seu melhor este ano?” A única diferença da teologia medieval aqui é que nós não usamos mais a fraseologia Latina: facere quod in se est (fazer o que se é capaz de fazer por conta própria, ou, na linguagem comum, “Deus ajuda aqueles que se ajudam”).

Ou então, o Cristo Noel pode ser um Jesus místico, que, como Papai Noel, é importante devido às boas experiências que temos quando pensamos sobre ele, independentemente da sua realidade histórica. Realmente não importa se a história é verdadeira ou não, o importante é o espírito do Cristo Noel. Na verdade, seria ruim contar isso para as crianças, mas todos podem fazer o seu próprio Cristo Noel. Contanto que nós tenhamos esse espírito, está tudo bem.

Mas Jesus não pode ser identificado com o Papai Noel. Por mais que ao falarem de Papai Noel as pessoas empreguem uma linguagem religiosa, não se deve confundir isso com a verdade bíblica.

O Cristo do Natal

As Escrituras sistematicamente retiram o verniz que cobre a verdadeira história de Natal. Jesus não veio para aumentar o nosso conforto. Ele não veio para ajudar aqueles que já estavam ajudando a si mesmos ou para preencher a vida com mais experiências agradáveis. Ele veio em uma missão de libertação, para salvar os pecadores, e para isso ele tinha que destruir as obras do Diabo (Mt 1:21; 1 João 3:8b).

Aqueles cujas vidas estavam intimamente ligadas com os acontecimentos do primeiro Natal não acharam seu nascimento uma experiência tranquila e agradável.

Maria e José tiveram suas vidas reviradas de cabeça para baixo.

A noite dos pastores foi assustadoramente interrompida e aquilo mudou a rotina deles.

Os magos enfrentaram todos os tipos de separação e transtorno familiar.
O próprio Senhor Jesus, concebido antes do casamento, nasceu provavelmente em uma caverna, e passaria seus primeiros dias como um refugiado do sanguinário e vingativo Herodes (Mateus 2:13-21).

Há, portanto, um elemento nas narrativas do Evangelho, que salienta que a vinda de Jesus é um evento perturbador das maiores proporções. Tinha que ser assim, pois Ele não veio apenas para acrescentar algo mais à vida, mas para lidar com nossa falência espiritual e com a dívida de nossos pecados. Ele não foi concebido no ventre de Maria para aqueles que fizeram o seu melhor, mas para aqueles que sabem que o melhor que podem fazer é “como trapo imundo” (Isaías 64:6), estão longes de serem bons o suficiente e que, em sua carne não habita nenhum bem (Rm 7:18). Ele não foi enviado para ser a fonte de boas experiências, mas para sofrer as dores do inferno, a fim de ser o nosso Salvador.

Um Natal Cristão

Os cristãos que primeiro comemoraram o nascimento do Salvador viram isso. Natal para eles não foi (ao contrário do que é às vezes erroneamente se diz) simplesmente temperar com pitadas de cristianismo uma festa pagã, a Saturnália romana. Eles fizeram o que mais tarde outros cristãos fariam na marcação Dia da Reforma (que acabou sendo também o Dia das Bruxas), ou seja, comprometendo-se com uma alternativa radical à Saturnália do mundo romano, recusando-se a se encaixar em um molde socialmente aceitável. Eles estavam determinados a fixar a mente, o coração, a vontade e a força exclusivamente no Senhor Jesus Cristo. Não houve confusão no seu pensamento entre o mundo e o evangelho, Saturnália e Natal, Cristo Noel e Jesus Cristo. Eram cidadãos de outro império completamente diferente.

Na verdade, tal era o ultraje evocado por sua devoção a Cristo nessa festa que, durante as perseguições sob o imperador Diocleciano, alguns crentes foram assassinados enquanto se reuniam para celebrar o Natal. Qual foi a sua ofensa grave? A adoração ao verdadeiro Cristo – encarnado, crucificado, ressuscitado, glorificado e prestes a retornar. Eles celebraram a Jesus naquele dia porque Ele se deu completamente por eles, então, queriam dedicar tudo a Jesus.

Numa véspera de Natal na minha adolescência, eu abri um livro que um amigo havia me dado de presente. Eu estava tão emocionado com a doutrina do meu Salvador recém encontrado que comecei a tremer de emoção com o que tinha me dado conta: o mundo não tinha comemorado a Sua vinda, ao contrário, o haviam crucificado.

Isso não deveria causar-nos tremor? O fato de que “eles crucificaram meu Senhor.” Ou será que é verdade apenas em música, não na realidade? Não estamos lá quando o mundo ainda o crucifica em suas próprias maneiras, muitas vezes sutilmente?

A verdade é que, a menos que o significado do que Cristo fez no primeiro Natal nos sacuda, dificilmente podemos dizer que tenhamos entendido o que essa história significa, ou quem ele realmente é.
Não confundamos Jesus Cristo com Papai Noel.
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Fonte: iPródigo.
Traduzido e adaptado por Gustavo Vilela | iPródigo.com | Original aqui

21 de dez. de 2014

A Nova Aliança

Por Thiago Oliveira

Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós.

Lucas 22.20

Cristo é aquele que confirma todas as alianças que vimos até aqui. As promessas feitas a Abraão e até a Adão, de que ele dominaria sobre a Terra são todas cumpridas na pessoa e na obra de Jesus Cristo. O nosso Senhor, na celebração da ceia com seus discípulos refere-se a uma Nova Aliança (Lc 22.20). Todavia, este novo concerto não está desvinculado dos outros pactos que estudamos até aqui. Jeremias, ainda no Antigo Testamento, já havia mencionado a Nova Aliança (Jr 31.31,32). Isto quer dizer que ela apresenta continuidade com o passado, embora represente novidade para o presente.

Para ilustrarmos melhor a ideia de continuidade com novidade, atentemos para as palavras de Jeremias: "Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias", declara o Senhor: Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo.” Jeremias 31:33

Aqui está algo crucial: A lei que será gravada no coração dos eleitos é a mesma lei que Deus havia escrito em tábuas de pedra e dado para os israelitas no Sinai. Mas, temos novidades e isto contrasta com a Antiga Aliança. Não podemos também achar que a Nova Aliança foi apenas um melhoramento da antiga. A nova, embora traga consigo elementos da primeira, é uma outra aliança, consumada em Cristo e vivenciada de uma forma diferente pelos cristãos, que não são israelitas aperfeiçoados, e sim, pessoas de todas as nacionalidades.

PERDÃO DOS PECADOS

O centro da nova Aliança é o perdão dos pecados. O que lemos na profecia são as seguintes palavras: “dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jr. 31.34). Sabemos que o sacrifício no calvário cumpriu bem este papel. Os Israelitas, quando tinham o tabernáculo, e posteriormente o templo, tinham no sacrifício de animais o mais importante ofício religioso. Os sacrifícios oferecidos eram no intuito de aplacarem a Ira Divina e receberem o perdão por seus pecados. Quando faziam isso em busca de perdão, de certa forma, estavam lembrando dos seus pecados. Então, na nova aliança, Cristo é o sacrifício final para que ninguém precise mais sacrificar nada. Este é um convite para nos libertarmos da lembrança do pecado. Esta é uma tremenda benção da Nova Aliança.

Um dos termos usados para descrever o que Cristo fez por nós é redenção, o significado desta palavra é jurídico. Ela indica libertação por meio de pagamento. Nós fomos comprados por alto preço (1 Co 6.20). O sangue de Cristo foi o pagamento que nos resgatou (1 Pe 1.18.19). Com sua morte Ele cancelou a nossa dívida (Cl 2.14) de modo que somos livres e nenhuma condenação há para os que estão n’Ele (Rm 8.1).  

OUTROS POVOS

Outro aspecto diferente da Nova Aliança é que o Israel étnico não mais será o fio condutor, por assim dizer, da revelação divina. Aqueles que antes não eram povo, serão chamados de povo, e amados como povo (Rm 9.25). Isto se dá porque parte dos israelitas quebram a aliança (Jr 31.32). Mas há um remanescente de Israel que será salvo (Rm 9.27 e 11.5). O sangue de Cristo comprou homens de todas as nacionalidades (Ap 5.9).

Na Nova Aliança, israelitas e gentios formam um só corpo. Tem os mesmos direitos e os mesmos deveres como filhos de Deus. O rebanho é único, e Deus não trata de maneira diferente, ou melhor, separada, a Igreja formada por judeus e a Igreja formada por outros povos. As palavras do apóstolo Paulo não nos deixam sombra de dúvida quanto a isso: “Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e plenos herdeiros de acordo com a Promessa”. (Gl 3.28,29, grifo meu).

PARAÍSO RESTAURADO

Por fim, uma outra questão importante para ser vista aqui é a relação da promessa da Terra feita à Abraão, e a Igreja. Não podemos encarar tais promessas como algo referente a Palestina ou um outro pedaço de chão qualquer. João tem uma visão da Nova Jerusalém e ela mede 12 mil estádios (2400 km) de largura, altura e comprimento (Ap 21.16). A Palestina, mede apenas 64 km de largura. Isto demonstra que a antiga Jerusalém é tipológica. Ela foi prometida aos descendentes de Abraão como se fosse uma fotografia do paraíso.

Quando Deus colocou Adão no Éden, deu ordens para que ele dominasse sobre todas as coisas (Gn 1.28). Quando Adão quebrou o pacto de obras e o pecado entrou no mundo, a criação também sofreu e algumas coisas ficaram desajustadas com o propósito principal. Por isso é dito que a natureza geme como se estivesse sentido dores de parto, na expectativa da sua libertação (Rm 8.21,22). Com o preço que Cristo pagou pelo nosso resgate, Ele também restabeleceu a ordem natural das coisas. O mundo não mais será um ambiente de hostilidade para os remidos.

Isaías vai descrever a atmosfera do paraíso restaurado, com uma imagem surpreendente e comovente: “O lobo viverá com o cordeiro, o leopardo se deitará com o bode, o bezerro, o leão e o novilho gordo pastarão juntos; e uma criança os guiará. A vaca se alimentará com o urso, seus filhotes se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. A criancinha brincará perto do esconderijo da cobra, a criança colocará a mão no ninho da víbora. Ninguém fará nenhum mal, nem destruirá coisa alguma em todo o meu santo monte, pois a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar”. (Is 11:6-9)

Tudo isso é possível apenas por meio de Cristo, que reconciliou consigo todas as coisas (Cl 1.20). Esta Nova Aliança é definitiva. As outras eram estágios para que a Aliança da Graça acontecesse e pela cruz desfrutássemos das infinitas bênçãos de um Deus que é fiel à Sua Palavra. Somos um povo, herdeiros das promessas de Abraão. Somos governados pela Lei do Senhor e pelo Rei que é da raiz de Davi e que reinará para todo o sempre. Louvemos a Deus por vivermos debaixo do sangue da Nova Aliança.

APLICAÇÕES

- Celebremos a salvação: Por meio da graça fomos salvos (Ef 2.8). Somos mais que vencedores em Cristo (Rm 8.37). O mérito não é nosso, é todo d’Ele. Isto nos faz lembrar que se não fosse o SENHOR estaríamos perdidos. Então não vamos nos vangloriar por termos sidos lavados e remidos. Façamos como disse o apóstolo Paulo: que eu jamais venha me orgulhar de nada, a não ser da cruz de Cristo (Gl 6.14). A Ele a glória! 

- Amemos todos os povos: Por estarmos debaixo da Nova Aliança, precisamos entender que nenhuma nacionalidade, etnia ou cultura deve ser inferiorizada. Racismo, xenofobia ou qualquer tipo de preconceito é algo inadmissível para os que foram salvos sem mérito algum. Que possamos nos amar como um só corpo e orar por aqueles povos que ainda não foram alcançados pelo Evangelho. Amar e orar devem nos impulsionar a evangelização mundial, sem limitações étnicas.

- Cumpramos nosso mandato: O mundo nos foi dado para zelarmos por ele. A ordem dada a Adão serve para nós. Deus é glorificado quando cuidamos daquilo que Ele colocou sob a nossa responsabilidade. Então que cuidemos da Terra com o objetivo de glorificarmos aquele que é o Criador e Senhor sobre todas as coisas. Assim estaremos agindo em conformidade com o padrão dos santos que estão inseridos nesta Nova Aliança.

20 de dez. de 2014

A Adolescência não é um Bicho de Sete Cabeças

Por Luiz Sayão

A adolescência é marcada por crises. É a fase entre a criança e o adulto: ora o adolescente é criança, ora “sabe” mais que os pais. Mas essa idade “rebelde e difícil” é normal. Nossos filhos terão de ser eles mesmos, e não poderão ser o que fomos. Até certo ponto, as respostas malcriadas, as críticas e as opções diferentes devem ser vistas como parte do processo natural do adolescente. A verdade é que temos tanta dificuldade quanto eles para nos adaptarmos à nova fase. E talvez sejamos mais inflexíveis do que imaginamos. O fato é que precisamos monitorar as crises normais da adolescência em vez de nos desesperarmos. Se tivermos a expectativa correta, será mais fácil lidar com as crises.

HOJE É DIFERENTE!

Na história humana, todas as culturas enfrentaram o desafio de passar valores para a nova geração. Até certo ponto, o desafio tem sido vencido com sucesso. Todavia, na sociedade contemporânea isso já não ocorre. O fato é que o mundo mudou muito, complicando o processo. Há pelo menos duas diferenças significativas entre o nosso tempo e o dos nossos antepassados que merecem destaque: O Pluralismo de Idéias e a Velocidade das Mudanças Sociais.

O desenvolvimento tecnológico recente permitiu uma veiculação de informações sem precedentes por meios como Rádio, tv, cinema e internet. Além disso, a facilidade de intercâmbio entre diversas culturas é enorme. Essas mudanças, aliadas a outros fatores, levaram o homem de hoje a uma convivência com as mais diversas ideologias. Antigamente, uma pessoa nascia e crescia quase que numa visão cultural monolítica. Hoje, um jovem vê um clip dos “Raimundos” na MTV de manhã, encontra um muçulmano no metrô, “troca ideia” com um “punk” na escola, assiste a aula de arte de uma professora mística, “new-age”, discute com o professor de química ateu e termina o dia escutando a ladainha proselitista de um “dinossáurico” marxista, que afirma que Cuba não é tão ruim; e dependendo das circunstâncias, antes de dormir, na TV a cabo, ainda assiste “Os Três Patetas”. Como se vê, a convivência com idéias contraditórias é uma realidade hoje. A verdade é que o adolescente atual pensa de modo diferente. Ele convive tranqüilo com idéias opostas, sem se preocupar com isso. É a pós-modernidade! Muito do desentendimento familiar procede da diferença sem pais e filhos que percebam que cada um funciona num “sistema” distinto: Os pais só “funcionam em AM”, enquanto que os filhos “têm sintonia em FM”.

Além disso, a velocidade das mudanças hoje é rápida demais. As mudanças de hábitos e de idéias antes do mundo da mídia eram bem mais lentas. Hoje, alguém de 25 anos de idade está totalmente “por fora” do que “rola” na cabeça da “galera” de 15 anos. Há 40 anos nossos avós namoravam na frente dos pais e quando pegavam na mão era “o máximo”. Hoje, há adolescente crente que pergunta se há algum problema em “ficar” com alguém. O abismo entre as gerações é enorme. Isso prejudica, e muito, a mútua compreensão entre as duas partes. Isso mostra que é necessário um esforço maior por parte dos pais para compreender seus filhos.

OS PERIGOS DO MUNDO ATUAL

A adolescência é preciosa, pois nela se tomam decisões importantes na vida. Especialmente hoje, uma escolha errada nessa época da vida pode ser fatal. Vivemos em tempos difíceis. A violência juvenil atinge números alarmante, o sexo virou mercadoria barata e fácil. Um “pequeno erro” pode custar a vida de um jovem. As drogas estão por toda parte e produzem danos irreparáveis. Grupos de extremistas, revoltados, fanáticos, etc. lutam pelas cabeças de nossos filhos. Aborto, homossexualismo e amor livre viraram “papo cabeça” da “galera sem preconceito”. O que precisamos entender é que se bobearmos, nossos filhos podem tomar uma direção errada; e hoje os riscos são mais sérios do que os do passado. É preciso ter bom senso, pois muita liberdade pode ter conseqüências terríveis. Por outro lado, proibição sem diálogo e convivência tranqüila também não darão resultado.

O QUE FAZER? 

1. COMEÇANDO CEDO.

“Corrija os seus filhos enquanto eles têm idade para aprender” (Pv 19.18a – BLH). Essa lição é muito esquecida pelos pais brasileiros. Um dos defeitos do brasileiro é tentar resolver tudo “de última hora”. Só começamos a pensar na adolescência, quando os filhos já estão nela. Temos uma fé ingênua de que no fim tudo “dará certo”. Por isso, enquanto os filhos têm entre 9-12 anos não nos preocupamos, pois tudo está sob controle (afinal, eles são uma gracinha, não são?). Todavia, é nessa época que se prepara o filho para a adolescência, antes que ela vire “aborrecência”. Mas, em muitos casos, conversamos pouco com os filhos, desconhecemos seus gostos e interesses, pouco sabemos sobre o “papo” deles com os amigos, e sobre seus sonhos. Se eles são comportados, e nós lhes damos comida, roupa, escola, sabemos que tudo está indo bem. O fato é que o segredo de uma boa adolescência está no trabalho feito antes que ela chegue.

2. EVITANDO A RUPTURA

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, …; quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Muitos conhecem o texto e gostam de aplicá-lo aos outros! Mas será que paramos para pensar sobre como o nosso coração nos engana?

Quando nos tornamos pais e passamos a criar os filhos não sabemos fazê-lo automaticamente, nem resolvemos todos os problemas. A verdade é que a maioria empreende tal tarefa sem ter idéia da complexidade da mesma. Muitos são os perigos que enfrentamos nessa jornada; às vezes nem os percebemos:
Tendemos a repetir inconscientemente os erros de nossos pais. Corremos o risco de agir e reagir conforme o padrão presenciado e vivido por nós mesmos.

Dificilmente tratamos os filhos de modo igual. Muitas vezes a semelhança física ou psicológica com um filho pode levar um dos pais a protegê-lo. Às vezes, a ruptura entre os pais favorece a polarização dos filhos. O problema é pior quando o filho liga-se demais à mãe, e a filha, ao pai.

O pai brasileiro tende a ser distante dos filhos (pois assim foi criado), entendendo que deve trabalhar e “pôr dinheiro em casa”.

A mãe corre o risco de ser muito “tolerante” e proteger os filhos nos conflitos com o pai. Muitos filhos têm a mãe como confidente, e o pai como adversário.
Os pais frustrados no casamento inconscientemente transformam os filhos num foco de realização pessoal, já que a relação fracassou.

Esses são alguns dos problemas que podem ocorrer. Precisamos encará-los, procurar resolvê-los sob a graça de Cristo, não permitindo que se tornem uma “herança maldita” para os filhos. É na adolescência que surge a ruptura entre pais e filhos, mas a raiz existe antes. Quando o filho começa a fazer tudo diferente dos pais, ou a agir para chocar e chamar a atenção, a coisa está grave. Muitas vezes um dos pais tem uma ruptura acentuada com um filho, enquanto que o outro o defende.

Às vezes a diferença não é problema. Os pais mal preparados desconfiam demais dos filhos, fazem muita crítica, não reconhecem qualidades. Há casos em que o pai é médico, o filho quer ser músico; o pai não aceita. A mãe é bióloga, a filha quer ser alpinista; a mãe se decepciona. A frustração pode transformar-se em “pequenas vinganças” contra os filhos que não fazem a vontade dos pais; e a ruptura aumenta. Precisamos detectar quaisquer sinais de ruptura e com humildade corrigir o problema enquanto há esperança.

3. IDÉIAS CRIATIVAS E REALISTAS

Muitos pais acordam tarde e começam a reclamar dos sintomas de problemas maiores. O choque é grande: Pastor, meu filho quer usar brinco; minha filha quer ir num “baile evangélico”; meus filhos estão ouvindo músicas de louco; o Júnior não sai da internete; minha filha é louca pelo Ricky Martin; será que o Ricky Martin é a Besta?, ou besta é quem gosta das músicas dele?

Nossos filhos jamais reproduzirão exatamente o que somos. Antes dos Beatles, as pessoas passeavam de terno e gravata! Hoje ninguém acha estranho usar tênis, jeans e mascar chicletes. Tudo isso já foi marca de rebeldia. Muitos evangélicos falam mal da “música mundana”, especialmente do rock, e depois copiam tais ritmos e melodias e as tornam “santas”. Por que tal contradição? Há várias maneiras de ser contemporâneo no mundo atual. Nós precisamos descer ao nível de nossos filhos, saindo de nossa “fossilização” para ajudá-los a fazer escolhas razoáveis. Não adiante sonhar com Bach e Chopin como alvos do futuro. Sejamos práticos:

Sabendo que meus filhos estão entrando na adolescência e que vão se interessar por música popular, eu preciso começar a ouvir essas música e conversar com eles. Uma coisa é gostar de Toquinho, outra coisa é “curtir” o Tchan. É muito diferente ouvir um Dairy Straits e um Sepultura. Não existe apenas “música mundana”. Existem músicas boas e ruins, construtivas e destrutivas. Se formos amigos de nossos filhos nessa fase, eles farão boas escolhas. Fale a língua deles: “quem gosta disso aí tá por fora, isso é baixaria pura “.

O mesmo ocorre com os filmes e outras atividades. É preciso manter o diálogo constante e franco com os filhos. Encerrando, gostaria de deixar dicas importantes que não podem ser esquecidas:

* Nunca perca a comunicação com os filhos. É melhor ser ofendido por um filho franco do que perdê-lo.

* Mantenha vigilância constante sobre uma possível ruptura com seu filho.
Não critique com raiva e amargura o esposo (a) para os filhos.

* Assista e ouça aquilo de que seus filhos gostam.

* Fuja da contradição. Mães “noveleiras” e pais “fanáticos por futebol e filmes violentos” não têm moral para criticar.

* Comece a trabalhar cedo nos filhos.

* Seja espiritual e espirituoso. Mostre seu cristianismo de maneira natural. Não tenha espiritualidade fabricada. Seja descontraído e aprenda a ser brincalhão e amigo dos seus filhos, sem perder a autoridade.

19 de dez. de 2014

Podemos realizar milagres maiores que os de Jesus?

Por Thiago Oliveira

“Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai.”

João 14:12

Muitos cristãos entram em crise quando leem esse versículo. O motivo? A falsa compreensão do que seriam as “obras” mencionadas por Jesus. Seriam os milagres? Há uma linha que assim interpreta, demonstrando incapacidade exegética. Antes de explicar o que seriam as tais “obras” gostaria de abrir um parênteses e falar um pouco sobre essa ânsia por milagres. Seriam eles fundamentais para a nossa fé? Se Deus não mais operasse nenhum evento sobrenatural para intervir na história e usasse apenas as equilibradas leis da natureza, por acaso deixaria de ser Deus?

Quando penso no relato bíblico da peregrinação hebreia rumo a Terra Prometida, logo chego a seguinte conclusão: Os milagres não são suficientes para fundamentar alguém na fé. Ora, porque digo isso? Porque o SENHOR realizou inúmeros milagres e o povo continuou murmurador, desobediente e incrédulo. Primeiro enviou as dez pragas (Êxodo do capítulo 7 ao 12), em seguida abriu o Mar Vermelho (Ex 14:22) e no deserto fez cair a comida do céu (maná e codornizes, Ex 16: 4-13), além de fazer sombra com a nuvem ao dia e aquecendo-os do frio com a coluna de fogo à noite (Ex 13: 21-22). Quer mais? Durante os 40 anos de andanças pelo deserto e suas vestes e calçados não ficaram velhos (Dt 29:5).

Mesmo depois de todas essas coisas, na ausência de Moisés, os hebreus fizeram um bezerro de ouro e a ele renderam culto (Dt 9:12). De igual modo Jesus realizou diversos sinais e prodígios e foi desacreditado. Por isso, caro leitor, fundamente a sua fé na doutrina dos apóstolos, pois nela sois edificados para sedes santuário dedicado a Deus, no qual o próprio Cristo é a pedra angular (Ef 2: 20-21). Não estou afirmando em hipótese alguma que Deus não pode fazer milagres hoje, apenas digo que eles não podem ser o cerne de nossa devoção. Sempre costumo dizer que eu poderia morrer sem nunca ter visto um cego ver, um surdo ouvir e um paralítico andar, mesmo assim morreria crendo que o SENHOR é capaz de operar todas essas coisas. Mesmo sem ver um desses fenômenos eu O adorarei.

Encerrado esse parênteses e voltando para o texto de João 14; É inequívoco que “obras” não significam milagres. Portanto, não podemos operar milagres maiores que os de Jesus. O termo no original grego é ergon e denota trabalho. Este é o sentido: “Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também o trabalho que tenho realizado”. Após analisar o escrito original, também é de suma importância adentrar o contexto dessa passagem e de uma vez por todas entender o que Jesus estava querendo transmitir aos Doze naquele momento.

Jesus estava nos últimos momentos de sua vida e exortava os apóstolos. O Rabi falava acerca de sua ida ao Pai, pois estava ciente que a hora de sua morte estava próxima. Nesse contexto fala das obras como sendo o seu ministério aqui na terra. Cristo habitou entre nós para manifestar o Reino de Deus e inaugurá-lo. Todo o seu trabalho consistia em promover o Reino dos Céus. Um Reino de outro mundo no qual ele é o Soberano. Foi por isso que ele encarnou, ensinou ao povo, serviu aos homens e operou milagres. Todavia, seu tempo de encarnação era limitado e o momento de voltar ao Pai não tardaria. Com a ascensão de Jesus após sua morte e ressurreição, o Espírito Santo, o Conselheiro seria derramado. Ele ensinaria e traria a lembrança de tudo o que os discípulos viveram durante todo o tempo em que estiveram com o Messias.

Em Atos lemos o cumprimento dessa promessa. Quando receberam o poder do Espírito com a finalidade de testemunharem de Cristo em Jerusalém e irem até os confins da terra (At 1:8) os discípulos expandiram o Reino em duas perspectivas: Territorial e Numérica. Já no Pentecostes, após a pregação de Pedro, há um acréscimo de três mil pessoas à igreja (At 2:41). Além de Jerusalém, limite territorial de Jesus enquanto esteve encarnado, a Boa Nova se espalhou por todo o Império Romano. A expansão tem início quando o Espírito Santo separa Barnabé e Paulo e, após a imposição de mãos, os dois navegam para Chipre (At 13: 2-4). Até mesmo a prisão de Paulo era obra divina para que o Evangelho chegasse a capital:

“Na noite seguinte o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem! Assim como você testemunhou a meu respeito em Jerusalém, deverá testemunhar também em Roma". Atos 23:11

Que o SENHOR tenha misericórdia de nós, sempre sedentos por milagres, querendo Suas bênçãos e buscando sempre o favorecimento próprio. A Igreja precisa envolver-se mais com o “Deus que É” e não apenas com o “Deus que faz”. A seara é grande e poucos são os trabalhadores (MT 9:37). Todavia os que, de fato, creem saem da inércia religiosa e adentram os campos, impelidos pelo Espírito propagam aos povos que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29). 

Soli Deo Gloria.

Lutero e o estudo profundo da Bíblia

Por Steven Lawson

Lutero achava essencial que o preparo de sermões incluísse a leitura diligente da Bíblia. Entendia ele que se quisesse pregar bem, teria de conhecer profundamente as Escrituras. Cada uma de suas exposições bíblicas refletia horas concentradas de leitura cuidadosa da Palavra. Thomas Harwood Pattison observa que: “O seu amor pela Escritura fez de Lutero um grande pregador bíblico. O próprio Lutero tinha fome de conhecer mais as Escrituras, como alguém a quem por muito tempo tivesse sido negado o alimento necessário”.[1] E o historiador Jaroslav Pelikan, diz: “Ele estava de tal maneira saturado pela linguagem e pelo pensamento da Bíblia que muitas vezes a citava sem estar consciente disso”.[2] Em palavras simples, Lutero devorava o texto bíblico com voraz apetite.

Continuamente, Lutero lutava com as palavras dos escritores bíblicos. Refletindo sobre suas muitas horas gastas examinando as Escrituras, ele disse:

Quando jovem, eu me familiarizei com a Bíblia. Ao lê-la vez após vez, passei a conhecer o caminho em meio a ela. Só depois disso é que consultei escritores [de livros a respeito da Bíblia]. Mas finalmente, tive de tirá-los todos de minha vista e lutar com a própria Bíblia. É melhor ver com os próprios olhos do que com olhos de outros.[3]

Em outro lugar ele escreveu: “Já há alguns anos, eu tenho lido a Bíblia inteira duas vezes no ano. Se você imagina a Bíblia como uma poderosa árvore, e cada palavrinha um pequeno galho, eu sacudi cada um desses galhos porque queria saber o que era e o que significava”.[4] Essa leitura implacável da Bíblia foi uma das principais ocupações de sua vida.

Lutero sabia que os pregadores seriam tentados a evitar a Escritura procurando os comentários, mas asseverou que a Escritura tem de ser a leitura principal. Acautelou: “A Bíblia estará enterrada sob uma massa de literatura a respeito da Bíblia, negligenciando o próprio texto”.[5] Lutero consultava muitos comentários, mas jamais negligenciou a leitura diligente da Escritura.

Lutero temia que até mesmo a leitura dos pais da igreja pudesse substituir a verdadeira leitura da Bíblia. “A leitura dos santos pais deverá ser só por curto tempo, para que por meio deles sejamos conduzidos às Sagradas Escrituras”.[6] O perigo, dizia ele, é que um homem gaste tanto tempo lendo os pais que “nunca chegue a ler as Escrituras”.[7] Lutero ainda afirmava: “Somos como homens que sempre estudam os sinaleiros e nunca viajam pela estrada. Os queridos pais desejavam que, por seus escritos, fôssemos conduzidos às Escrituras, mas nós os empregamos para nos afastar das Escrituras”.[8] Para Lutero, tinha de haver um influxo total das Escrituras antes que pudesse haver um transbordar da verdade bíblica na pregação.

Ele testemunhou a negligência da leitura bíblica pessoal da parte de muitos no ministério, e Lutero lamentou: “Alguns pastores e pregadores são preguiçosos e não servem para nada. Dependem de… livros para conseguir produzir um sermão. Não oram, não estudam, não leem, não examinam as Escrituras. Não são nada senão papagaios e gralhas que aprenderam a repetir sem entendimento”.[9] Desprezar a leitura pessoal do texto bíblico, Lutero cria, era ser subdesenvolvido no púlpito.

Considerava sua obrigação labutar diariamente na Bíblia. Quanto a isso Lutero declarou: “Somente a Escritura é nossa vinha em que todos devemos lutar e laborar”.[10] Os pregadores não devem nunca se desviar para outros campo, porém, manter-se imersos na Escritura. Ele disse: “O chamado é vigiar, estudar, estar atento para a leitura”.[11] Isso, ele sentia, era o primeiro dever do pregador.

Lutero via o poder da pregação como ligado diretamente ao compromisso do pregador com a Palavra de Deus: “O melhor pregador é aquele que melhor conhece a Bíblia; que a guarda não só na memória como também na mente; que entende seu verdadeiro significado, e o trata com efetividade”.[12] Noutras palavras, um conhecimento profundo do texto prepara o homem para se tornar grande força no púlpito, Disse ele: “Aquele que conhece bem o texto da Escritura é teólogo distinto”.[13] Essa saturação bíblica era característica de Lutero, e impactou profundamente os seus sermões.
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Notas:

[1] T. Harwood Pattison, The History of Christian Preaching (Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1903), 135.

[2] Jaroslav Pelikan, Luther’s Works, Companion Volume: Luther the Expositor (St. Louis: Concordia, 1959), 49.

[3] Lutero, Luther’s Works, Vol 54, 361

[4] Ibid., 165.

[5]Ibid., 361

[6] Martinho Lutero, Works of Martin Luther: With Introductions and Notes, Vol 2 (Philadelphia: A. J. Holman Co., 1915), 151.

[7] Lutero, Luther’s Works, Vol 44, 205.

[8] Ibid.

[9] Martinho Lutero, D Martin Luthers Werke, Vol 53 (Weimar: Hermann Bohlaaus Nachfolger, 1883), 218, conforme citado em What Luther Says, 1110.


[10] Lutero, Luther’s Works, Vol 44, 205.

[11] LUTERO, D Martin Luthers Werke, Vol 53, as cited in Meuser, Luther the Preacher, 40–41.

[12] KERR, John, Lectures on the History of Preaching (New York: A.C. Armstrong & Son, 1889), 154–155.


[13] Martinho Lutero, D Martin Luthers Werke, Tischreden IV, 4567 (Weimar: H. Böhlau, 1912–1921), conforme citado em What Luther Says, 1355.

Sintomas de uma igreja que abandonou a suficiência das Escrituras

Por Jackson Amorim

Paulo Anglada em seu livro Sola Scriptura diz: “Uma igreja sem confissão é semelhante a um partido sem ideologia, a uma sociedade sem estatuto, ou a um país sem constituição. Não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina”. Diante desta afirmação o que dizer de uma igreja sem as Escrituras? Quando falamos “sem as Escrituras” nos referimos à importância da mesma dentro da igreja como a única regra de fé, prática e conduta.

Quando uma igreja abandona as Escrituras ela torna-se incoerente, desunida, instável, infiel e sem disciplina. Antes de falarmos sobre essas características, faz-se necessária uma compreensão da origem da Escritura, sua autoridade e, consequentemente, sua suficiência.

1. Origem das Escrituras

A Escritura tem sua origem em Deus, logo sua natureza é divino-humana. Divino porque Deus quis revelar-se em palavras ao homem, e ao mesmo tempo humano, porque Deus falou por intermédio de homens. Homens estes separados e preparados por Deus para registrar todo o seu conselho, suficiente para o conhecimento da condição de pecador em que se encontra a humanidade, ao mesmo tempo que se faz necessária para que o homem seja salvo.

Hermisten Maia em um artigo intitulado “Introdução à Cosmovisão Reformada: anotações quase aleatórias (2)”, publicado na revista eletrônica Teologia Brasileira, faz uma citação de Gerard Van Groningen sobre a ação do Espírito Santo no processo revelacional das Escrituras:

“O Espírito Santo habitou em certos homens, inspirou-os, e assim dirigiu-os que eles, em plena consciência, expressaram-se na sua singular maneira pessoal. O Espírito capacitou homens a conhecer e expressar a verdade de Deus. Ele impediu-os de incluir qualquer coisa que fosse contrária a essa verdade de Deus. Ele também impediu-os de escrever coisas que não eram necessárias. Assim, homens escreveram como homens, mas, ao mesmo tempo, comunicaram a mensagem de Deus, não a do homem”. Sendo as Escrituras a mensagem de Deus para o homem, logo, ela é autoritativa.

2. Autoridade das Escrituras

Existem verdades fundamentais da fé cristã, tais como: Inspiração e Inerrância Bíblica, das quais toda formulação teológica dependem delas, desta forma são pressupostos essenciais na teologia. John MacArthur afirmar que uma compreensão certa da inspiração e da revelação é essencial para se distinguir entre a voz de Deus e a voz do homem.

A inerrância e a infalibilidade da Escritura são decorrentes da sua inspiração. O Espírito Santo inspirou homens para registrar a revelação de Deus livre de erros, sendo pois, uma revelação infalível, porque a revelação tem sua origem no próprio Deus, logo, ela possui autoridade. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver; a fim de que todo homem de Deus tenha a capacidade e pleno preparo para realizar todas as boas ações” 2Tm 3:16,17.

3. A Suficiência das Escrituras

“Embora as Escrituras não sejam exaustivas, elas são suficientes em matéria de fé e prática. Nelas o homem encontra tudo o que deve crer e tudo o que Deus requer dele para que seja salvo, sirva-o, adore-e e viva de modo que lhe seja agradável”. Paulo Anglada na página 189 do livro SOLA SCRIPTURA.

A história tem mostrado que a Palavra de Deus foi alvo de ataques, dentre os quais, a suposição de sua falibilidade. Hermisten Maia no artigo citado acima coloca que um ataque mais sutil permeou boa parte da história da Igreja, que é a concepção de que as Escrituras não são suficientes para nos dirigir e orientar.

Se as Escrituras têm sua natureza divino-humana, e sua autoridade está na inspiração, que é divina, logo tudo que o homem necessita em matéria de fé, prática e conduta, pode ser logicamente inferido.

Voltando ao ponto inicial, quando a igreja negligencia esses três aspectos: origem, autoridade e suficiência das Escrituras, aos quais está inter-relacionada, ela passa a apresentar os seguintes aspectos: não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina.

A coerência da Igreja está na Escritura, nos ensinamentos dos profetas e no fundamento dos Apóstolos. “Porque ninguém pode colocar outro fundamento além do que está posto, o qual é Jesus Cristo!” 1Co 3:11. Uma igreja incoerente não está em conformidade com as Escrituras. Nos últimos dias tem-se observado nas igrejas brasileiras práticas exotéricas, místicas, que não condizem com o verdadeiro Evangelho. Isto ocorre quando a Palavra é colocada em segundo plano, onde as “experiências místicas” são colocadas acima das Escrituras, tornando-as autoritativas.

A unidade da Igreja está no fundamento, Jesus Cristo, o verbo encarnado. “Deus foi manifestado em carne, foi justificado no Espírito, contemplado pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo e recebido acima na glória” 1Tm. 3:16. Se a Igreja não tem a Escritura por suficiente, está sujeita a heresias.

Estabilidade se obtém quando se está bem fundamentado, e o fundamento já foi posto, Cristo Jesus. Em 1Tm 3:15, Paulo utiliza o termo coluna, que vem do grego stylos, como a coluna tem por finalidade sustentar o teto de um edifício, assim a igreja tem que sustenta a verdade. O outro termo utilizado pelo apóstolo é baluarte, expressa a idéia de estabilidade e permanência.

No Sl 119:9, o salmista faz uma pergunta vital aos jovens, mas que pode ser estendido a todos, “Como pode um jovem conservar-se puro o seu caminho?”. Podemos fazer outra pergunta: como pode um cristão ser fiel a Deus? O salmista dá uma resposta infalível que serve para essas duas perguntas, “...Vivendo-o de acordo com a Tua Palavra”. Quando a Palavra de Deus não é suficiente, não há como ser fiel, pois como nos orientaremos acerca dos preceitos de Deus?

 “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver” 2Tm 3:16. A disciplina é um ato de amor. Para exercer a disciplina é preciso ter um aferidor, e este aferidor é a Palavra.

Se a igreja possui ou adota outros meios de medida de conduta cristã, logo ela tem as Escrituras como insuficiente, incorrendo no perigo de proceder de forma não escriturística. É o que temos vivenciado no meio dito evangélico brasileiro. Práticas místicas, esoterismo, sincretismo religioso, dentre outras aberrações.

Nunca se cantou tanto e pouco se leu a Escritura. Vivemos em uma superficialidade teológica nunca vivenciada no Brasil. A pregação Cristocêntrica deixou de ser atrativa para muitos pastores. A mensagem da Cruz é muito dura para o homem hodierno segundo alguns ministros da Palavra. Precisamos resgatar a mensagem da Cruz. Precisamos colocar Cristo no centro das mensagens. É urgente o retorno as Escrituras, porém mais urgentes são homens comprometidos com Deus e com sua Palavra. Sola Escriptura.
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REFERENCIAS:

ANGLANDA, P.R.B., Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das Escrituras / São Paulo – Ananindeua: Knox Publicações, 2013.
MACARTHUR, J. F., Os Carismáticos, São Paulo: Fiel, 1981.
COSTA, H.M.P., Artigo: Introdução à Cosmovisão Reformada: anotações quase aleatórias (2). Revista Teologia Brasileira.
BIBLIA King James (KJA), São Paulo – Abba Press

18 de dez. de 2014

O que adoramos e porque o fazemos?


Compartilhando o evangelho de forma simples

Por Leon Brown

Com quantos não cristãos você conversa face a face regularmente, fora do horário de expediente? Com quantos deles você compartilha o evangelho? Pela minha experiência, parece que muitos dos círculos presbiterianos e reformados não possuem conhecidos fora da igreja. Infelizmente, isso afeta negativamente a forma com que as pessoas compartilham o evangelho. Antes que eu me aprofunde, entretanto, você deve estar pensando como eu devo saber que tantos cristãos em nossos círculos não possuem um grande número de conhecidos e/ou amigos descrentes com quem eles conversem e com quem eles gastem tempo regularmente.  Não digo que com todo mundo seja assim, mas perguntei para muitas pessoas como e com quem elas gastam tempo. Na grande maioria das vezes, fora das atividades do dia a dia (por exemplo, trabalho e tempo familiar), os cristãos com quem conversei ou estão nas atividades da igreja ou estão passando o tempo com outros cristãos. Em outras palavras, eles não passam muito tempo com descrentes.

Eu, por exemplo, sou extremamente agradecido por irmãos e irmãs em Cristo passarem o tempo juntos. Eu repetidamente enfatizo aos santos de nossa igreja que eles precisam abrir seus lares uns para os outros para ficarem juntos. Isso traz várias oportunidades para nos conhecermos melhor, partirmos o pão e falarmos sobre o Deus triúno. Se, no entanto, as únicas pessoas com quem você gasta seu tempo e com quem você fala sobre Deus são cristãos, isso pode afetar negativamente sua habilidade de partilhar o evangelho de forma simples.

Há alguns anos, eu levei alguns estudantes do Westminster Seminary California (onde estudei) à universidade local. A intenção era compartilhar o evangelho, convidar estudantes universitários à igreja e/ou às nossas casas, e os conhecermos. Em diversas ocasiões, os seminaristas ficaram chocados com o quão dispostos os estudantes universitários estavam para conversar sobre Cristianismo. Isso era uma boa notícia. A má notícia é que alguns seminaristas não sabiam como falar de Jesus sem usar as palavras justificação, imputação da justiça, consumação, reino de Deus ou outros clichês cristãos como “cobertos pelo sangue”. Na verdade, alguns estudantes admitiram que não conseguiam compartilhar o evangelho de forma simples porque eles tinham se imergido no linguajar seminarista/bíblico/teológico.

Estou certo de que palavras como justificação e consumação são palavras que aparentam ser fáceis de serem evitadas, mas o que dizer sobre outras palavras de nosso vocabulário que nós usamos facilmente, mas que, talvez, precisem ser explicadas? Palavras como Deus, julgamento, pecado, evangelho e justiça também pedem explicação. O que é pecado? Quem determinou sua definição? Pecado contra quem? Deus? Que Deus? Talvez houve um tempo em que essas palavras não precisassem de definição ou de ilustração mas, hoje, precisam. Ir até alguém, portanto, no campus da universidade ou em qualquer outro lugar (por exemplo, durante uma conversa com um vizinho) e dizer “você já ouviu sobre o evangelho?” ou algo derivado disso não é a forma mais efetiva de se começar uma conversa sobre o Senhor. O que é o evangelho? Muitos, talvez a maioria, dos descrentes não usam essa linguagem e, a não ser que eles tenham tido uma educação religiosa, a palavra “evangelho” pode não significar nada para eles.

Se você já fala do evangelho com descrentes por algum tempo, provavelmente você já se achou nessa situação de ter de explicar tudo que esteja relacionado com o evangelho. Nossa cultura, ao menos em minha experiência, exige isso. Se você não está ao menos parcialmente imerso na cultura, particularmente no que diz respeito a ter amigos não crentes, você usará, sem a explicar, a linguagem da Bíblia para falar do evangelho e, assim, errará o alvo.

A linguagem bíblica e teológica que nós utilizamos com nossos amigos cristãos é boa mas, por favor, considere mudar sua linguagem e explicar o que você quer dizer quando fala do evangelho com descrentes. Se não o fizer, provavelmente estará falando em línguas estranhas com eles (1 Cor. 14.20-23).
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Fonte: Reforma 21

Podemos comparar Pornografia com as drogas?

Por Thiago Azevedo

Antes de qualquer explicação, a resposta desta pergunta tema é: Sim. Isso mesmo, é sim! Talvez os especialistas na área em questão me questionem pelo fato de não haver nenhum princípio químico na pornografia que gere dependência. Mas, mesmo não encontrando o princípio químico, as semelhanças práticas entre uma coisa e outra são mais que reais. As duas se tratam de fenômenos sociais que tanto tem vitimado pessoas. Ambos destroem vidas, ambos destroem famílias, ambos põem fim em objetivos diversos, ambos trucidam e geram dependência, ambos carecem de tratamento e, por fim, ambos matam. Para chegar a uma conclusão iremos comparar os efeitos de uma das drogas mais devastadoras da atualidade, a saber, o craque, com a pornografia em si.

O craque é uma droga devastadora que deixa seus rastros. O usuário/dependente entra num verdadeiro processo de transfiguração de sua imagem. Logo sua aparência se torna característica de quem usa a referida droga, sendo possível assim reconhecer seu usuário de longe:

O usuário de crack apresenta mudanças evidentes de hábitos, comportamentos e aparência física. Um dos sintomas físicos mais comuns que ajudam a identificar o uso da droga é a redução drástica do apetite, que leva à perda de peso rápida e acentuada – em um mês de uso contínuo, o usuário pode emagrecer até 10 quilos. Fraqueza, desnutrição e aparência de cansaço físico também são sintomas relacionados à perda de apetite. É comum ainda que o usuário tenha insônia enquanto está sob o efeito do crack, assim como sonolência nos períodos sem a droga. Os períodos utilizando a droga prolongam-se e o usuário começa a ficar períodos maiores fora de casa, gastando, em média, três dias e noites inteiras destinados ao consumo do crack. Neste contexto, atividades como alimentação, higiene pessoal e sono são completamente abandonadas, comprometendo gravemente o estado físico do usuário”.[1]

Com tudo isso o usuário passa a ser conhecido com facilidade. O desejo da obtenção da droga a todo custo que é gerado pela dependência é outra marca dentre os usuários das mais diversas drogas. À medida que estes usuários desenvolvem eficácia para conseguir a droga – roubam, matam, extorquem etc. – eles também se desfiguram como um boneco de massa de modelar, isso tanto fisicamente quanto socialmente falando. Com isso ficam, ipsis litteris, à margem da sociedade.

Perceba que o usuário da devasta droga chamada craque possui características de seu uso que são vistas de forma externa e sua dependência acaba que se tornando uma evidência mais que notória. Esta evidência do uso da droga pode, em alguns casos, contribuir para que usuários se conscientizem de que precisam e necessitam de ajuda. Muitos ao se enxergarem no espelho tomam a decisão de mudar de vida e, evidentemente, o apoio da família é mais que importante neste processo. Há uma história muito conhecida passada no programa Câmera Record de Agosto deste ano, sobre um usuário que há anos não via sua própria imagem no espelho. Foi quando seu próprio pai resolveu mostrá-lo. O choque foi imediato. Esse jovem que morava nas ruas (Cracolândia) regressou aos cuidados da família e aceitou o tratamento. Esta técnica, de confrontar o usuário com sua imagem no espelho, passou a ser utilizada com mais frequência.

A pornografia por sua vez causa os mesmos efeitos, mas internamente. Ou seja, o dependente pornográfico não visualiza sua situação no espelho, mas sabe que também é viciado. Por mais que esteja necessitado de ajuda, por mais que esteja desfigurado internamente, por mais que esteja destruído internamente, por mais que sua alma esteja enferma, nada disso reflete no lado externo. Com isso, não há quem identifique que a mesma necessita de ajuda, apenas a própria pessoa sabe disso e, na maioria das vezes, não quer reconhecer nem pedir ajuda por vergonha. Aqui está o argumento principal para o sim na resposta inicial deste texto, pois não há quem se mobilize para ajudar um viciado em pornografias, uma vez que os indícios não são vistos externamente. Com isso a pessoa vai morrendo aos poucos, perdendo amizades, rompendo relações familiares, divórcio, isolamento, depressão... Estes poderiam figurar como indícios externos de quem é viciado ou usuário de pornografia, mas quando se chega a este nível, é muito comum que o dependente pornográfico ainda não assuma o seu real problema.

Por que o dependente pornográfico perde relacionamentos próximos?

Esta é uma boa pergunta que pode ser respondida da seguinte forma: o dependente pornográfico quer aplicar suas referências pagãs e pornográficas nos seus relacionamentos diversos - conjugal, profissional, social etc. Quando percebe que não terá êxito, sai fora. Geralmente a vida conjugal do dependente pornográfico é a mais afetada. O dependente quer usar sua esposa como marionete, quer colocar em prática tudo que assisti e absorve no mundo pornográfico e é neste ponto que muitas mulheres não aceitam e se posicionam. Logo, o divórcio é a saída. Mas, mesmo ocorrendo tal situação, o divórcio, a desculpa mais famosa para justificação da separação é que houve incompatibilidade de gênios. Infelizmente existem muitos homens que se dizem cristãos que possuem referências pagãs quanto ao casamento e quanto às suas respectivas esposas, e também quanto às suas amizades femininas, logo os resultados serão drásticos.

Dentro deste panorama a comparação da pornografia com as drogas vem a calhar, mas, em nossa opinião, entende-se que a pornografia ainda é bem pior pelo fato de não deixar indícios externos. Sabe-se que as mulheres, com o advento da internet, também têm mergulhado neste submundo, mas nossa ênfase maior aqui recai sobre os homens pelo fato das estatísticas mostrarem que estes são os que mais se deixam levar nas águas poluídas deste rio chamado Pornografia. Quantas famílias destruídas por este mal e que ninguém sabe o motivo da destruição? Quantos casais separados por este mal e que ninguém sabe o motivo da separação? Quantos ministérios arruinados por este mal e que ninguém sabe o motivo? Na realidade o motivo é a pornografia, mas ninguém tem coragem de dizer, como também os indícios não podem ser detectados com facilidade no âmbito externo. Assim é possível afirmar que este vício é silencioso ao mesmo tempo que devastador. Isso se dá também pela cultura cristã ocidental que demonizam alguns tipos de pecados e santificam outros. Por exemplo, adultério, pornografia, fornicação são pecados do diabo. Em contra partida fofocar, mentir, roubar, usar o nome de Deus em vão nas diversas profetadas trata-se de “pecados santos” que não tem tanto problema cometê-los. Pecado é pecado independentemente do que seja e precisa ser tratado como tal. O advento da internet contribuiu e muito para que o mal da pornografia se propagasse ajudando mais ainda o lado oculto de toda prática. Antigamente o dependente pornográfico se expunha mais na busca de sua droga predileta e da aventura, mas na atualidade basta um click no conforto de sua casa e pronto. Aqui a internet desempenha o papel do traficante que fornece a droga.

Conclui-se, portanto, que há tratamentos para ambos os casos, a saber, pornografia e drogas. Todavia, se faz mais que necessário uma mudança de mente seguida de uma limpeza da mente que só em Cristo o indivíduo consegue de fato tal transformação. Paulo em Romanos 12:2 atenta para a importância da renovação da mente, metanóia no grego. Esta palavra aponta para uma mudança do modo de vida em razão de uma total mudança de pensamento e de atitude quanto ao pecado e justiça. Ou seja, não se trata apenas da demonstração de tristeza ou contrição ao realizar determinado ato, e sim uma mudança total, tanto na forma de pensar como na forma de agir Lc 3:8 / At 26:20. Logo, o arrependimento possui obras dignas deste. Não se trata de uma forma mágica ou de um tratamento psicológico apenas, mas sim da intervenção divina para que a verdadeira mudança ocorra de fato.

Geralmente os dependentes químicos ou pornográficos não conseguirão êxito com fórmulas práticas, exercícios psicológicos, ou passos a serem seguidos, tudo isso não passa de pragmatismo dos “brabos”. Estas pessoas necessitam mais de uma relação próxima com Deus e a partir disso começaram a identificar os resultados desta aproximação, sem esta aproximação e entendimento correto da pessoa divina e de seu plano salvífico em direção a seu povo, tudo que for feito não passará de paliativo. O distanciamento cada vez maior na atualidade entre homem e pessoa divina é refletido cada vez mais, de forma negativa, no cotidiano dos homens. Uma maior Intimidade com Deus significa suportar de forma mais exitosa as flechas do pecado lançadas por seu arqueiro. Sua aljava está repleta de flechas e lá dentro existem duas com os seguintes nomes: pornografia e drogas!

[1] Disponível em <http://www.camaramateusleme.mg.gov.br/noticias_crack.html> Acessado em 10 de Dez de 2014.