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10 de ago. de 2016

A Importância do Credo Niceno

Por Thiago Oliveira

Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado pelo Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual foram feitas todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem, e sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, e novamente deve vir para julgar os vivos e os mortos; e no Espírito Santo. E a quantos dizem: “Ele era quando não era”, e “Antes de nascer, Ele não era”, ou que “foi feito do não existente”, bem como a quantos alegam ser o Filho de Deus “de outra substância ou essência”, ou “feito”, ou “mutável”, ou “alterável” a todos estes a igreja católica e apostólica anematiza. [1]

Quando finda a perseguição ao cristianismo e este passa a ter a simpatia do Império, surge uma controvérsia que abala a ortodoxia: o Arianismo. Esta doutrina herética, formulada por Ário, presbítero em Alexandria, negava que Cristo fosse eterno e dizia ainda que Deus e Jesus não tinham a mesma substância, ou seja, para Ário, Cristo não era divino. Em uma de suas cartas ao Bispo Eusébio da Nicomédia, Ário defende sua doutrina:

“Nós pensamos e afirmamos que o Filho não é ingênito, nem participa absolutamente do ingênito, nem derivou d’alguma substância, mas que por sua própria vontade e decisão existiu antes dos tempos e eras, inteiramente Deus, unigênito e imutável. Mas antes de ter sido gerado ou criado ou nomeado, ele não existia, pois ele não era ingênito”.

Nessa época, o imperador Constantino queria consolidar o seu império tendo o cristianismo, e não o paganismo, por base. Assim sendo, convocou os bispos do Império, aproximadamente 300, e os reuniu num concílio realizado na cidade de Nicéia, na Ásia Menor (325 d.C.). A controvérsia não tardou em ser resolvida, pois, os bispos do Ocidente, aceitavam a sentença de Tertuliano “Uma substância, três naturezas”, emitida um século antes.

O Arianismo foi condenado, e conforme escrito na declaração de fé, considerado anátema (i.e. maldito). É nítido que a consubstancialidade entre Deus e Jesus Cristo são asseguradas no credo niceno. Tanto Ário como Eusébio da Nicomédia, foram expulsos de suas cidades e excomungados por heresia. Mas a doutrina havia sido muito difundida entre os povos germânicos. Nas chamadas “Invasões Bárbaras”, Ostrogodos e Visigodos, por exemplo, já chegaram cristianizados a Roma, todavia, eram adeptos do arianismo.

O texto do Credo foi depois reformulado em dois concílios, Calcedônia (451 d.C.) e Espanha (589 d.C.). Assim ficou o seu texto:

Creio em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai; pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria, e foi feito homem; e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos. Ele padeceu e foi sepultado; e no terceiro dia ressuscitou conforme as Escrituras; e subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. Creio na Igreja una, universal e apostólica, reconheço um só batismo para remissão dos pecados; e aguardo a ressurreição dos mortos e da vida do mundo vindouro.

Mesmo após a sua modificação, vemos que a crença na triunidade Divina permanece intacta, ressaltando que Cristo é não-criado, mas é verdadeiro Deus, criador de todas as demais coisas. Atualmente, algumas seitas que se denominam cristãs, negam que Jesus Cristo seja igual a Deus Pai. Tais seitas são chamadas de unitaristas, por negarem o conceito da Trindade. As Testemunhas de Jeová são as mais conhecidas. Outras, como o kardecismo dizem que Cristo é um ser evoluído e o mormonismo afirma que Cristo não é Deus, é uma criatura dele, irmão de Lúcifer e dos homens. Estas são formulações heréticas, e quem as professa não pode ser considerado cristão, pois, a Trindade é dogma central da fé cristã.

A Igreja Evangélica Voz da Verdade, fundada em Santo André - SP, ganhou fama em todo o Brasil, por causa do seu conjunto musical, bastante influente nas rádios evangélicas, isso nos anos de 1990. Logo, suas músicas começaram a ser cantadas em várias igrejas, até que suas ideias unicistas foram descobertas e denunciadas por diversos pastores e teólogos ortodoxos. Tal episódio nos serve de alerta. As heresias não morrem, elas se reinventam. Vestem uma roupa nova para atrair novos adeptos. A importância de conhecermos o Credo de Nicéia, a história da igreja em si, sobretudo a era patrística, é que nos auxiliará em defesa da sã doutrina contra os falsos ensinos.
______

[1] Primeira formulação do Credo Niceno, citado em GONZALES, Justo. Uma História Ilustrada do Cristianismo, vol. 2, A era dos gigantes. São Paulo: Vida Nova, 1985, p. 97.

22 de jun. de 2016

Credo In Deun: Nossa Confissão e Doutrina Evangélica

Por Thomas Magnum

Porque com o coração se crê para a justiça
e com a boca se confessa a respeito da salvação.

Apóstolo Paulo. Romanos 10.10

Crer em Deus é pertencer a Ele.

Alister Macgrath

Muito já escreveu sobre o credo apostólico. Sua importância é sem sombra de dúvidas, grandiosa para uma realidade religiosa no Brasil, cada dia mais deísta e inconfecional ou anticonfecional, pragmática e apática no que se refere à doutrina.

De fato, muitos alimentam a ideia de que a doutrina obscurece a vida espiritual, mas, ao contrário deste quase adágio, doutrina é vida, é solidez num mundo líquido. Doutrina é vitalidade para uma era notoriamente letárgica no que se diz a respeito do que é ser cristão. Numa geração em que a confissão da fé é incompreendida e confundida com mistificações assombrosas e teatralizações frias de uma ortodoxia morta.

A ortodoxia não se resume apenas ao correto ensino. Como o rio que regava o Éden (Gênesis 2.10), a doutrina rega a prática cristã (Ortopraxia) e as afeições religiosas (Ortopatia). A doutrina é o resultante sistemático da revelação, da progressividade da atuação divina no drama do mundo criado. Temos então no credo uma consubstancialidade evangélica, uma importância dinâmica no curso do crer e proferir. Do pensar e do falar. Do abraçar e do avançar. O credo tem um caráter evangélico kerigmático, isto é, proclamador, missionário. E oferece para demanda do coração uma resposta para uma religião imersa na fé no Deus-Trindade.

Esse texto não tem por objetivo tratar da historicidade do credo, muito menos, versar sobre as possíveis datas para sua conclusão histórica. A nossa reflexão se dará sobre a confissão, sobre o crer e sobre o resultado do crer; afinal, o crer não é estéril, não é apático ou imóvel. Nossa modesta escrita pretende contribuir para uma teologia evangélica credal, confessional, missional e estar fundamentada numa tríplice estrutura para fé: ortodoxia, ortopraxia e ortopatia.

Credo in Deun

Importante para nós, sob ótica cristocêntrica, o inicio do credo, ou melhor, a primeira palavra do credo:

Esse Credo, no início do Símbolo, significa em primeiro lugar, apenas e tão somente, o ato de reconhecimento – na forma de conhecimentos decisivos alcançados pela revelação de Deus – da realidade de Deus em seu relacionamento com o homem[i].

O Creio derivado da fé na revelação é o resultado da equação credal. A fé resulta no Credo in Deun. Não há credo sem fé. Não há ortodoxia sem graça, sem revelação cristocêntrica, sem redenção histórica do perdido. Não há credo sem morte, não há credo sem ressurreição. Isso deve nos constranger a uma confessionalidade credal intensa e vigorosa: creio! Creio não por mim, creio, por Ele. Creio pela mediação de Cristo, creio pela obra do Espírito. Creio In Deun, essa confissão é trinitária, pactual e missionária. Creio somente por meio do Deus Triúno e no Deus Triúno. O solus Christus só é possível pelo sola gratia. Não detendo o poder da Trindade na economia da salvação, mas, adorando-o na expansão que causa essa obra. Onde o Deus salvador opera em nós, por meio dEle mesmo para nos levar a Ele mesmo, ou seja, Ele é a fonte, o meio e a finalidade da salvação. Por isso, a economia da salvação pertence somente a Ele. Esse fato me faz adorar: Credo In Deun!

O ato do credo é o ato de confissão da fé apostólica

A fé descrita no credo é confessional e emblemática para a doutrina cristã.

1. A Fé como aceitação (Jo 1.12)
2. A Fé como confiança (Hb 11.1)
3. A Fé como compromisso (Cl 1.4)
4. A Fé como obediência (Rm 1.5)

Aqui está uma amostra da fé credal, da confissão que resulta do que crê o coração.

Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. (Romanos 10:8-11)


A confissão da fé que o coração esboça é credo. O credo é a divina proclamação da eterna obra trinitária no tempo e no espaço, num povo salvo, que confessa a obra salvífica, que pela providência se consumou na cruz, em Cristo.

Ter Fé não significa apenas ter uma nova ideia. Significa reconhecer em nossa mente quem é Deus, quais são seus atributos e corresponder a ele em nosso coração[ii].

Deus – O Centro da Fé Credal

- A fé credal é uma confissão, um ato proclamador, testemunhador, espiritual e de adoração a Deus. Por isso o Credo inicia-se com “Creio em Deus”.

- Temos então no credo uma fé depositada não no simples documento confessional, mas, no que ele professa e quem ele professa, o Deus Triúno.

- O credo começa dizendo “creio em Deus”, a questão aqui é de extrema importância para o entendimento do credo como documento trinitário.

Diz-nos Franklin Ferreira:

O fato é que o Credo dos Apóstolos começando com “Creio”, exige de nós uma resposta pessoal; o Credo exige de nós uma aderência ao que está sendo ensinado, uma confiança em seu ensino. Mas a recitação do Credo lembra que somos chamados a expor de forma pública a nossa fé. Ao recitar o Credo, o cristão oferece uma confissão de fé pública: “Porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm 10.10). Então, o Credo lembra que há uma dimensão pública da nossa fé. Nós somos chamados – todos nós, não somente pastores, missionários, teólogos e seminaristas, mas toda a comunidade cristã – a estarmos aptos a expressar na Escritura. Em outras palavras, o que se crê é o que se confessa[iii].

Qual a importância do Credo na comunidade de fé? Quero apontar alguns pontos que tenho pensado a respeito.

1. Confissão doutrinária no Deus Triúno;
2. Parte integrante de uma adoração trinitária;
3. Proclamação do Evangelho aos pecadores.

Sobre essas questões devemos observar que não há confissão sem doutrina, o que há é confusão. A adoração a Deus como Trindade ainda é em muitos círculos evangélicos incompreendida e na prática, muitas vezes o que existe é um monismo ou modalismo na adoração, que se assim o for, resulta em idolatria, se está adorando um Deus diferente do que está revelado nas Escrituras. E por fim, em relação a missões Barth diz algo interessante: “O Credo finalmente mostra a Igreja comprometida com o trabalho missionário, encaminhada em direção ao mundo que não está ainda congregado junto à Igreja, encarando-o com responsabilidade e apelo[iv]. O credo impele a Igreja a ser kerigmática, a ser arauto do rei.

O Credo e o Primeiro Mandamento

Que relação teria o Credo com o primeiro mandamento? Toda, absolutamente. O Credo invoca o verdadeiro Deus, o Deus único, o Deus que se auto-revelou. O Deus que é redentor. Vejamos os primeiros versículos do decálogo: Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim (Êxodo 20:1-3). Que ligação credal temos aqui? Deus! Credo In Deun! Sou o Senhor teu Deus! Qual é a reivindicação dessa fala divina? Creia! E não é somente essa a analogia teológica da fé credal expressa do Credo Apostólico. Vejamos que o prefácio do decálogo e o primeiro mandamento nos dizem muita coisa. Te tirei da terra do Egito, é expresso no prefácio dos mandamentos a redenção que Deus concedeu a seu povo escolhido. O que expressa o Credo na segunda parte, sobre o Deus redentor?

Em Jesus Cristo, ao único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos[v].

O que temos no Credo aqui? Redenção. O requer ainda o mandamento? Não terás outros deuses diante de mim. O que nos diz o Credo? Credo In Deun? Que Deus? Aquele que se revelou nas Escrituras.

O Credo e o segundo mandamento

“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos” (Êxodo 20:4-6)

Observemos que o Credo professa, confessa e testemunha do Deus Triúno, que se revelou na história da redenção, descrita na Bíblia. Não terás outros deuses implica em algumas questões importantes apontadas pelo catecismo maior de Westminster, nosso dever e nosso pecado diante do mandamento. Devemos repudiar a idolatria em todas as espécies. Por que motivo? Porque Creio em Deus – Pai, Filho e Espírito Santo.

Conclusão

A confissão credal, é monoteísta, trinitária e pactual. A fé em Deus resulta em confissão. Com o coração se crê e com a boca se confessa para a salvação. A confissão é para a salvação e decorrente da salvação – Fala o que convém a sã doutrina (Tt 2.1). Não há credo verdadeiro, sem doutrina sã. “Creio” é resultado da fé que obedece, que aceita o corpus da revelação, que confessa o Senhorio do Deus eterno Triúno. Credo In Deun é condição sine qua non para o ethos e a práxis cristã.

Credo In Deun! Amém.



[i]  Barth, Karl. Credo, comentários ao credo dos Apóstolos. São Paulo. 2003, ed. Novo Século, p.20.

[ii]  Macgrath, Alister. Creio – Um estudo sobre as verdades essenciais da fé cristã no Credo Apostólico. São Paulo. 2013, ed. Vida Nova, p. 25.

[iii]  Ferreira, Franklin. O Credo dos Apóstolos. Doutrinas Fundamentais da Fé Cristã. São José dos Campos, SP. 2015, ed. Fiel.

[iv] Barth, Karl. Credo, comentários ao credo dos Apóstolos. São Paulo. 2003, ed. Novo Século, p. 24,25.

[v] Extraído do livro: O Credo dos Apóstolos. Doutrinas Fundamentais da Fé Cristã. Franklin Ferreira, p.22.

15 de nov. de 2015

Por que evangélicos deveriam aprender o Credo dos Apóstolos?


Franklin Ferreira está lançando um livro sobre o Credo Apostólico e comenta neste breve vídeo a importância em aprender o conteúdo do credo, que trata das questões básicas e essenciais da fé cristã. Veja!