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18 de jan. de 2017

A Espiritualidade de Espuma de Refrigerante

Por Fábio Henrique

Pelo menos uma vez na vida com certeza você já viu esta cena: Ao abrir um refrigerante e depositar o líquido no copo, rapidamente sobem até a superfície aquelas bolhinhas que costumeiramente chamamos de espuma. Algumas pessoas quando inadequadamente despejam o líquido no copo se assustam com a quantidade de espuma imaginando ser o tão precioso líquido quando na verdade não passa de gás carbônico evaporando. Resultado, tudo não passou de uma falsa impressão. Desta cena tão corriqueira podemos retirar pelo menos uma lição: “nem tudo que parece é ”.

Pensando nesta cena, recordei do tipo de fé manifestada por alguns cristãos e que podemos fazer uma analogia com o que o Senhor Jesus afirmou na parábola do semeador. Quando ao explicar tal tipo de espiritualidade, Ele afirmou: “..este é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria.Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece por pouco tempo Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona.” (Mateus 13:20,21) Parece um paradoxo, mas a suposta fé que transbordava em alegria se transformou em desânimo e abandono da mesma. Qual seria o motivo disso tudo? O versículo de forma clara o expõe: “não tem raiz.”

Não precisa ser um profundo conhecedor de teologia para entender o significado do que Jesus esta dizendo. A ausência de raiz em uma planta é sinal de uma morte prematura, superficialidade e ausência de profundidade. Infelizmente, assim tem sido a espiritualidade de muitos que querem seguir a Cristo, mas não estão dispostos a enfrentar as adversidades e dificuldades de levar a sua palavra a sério. Ou seja, é uma espiritualidade incapaz de ultrapassar as portas de um templo religioso, pois assim como a espuma de um refrigerante se dissolve facilmente ao primeiro contato com o mundo fora da garrafa, assim é a fé destes em relação à vida cristã fora dos portões de suas igrejas.

É a espiritualidade do “oba-oba”, programações, louvorzão, congressos, acampamentos, encontros de casais ou de jovens e tantos outros “encontros” com Cristo. Da performance, do canta, pula, grita, gira, da espiritualidade exposta apenas na camisa de marketing daquele evento famoso, mas que não é fruto de um coração sincero para com Deus. É a espiritualidade da euforia provocada pela adrenalina do momento, porém desprovida de profundidade e intimidade com o Senhor através da oração diária e da devoção e obediência a sua Palavra. O problema dessa espiritualidade é sua fragilidade e artificialidade, além de ser viciada em doses cada vez mais fortes da “adrenalina gospel”. Os reflexos desse tipo de espiritualidade são perceptíveis tanto na vida do indivíduo quanto na própria igreja, pois essa mesma euforia e entusiasmo não são demonstrados quando o palco é desarmado, as luzes se apagam e é chegada a hora de por em prática tudo aquilo que foi pregado. O que resta é uma apatia em relação ao envolvimento, seriedade e comprometimento com as verdades do evangelho de Cristo e com sua igreja.

Talvez o que mais nos atraía nos refrigerantes seja seu sabor adocicado e a sensação de prazer causada pelo mesmo. Todavia, com o passar dos anos, surgem às consequências para a saúde - e caso não sejam tratadas podem levar ao óbito. Que possamos parar de nos iludir com a espiritualidade da espuma de refrigerante, ao invés dela, nos aprofundemos mais em nosso relacionamento com o Senhor através da oração, leitura e obediência a sua Palavra. Só assim estaremos isentos desta triste estatística relatada pelo Senhor Jesus de uma espiritualidade sem vida, sem profundidade, superficial, sem raiz e morta.

***
O autor é seminarista do Seminário Presbiteriano do Norte e membro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Rio Doce, Olinda-PE. 

1 de fev. de 2016

"Fé" versus Fé

Por Francis Schaeffer*

É preciso analisar a palavra , admitindo que ela pode significar duas coisas completamente opostas.

Imaginemo-nos subindo aos Alpes, e que, ao atingir o topo escarpado da rocha, subitamente, um nevoeiro baixasse sobre nossas cabeças, o guia se virasse para nós, dizendo que o gelo está se formando e que não há esperança; antes de amanhecer, congelaríamos até a morte lá mesmo na encosta da montanha. Simplesmente para manter-nos aquecidos, o guia nos mantêm andando no nevoeiro denso cada vez mais além da encosta, até que nenhum de nós tenha qualquer ideia de onde estamos. Depois de uma hora aproximadamente, alguém diz ao guia: “Suponha que eu tropeçasse e caísse em uma saliência, alguns metros abaixo do nevoeiro, o que aconteceria?” O guia responderia que ele poderia sobreviver até a manhã seguinte e, assim, escaparia com vida. Assim, sem absolutamente nenhum conhecimento ou qualquer razão para sustentar sua ação, um dos membros do grupo acabaria pulando e cai no nevoeiro. Esta seria uma espécie de fé, de salto de fé.

Suponha, porém, que depois de termos explorado a encosta, no meio do nevoeiro, com o gelo acumulando-se na rocha, tivéssemos passado e ouvido uma voz dizendo: “Vocês não podem ver-me, mas eu sei exatamente onde vocês estão pelas suas vozes. Estou no outro pico. Tenho vivido nestas montanhas homem e menino, há mais de 60 anos, e conheço cada metro quadrado delas. Garanto que há uma saliência dez metros abaixo de onde vocês estão. Se vocês pularem, poderão passar a noite ali, e eu os apanharei pela manhã”.

Eu não saltaria de imediato, mas faria perguntas a fim de tentar certificar-me de que o homem soubesse do que estava falando e de que ele não fosse nenhum inimigo. Nos Alpes, por exemplo, eu poderia perguntar pelo seu nome. Se o nome alegado fosse de uma família da região das montanhas, isso seria um dado importante para mim. Nos Alpes Suíços há certos nomes de família que caracterizam as famílias montanhesas da região. Na minha situação desesperada, mesmo que o tempo estivesse se esgotando, eu lhe faria todas as possíveis perguntas importantes e suficientes, até ficar convencido de suas respostas, só então eu saltaria.

Isto é fé, mas obviamente este conceito não tem nada a ver com aquele outro uso da palavra. O fato é que, se chamamos de fé a algumas destas coisas, já não poderíamos chamar a outra pelo mesmo nome. A fé do Cristianismo histórico não é sinônima de salto de fé no sentido pós-kierkgaardiano, pelo simples fato de que ele não está em silêncio, e eu sou convidado a fazer perguntas adequadas e suficientes, não apenas relativas a detalhes, mas também quanto à existência do universo e a sua complexidade e quanto a existência do homem. Sou convidado a fazer perguntas adequadas e suficientes e depois acreditar nele e curvar-me metafisicamente diante dele, ao ter a certeza de que eu existo, porque ele fez o homem, e curvar-me moralmente diante dele, como alguém que precisa desesperadamente da sua providência, através da morte substitutiva, propiciatória de Cristo. 

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*Apêndice do livro "O Deus que se Revela". 

27 de nov. de 2015

Cristo, o nosso contentamento

Por  Hugo Wagner
A palavra grega traduzida por Contentamento significa “esta alegre com o que tem”. Lembremo-nos das Palavras do apóstolo Paulo aos filipenses “... Pois aprendi está contente em toda e qualquer situação”. (Fp 4.11). Algumas vezes, essa palavra foi usada pelos  estóicos para qualificar uma pessoa que se mantinha sem a ajuda de ninguém, eles diziam que o verdadeiro contentamento brota da auto-suficiência. 

13 de out. de 2015

O Sentido da Vida

Por Dorisvan Cunha
SER HUMANO significa estar em constante busca por sentido. Dentro de cada um de nós existe uma grande sede por felicidade. Somos passageiros! Nossa vida aqui é um mero piscar de olhos, e enquanto viajantes nesta estação, precisamos encontrar uma âncora definitiva onde possamos depositar os anelos de nossa alma. Todos nascem com esse forte desejo e não podemos fingir que ele não existe. Sim, ele está lá, nas profundezas do nosso ser. A eternidade está dentro de nós.

20 de jun. de 2015

A dupla purificação da piedade: Justificação e Santificação

Por Joel Beeke

Segundo Calvino, os crentes recebem de Cristo, pela fé, a “dupla graça” da justificação e santificação, as quais, juntas, provém uma dupla purificação. A justificação oferece pureza imputada; e a santificação, pureza atual.
Calvino define justificação como “a aceitação com que Deus nos recebe em seu favor como homens justos”. Ele segue dizendo que “posto que Deus nos justifica pela intercessão de Cristo, ele nos absolve não pela confirmação de nossa própria inocência, e sim pela imputação da justiça, para que, não sendo justos em nós mesmos, fôssemos reputados como tais em Cristo”. A justificação inclui a remissão dos pecados e o direito à vida eterna.

1 de jun. de 2015

Jonathan Edwards e a Arrogância Espiritual

Por Pedro Pamplona

Nessas últimas semanas fui surpreendido na internet com dois vídeos curiosos que transbordavam arrogância em nome de Deus pela tela do meu notebook. Em um deles o “apóstolo” Agenor Duque testava seu próprio caráter diante de Deus e amaldiçoava seus críticos (Veja). No outro o cantor Thalles Roberto fazia algo parecido. De boné, óculos escuro, cheio de anéis de ouro nos dedos, chamando seus críticos de fariseus na maior arrogância, batendo no peito e dizendo que é homem de Deus e fazendo uma pose estranha no final pra mostrar os anéis, Thalles falou sobre seus projetos e pediu para descurtirem a página dele, caso não gostassem do seu trabalho (Veja).

7 de abr. de 2015

É possível amar Jesus e não querer compromisso com a sua Igreja?

Por Wallace Jaguaribe

Esta dúvida, certamente, não é o que podemos chamar de uma novidade, mas ainda passa na cabeça de muita gente. As pessoas confundem igreja/instituição com igreja/povo de Deus. Outros valorizam a igreja/povo de Deus e menosprezam a igreja/local. E há os que criaram uma aversão tão grande as instituições que organizaram um grupo sem nome, e terminaram por criar o que não queriam: a igreja sem nome.

O fato é que a igreja é a comunidade dos que foram escolhidos antes da fundação do mundo, regenerados pelo Espírito Santo para serem santos e irrepreensíveis perante Deus. Estes, externamente, confessam Jesus como seu Senhor e salvador. Esta igreja tem um aspecto interno, invisível aos olhos humanos, mas visível por Deus, que é a sinceridade do seu coração, a veracidade de sua conversão. Este aspecto só é plenamente conhecido por Deus, pois “o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”. (1 Samuel 16:7).

6 de abr. de 2015

Quente ou Frio?

Por Samanta Gama Oliveira

“E ao anjo da igreja de Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca”.

Apocalipse 3:14-16

Este é um trecho da carta escrita para a igreja de Laodiceia, situada na Ásia Menor, atualmente região da Turquia. Laodiceia foi a única das sete igrejas que recebeu apenas críticas do SENHOR da Igreja. Através desses três versículos Jesus usa um fantástico elemento  que surpreendeu  os laodicenses. Ele contextualizou as suas críticas fazendo referências ao que eles mais tinham orgulho: a sua rica cidade.

Para entendermos melhor o que Jesus quis dizer chamando-os de mornos, vou citar algumas informações importantes sobre a cidade. A cidade era bem localizada, visível e vivia os seus tempos de ostentação devido a:

a) Grande centro comercial – Estava localizada dentro da rota de comércio da Ásia Menor, que favorecia uma grande movimentação financeira.

b) Grande centro bancário e financeiro: Conhecida como uma das cidade mais ricas da época dominada por Roma.

15 de dez. de 2014

O que é arrependimento?

Por J.I. Packer 

O que é arrependimento? O que significa arrepender-se?

O termo é pessoal e relacionai. Implica em voltar ao que se estava fazendo antes, e renunciar ao mau comportamento pelo qual a vida e os relacionamentos estavam sendo prejudicados. Na Bíblia, arrependimento é um termo teológico que indica um abandono daquelas atitudes que afrontam Deus envolvendo-se no que ele odeia e proíbe. O termo no hebraico para arrependimento significa desviar-se, ou retornar. O termo correspondente no grego tem o sentido de mudança de mente de modo a mudar os caminhos também. Arrependimento significa mudar hábitos de pensamento, atitudes, ponto de vista, política, direção e comportamento na medida certa para deixar de lado o caminho errado e seguir o caminho certo. Arrependimento é, na verdade, uma revolução espiritual. Esta, agora, nada mais é do que a realidade humana que iremos explorar.

O arrependimento, no sentido pleno da palavra - mudar de fato o caminho descrito - só é possível para os cristãos que foram libertos do domínio do pecado e vivificados para Deus. Arrependimento, neste sentido, é um fruto da fé e, como tal, um dom de Deus (cf. At 11.18). O processo pode ser aliterativamente analisado sob os seguintes tópicos:

1.Reconhecimento real de que se desobedeceu e falhou para com Deus, fazendo o que era errado em vez do que era certo. Isto parece mais fácil do que realmente é. T. S. Eliot disse uma verdade quando fez a seguinte observação: "A humanidade não consegue suportar a realidade". Não existe nada como uma sensação sombria de culpa no coração para nos levar, de uma maneira apaixonada, a fazer o jogo de fingir que nada aconteceu, ou nos imaginar fazendo algo que seja moralmente reprovável. Assim, após cometer adultério com Bate-Seba e completar a ação com o assassinato do marido dela, Davi disse para si mesmo que era simplesmente uma questão de privilégio real e que, portanto, nada tinha a ver com sua vida espiritual. Assim, Davi tirou aquilo da cabeça, até que a repreensão do profeta Natã "Tu és o homem!" (2Sm 12.7) fê-lo perceber, por fim, que ele havia ofendido a Deus. Esta consciência foi, e é, a semente que germina o arrependimento. Ela não cresce em outro lugar. O verdadeiro arrependimento só começa quando a pessoa transpõe o que a Bíblia vê como auto-engano (cf. Tg 1.22, 26; 1Jo 1.8) e o que os especialistas modernos chamam de negação, para o que a Bíblia chama de convicção do pecado (Jo 16.8).

2.Profundo remorso pela desonra causada ao Deus que se está aprendendo a amar e desejando servir. Esta é a marca do coração contrito (SI 51.17; Is 57.15). A Idade Média fez uma distinção proveitosa entre atrição e contrição (a primeira significa arrepender-se do pecado motivado por medo de si mesmo e por amor a Deus respectivamente; a segunda leva ao verdadeiro arrependimento, enquanto a primeira não consegue fazê-lo). O cristão sente não apnas atrição, mas contrição, como aconteceu com Davi (SI 51.1-4, 15-17). O remorso contrito, que brota de um sentimento de ter insultado a bondade e o amor de Deus, é descrito e exemplificado na História de Jesus sobre o retorno do filho pródigo à casa do pai (Lc 15.17-20).

3.Pedido reverente pelo perdão divino, purificação da consciência e ajuda para não falhar na mesma área novamente. Um exemplo clássico des¬se pedido encontra-se na oração de penitência de Davi (SI 51.7-12). O arrependimento do cristão sempre, e necessariamente, inclui o exercício da fé em Deus para obter estas bênçãos de restauração. O próprio Jesus ensina qual deve ser a oração dos filhos de Deus: "Perdoa-nos os nossos pecados (...) E não nos deixes cair em tentação" (Lc 11.4).


4.Resoluta renúncia dos pecados em questão, com pensamentos deliberados sobre como manter-se limpo deles e viver corretamente no futuro. Quando João Batista disse para a elite religiosa oficial de Israel: "Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento" (Mt 3.8), ele estava chamando seus membros a uma mudança de direção.

5.Restituição necessária à qualquer pessoa que tenha sofrido perdas materiais em virtude dos erros cometidos. A lei do Antigo Testamento, nestas circunstâncias, exigia a restituição. Quando Zaqueu, o judeu renegado por ser cobrador de impostos, tornou-se um dos discípulos de Jesus, ele comprometeu-se em retribuir quatro vezes mais cada ato de extorsão que tivesse praticado, ao que parece no modelo das exigências de Moisés de quatro ovelhas para cada uma roubada ou tirada de seu dono (Êx 22.1; cf. Êx 22.2-14; Lv 6.4; Nm 5.7).

Uma aliteração alternativa (como se uma não fosse suficiente!) seria:

1.discernir a perversidade, insensatez e culpa no que se fez;

2.desejar o perdão, abandonar o pecado e viver uma vida que agrada a Deus daqui em diante;

3.decidir pedir perdão e poder para mudar;

4.dirigir-se a Deus da maneira devida;

5.demonstrar, ou pelo testemunho e confissão, ou pelo comportamento transformado, que o pecado cometido ficou para trás.

Esse é o arrependimento - não apenas o primeiro arrependimento que ocorre na conversão de um adulto, mas o arrependimento recorrente do discípulo adulto - que é o nosso tema aqui.
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Fonte: ocalvinismo.com

12 de dez. de 2014

A Luta contra o Pecado

Por Thomas Magnum

De fato esse é um tema delicado e íntimo de todos os eleitos de Deus. Sabemos pela experiência e principalmente pelo que a Escritura diz que mesmo redimidos travamos uma luta contra nossa natureza pecaminosa, ainda aguardando a total redenção do nosso corpo passamos por tentações e cometemos pecados. O Apóstolo Paulo chama essa angústia por conta de nossa natureza de gemido, ainda sofremos dessa angústia, mesmo depois de regenerados. Lemos em Gálatas 5.17:

Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

O texto de Paulo é claro e nos mostra que existe uma luta real entre nossa natureza carnal no que se refere ao pecado e nossa nova natureza. Por isso o cristão anseia por essa total libertação dessa estrutura que é corruptível. Muitas vezes cristãos devotos e piedosos sofrem por pecados cometidos e por pecados que não conseguem abandonar, são pessoas nascidas de novo e que foram regeneradas, mas são humilhadas por pecados fúteis. Paulo nos diz em Romanos 8.22,23:

Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.

Atentemos para o que o apóstolo diz, a criação geme por causa do pecado, ela não foi totalmente remida ainda, isso se dará quando a terra for restaurada como nos afirma o apóstolo Pedro em sua segunda epístola. Mas não para por aí, Paulo também diz que nós gememos aguardando a adoção, a redenção total do nosso corpo quando formos transformados como diz em outro lugar:

Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. I Co 15.42-50

Enquanto estivermos nesse tabernáculo sofreremos com o pecado. Mas continuaremos caminhando no pensamento do apóstolo Paulo sobre o tema, leremos agora a recomendação do apóstolo para essa constante luta do cristão:

Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria. Cl 3.5

A Palavra de Deus nos diz que temos que fazer morrer nossos desejos pecaminosos, veja que Paulo está falando para santos, para os eleitos de Deus, que ainda possuem em sua natureza a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria. O apóstolo Pedro nos diz também em sua primeira epístola:

Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo. I Pe 1.13-16

A recomendação aqui é sobriedade, sermos inconformados com o erro, com o pecado, somos exortados a vivermos em santidade. No entanto, ainda pensando nos capitulo três de colossenses no primeiro versículo lemos que Paulo nos diz que única forma de vivermos em santidade e mortificando nossos desejos pecaminosos é prezando pro nossas afeições espirituais, ele nos diz:

PORTANTO, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra. Cl3.1,2

Veja que o texto nos leva a uma busca pelas coisas celestes, nos diz a elevarmos nossos pensamentos a coisas eternas, somente odiando o pecado e suprimindo-o pelo amor a Deus e por Palavra venceremos o pecado. Lutando contra si mesmo, nosso maior inimigo está dentro de nós. O meditar nas coisas celestiais, o valorizar as coisas do Espírito de Deus, vivendo como ressuscitados. A Palavra de Deus nos exorta a elevarmos nossas afeições ao trino Deus.  Em Gálatas, Paulo ainda nos diz:

Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Gl 5.25

O poder de Deus opera nos seus Eleitos, o Espírito de Deus geme por nós como diz em Romanos 8.26,27:

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.

O andar no Espírito só é possível quando somos morada dele, quando Ele nos governa, embora tenhamos a natureza pecaminosa ainda em nós, ela é dominada pelo Espírito. Não descartamos com isso nossa responsabilidade sobre nossos pecados, mas, quem gera em nós indiscutivelmente as afeições pelas coisas espirituais é o Espírito Santo.

7 de nov. de 2014

Meu Pai Sabe

Por Martyn Lloyd Jones

Nosso Senhor diz: Pai nosso que estás nos céus; e o apóstolo Paulo diz: O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... E de vital importância, quando oramos a Deus e O chamamos Pai nosso, que nos lembremos... da Sua grandeza e majestade, e do Seu poder absoluto que recordemos que Ele sabe tudo a nosso respeito. Diz a Escritura: Todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas...

Não é de admirar que, quando escreveu o Salmo 51, Davi dissesse, na angústia do seu coração: Eis que te comprazes na verdade no íntimo. Se você quer ser abençoado por Deus, terá que ser absolutamente honesto, terá que aperceber-se de que Ele sabe todas as coisas, e que não há nada escondido dEle... como o sábio que escreveu o livro de Eclesiastes coloca a questão, é de vital importância que, quando oramos a Deus, nos lembremos de que Deus está nos céus, e nós na terra.

Devemos lembrar então a santidade de Deus, Sua justiça, Sua total e absoluta retidão... toda vez que nos aproximamos dEle, devemos fazê-lo com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor, (Hebreus 12.28,29).

Essa é a maneira de orar, diz Cristo... nunca separar estas duas verdades. Lembre-se de que você está se aproximando do todo-poderoso, eterno, sempre bendito e santo Deus. Mas lembre também que o mesmo Deus, em Cristo, tornou-se seu Pai, que não apenas sabe todas as coisas a seu respeito porque Ele é onisciente, mas também sabe todas as coisas a seu respeito, no sentido de um pai que tudo sabe sobre seu filho... Junte estas duas coisas. Deus, em Sua onipotência, olha para você com santo amor e conhece cada uma de suas necessidades...

Nada Ele deseja tanto como abençoá-lo, e que você seja feliz, alegre e próspero. Depois, lembre-se disto, que Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos. Como seu Pai está nos céus, Ele está muito mais disposto a abençoá-lo do que você por ser abençoado. E também não há limite a Seu poder absoluto.

Sudies in the Sermon on the Mount, ii, p. 55,6