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28 de dez. de 2016

Teologia e Piedade

Lyle D. Bierma*

Voltemos agora às duas maneiras sugeridas anteriormente nas quais a teologia de Calvino é relevante para a igreja mundial no século 21. Essas duas maneiras tem a ver não tanto com o conteúdo da teologia de Calvino, mas com toda a sua maneira de fazer teologia.

Em primeiro lugar, vejamos como Calvino relaciona teologia e piedade. A primeira edição das Institutas de Calvino, em 1536, tinha o seguinte título longo e interessante – “Institutas da Religião Cristã, contendo virtualmente toda a soma da piedade e tudo o que necessita ser conhecido sobre a doutrina da salvação: Uma obra que vale a pena ser lida por todos os cristãos que têm zelo pela piedade”. Para começar, trata-se de “institutas”. Institutio em latim significa algo como “instrução básica”, “compêndio” ou “manual de instruções”. Mas um manual de que – de teologia? Não, um manual “que contém virtualmente toda a soma da piedade”, um manual “que vale a pena ser lido por todos os cristãos que têm zelo pela piedade”. Não se trata de um livro primariamente sobre teologia, mas sobre piedade. Obviamente existe muita teologia no livro. Mas para Calvino a reflexão teológica nunca é um fim em si mesma. A teologia é sempre utilizada a serviço da piedade; ela deve conduzir à piedade. Assim, a teologia de Calvino algumas vezes tem sido chamada de theologia pietatis, uma “teologia da piedade”.

Mas o que Calvino quer dizer com piedade? Na mesma sentença de abertura das Institutas, nós lemos: “Quase toda a sabedoria que possuímos... consiste em duas partes: o conhecimento de Deus e de nós mesmos” (1.1.1). Na seção seguinte, Calvino passa a dizer que, quando se trata do conhecimento de Deus, “nós não diremos que... Deus seja conhecido onde não existe religião ou piedade. . . Eu denomino ‘piedade’ aquela reverência unida ao amor a Deus que o conhecimento dos seus benefícios induz” (1.2.1). Ou então: “Aqui certamente está a religião pura e verdadeira: a fé tão unida a um sincero temor a Deus que esse temor também inclui uma reverência voluntária e leva consigo o culto legítimo que está prescrito na lei” (1.2.2).  Portanto, para Calvino o verdadeiro conhecimento de Deus é um conhecimento sobre Deus que é aplicado na piedade ou devoção, isto é, em reverência, fé, amor, adoração, obediência e serviço a Deus. A teologia – o estudo de Deus, a busca de conhecimento acerca de Deus – deve evocar uma resposta de piedade em nós se queremos verdadeiramente conhecer a Deus. Pois, como diz Calvino:

"Como pode o pensamento de Deus penetrar em sua mente sem que você perceba imediatamente que, visto ser obra de suas mãos, você foi... vinculado a ele por direito de criação, você deve a sua vida a ele? – que qualquer coisa que você empreende, qualquer coisa que faz, deve ser atribuída a ele? (1.2.2)".

A teologia deve levar à piedade.

É exatamente assim que Calvino realiza a sua própria reflexão teológica ao longo das Institutas; as Institutas são na realidade um manual de instruções sobre a piedade. Por exemplo, ao tratar acerca de Deus, o Criador, Calvino não somente explica os detalhes da doutrina da criação, mas também exorta o leitor a “comprazer-se piedosamente nas obras de Deus” (1.14.20). O que significa confessar que Deus é o Criador dos céus e da terra? Primeiramente, diz ele, significa refletir sobre a grandeza do divino Artista mediante a contemplação de suas maravilhosas obras de arte. A criação reflete “essas imensas riquezas de sua sabedoria, justiça, bondade e poder... [e] nós devemos meditar sobre elas longamente, considerá-las em nossas mentes com seriedade e fidelidade, e evocá-las repetidamente” (1.14.21). Mas a nossa resposta deve ir além disso. Nós também devemos compreender, diz Calvino, que Deus criou todas as coisas para o bem da humanidade; devemos “sentir o seu poder e graça em nós mesmos e nos grandes benefícios que ele nos concedeu, e assim sermos levados a confiar, invocar, louvar e amá-lo” (1.14.22). Isso é piedade. Essa é uma teologia que conduz à piedade. Para Calvino, estudar a doutrina da criação não é mero exercício intelectual; envolve a pessoa inteira – coração, alma, mente e força. Como ele disse no final dessa seção acerca da criação: “Convidados pela grande doçura da beneficência e bondade [de Deus], dediquemo-nos a amá-lo e servi-lo de todo o nosso coração” (ibid.).

O mesmo se aplica à maneira como Calvino trata da predestinação, uma questão doutrinária sobre a qual ele tem sido freqüentemente mal-compreendido e violentamente atacado. O historiador americano Will Durant certa vez escreveu: “Nós sempre acharemos difícil amar o homem [Calvino] que obscureceu a alma humana com a mais absurda e blasfema concepção acerca de Deus de toda a longa e honrada história das tolices”. E o tele-evangelista americano Jimmy Swaggart certa vez afirmou: “Creio que Calvino fez com que incontáveis milhões de almas fossem para a perdição”. Todavia, a predestinação é um conceito bíblico, um conceito com o qual os teólogos ocidentais tinham se debatido por mil anos antes de Calvino. O que Calvino faz com essa doutrina é o que ele faz com toda a sua teologia – ele a relaciona com a piedade do crente. A doutrina da eleição, diz ele, em primeiro lugar acentua para nós que a salvação é sola gratia: é totalmente e inteiramente pela graça de Deus. Portanto, a doutrina da eleição deve nos humilhar, porque ela nos defronta com o fato de que não temos nenhuma contribuição a dar para a nossa salvação; ela é unicamente uma obra de Deus. Deus nos escolheu antes que nós o escolhêssemos. Em segundo lugar, essa doutrina devia levar-nos a glorificar a Deus por essa grande dádiva que ele graciosamente nos concedeu (3.21.1). Por fim, ela pode assegurar-nos do caráter definitivo da nossa salvação, pois Deus prometeu em Romanos 8 que aqueles a quem ele predestinou para a salvação nunca irão separar-se do seu amor. Como Calvino disse: “Cristo nos libertou da ansiedade nessa questão... Quando somos dele, somos salvos para sempre” (3.24.6). Calvino não pretendeu que a predestinação fosse uma doutrina aterrorizante para o crente, mas uma doutrina consoladora.

Essa teologia da piedade foi assimilada por muitas confissões reformadas na própria época de Calvino e nos anos posteriores à sua morte. A denominação à qual eu e o professor Bosma pertencemos, a Igreja Cristã Reformada da América do Norte, subscreve três dessas antigas confissões reformadas – a Confissão Belga, o Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dort – e em todas as três está presente essa aplicação pessoal, prática e experimental das doutrinas. Por exemplo, a Confissão Belga de 1561 explica com alguns detalhes a doutrina da providência de Deus, mas também dá atenção a qual deve ser a nossa resposta a esse ensino (Art. 13). Nós não devemos ser excessivamente curiosos quanto às obras de Deus que ultrapassam a compreensão humana. Devemos adorar as decisões de Deus com humildade e reverência. Devemos reconhecer “o conforto indizível” que essa doutrina nos dá em seu ensino de que nada nos pode acontecer por acaso. E podemos repousar no pensamento de que “Deus controla os demônios e todos os nossos inimigos, os quais não podem nos ferir sem a sua permissão e vontade”. Essas são respostas de piedade!

Uma teologia de piedade é ainda mais pronunciada no Catecismo de Heidelberg, de 1563. Como um catecismo, obviamente ele foi concebido como um guia para ensinar, pregar e aprender doutrinas. Mas ele sempre apresenta as doutrinas com um propósito em mente: aplicar essas doutrinas à vida e experiência cristãs; instilar no crente um senso de consolo ou certeza da salvação; evocar no crente uma resposta de gratidão por sua libertação do pecado e da miséria espiritual. Ouça algumas das perguntas: “Como a ressurreição de Cristo nos beneficia?” (P. 45); “Como a volta de Cristo para julgar os vivos e os mortos consola você?” (P. 52); “Que bem lhe faz, todavia, crer em tudo isto?” (P. 59); “Por que ainda precisamos praticar boas obras?” (P. 86); “Por que os cristãos precisam orar?” (P. 116). A reflexão teológica no Catecismo de Heidelberg não é um exercício abstrato. Ela é relevante para a vida e a experiência do crente.

O que Calvino e as confissões fazem aqui não é de fato uma coisa nova. Essa teologia da piedade já estava evidente na tradição humanista cristã na qual Calvino foi formado. Porém, o que é mais importante, ela tem o seu fundamento nas Escrituras, o recurso básico de Calvino na elaboração da sua teologia. Quando Calvino descreve o conhecimento de Deus como um conhecimento sobre Deus que evoca uma resposta de confiança, obediência e amor por Deus, ele está simplesmente ecoando o ensino da própria Escritura. Encontramos já no Antigo Testamento que o conhecimento de Deus não é mera posse de informações sobre Deus. É o reconhecimento dos direitos de Deus sobre nós. É o reconhecimento respeitoso e obediente do poder de Deus, da graça de Deus, das exigências de Deus. Conhecer a Deus é honrá-lo e fazer o que é justo e íntegro. Como Deus diz através do profeta Jeremias:

"Não se glorie o sábio na sua sabedoria... mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor, e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor". (9.23-24)

A implicação é que o Senhor se compraz no amor e na justiça não somente quando ele os pratica, mas também quando nós os praticamos. Então poderemos afirmar que realmente compreendemos e conhecemos a Deus.

O livro de 1 João no Novo Testamento dá ênfase ao mesmo ponto: “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (2.3-4). Portanto, a teologia da piedade de Calvino ressoa com a mensagem da própria Escritura. Pode-se realmente dizer que essa maneira pela qual ele procurou mostrar o valor das Escrituras na sua época não tem relevância em nossos próprios dias?
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* É professor de Teologia Sistemática no Calvin Theological Seminary, em Grand Rapids, Michigan. Esse texto é um excerto de uma palestra proferida no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper no dia 28 de agosto de 2003, traduzida pelo Rev. Alderi S. Matos, disponível na íntegra aqui

25 de nov. de 2016

O prejuízo da sinceridade excessiva

Por Daniel Santos
O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior.
(Provérbios 18.2)
Não é fácil discernir a verdadeira motivação de uma pessoa com respeito àquilo que faz, fala ou pensa. Na verdade, há situações em que nem mesmo a pessoa sabe porque fez o que fez. Esse provérbio apresenta uma excelente ferramenta para identificar insensatez ou tolice na atitude de alguém, a saber, o modo como valorizamos o ato de entender as coisas. Há duas ideias que são comparadas nesse provérbio: de um lado, o prazer no entendimento; do outro, o prazer em externar o seu interior. Externar o seu interior (literalmente, “tornar conhecido o seu coração”) pode ser entendido como um excesso de sinceridade ou de um desejo de colocar para fora aquilo que está no coração.
À primeira vista, parece não haver nada de errado com a atitude de ser demasiadamente sincero e transparente, não escondendo nada em seu coração. Entretanto, a sabedoria de Deus revelada nesse provérbio nos adverte que há maior benefício em buscar entender do que em revelar o que está no coração. Além disso, o provérbio classifica como insensato ou tolo aquele que prefere o excesso de sinceridade a laboriosa tarefa de entender o que se passa. A razão para tal preferência parece óbvia – colocar para fora aquilo que pensamos nos causa alívio; tentar entender o que se passa nos causa fadiga.
Diante disso, não temos como fugir da conclusão de que o prazer em externar o seu interior estará invariavelmente associado com o ato de falar demais, postar demais, curtir demais, blogar demais. Todas essas coisas são formas de externar o seu interior e quem as pratica é considerado insensato pela ótica bíblica. Quando o prazer de uma pessoa está no entendimento, ela se torna mais seletiva quanto ao que irá externar. Eis alguns exemplos de externar o interior que procedem de uma pessoa que ama o entendimento: o louvor, a confissão, a súplica, a gratidão, etc. Todas essas manifestações são fruto de um processo prévio de reflexão e entendimento daquilo que se passa.
Aplicação
O alívio de ter colocado para fora o que se pensa não paga a vergonha de ser chamado de tolo. Você já considerou a possibilidade de que o seu desejo excessivo de externar o seu coração pode causar aflição no coração dos que ouvem? 
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Post original aqui

5 de out. de 2016

Doutrina, Igreja e Vitalidade

Por Thomas Magnum

A visão puritana da vida cristã era uma teologia solidamente reformada que resultava na prática da piedade. Sem doutrina não há vitalidade na comunhão. Mas, de fato devemos reconhecer que existem muitas congregações que possuem até instrução teológica, mas, são apáticas, mornas e indiferentes em relação a prática da doutrina. Também temos congregações que são extremamente calorosas nos relacionamentos, mas, divorciadas da boa doutrina, da pura doutrina.

Temos então dois problemas comuns, que ocorrem com considerável “normalidade”. Ao ler os puritanos, percebemos que há uma preocupação em seus sermões e livros quanto a doutrina na prática da igreja. A ideia de que a teologia reformada deve ser apática acentuadamente racionalista (racionalista não é racional), eivada de paixão, amor a Deus, experiências afetivas com o Deus que é amor é no minimo estranho ao que lemos na história e na prática puritana da fé.

Estudantes de teologia tendem muitas vezes a associar a igreja a uma faculdade ou seminário, obviamente, a igreja deve ser ensinada doutrinariamente, mas, ali não é um centro acadêmico, onde o que mais interessa é a intelectualidade e submerge a vitalidade, a comunhão, o afeto, o culto, a fraternidade etc.

Na igreja os crentes devem ser instruídos na doutrina e essa instrução deve culminar na prática, na vida diária dos cristãos, na família, no trabalho, nos estudos e/ou em qualquer atividade exercida por cristãos regenerados.

Os dois casos que mencionei acima precisam ser pontuados.

1Igrejas que são doutrinadas não devem esquecer a comunhão, teologia e prática não são um hiato. Toda teologia ensinada na igreja deve resultar na transformação e amadurecimento dos cristãos e não o contrário.

2Igrejas fervorosas, fraternas, que gostam de proximidade entre os crentes, não devem ignorar o estudo das Escrituras, o conhecimento doutrinário. Esse fato é muito importante para uma igreja saudável: doutrina, adoração e comunhão, são basilares para a comunidade de fé.

Aqui chegamos então a um ponto importante na questão, o pastor. Se o pastor não for esse canal de ensino e exemplo na teologia e na prática cristã, como teremos uma capilarização dessa práxis na igreja?

É sem dúvida necessário que o pastor seja um homem que tenha a capacidade intelectual para guiar o rebanho nas Escrituras. De fato, um teólogo, no sentido nato do termo. Um conhecedor da doutrina, um homem temente a Deus e que não negocia a teologia saudável, que sabe que o alimento do rebanho será fundamental para o crescimento do mesmo. Obviamente, cada cristão tem sua responsabilidade individual para com sua própria vida espiritual, mas, o pastor é o responsável em alimentar esse rebanho. De fato em muitos lugares e denominações o pastor também administra a congregação local em vários aspectos, mas, devemos sempre lembrar que a sua principal tarefa é dedicar-se a oração e ao ministério da palavra (Atos 6).

Essa vitalidade almejada por crentes sinceros, deve ser cultivada. O sólido ensino teológico deve ser dado as igrejas. Não por imposição implacável, mas, com amor e graça. Instruindo o rebanho no que está sendo feito. Por exemplo, pregar expositivamente é fundamental para o desenvolvimento da igreja em crescimento bíblico, mas, antes de “forçar” uma igreja a aceitar a pregação expositiva (visto que em muitos lugares há real resistência a esse tipo de pregação), ensine primeiro a igreja o que é a pregação. Como meio de graça, como ele se desenvolve nas Escrituras, o que as Escrituras dizem sobre pregar expositivamente.

Não acabamos aqui. Muitas igrejas tem teologia boa, mas, não são tão boas na comunhão, no envolvimento, no serviço. Sabemos que não há como o pastor transformar pessoas, e as vezes esse fato é muito duro para o pastor, quando não há cooperação e falta de comunhão, mas, o pastor também é exemplo para isso. Seu relacionamento com os membros e congregados, o acompanhamento pastoral, o ensino, as pregações são meios divinos para instrução na justiça.

Minha reflexão aqui se dá pela necessidade de termos igrejas que sejam bíblicas, com sólida educação cristã, pregação doutrinária e expositiva e também, comunhão, calor, amor, graça e misericórdia. A prática cristã comunitária, regida pela doutrina nos levam ao que nosso Senhor ensinou:

Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. João 17.17

12 de ago. de 2016

O Contencioso


Por Morgana Mendonça

Porque o evangelho não é uma doutrina de língua, mas, de vida”. O grande reformador João Calvino (1509-1564), consegue em poucas palavras, nos ensinar algo de extrema importância. Ele nos ensina sobre uma vida piedosa que retrata o evangelho da graça de Deus. A vida do cristão precisa, não apenas por palavras, e sim, por conduta, expressar a sã doutrina.

Tem sido um grande desafio viver uma vida que glorifique a Cristo. A comunidade evangélica tem enfrentado situações desafiadoras em todas as áreas, seja com questões culturais, ideológicas e até mesmo com relacionamentos interpessoais. Cada dia mais os relacionamentos virtuais têm sido alvo de grandes controvérsias. Perceber o quanto estamos longe de uma saudável convivência com o corpo de Cristo nas redes sociais é importante para destacar um ponto chamado contenda. Outra questão é perceber que as "contendas" criam dimensões gigantescas e trazem, não somente divisão, como adeptos a cada dia. No meio reformado, essa tem sido uma triste realidade que destoa com aquilo proposto na Escritura. Amantes das controvérsias, em torno de temas teológicos, produziram muitos teólogos "fakes" e "super-crentões". A Escritura nos diz claramente:

O que ama a contenda ama a transgressão; o que faz alta a sua porta busca a ruína.

Provérbios 17.19

Contenda é pecado! Amar a contenda é pecado, pecado esse que mina o coração e reflete um comportamento desprezível. Esse verso nos diz que: quem ama a contenda, ama o pecado. A contenda é um pecado que se encarrega de trazer outros pecados, como a maledicência, a ira, a maldade e o orgulho. O próprio verso mencionando em provérbios fala do orgulho, "aquele que faz alta a sua porta facilita sua própria queda". Em nossos dias, esse amor à contenda é visto de várias formas nas redes sociais, em páginas ou em grupos. Uma vitrine de contendas, relacionamentos destruídos e muitos bloqueados. Cristãos contenciosos, não seria uma questão trágica em nosso meio? A ânsia da defesa pública e da exposição teológica reformada, para que "likes" alimentem um ego enfermo. Um desejo ardente para oferecer a última palavra baseado em todo arcabouço da filosofia ou teologia, não é menos importante do que manter um relacionamento saudável com um irmão, que, por um detalhe, pensa diferente de você. 

A falsa piedade tem convencido a muitos com uma retórica de amor e zelo pela verdade, e ódio contra o pecado. Como disse, certa vez, um pastor reformado sobre suas percepções a respeito desses debates teológicos de Facebook: "A contenda se reveste de falsa piedade, quando o que realmente está acontecendo é amor ao pecado que Deus odeia". A glória de Deus, o bem ao próximo, o verdadeiro zelo pela Escritura estão longe dos debates teológicos das redes sociais, são poucos os que proporcionam realmente santo temor e paz entre os envolvidos. 

De fato, é necessário um exame das nossas motivações teológicas, um sondar das nossas intenções. Devemos questionar o propósito de tantas leituras, labor teológico e filosófico, de tanto conhecimento bíblico com um objetivo de apenas satisfazer o ego, e que, por fim, carece bastante de motivações genuinamente piedosas. Muitos outros pastores têm se posicionado contra essa realidade, trazendo a reflexão necessária sobre este desserviço à fé reformada. 

Aqueles que confessam a fé cristã reformada devem, em todos os âmbitos, manifestar o senso profundo e inequívoco do Soli Deo Gloria. Não devemos ter prazer nas contendas, nem muito menos em disputas teológicas. E isso não quer dizer que devemos abandonar o labor teológico, nem um debate saudável. Que o fim de se envolver nesse embate seja a glória de Deus, negando qualquer outra motivação que traga algum prejuízo na comunhão com os irmãos. O próprio reformador João Calvino não amava a disputa, nem a controvérsia, nem o falar contencioso. O alvo de Calvino era defender a fé com zelo, por amor às ovelhas de Cristo, para a glória de Deus. 

A verdadeira sabedoria é humilde e o pai da contenda é o orgulho. Que a nossa oração seja: concede-nos, ó Pai, uma inteligência em sincera humildade e pronta humilhação. A mistura de conhecimento e insensatez é chamada pelos gregos de sofomania, ou seja, o hábito de querer parecer sábio. Lembremos-nos do livro de provérbios, que diz, "o temor a Deus é o princípio da sabedoria" (Pv 1.7). Deixo aqui, nas palavras do apóstolo, um grande conselho:

E rejeita as questões tolas e desassisadas, sabendo que geram contendas; e ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, e que se desprendam dos laços do Diabo (por quem haviam sido presos), para cumprirem a vontade de Deus.

2 Timóteo 2.23-26

19 de fev. de 2016

Como ser uma mulher sábia

Por Luciana Barbosa

Vamos ter como base Provérbios 14:1 que o Senhor, amorosamente, deixou para nós:

"Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos."

Edificar significa construir, levantar, um lar não é apenas a casa, mas também meu marido e filhos. Quero ter uma casa bonita, atraente mas quero também ter meu marido e filhos felizes em um ambiente onde tudo combina, onde todos têm o mesmo objetivo: FAZER O OUTRO FELIZ.

Quando a Bíblia me diz que "toda a mulher sábia edifica a sua casa", vejo que o Senhor está me dizendo que a qualidade de vida dentro do meu lar vai depender de mim. O Senhor em Provérbios 31:27, ainda me diz que a mulher sábia "está atenta ao andamento da sua casa, e não come o pão da preguiça." Então, eu sou a pessoa que o Senhor escolheu, dentro da minha casa, para torná-la mais agradável para todos.

Se a edificação do meu lar me foi confiada por Deus, então  o que devo fazer para edifica-la?

1) Tenho que ter Deus como exemplo. E para aprender dEle, devo ler diariamente, a Sua Palavra, aprendendo para saber quais passos tenho que dar a cada dia e tê-lo como meu orientador; quando lemos a formação de Eva lemos que Deus deu a Adão uma auxiliadora (Gn.2.18-20), esta deve capacitar o macho a cumprir a sua humanidade na sua totalidade, assim como ele deve fazer com ela. Quando tomamos Deus como exemplo, percebemos em várias passagens Deus sendo nosso auxilio, vejamos:

Salmo 10.14: ‘Tu tens sido o defensor do órfão”; Davi orou (Sl.30.10): “Ouve, Senhor, e tem compaixão de mim; sê Tu, Senhor, o meu auxilio”; Sl.54.4: “Eis que Deus é o meu ajudador”; Sl.118.7: “O Senhor está comigo entre os que me ajudam”.

Perceba, Deus é o auxiliador, é Ele que habilita as mulheres a se tornarem mães, a serem portadoras da semente que por sua vez é a imagem e semelhança de Deus. Em suma, Deus coloca a mulher ao lado do seu marido, assim como Ele mesmo se coloca ao lado do seu povo e sendo assim, temos que ser sábias, pois, Deus é sábio.

2) Tenho que ser uma esposa e uma mãe equilibrada. E por equilíbrio não posso ser mais nem menos antes, estar no ponto certo, controlada, e isto, só posso conseguir, se Ele estiver controlando o meu coração.

3) Tenho que fazer a minha parte de apaziguadora do lar. Se vejo que está existindo desavenças, brigas ou alguma confusão, tenho que controlar a situação. Preciso ser um extintor e não um litro de querosene. Aqui acho que seja a parte mais difícil de um casamento, saber a hora de falar e ficar calada, promover a paz e não a guerra. Tranquilizar ou pacificar; fazer ficar tranquilo ou pacífico: Comedir; tornar um sentimento menos intenso.

4) Tenho que evitar certas coisas que possam destruir o meu lar. A amargura é uma delas. Este é um sentimento que pode destruir um lar. Um coração cheio de amargura é capaz de usar palavras que machucam, ferem, destroem, dilaceram, separam... Um ambiente cheio de ódio jamais poderá ser chamado de lar.

O "pão da preguiça" também faz parte das coisas que destroem um lar. Há mulheres que "não têm tempo" ou não se importam em cuidar da sua casa, dos filhos pelo fato de: Ela tem que ter tempo para as amigas, ela passa muito tempo no telefone, ela passa muito tempo na internet ou até mesmo na igreja, negligenciando assim sua casa (marido, filhos).

À guisa de conclusão, só uma mulher sábia pode se considerar a videira frutífera da qual o salmista fala:

“Sua mulher será como videira frutífera em sua casa; seus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da sua mesa.”
Sl.128.3

22 de out. de 2015

A Oração

Por Thomas Magnum


Ao falarmos de vida cristã, piedade e uma vida que busca aquele a quem a alma anseia, é impossível não falarmos de oração. A oração é mais do que um rito, ela não é meramente o cumprimento de uma norma sacra, a oração não é meramente o falar com Deus, orar, é estar com Deus, à oração nos leva a experiência graciosa de sua doce presença. R.C. Sproul certa vez disse que Deus nunca nos prometeu sentirmos sempre sua presença, mas, que estaríamos sempre em sua presença.

15 de out. de 2015

A Oração e o Estudo Teológico

Por Thomas Magnum

Orar é parte vital para uma vida cristã saudável. Um cristão que não alimenta uma vida de oração se priva de deliciar-se num manancial que Deus deu a seu povo. É comum quando estamos envolvidos com o estudo teológico negligenciarmos a oração, principalmente quando não compreendemos qual seu papel em nosso labor na teologia. Os afazeres, os compromissos, a agenda da igreja e das obrigações acadêmicas não podem ser uma pedra de tropeço para nossa vida de oração. Se temos tempo para nossas leituras devemos ter tempo para a oração.

3 de out. de 2015

A dificuldade de orar (E a solução)

Por Mark Jones
Oração não é fácil. Eu vejo que isso é verdade para mim, mas outros que têm meu respeito também dão testemunho da dificuldade de orar. Alguns indivíduos fazem parecer fácil; se eles passam horas por dia na tenda do encontro, provavelmente eles levam também o computador para lá.
Considere os seguintes testemunhos, que são cheios de pensamentos que, muito curiosamente, não são normalmente ouvidos quando as pessoas dão seus testemunhos públicos:

27 de ago. de 2015

Uma forma simples de encorajar seu pastor

Por Kevin DeYoung 

Eu  decidi escrever esse post agora, enquanto ainda tenho quatro semanas de férias de verão, para deixar claro que estou fazendo comentários genéricos sobre o ministério pastoral, não tentando receber mais elogios do meu rebanho. Eu sirvo em uma igreja muito boa, e nada nesse curto texto deve ser lido como qualquer tipo de reclamação indireta.

Esclarecimentos feitos, aqui vai uma coisa simples e muito importante que você pode fazer para encorajar seu pastor: diga a ele que você é grato por sua pregação.

26 de ago. de 2015

Quando o Certo Também Está Errado

Por Thiago Oliveira

- Texto base: Lucas 15.11-31

Introdução

Sem sombra de dúvidas a Parábola do Filho Pródigo é uma das passagens bíblicas mais conhecidas, e uma das que mais comovem os ouvintes. A história de um pai que recebe o seu caçula, após este ter envergonhado a honra da sua casa, sobretudo a sua, é um enredo que - quase sempre - é explorado com nuances pessoais e memórias afetivas que remetem a relacionamentos entre pais e filhos. Talvez, este seja o motivo que mais leve a uma abordagem e a uma compreensão equivocada desta passagem. Não devemos esquecer que Jesus sempre que contava uma parábola, tinha diante de si um determinado grupo de pessoas, e a estas tencionava transmitir um ensinamento. Não é diferente com a Parábola do Filho Pródigo. Identifiquemos o contexto, e assim, teremos uma compreensão que faça jus ao que Cristo estava ensinando para o seu público ouvinte.

11 de ago. de 2015

Reformados, Fariseus ou Gnósticos?

Por Thiago Oliveira

Os fariseus e os gnósticos foram inimigos de Cristo e de sua Igreja. Os primeiros, nos anos do ministério de Jesus foram os que mais tentaram calar o Salvador e tramaram inúmeras vezes tirar-lhe a vida. Também perseguiram os primeiros cristãos em Jerusalém, e não contentes com a dispersão destes de Jerusalém, mandavam seus lacaios para fechar as recém-formadas congregações. Um destes foi Paulo, convertido na estrada de Damasco quando estava indo perseguir os cristãos. Já os gnósticos, estes eram dissimulados e, infiltrados nas igrejas, destilavam o veneno da sua heresia, contaminando o rebanho do Senhor e ensinando aquilo que era oposto ao evangelho pregado pelos apóstolos. Paulo os rebateu algumas vezes em suas epístolas, sobretudo, escrevendo aos colossenses.

20 de jun. de 2015

A dupla purificação da piedade: Justificação e Santificação

Por Joel Beeke

Segundo Calvino, os crentes recebem de Cristo, pela fé, a “dupla graça” da justificação e santificação, as quais, juntas, provém uma dupla purificação. A justificação oferece pureza imputada; e a santificação, pureza atual.
Calvino define justificação como “a aceitação com que Deus nos recebe em seu favor como homens justos”. Ele segue dizendo que “posto que Deus nos justifica pela intercessão de Cristo, ele nos absolve não pela confirmação de nossa própria inocência, e sim pela imputação da justiça, para que, não sendo justos em nós mesmos, fôssemos reputados como tais em Cristo”. A justificação inclui a remissão dos pecados e o direito à vida eterna.

16 de jun. de 2015

Vivificados Para a Morte

Por Thomas Magnum

“Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria.”

Colossenses 3.5

“O que é central na mensagem cristã das boas-novas, o Evangelho para o mundo? Uma coisa somente, a morte redentora do Senhor Jesus Cristo”.

Francis Schaeffer

Ao lidarmos com a morte estamos tratando de algum tipo de separação, algum tipo de distanciamento necessário por algum motivo - seja ele evidente ou não. A morte física é a separação da nossa parte imaterial da nossa parte material; a morte espiritual é a separação de nosso ser interior, nossa alma, de Deus. Esse distanciamento de Deus nos destituiu da sua glória. Na sua glória existe vida e morte, a majestade e julgamento, o poder e a graça, santidade e luz. Mas as Escrituras não tratam apenas dos tipos de morte citadas acima, tratam também da morte do cristão, da mortificação de nossa natureza caída. E não é só isso, mas, como dizia Francis Schaeffer, trata da centralidade da morte.

1 de jun. de 2015

Jonathan Edwards e a Arrogância Espiritual

Por Pedro Pamplona

Nessas últimas semanas fui surpreendido na internet com dois vídeos curiosos que transbordavam arrogância em nome de Deus pela tela do meu notebook. Em um deles o “apóstolo” Agenor Duque testava seu próprio caráter diante de Deus e amaldiçoava seus críticos (Veja). No outro o cantor Thalles Roberto fazia algo parecido. De boné, óculos escuro, cheio de anéis de ouro nos dedos, chamando seus críticos de fariseus na maior arrogância, batendo no peito e dizendo que é homem de Deus e fazendo uma pose estranha no final pra mostrar os anéis, Thalles falou sobre seus projetos e pediu para descurtirem a página dele, caso não gostassem do seu trabalho (Veja).

15 de mai. de 2015

Confrontando com Amor

R.C. Sproul

Toda vez que eu leio os evangelhos, fico impressionado com o fato de como Jesus parecia encontrar-se em meio a uma controvérsia onde quer que ele fosse. Também fico impressionado com a forma como Jesus lidava com cada controvérsia de maneira diferente. Ele não seguia o exemplo de Leo “The Lip” DeRosier, o ex-gerente do New York Giants, tratando cada pessoa que ele encontrava da mesma maneira. Embora ele esperasse que todos “jogassem pelas mesmas regras”, ele pastoreava as pessoas de acordo com as necessidades específicas delas.

27 de fev. de 2015

Autoexame Honesto

 
Por A. N. Martin

Creio que o nosso medo de um auto exame obsessivo, manteve muitos de nós de círculos reformados afastados de um autoexame bíblico honesto. O que eu quero dizer com autoexame bíblico é uma obediência simples a tais passagens como 2 Co 13.5: "Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados". Obediência à exortação de II Pedro 1.10: "Procurai com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum". Outras passagens semelhantes podem ser encontradas pelo Novo testamento afora – "Não vos enganeis; não vos deixeis enganar; não se enganem". Eu falo da prática dessa obrigação bíblica.

Fica óbvio, portanto, como isso se encaixa na implicação do conceito calvinista de Salvação. Visto que as Escrituras declaram que todos aqueles que são verdadeiramente salvos são feitura de Deus (Ef. 2;10), então a pergunta que eu tenho de fazer é: "Será que eu fui o sujeito desta feitura?" A pergunta não diz respeito à sinceridade da minha decisão, ou da minha resolução, ou seja lá o que for que eu queira chamá-la. A pergunta não é: "O que é que eu fiz com relação a Cristo e a Sua salvação?" A pergunta essencial é a seguinte: "Fez Deus algo em mim?". A interrogação não deve ser, "Eu aceitei a Cristo?", mas sim, "Cristo aceitou-me?". A questão não é, "Encontrei ao Senhor?", mas antes, "Ele me achou?".

Um dos anciãos mestres em Israel costumava fazer duas perguntas àqueles que almejavam ser admitidos à Santa Ceia do Senhor, ou ao rol de membros da igreja. Primeiro: "O que fez Cristo por você?" Ele queria ver se eles entendiam a base objetiva sobre a qual Deus recebe pecadores. Ele queria ver se eles haviam entendido que os homens são aceitos perante Deus com base na obra de Jesus Cristo e mais nada. E, se ficasse claro para ele que eles não pensavam de nenhuma forma diferente, que eram aceitos por suas virtudes, pelo seu arrependimento, suas lágrimas, suas obras, porém somente com base nos méritos de Cristo, então ele lhes fazia a segunda pergunta: "O que é que Cristo operou em você?" Você sabe o que Ele fez por você, agora a minha pergunta é, o que Ele operou em você? Ele fazia esta pergunta porque entendia a existência da terrível possibilidade de uma pessoa vir a ter uma compreensão intelectual do que Cristo fez pelos pecadores, e ainda assim ser totalmente estranho à obra poderosa que Ele realizou nos pecadores.

Eu gostaria de propor algumas perguntas para que cada um avalie sua própria consciência.

Primeiro: "Você foi trazido ao ponto de enxergar sua própria corrupção no pecado, de modo que as primeiras duas bem-aventuranças são verdades para você?". As únicas pessoas no mundo que são verdadeiramente abençoadas são aquelas que foram trabalhadas pelo Espírito, de forma que essas proposições não lhe são mais estranhas: "Bem-aventurados são os pobres de espírito, pois deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados". Como é que Deus faz os homens serem verdadeiramente bem-aventurados, verdadeiramente felizes? Em primeiro lugar, Ele faz com que eles sintam tristeza ao terem um senso de seu próprio empobrecimento num estado de pecado. O que é pobreza de espírito? Seria algum tipo de tentativa pseudo-pietista de convencer a mim mesmo que eu sou um verme miserável e um trapo? De jeito nenhum! Pobreza de espírito é o resultado de apenas ter tido um vislumbre daquilo que você realmente é, e ver que você não é nada e não tem nada e não pode fazer nada, só isso pode recomendá-lo à graça e ao poder salvador de Deus; é o resultado da convicção de que Ele poderia fazer de você um monumento eterno da Sua ira justa, e deixar você perecer no fogo eterno. Você foi trazido a um conhecimento experimental disso? Se não foi, eu duvido que você afirme ser Cristo o seu Salvador, pois Ele disse que não veio para chamar o justo, mas sim pecadores ao arrependimento. Os pobres de espírito foram feitos conscientes de sua depravação e pecado.

É possível ter a doutrina da depravação total como um conceito teológico, e continuar sendo tão mau, orgulhoso e auto-justificado quanto o diabo. Você já experimentou um despojamento interior que o levou à pobreza de espírito? Foi levado a um lamento santo? A um reconhecimento de que o seu pecado é contra o Deus soberano? Você já foi trazido ao ponto em que você odeia tanto o seu pecado a ponto de largá-lo e juntar-se a Cristo? Um antigo escritor colocou essa questão de uma forma muito bela: "Quando o espírito Santo inicia o acorde da graça na vida de um homem, ele sempre orienta aquele acorde para a nota mais baixa". Ele começa com a nota mais baixa da convicção, a revelação da nossa necessidade do Salvador. Será que eu já enxerguei que, a menos que Ele inicie a obra, ela jamais será feita?

A próxima pergunta que eu faria é a seguinte: "Eu dou evidência do fruto da Sua obra?". E qual seria a evidência positiva e inegável de que Deus tem trabalhado em mim? Eu diria sem medo algum de contradição, à luz das Santas Escrituras, que essa evidência é santidade bíblica. O que conhecemos como os Cinco Pontos do Calvinismo estão revestidos de uma forma negativa e podem ser enganosos de uma certa maneira. No entanto, nós não podemos mudar o curso da história, e assim os Cinco Pontos do Calvinismo chegaram a nós e temos que aprender a conviver com eles. Tome como exemplo os quatro últimos pontos — eleição incondicional, expiação limitada, chamada eficaz de Deus e a perseverança dos santos, de todos aqueles que Ele chamou para se unirem ao Seu Filho: Qual é o ponto focal de todos eles? Em última análise, o ponto focal de todos eles, evidentemente, é a demonstração da glória de Deus, da graça de Deus sobre a qual lemos em Efésios 1; mas olhando o foco imediato, como é que essa glória é demonstrada? Por quais meios? Quando Deus toma criaturas totalmente depravadas e faz delas homens e mulheres santas em cujas pessoas se pode ver a exata semelhança do Filho de Deus, qual é o alvo da eleição? Efésios 1:4 nos diz: "assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele". Ele nos elegeu para que nos gloriássemos em nossa eleição? Não! Antes "... devemos ser santos e irrepreensíveis perante Ele". É uma eleição para santidade! Qual é o alvo da obra redentora de Cristo? Ouça o testemunho de Tito 2:14: "o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras". Ele morreu para ter um povo santo "zeloso de boas obras".

Isso também ocorre com a chamada eficaz de Deus, "Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor" (I Cor. 1:9). "Chamados a uma vida de compartilhar uma comunhão viva e real com Cristo!" "Porquanto Deus não nos chamou para impureza e sim para santificação" (I Tess.4.7).

E ainda há a preservação e perseverança dos santos. É uma perseverança nos caminhos da santidade e obediência, pois as Escrituras dizem: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Heb.12.14). "Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:31,32). Assim, onde quer que toquemos qualquer parte da estrutura da sotereologia calvinista, tocamos na veia viva do propósito de Deus de ter um povo santo.

Predestinados para qual fim? "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu filho" (Romanos 8:29). Se é assim, então eu tenho que fazer uma pergunta sobre mim mesmo: o propósito eletivo de Deus está sendo realizado em mim? Ele me escolheu em Cristo a fim de que, tendo sido comprado no tempo e chamado no tempo, possa começar a ser santo no tempo, e ter esta obra aperfeiçoada na eternidade. A única certeza que eu tenho de que fui comprado para ser santo, e serei aperfeiçoado em santidade, é que eu esteja buscando a santidade, e a esteja buscando aqui e agora. Em essência, santidade é conformidade à vontade revelada de Deus em pensamento, palavra e ação, pelo poder do Espírito Santo e através da união com Jesus Cristo. Santidade, piedade, estas são as evidências de que o Seu propósito eletivo veio a existir e a frutificar e se expressa na obediência. É por isso que João pode dizer em I João 2:5: "Aquele, entretanto, que guarda a Sua Palavra, nele, verdadeiramente tem sido aperfeiçoado o amor de Deus". O propósito para o qual as pessoas foram designadas é preenchido naquelas que guardam a Palavra de Deus. Existe clara evidência de que estou experimentando comunhão com Jesus Cristo através da Sua Palavra? Porque Ele me chamou à comunhão com Ele, e se eu fui chamado eficazmente então já não sou estranho a um conhecimento experimental do Senhor.

Eu confesso que estou sendo preservado pelo poder mantenedor de Deus? Então a Sua preservação deve transparecer na minha perseverança. É a única prova que eu tenho de que ele me preserva e que por Sua graça eu sou capacitado a perseverar.

Esta é a implicação prática da sotereologia calvinista. Ela coloca perguntas tais que me trazem ao contexto inteiro de um honesto auto-exame baseado na Palavra. John Bunyan não poderia estar mais certo quando escreveu aquela parte na sua obra imortal, O Peregrino, onde descreve como Cristão e Fiel entram em contato com um homem chamado Tagarela (Loquaz).1 Eu faço um apelo intenso para que leiam cuidadosamente aquele diálogo. Ele mostra o reconhecimento que Bunyan possuía sobre a existência da convicção intelectual de que somente Deus pode salvar pecadores, e que a salvação é uma obra em que Deus salva pecadores, mas a questão real é a seguinte: Será que houve uma aplicação experimental dessa verdade, com poder, ao meu próprio coração e à minha própria vida?

Há mais ou menos um ano, um jovem formando de um Seminário veio conversar comigo sobre algumas questões que o estavam perturbando a respeito do meu próprio ministério. Ele me fez a seguinte pergunta: "Sr. Martin, eu quero lhe fazer uma pergunta simples. O Sr. crê que tem um chamado para viajar ao redor do país transtornando as pessoas?" Eu respondi: "O meu chamado não é para sair pelo país afora transtornando as pessoas, todavia eu sou chamado a declarar todo conselho de Deus; um aspecto a ser considerado é o princípio de que não é impossível ter forma de piedade no uso das palavras corretas e ainda assim se estar perdido e arruinado e ser um estranho à graça; pois a Escritura diz: 'Porque o reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder'. Paulo disse: 'O nosso Evangelho não foi pregado em palavra somente, mas em poder e no Espírito Santo e com muita ousadia'. Enquanto Mateus 7:21-23 estiver nas Sagradas Escrituras, e enquanto eu tiver voz, eu continuarei a proclamar aos ministros e aos ministros em potencial, e a cristãos professos que muitos dirão naquele dia 'Senhor, Senhor', aos quais Cristo dirá, 'Apartai-vos de mim. Nunca vos conheci'".

Eu jamais vou querer ser um instrumento inconsciente do diabo a fim de desestabilizar a fé de um verdadeiro filho de Deus, que pode ser como os seguintes personagens de Bunyan: o Sr. Prestes a Tropeçar, o Sr. Timidez, ou o Sr. Consciência Fraca [1] – homens que têm problemas com a certeza da salvação e que estão em dúvida e têm falhado. Eu jamais gostaria de ser um acusador de irmãos, para destruir ou ferir a fé de um verdadeiro cristão. Mas eu também não seria um cachorro mudo, que se cala sobre a questão de que não basta se ter herdado uma forma de doutrina, seja ela calvinista ou arminiana. A questão é a seguinte: Se a salvação vem do Senhor, será que Ele começou uma obra em mim? Eu afirmo que estas doutrinas aplicadas ao coração levarão a um autoexame bíblico, honesto.

[1] O Peregrino - John Bunyan. 
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Transcrito do Livro "As Implicações Práticas do Calvinismo"; Editora Os Puritanos.

25 de set. de 2014

A Piedade e a Igreja


Por Joel Beeke

pietas de Calvino não subsistia à parte das Escrituras ou da igreja. Pelo contrário, era fundamentada na Palavra e nutri­da na igreja. Embora tenha rompido com o absolutismo da Igreja de Roma, Calvino tinha um elevado ponto de vista sobre a igreja. "Se não preferimos a igreja a todos os outros objetos de nosso in­teresse, somos indignos de ser contados como membros da igreja", ele escreveu.

Agostinho dissera: "Aquele que se recusa a ter a igreja como sua mãe não pode ter a Deus como seu Pai”. Calvino acrescentou: "Não há outra maneira de entrarmos na vida, se esta mãe não nos conce­ber em seu ventre, der-nos à luz, alimentar-nos em seu seio e, por último, não nos manter sob os seus cuidados e orientação, até que, despidos desta carne mortal, nos tornemos como os anjos". À parte da igreja, há pouca esperança de perdão dos pecados ou salvação, Calvino escreveu. Sempre é desastroso deixar a igreja.1

Calvino ensinava que os crentes estão enxertados em Cristo e sua igreja, pois o crescimento espiritual ocorre na igreja. A igreja é a mãe, educadora e nutridora de todo crente, visto que o Espírito Santo age na igreja. Os crentes cultivam a piedade por meio do Espí­rito Santo mediante o ministério de ensino da igreja, progredindo da infância espiritual à adolescência e à maturidade em Cristo. Eles não se graduam na igreja enquanto não morrem.2 Essa educação vitalícia é oferecida numa atmosfera de piedade genuína, uma at­mosfera na qual os crentes cuidam uns dos outros em submissão à liderança de Cristo.3 Essa educação encoraja o desenvolvimento dos dons e do amor uns dos outros, uma vez que somos "constrangidos a receber dos outros".4

crescimento na piedade é impossível sem a igreja, porque a piedade é fomentada pela comunhão dos santos. Na igreja, os cren­tes "se unem uns aos outros na distribuição mútua dos dons". 5 Cada membro tem o seu próprio lugar e dons para serem usados no corpo.6 Idealmente, todo o corpo usa esses dons em simetria e propor­ção, sempre reformando e desenvolvendo em direção à perfeição.7

A PIEDADE DA PALAVRA

A Palavra de Deus é central ao desenvolvimento da piedade no crente. A piedade genuína é uma "piedade da Palavra". O modelo relacional de Calvino explica como.

A verdadeira religião é um diálogo entre Deus e o homem. A parte do diálogo que Deus inicia é a revelação. Nisso, Deus vem ao nosso encontro, fala conosco e se nos torna conhecido na pre­gação da Palavra. A outra parte do diálogo é a resposta do homem à revelação de Deus. Essa resposta, que inclui confiança, adoração e temor reverente, é o que Calvino chama de pietas. A pregação da Palavra nos salva e nos preserva, enquanto o Espírito nos capaci­ta a apropriar-nos do sangue de Cristo e responder-Lhe com amor reverente. Por meio da pregação de homens dotados de poder pelo Espírito Santo, "a renovação dos santos se realiza, e o corpo de Cris­to é edificado", disse Calvino.8

A pregação da Palavra é o nosso alimento espiritual e o remédio para nossa saúde espiritual. Com a bênção do Espírito, os pastores são médicos espirituais que aplicam a Palavra à nossa alma, assim como os médicos terrenos aplicam remédio ao nosso corpo. Com a Palavra, esses médicos espirituais diagnosticam, prescrevem remédios e curam doenças espirituais naqueles que estão contaminados pelo pecado e pela morte. A Palavra pregada é um instrumento para curar, limpar e tornar frutífera nossa alma propensa a enfermidades.9 O Espírito, ou "o ministro interior", desenvolve a piedade usando o "ministro exterior" na pregação da Palavra. Con­forme disse Calvino, o ministro exterior "proclama a palavra falada, e esta é recebida pelos ouvidos", mas o ministro interior "comunica verdadeiramente a coisa proclamada... que é Cristo".10

Para desenvolver a piedade, o Espírito usa não somente o evan­gelho para produzir fé no profundo da alma dos seus eleitos, como já vimos, mas também a lei. A lei promove a piedade de três maneiras:

1. A lei restringe o pecado e promove a justiça na igreja e na socie­dade, impedindo que ambas cheguem ao caos.

2. A lei disciplina, educa, convence e nos move de nós mesmos para Jesus Cristo, o fim e o cumpridor da lei. A lei não pode nos levar a um conhecimento salvifico de Deus em Cristo. Pelo contrário, o Espírito Santo usa a lei como um espelho para nos mostrar nossa culpa, nos privar da esperança e trazer-nos ao arrependimento. Ela nos conduz ànecessidade espiritual que gera a fé em Cristo. Esse uso convencedor da lei é essencial à pie­dade do crente, pois impede a manifestação da justiça própria, que é inclinada a se reafirmar até no mais piedoso dos santos.

3. A lei se torna a norma de vida para o crente. "Qual é a norma de vida que Deus nos outorgou?" Calvino pergunta no catecismo de Genebra. E responde: "A sua lei". Posteriormente, Calvino disse que a lei "mostra o alvo que devemos ter em vista, o objetivo que devemos perseguir; e que cada um de nós, de acordo com a medida de graça recebida, pode se esforçar para estruturar sua vida em harmonia com a mais elevada retidão e, por meio de es­tudo constante, avançar cada vez mais, ininterruptamente.ll

Calvino escreveu a respeito do terceiro uso da lei na primeira edição de suas Institutas: "Os crentes... se beneficiam da lei porque dela aprendem mais completamente, cada dia, qual é a vontade do Senhor... Isto é como se um servo, já preparado com total disposi­ção de coração para se recomendar ao seu senhor, tivesse de des­cobrir e considerar os caminhos de seu senhor, para se conformar e se acomodar a estes. Além disso, embora sejam impulsionados pelo Espírito e mostrem-se dispostos a obedecer a Deus, os crentes ainda são fracos na carne e prefeririam servir ao pecado e não a Deus. Para a nossa carne, a lei é como uma chicotada em uma mula ociosa e obstinada, uma chicotada que a faz animar-se, levantar-se e dispor-se ao trabalho".12

Na última edição das Institutas (1559), Calvino é mais enfático a respeito de como os crentes se beneficiam da lei. Primeiramente, ele diz: "Este é o melhor instrumento para os crentes aprenderem mais completamente, a cada dia, a natureza da vontade do Senhor, a qual eles aspiram, e para confirmá-Los no entendimento dessa vontade". Em segundo, a lei faz o servo de Deus, "por meio de me­ditação freqüente, ser despertado à obediência, ser fortalecido na lei e restaurado de um caminho de transgressão". Calvino conclui que os santos devem prosseguir desta maneira, "pois o que seria menos amável do que a lei, com importunações e ameaças, atribular as almas com temor e as afligir com pavor?"13

O ponto de vista que considera a lei primariamente como um guia que estimula o crente a apegar-se a Deus e a obedecer-Lhe ilustra outra instância em que Calvino difere de Lutero. Para Lute­ro, a lei é primariamente negativa. Está ligada ao pecado, à morte e ao diabo. O interesse predominante de Lutero é o segundo uso da lei, o uso convencedor ― mesmo quando ele considerava o pa­pel da lei na santificação. Por contraste, Calvino entendia a lei como uma expressão positiva da vontade de Deus. Como disse John Hesselink: "O ponto de vista de Calvino podia ser chamado de deuteronômico, porque ele entendia que o amor e a lei não são contrários, e sim correlatos".14 Para Calvino, o crente segue a von­tade de Deus, não motivado por obediência obrigatória, e sim por obediência agradecida. Sob a tutela do Espírito, a lei produz grati­dão no crente; e esta conduz à obediência amorosa e à aversão ao pecado. Em outras palavras, para Lutero o propósito primordial da lei era ajudar o crente a reconhecer e confrontar o pecado. Para Calvino, o propósito primário da lei era levar o crente a servir a Deus motivado por amor.15

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Extraído do livro Vencendo o Mundo, Joel Beeke, Editora FIEL, pgs. 53-57
Notas:
1.Institutes. 4.1.1, 3-4. Ver também BEEKE, JoelR. Gloriouslhings of Thee Are Spoken: The Doctrine of the Church. In: KISTLER, Don (Ed.). Onward, christian soldiers: protestants affirm the church. Morgan, Pa.: Soli Deo Glory, 1999. p. 23-25.
2.Institutes.4.1.4-5.
3.Commentary, Salmos 20.10.
4.Commentary, Romanos 12.6.
5.Commentary, 1 Coríntios 12.12.
6.Commentary, 1 Coríntios 4.7.
7.Commentary, Efésios 4.12.
8.Commentary, Salmos 18.31; 1 Coríntios 13.12. Institutes, 4.1.5, 4.3.2.
9.Sermons ofM. John Calvin, on the Epistles ofS. Paule to Timothie and Titus (1579). L. T. (Trad.). Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1983. Comentário em 1 Timóteo 1.8-11. Daqui para frente a nota diráSermon e citará o texto bíblico. Reimpressão fac-símilar.
10.REID, J. K. S. (Ed.). Calvin: theological treatises. Philadelphia:
Westminster Press, 1954. p. 173. Ver também ARMSTRONG, Brian. lhe Role of the Holy Spirit in Calvin's Teaching on the Ministry. In: DEKLERK, P. (Ed.). Calvin and the Holy Spirit. Grand Rapids: Calvin Studies Society, 1989. p. 99-111.
11.BEVERIDGE, Henry; BONET, Jules (Eds.). Selected works of John Calvin: tracts and letters. Grand Rapids: Baker, 1983. 2:56,69. Reimpressão.
12.Institutes of the Christian religion: 1536 edition, p. 36.
13.Institutes. 2.7.12. Calvino extrai dos salmos de Davi grande apoio para esse terceiro uso da lei. Ver também Institutes 2.7.12 e Comentário no livro dos Salmos, Valter Martins (Trad.), Vol. 4. (São José dos Campos: Editora Fiel, prelo 2009).
14.HESSELINK, I. John. Law - lhird Use of the Law. In: McKIM, Donald K. (Ed.). Encyclopeadia of the reformed faith. Louisville:
Westminster/ John Knox, 1992. p. 215-216. Ver também:
- DoWEY JR., Edward A. Law in Luther and Calvin. Theology Today, 41.2 (1984).
- HESSELINK, I. John. Calvin's concept of the law. Allison Park, Pa.:
Pickwick, 1992. p. 251-262.
15.BEEKE, Joel; LANNING, Jay. Glad Obedience: The Third Use of the Law. In: KISTLER, Don. Trust and obey: obedience and the Christian. Morgan, Pa.: Soli Deo Gloria, 1996. p. 154-200.
- GODFREY, W. Robert. Law and Gospel. In: FERGUSON, Sinclair B.; WRIGHT, David F.; PACKER, J. I. (Eds.). New dictionary of theology. Downers Grove, 111.: InterVarsity Press, 1988. p. 379.