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10 de out. de 2016

Argumentos a favor do Amilenismo

Por Wayne Grudem

1. Quando olhamos para a totalidade da Bíblia, somente uma passagem (Apocalipse 20:1-6) parece ensinar o reino milenar terreno e futuro de Cristo, e essa passagem em si mesma é obscura. Não é sábio basear tão importante doutrina em uma passagem de interpretação incerta e amplamente controvertida.

Mas, como os amilenistas entendem Apocalipse 20:1-6? A interpretação amilenista vê essa passagem como referindo-se à presente era da igreja. A passagem é esta:

"E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos. Lançou-o no abismo, o qual fechou e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo. Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se completassem. Esta é a primeira ressurreição.Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos".

De acordo com a interpretação amilenista[1], a prisão de Satanás nos versículos 1 e 2 é a prisão que ocorreu durante o ministério terreno de Jesus. Ele falou sobre amarrar o valente a fim de poder saquear a casa (Mateus 12:29 - “Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa”) e disse que o Espírito de Deus estava presente naquele tempo em poder para triunfar sobre as forças demoníacas: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus” (Mateus 12:28). Semelhantemente, com respeito à destruição do poder de Satanás, Jesus disse durante o Seu ministério: "Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago” (Lucas 10:18).

O amilenista argumenta que essa prisão de Satanás em Apocalipse 20:1-3 tem um propósito específico: “para assim impedi-lo de enganar as nações” (v. 3). Isso, então, é o que aconteceu quando Jesus veio e o evangelho começou a ser proclamado não simplesmente aos judeus, mas, após o Pentecoste, a todas as nações do mundo. De fato, a atividade missionária mundial da igreja e a presença da igreja na maioria das nações do mundo ou em todas elas mostra que o poder que Satanás tinha no Antigo Testamento de “enganar as nações” e mantê-las nas trevas acabou.

Na visão amilenista, argumenta-se que, como João viu as “almas” e não os corpos físicos no versículo 4, essa cena deve estar ocorrendo no céu. Quando o texto diz que “eles ressuscitaram”, não quer dizer que ressuscitaram fisicamente. Isso possivelmente significa que eles simplesmente “viveram”, já que o verbo no aoristo ezesan pode facilmente ser interpretado como a afirmação de um evento que ocorreu por um longo período de tempo. Alguns intérpretes amilenistas, no entanto, tomam o verbo ezesan como significando que “eles vieram à vida” no sentido de vir a uma existência celestial na presença de Cristo e começar a reinar com Ele do céu.

Conforme essa visão, a expressão “primeira ressurreição” (v. 5) refere-se a ir para o céu para estar com o Senhor. Essa não é uma ressurreição corporal, mas uma ida à presença do Senhor no céu. De modo semelhante, quando o versículo 5 diz que “o restante dos mortos não voltou a viver até se completarem os mil anos”, isso é entendido como se eles não tivessem vindo à presença de Deus para juízo até o final dos mil anos. Assim, tanto no versículo 4 quanto no 5, a expressão “voltou a viver” significa ir para a presença de Deus. (Outra posição amilenista da “primeira ressurreição” é a que se refere à ressurreição de Cristo e à participação dos crentes na ressurreição de Cristo por meio da união com Ele).


2. O segundo argumento muitas vezes propostos em favor do amilenismo é o fato de que a Escritura ensina somente uma ressurreição, tanto os crentes como os descrentes serão levantados da morte, não duas ressurreições (a ressurreição de crentes antes de o milênio começar e a ressurreição de descrentes para o juízo após o fim do milênio). Esse é uma argumento importante, porque a posição pré-milenista requer duas ressurreições separada por um período de mil anos.

Evidência a favor de uma única ressurreição é encontrada em versículos como João 5:28-29, nos quais Jesus diz: “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”. Aqui Jesus fala de uma única “hora” em que tantos crentes como descrentes mortos sairão de suas tumbas (ver também Daniel 12:2; Atos 24:15).

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2)

“Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos” (Atos 24:15)


3. A idéia de crentes glorificados e de pecadores vivendo na terra juntos é muito difícil de aceitar. Berkhof diz: “É impossível entender como uma parte da velha terra e da humanidade pecadora poderá coexistir com uma parte da nova terra e de uma humanidade já glorificada. Como poderão os santos em corpos glorificados ter comunhão com pecadores na carne? Como poderão os santos glorificados viver nesta atmosfera sobrecarregada de pecado e em cenário de morte e decadência?”[2].


4. Se Cristo vem em glória para reinar sobre a terra, então como as pessoas ainda poderiam persistir no pecado? Uma vez que Jesus esteja realmente presente em Seu corpo ressurreto e reinando como rei sobre a terra, não parece altamente improvável que pessoas ainda O rejeitem e que o mal e a rebelião ainda cresçam na terra até o ponto de finalmente Satanás reunir as nações para a batalha contra Cristo?

5. Em conclusão, os amilenistas dizem que a Escritura parece indicar que todos os eventos mais importantes que ainda estão por acontecer antes do estado eterno ocorrerão de uma só vez. Cristo vai retornar, haverá uma só ressurreição de crentes e descrentes, o juízo final acontecerá, e o novo céu e a nova terra serão estabelecidos. Então, entraremos imediatamente para o estado eterno, sem qualquer milênio futuro.

***

NOTAS:

[1] - Aqui estou seguindo amplamente a excelente discussão de Anthony A. Hoekema, na obra Milênio: significado e interpretações, Robert G. Clouse, org. (Editora Cultura Cristã), p. 141-170.

[2] - Teologia Sistemática, p. 658.



Fonte: Wayne Grudem, Teologia Sistemática, Editora Vida. (Via Monergismo)

8 de jul. de 2016

Como será o corpo da ressurreição?

Por Luciana Barbosa

A confissão de fé de Westminster, a declaração de Savoy e a confissão de fé da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil respectivamente falam no capítulo sobre ressurreição o seguinte:

DO ESTADO DOS HOMENS DEPOIS DA MORTE E DA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

II - No último dia, os que se encontrarem ainda vivos não morrerão, mas serão transformados; e todos os mortos ressuscitarão com seus mesmos corpos, e não outros, ainda que com propriedades diferentes, os quais se unirão novamente às suas almas, para sempre. 1 ICo 15. 51-54; ITs. 4.15-17. ICo 15:35-49; ITs 4.16.

III - Os corpos dos injustos, pelo poder de Cristo, ressuscitarão para desonra; os corpos dos justos, pelo Seu Espírito, ressuscitarão para honra e para serem feitos semelhantes ao próprio corpo glorioso de Cristo. Dn 12.2; Jo 5. 28-29; At 24.15; Ap 20. 12-15. Fp. 3.20-21; IJo 3. 2-3.

Quando falamos em ressurreição somos levados a observar algumas interpretações errôneas que algumas pessoas fazem. Todos esses questionamentos tratam de algumas dúvidas quanto a garantia que nós temos que iremos ressuscitar. E principalmente a dúvida: teremos corpo ou não? Vamos tentar responder todos esses questionamentos tendo por base as Escrituras.

Que garantia nós temos que iremos ressuscitar? 

O apóstolo Paulo escrevendo a igreja de coríntios nos diz que se os mortos não ressuscitarem todo o evangelho é sem valor. “ E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”. (1Co.15.14). A nossa maior garantia está na pessoa de Cristo que é o centro da nossa ressurreição, isto é, se Cristo ressuscitou, assim nós ressuscitaremos. As Escrituras nos mostram duas certezas para tal afirmação: A semelhança da ressurreição de Cristo e a onipotência de Deus. Textos que nos mostram isso: 1Co.15:51-54; 1Co.15:35-49; 1Co.15:14-19. Uma vez ressuscitados, vemos outra questão.

Como será nosso corpo? 

Aqui temos outras dúvidas, tais como: Teremos um corpo? Ou seremos “Gasparzinhos”, uma alma flutuante? Desde já afirmo que muitos cristãos creem dessa forma. No entanto, teremos um corpo e Calvino vai dizer que “o corpo que morre é semente do corpo da ressurreição” ( capitulo XXV das institutas, livro 3). Isto quer dizer que seremos ressuscitados com os mesmos corpos e não outros, como também afirmam as confissões de fé citadas no início.

Tendo Jesus como exemplo e garantia da nossa ressurreição, observamos nas Escrituras que Cristo ressuscitara com o mesmo corpo. No entanto, glorificado, que podia ser tocado e ao mesmo tempo podia atravessar paredes e, aqui abro um parênteses: essa parte é mistério, como ele atravessava parede não sei, porém, ele atravessava. Será o mesmo corpo e, aqui encontra-se outra dificuldade, pois, alguns cristãos esperam ter um outro corpo, outro cabelo, outra cor, ser mais alto, mais magro, mais gordo e por aí vai... Sinto muito ser estraga prazeres lhe dizendo que a Bíblia não nos da base para tais aspirações.

Da mesma forma que o corpo de Cristo era um corpo literal, real (Lucas 24.39), físico ou reconhecível (Lucas 24.31; João 20.16) e poderoso (João 20.19), assim será o nosso corpo. Os dez discípulos também reconheceram a Jesus quando Tomé estava ausente, reconheceram por suas feridas, nas mãos e nos pés. Também Ele comeu na presença deles provando ter verdadeiramente um corpo glorificado que era real, físico e literal. Sim, teremos um corpo!


“E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então, eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um favo de mel, o que ele tomou e comeu diante deles” 


Lucas 24.37-43.


“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor”. 


 João 20.19-20.

“E não há por que espantar-se; pois seria a coisa mais absurda que os corpos que Deus consagrou como um templo seu perecessem na putrefação sem esperança alguma de ressurreição. Ora, se o juiz celestial de tal maneira dignifica com preclara honra essa nossa parte, que loucura leva o homem mortal a transformá-la em pó, sem qualquer esperança de restauração? E Paulo escrevendo aos coríntios nos exorta a levar o Senhor tanto no nosso corpo como em nossa alma, porque um e outro são de Deus” (João Calvino).

Diante dessas passagens e como vimos que nossa ressurreição é a semelhança a de Cristo, afirmamos categoricamente que iremos ressuscitar no mesmo corpo, entretanto, corpo este incorruptível, sem pecado, glorioso, em suma, com propriedades diferentes.

16 de nov. de 2015

O Messianismo Político: a errada busca da redenção pelo Estado

Por Thomas Magnum

É interessante o fato de todas as vezes que um país atravessa crises políticas o povo desperta interesses por dois campos de conhecimento que são importantes para o gerenciamento de um país: Administração pública e Economia. Em face de como somos afetados diretamente pelos problemas ocorridos nesses âmbitos há uma valorização e demanda por conhecer melhor essas áreas. Por isso temos uma grande procura por sites de notícias voltados para política e economia, um acompanhamento maior de noticiários voltados a esses campos e os problemas que envolvem ambos e também a venda e compra de periódicos voltados as áreas de negócios, política e economia em geral ou com alguma segmentação específica atendendo a um mercado plural e repartido que busca informação desesperadamente e claro à medida que busca essa informação gera acréscimos ao mercado, notícia é mercadoria, é produto.

26 de set. de 2015

O que a Bíblia diz sobre a vida eterna?

Por Ericson Martins

Todos os crentes em Jesus Cristo recebem a promessa da vida eterna, a qual é uma dádiva de Deus (Jo 10:28; Rm 6:23; 1 Jo 5:11). Mas o que é a “vida eterna” e como a Bíblia a descreve?

Falar sobre eternidade é difícil, primeiramente porque compreendemos a vida dentro dos limites do tempo, em segundo lugar, porque não a conhecemos enquanto estamos dentro de tais limites. Entretanto, o ensino bíblico sobre a vida eterna nos faz pensar além e nos ajuda entender esse que é um assunto fundamental para a fé cristã.

17 de mai. de 2015

O Sermão Escatológico de Cristo (2/2)

Por Thiago Oliveira
A Grande Tribulação ou A Queda de Jerusalém (Mt 24: 15-21)
Devemos lembrar que o discurso de Jesus tem por base o questionamento duplo feito pelos discípulos. De início sua resposta tenta corrigir o equívoco de seus interlocutores, que achavam que a parousia aconteceria logo após a destruição de Jerusalém, por isso vai falar que o que está para acontecer com Jerusalém e também outros eventos no decorrer da história são apenas o começo das dores. 

16 de mai. de 2015

O Sermão Escatológico de Cristo (1/2)

Por Thiago Oliveira

O capítulo 24 do Evangelho segundo Mateus registra as falas de Jesus acerca do fim dos tempos. Todavia, Jesus ali também fala da destruição de Jerusalém que aconteceria ainda naquele século, como de fato aconteceu no ano 70 d.C., quando os romanos - liderados por Tito - invadiram e assolaram a Cidade de Davi. Se tratando de um texto escatológico, a controvérsia se faz presente nos círculos teológicos. Poucos textos geram tantos debates e interpretações como Mateus 24 (cf. Mc 13 e Lc.21). O que contribui para que haja alguns desacordos interpretativos é a presença do linguajar figurativo, tão comum da profecia judaica.

4 de fev. de 2015

A Marca da Besta e o significado do 666


Diante de certa histeria vista na internet esses dias, com mais uma notícia de um Chip que seria a marca da besta, esse trecho do sermão do Reverendo Leandro Lima é bem oportuno para gerar esclarecimento. Assista!


25 de jan. de 2015

Uma Noite de Escatologia (3/3)


Um excelente debate que aconteceu na Igreja Batista de Parquelândia -CE, em parceria com a Escola Charles Spurgeon sobre as linhas escatológicas. Os Reverendos Augustus Nicodemus e Gaspar de Souza estão em defesa do amilenismo. O Rev. Felipe Sabino em defesa do pós-milenismo e o Pr. Antônio Neto em defesa do pré-milenismo. O debate foi longo e por isso dividido em 3 partes. Eis a terceira e última.

24 de jan. de 2015

Uma Noite de Escatologia (2/3)


Um excelente debate que aconteceu na Igreja Batista de Parquelândia -CE, em parceria com a Escola Charles Spurgeon sobre as linhas escatológicas.  Os Reverendos Augustus Nicodemus e Gaspar de Souza estão em defesa do amilenismo. O Rev. Felipe Sabino em defesa do pós-milenismo e o Pr. Antônio Neto em defesa do pré-milenismo. O debate foi longo e por isso dividido em 3 partes. Eis a segunda.


23 de jan. de 2015

Uma Noite de Escatologia (1/3)


Um excelente debate que aconteceu na Igreja Batista de Parquelândia -CE, em parceria com a Escola Charles Spurgeon sobre as linhas escatológicas. Os Reverendos Augustus Nicodemus e Gaspar de Souza estão em defesa do amilenismo. O Rev. Felipe Sabino em defesa do pós-milenismo e o Pr. Antônio Neto em defesa do pré-milenismo. O debate foi longo e por isso dividido em 3 partes. Eis a primeira.

16 de out. de 2014

A Vinda do Inimigo

Por Leandro Lima
Poucos assuntos têm despertado mais a curiosidade das pessoas do que a manifestação do Anticristo. A Besta do Apocalipse figura entre as personagens mais enigmáticas e polêmicas da história. O número da Besta já fez que Holywood ganhasse muitos milhões de dólares em produções fantasiosas e especulativas. Poucas pessoas não se sentem atraídas por estas coisas. Mas afinal quem é o Anticristo? Será ele uma pessoa ou uma instituição? O que ele representa para os planos do maligno? E por que Deus permitirá sua manifestação?
Estudar sobre o Anticristo é tomar conhecimento sobre os planos de guerra do grande inimigo de Deus. É como se estivéssemos numa guerra e tivéssemos acesso aos planos secretos do inimigo. Por um lado ficamos impressionados com todo o mal que ele tem planejado contra o povo de Deus, e por outro, nos enchemos de coragem, pois já não seremos pegos de surpresa. Acima de tudo, estudar sobre o Anticristo nos leva a perceber a misericórdia, a graça e o poder do Senhor Jesus Cristo, que destruirá este inimigo com a sua vinda. A manifestação do Anticristo é um dos sinais mais decisivos em relação a Vinda de Cristo, pois ela antecede imediatamente a vinda de Jesus. Faz parte daquele grupo de sinais que indicam oposição contra Deus, e ao momento da apostasia que já foi estudado no capítulo anterior.
A palavra “Anticristo” aparece quatro vezes na Bíblia, todas nos escritos de João. Mas João não é o único a falar sobre o Anticristo. Paulo advertiu os crentes de Tessalônica que não deviam esperar a vinda do Senhor antes do aparecimento de um certo “homem da iniqüidade” (2Ts 2.3). Jesus falou sobre o “abominável da desolação” assentado no lugar santo (Mt 24.15). O profeta Daniel falou sobre um “chifre pequeno” que se estabeleceria e falaria insolências (Dn 7.7), e de um príncipe que há de vir que destruirá a cidade e o santuário (Dn 9.26). Falou ainda de um rei que se levantará e se engrandecerá sobre todo deus, e contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis (Dn 11.36-37). Portanto, a vinda deste personagem maligno é bastante prevista na Escritura.

A Consumação do Mal

Paulo explicou: “Irmãos, no que diz respeito à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor. Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição” (2Ts 2.1-3). A manifestação deste inimigo de Deus é a consumação da Apostasia que caracterizará os dias que antecederão a volta de Jesus.
A grande tribulação que redundará em extrema perseguição aos cristãos dará vazão à apostasia, pois os crentes nominais e mesmo aqueles que por interesse pessoal se infiltraram na igreja de Cristo, abandonarão a fé que professaram. Estes certamente seguirão o Anticristo, deixando receber a marca do seu nome. Neste tempo, haverá necessidade de perseverança como nunca houve, pois o homem da iniquidade, segundo Paulo, “se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2Ts 2.4). Ele não só persegue os seguidores de Deus, como se fará passar por Deus. Neste sentido ele é Anticristo, pois “anti” pode significar tanto algo contrário, como concorrente. Ele tanto se levanta contra Deus, como se faz passar por Deus. Desde os dias do Apóstolo Paulo, o mundo já vem sendo preparado pelas forças malignas, para a manifestação do grande inimigo do povo de Deus.
Paulo já dizia: “Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda” (2Ts 2.8-9). Paulo diz que alguma coisa tem detido a manifestação do Anticristo. Poucos textos têm dado mais elementos para discussão do que este1. A nossa opinião é a mesma de Calvino2: O que detém a manifestação do Anticristo é a pregação do Evangelho em todo o mundo3. O próprio Jesus disse que ela precisaria acontecer antes do fim (Mt 24.14).
Paulo diz que alguma coisa tem detido a manifestação do Anticristo. Certamente, o que detém o inimigo é o próprio Deus, que somente o deixará se apresentar no tempo certo. Paulo descreve ainda que o inimigo terá a sua disposição todo o poder do Diabo para enganar as pessoas:
"Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça" (2Ts 2.9-12).
Os milagres realizados pelo destruidor são sustentados pelo próprio Satanás, mas as pessoas acreditarão que sejam de origem divina.
Portanto, a vinda do Anticristo é a consumação das operações do mal em todos os tempos. O fato de ele aparecer apenas no fim do mundo aponta para uma realidade assustadora. Este mundo não progredirá até atingir graus de perfeição como muitos pensam, mas regredirá até os padrões mais baixos do mal que podem existir. Este mundo piorará até estar pronto para a vinda do filho da perdição. Isto nos faz entender que “dias melhores não virão”. Ao mesmo tempo, é possível ver nas movimentações globais que privilegiam o materialismo e destróem os pilares da família e do cristianismo, esforços monumentais para preparar o mundo para a vinda do Anticristo.

O Dragão e seus aliados

O livro do Apocalipse é o livro que contém mais informações sobre o Anticristo. No capítulo 12, João descreve uma batalha no céu. Dois exércitos lutam, e a luta é a mesma de sempre: o mal contra o bem. O bem vence e o mal perde seu posto naquele lugar onde o destino dos homens é estabelecido e dirigido. Quando ocorreu esta batalha? Na exaltação de Cristo, quando ele venceu seus inimigos, colocando-os debaixo de seus pés (Ef 1.20-22)4. Cristo por sua morte, ressurreição e ascensão pôs fim ao poder do Diabo, lhe tirando o status de acusador (Rm 8.33).
Quando o Dragão perdeu seu lugar de acusador por causa da obra de Cristo, só lhe restou a chance de perseguir diretamente a igreja. Note a ira com que ele desceu, sabendo que seu tempo é curto (12.12). Mas, a perseguição do Dragão é frustrada pela proteção divina. A mulher, que representa a igreja, é mantida longe do alcance do Dragão (1Jo 5.18). Ela é sustentada por Deus, como Israel foi no deserto com o maná (Palavra de Deus), por 1260 dias. Este tempo refere-se ao tempo completo da dispensação cristã5. De várias formas o Dragão tenta perseguir a igreja. Ele lança uma torrente de mentiras, de perseguições, de desilusões, de falsidades religiosas e filosóficas, de utopias políticas, de dogmas quase científicos; mas a verdadeira igreja vence todas estas coisas e permanece fiel graças à proteção divina. As pessoas mundanas, por outro lado, engolem o rio inteiro.
A primeira besta
Como se viu fracassado em seu propósito de impedir a vinda do descendente, o Dragão foi perseguir os descendentes da mulher individualmente, ou seja, os crentes individuais. Para isso ele foi buscar ajuda, chamando a besta do mar e a besta da terra6. O Dragão se colocou em pé sobre a areia do mar e chamou uma besta (Ap 12.17). Lentamente foi surgindo do mar um monstro horrível. Primeiro apareceram os chifres, depois o corpo todo. Ela se parece com um leopardo, mas tem pés de urso e boca de leão (Ap 13.1-10). Esses são exatamente os três animais vistos por Daniel no capítulo 7. Quem eram aqueles animais, segundo Daniel? Eram impérios mundiais. Talvez aqui esteja a pista para entender o que significam no Apocalipse. Note que a besta surge do mar. O mar na Bíblia representa as nações e seus governantes (Is 17.12; Ap 17.15). Portanto, esta primeira besta deve ser o poder político. É o domínio, seja através da democracia ou da ditadura, é a forma com que Satanás usurpadoramente controla este mundo, sendo de fato o seu príncipe (Mt 4.8-9).
Esta besta assume diferentes formas ao longo da história: Babilônia, Assíria, Medo-Pérsia, Grécia-Macedônia, Roma, Igreja Romana, Alemanha, União Soviética, Estados Unidos, Comunidade Européia, China, etc, pois todas são apenas expressões de seu poder. Sua ferida mortal também é fácil de entender, pois os impérios se levantam e caem, e sempre existe um novo império dominando o mundo. Por outro lado, essa ferida pode se referir também a um Império que foi destruído no passado e que pode voltar a dominar no futuro. No caso mais imediato, representava a perseguição de Nero que havia se suicidado, mas que voltava a toda força com Domiciano. Entretanto, cremos que a descrição mais ampla aplica-se ao próprio Anticristo. O tempo de perseguição infligido pela besta é quarenta e dois meses, que simbolicamente representam o período inteiro da dispensação cristã. Neste período os governos anticristãos blasfemam contra Deus e oprimem a igreja. A igreja deve suportar com paciência esta perseguição, sabendo que no fim, Cristo lhe assegurará a vitória.
A segunda besta
A segunda besta, que surge da terra, é uma imitação do Cordeiro de Deus (Ap 13.11-18). Em tudo ela se parece com algo bom, mas intimamente é um agente do diabo. Portanto, a segunda besta é a mentira de Satanás com aparência de verdade (2Co 11.14). Ela simboliza todos os falsos profetas em cada nova época que a igreja vive. Eles vêm disfarçados como ovelhas, mas interiormente são lobos vorazes (Mt 7.15). Cristo disse: “Levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos” (Mt 24.11). A segunda besta é a falsa religião que, de mãos dadas com o Estado, desvia as pessoas do Deus verdadeiro.
As duas bestas trabalham em perfeita cooperação, e serão os dois grandes instrumentos do Dragão. Elas são a sustentação do ministério maligno do “homem da iniqüidade”. Através do poder político e da religião, o Anticristo vai controlar toda a terra. Elas estão unidas e em alguns casos até aparentemente uma contra a outra, mas o objetivo é sempre o mesmo: enganar. Nos dias de João isto já acontecia. O sacerdote pagão defendia e dava seu apoio ao poder secular do estado em sua perseguição aos crentes. Os sacerdotes defendiam que “César era Senhor”, e recorriam até mesmo a embustes e pseudomilagres para enganar as pessoas, a fim de que adorassem a estátua do Imperador7. Mas, sejam falsos ou verdadeiros os sinais, a intenção é a mesma: “Enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mt 24.24).
O número da besta
O número da besta tem sido a fonte das maiores especulações ao longo da história. Alguns somam as letras de Nero, do papa, ou de algum outro líder político para chegar ao 666. Outros dizem que é o símbolo da maçonaria, da moeda americana, etc. Embora é verdade que a soma do número das letras do título Nero Cezar seja 666, e neste sentido, Nero realmente representava o domínio da Besta nos tempos do Apóstolo João (pois já nos tempos primitivos, não ser um adorador de César podia trazer sérios prejuízos para os crentes), a verdade é que a marca da besta sempre aparece junto com ela, e sempre esteve no mundo. Assim como o Apocalipse relata que os crentes foram selados com a marca de Deus (Ap 7.3), os ímpios são marcados com a marca do diabo. Esta marca é uma marca de propriedade, e todas as vezes que aparece no Apocalipse está conectada com o ato de adorar a besta (Ap 14.11; Ap 20.4). Como diz Hendriksen, “devemos lembrar que não somente gado, mas também escravos eram estigmatizados ou marcados. A marca significava que o escravo pertencia a seu senhor”8.
Então, ter a marca significa pertencer e adorar a besta, ou seja, ser um escravo dela. A marca é posta na mão direita e na fronte. A fronte simboliza a mente, o intelecto da pessoa, enquanto que a mão representa sua atividade física, sua ocupação, seu trabalho. Isso quer dizer que tanto a mente como as atitudes de alguém que possui a marca da besta são dirigidas para a besta e não para Deus. Não é preciso que seja uma marca literal, assim como a marca do batismo também não é literal. Uma marca literal seria fácil de ser identificada e talvez não surpreendesse ninguém. É provável que a marca da besta seja muito mais discreta e sutil. No nosso entendimento, a marca da besta em toda a história é o secularismo e a falsa religião que dominam a vida das pessoas. Ou seja, é o mundo como ele é.
A pessoa que tem a marca da besta é um filho deste mundo, que vive de acordo com o padrão, ou a forma deste mundo (Rm 12.2). Esta pessoa está contente com sua maneira mundana de viver. Quanto ao significado do número 666, podemos sugerir muitas hipóteses, como, por exemplo, o fato de o homem ter sido criado no sexto dia. Sete seria o número divino, e o seis apenas um abaixo, ou seja, é quase sete. O homem parece ser assim mesmo, ele sempre “quase chega lá”. E por que três seis? Talvez porque se três setes seriam o máximo da perfeição, três seis são o máximo da imperfeição, ou o falso mais próximo possível do verdadeiro. E por que o fato de alguém não possuir este número o impede de comprar ou vender alguma coisa? Antes de responder a esta pergunta, é preciso notar que o texto não diz que o crente não poderá desenvolver nenhum meio de sobrevivência. Será que nem plantar e colher será possível? E fazer negócios de compra e venda entre os próprios crentes? Possivelmente todas estas perguntas estejam erradas, exatamente porque seguem a linha de raciocínio errada.
Mas a solução pode ser mais simples do que se imagina. O que o texto está querendo dizer é que vai ficar cada vez mais difícil um crente sobreviver honestamente neste mundo. Se ele não faz parte do sistema, se ele não sonega, suborna, usa pesos e medidas falsos, e outros meios ilícitos que todos praticam, pode acabar ficando sem lucros, pois todos estão fazendo isso. Além do mais, se ele se recusa a fazer trabalhos ilícitos para os patrões, pode perder o emprego. E tudo vai piorar grandemente nos últimos dias. O crente que quiser permanecer fiel terá que se recusar a aceitar a marca do mundo (Ap 14.9-12).
Porém, além dessas considerações, não devemos descartar a possibilidade de haver uma marca física imposta pelo governo do Anticristo. A igreja deve ficar atenta a tudo o que acontecer. Mas não precisa se assustar com tudo o que circula pela internet ou é escrito em livros, que apontam para uma marca visível. Se permanecermos na Escritura não seremos engandos.
Quem é o Anticristo?
De certo modo, a Besta e o Anticristo não são o mesmo personagem. Até porque há duas bestas e só um Anticristo. As bestas são o sistema que Satanás usa para perseguir a igreja, seja através do Estado ou da falsa religião que dita as regras para a mentalidade mundana. A besta sempre esteve em atuação neste mundo, porém, no fim dos tempos, sua atuação será mais poderosa do que nunca. Mas, e onde se encaixa o Anticristo? Talvez ele esteja conectado com a cabeça ferida da besta que se levanta, ou seja, ele surge dela. De qualquer forma, ele será apenas o chefe do sistema que já existe (Ver 2Ts 2.1-12; 1Jo 2.18). Podemos até dizer que ele será uma espécie de personalização da Besta em sua forma mais poderosa e destrutiva que jamais houve nem haverá.
Já dissemos que a Besta simboliza todos os impérios mundiais anticristãos, e João descreve-a como sendo aquela que “era e não é” (Ap 17.8).
Pense na antiga Babilônia de Nimrod, na Assíria, na Babilônia de Nabucodonosor, na Medo-Pérsia, no império Greco-macedônio. O que aconteceu com estes impérios? Eram e já não são. Mas subitamente eles aparecem de novo na figura do Império Romano, e causam grande admiração nos homens. Mas, nenhum deles dura para sempre, pois quando um novo império se levanta “caminha para a destruição” (Ap 17.11). Há novos impérios hoje no mundo, e de certa forma, são apenas ressurreições de impérios anteriores. Mais cedo ou mais tarde todos caminham para destruição. Apocalipse 17.9 fala de sete reis. O texto diz: “Dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição” (Ap 17.10-11).
Quem são estes cinco reis que já caíram? Talvez seja uma referência à Babilônia Antiga, Assíria, Babilônia Moderna, Medo-Pérsia e Greco-Macedônia. Quem seria o rei que ainda vivia naquele tempo? Roma. O sétimo, portanto, seria um reino posterior a Roma. Talvez sejam todos os reinos entre Roma e o Antricristo, personificado no papado, na Otan, na URSS, nos USA, etc. De qualquer modo, o Anticristo é o oitavo rei. Neste sentido ele é a personalização da besta, pois é uma das cabeças dela. O mais impressionante é que o Anticristo será uma das cabeças que já existia. Qual? Qualquer resposta a princípio não passa de especulação.
Apocalipse 17.12-14 fala ainda de “dez reis”: “Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. Têm estes um só pensamento e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem. Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele”. Os dez reis simbolizam todos os reis que se aliarão à Besta e ao Anticristo para lutar contra o Cordeiro, mas serão derrotados. O mundo estará do lado do Anticristo, e perderá com ele. A derrota será na batalha do Armagedom.

A batalha do Armagedom

O Anticristo voltará toda sua força para perseguir os santos de Deus. Ele é a consumação do mal e tentará, de todas as formas, destruir o povo de Deus. Ele usará de todos os métodos para fazê-los negar ao seu Senhor. Quando se manifestar será o tempo de provação mais tenebroso que a igreja já enfrentou em todas as eras. O tempo da perseguição é limitado, e até mesmo “abreviado”, pois Jesus disse: “Nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais. Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mt 24.21-22). O que abrevia esses dias é a própria vinda do Senhor Jesus. No momento da sua vinda ele destruirá o iníquo com o sopro de sua boca e pela manifestação da sua vinda (2Ts 2.8).
Segundo o Apocalipse, o Anticristo será destruído na batalha do Armagedom. A palavra “Armagedom” vem do livro de Juízes capítulos 4 e 5. Naquele tempo, o povo de Deus era pequeno diante dos inimigos, mas na batalha que ocorreu no monte do Megido os inimigos de Israel foram derrotados. Portanto, o Armagedom é o símbolo de todas as batalhas, onde os crentes são inferiores aos seus inimigos, mas recebem livramento do Senhor. Quando seu povo é oprimido Deus intervém para libertá-lo e derrotar os inimigos. A maior destas batalhas acontecerá no momento da Vinda de Cristo. Quando seu povo estiver experimentando o auge da perseguição, o Senhor descerá do céu para livrá-los (Êx 3.7-8). Apocalipse 16.12-16 descreve um ajuntamento de reis e de exércitos sobre a liderança do Anticristo. Eles se reúnem para lutar contra o Senhor, e se ajuntam no lugar chamado Armagedom. A batalha do Armagedom é melhor descrita em Apocalipse 19.11-21 e 20.7-15. No capítulo 19 João vê o céu aberto e o Senhor Jesus montado no cavalo branco descendo seguido de todos os exércitos celestes (Ap 19.11-14). Um anjo chama as aves dos céus para um banquete (Ap 19.17-18). Na terra o Anticristo e seus aliados estão congregados, esperando pela batalha (Ap 19.19). Entretanto, a batalha é muito rápida. O inimigo é esmagado sem qualquer esforço por parte do Senhor. O Anticristo é lançado no Lago de Fogo, os homens que o seguiram são mortos, e as aves tiveram seu banquete (Ap 19.20-21).
A certeza que temos é que o grande inimigo do povo de Deus, o Anticristo, cairá na vinda de Jesus. Porém, durante o tempo que Deus lhe conceder para realizar seus planos malignos, ele será praticamente invencível. A igreja não poderá resistir ao seu poder, pois está escrito que terá poder para lutar contra os santos e os vencer (Ap 13.7). Mas quando a situação parecer insustentável para o povo de Deus, de repente se verá um sinal no céu, e como um relâmpago que sai do oriente e vai até o ocidente, o Senhor voltará com forte clangor de trombeta (Mt 24.27-30). Naquele momento o Anticristo será aniquilado, sem demora ou resistência, o Senhor simplesmente o esmagará, e libertará o seu povo.

A última tentativa do mal

Uma das questões que nos propusemos a responder neste estudo diz respeito ao porquê de Deus permitir a manifestação do Anticristo. Como já vimos, a Bíblia diz que algo o impede de se manifestar. Paulo explicou: “Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém; então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda” (2Ts 2.7-8). O “mistério da iniquidade” que já opera, refere-se ao movimento do mal no mundo. São os planos do maligno, os quais ele vem executando desde o início da criação, numa tentativa insana de vencer a batalha contra Deus. São planos misteriosos ou secretos, pois os homens não têm acesso a eles.
O inimigo age na espreita, oculto nas trevas, espalhando sua influência nefasta em toda a humanidade. Ele escraviza os poderosos e os miseráveis, faz com que todos sigam o curso do mundo que ele mesmo estabeleceu (Ef 2.2). Mas apesar de todo o mal que ele provoca, o fato é que ele não provoca toda o mal que podia provocar. E a razão disto é que algo o impede de agir livremente9. É nesse sentido que os Amilenistas entendem o aprisionamento de Satanás em Apocalipse 20.1-3. E também as próprias palavras de Jesus sobre sua atividade de “amarrar o valente” (Mc 3.27). Deus não tem deixado o inimigo agir livremente no mundo, mas parece que pouco tempo antes da vinda de Jesus, ele finalmente terá esta oportunidade. A vinda do Anticristo consumará todas as atividades malignas neste mundo. Será, num sentido, a última e a maior chance do mal. Deus permitirá que este inimigo finalmente se manifeste, numa espécie de encarnação maligna, para que fique bem claro que Deus é soberano. A manifestação do inimigo, ao invés de destruir os planos de Deus, na verdade segue os planos de Deus. E está nestes planos que ele seja destruído no momento da vinda de Jesus.
Concluindo, não sabemos quando o Anticristo se manifestará, mas bem pode ser que já esteja às portas. Todas estas transformações mundiais que têm acontecido no campo da economia, da tecnologia, da política, da religião e da moral, sugestionam que o mundo está sendo preparado para a vinda deste homem. Estritamente falando, talvez este seja o único dos sinais que apontam a vinda de Jesus que ainda não se cumpriu. Mas ao que tudo indica, não deve estar muito longe. Devemos ficar atentos, porém, não há motivos para sobressaltos, nem para atitudes desesperadas. Não devemos acreditar em tudo o que a imaginação das pessoas diz sobre o Anticristo ou sobre a marca da Besta. Confiantes em Deus, atentos, e diligentemente estudando sua Palavra, devemos viver em paz nesse mundo, pois o Senhor não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças (1Co 13.13).
 
1 Hendriksen sustenta que é o “poder do governo humano bem ordenado” (Ver William Hendriksen. 1 e 2 Tessaloniscenses, p. 268). Bruce simpatiza com a opinião tradicional: Império Romano. (Ver F. F. Bruce. Word Biblical Commentary, Volume 45: 1 & 2 Thessalonians, 2Ts 2.6 “Excursus on Antichrist”).

2 John Calvin. Commentary on the Second Epistle to the Tessalonian, 2Ts 2.6. Marshal também sustenta esta idéia (Ver I. Howard Marshall. 1 e 2 Tessaloniscenses, p. 234-235).
3 Cullmann critica as duas posições tradicionais que defendem que “o que o detém” seria o Império Romano ou um Anjo advindo das idéias mitológicas. Para ele, o que detém a vinda do Anticristo é a pregação do Evangelho aos gentios na pessoa do próprio apóstolo Paulo (Ver Oscar Cullmann. Das Origens do Evangelho à Formação da Teologia Cristã, p. 61-92).
4 Muitos estudiosos entendem que essa é uma batalha mítica, a semelhança de várias batalhas entre anjos e demônios das literaturas primitivas (Ver David E. Aune. Word Biblical Commentary, Volume 52b: Revelation 6-16, (Ap 12.7-9). É preferível pensar que esteja descrevendo, em termos simbólicos, como é próprio da literatura apocalíptica, a grande vitória de Cristo sobre os principados e potestades.
5 As expressões “um tempo, tempos e metade de um tempo”, “1260 dias”, “três anos e meio” referem-se a um mesmo período de tempo. É a dispensação cristã inteira desde a primeira até a segunda vinda. É um período muito longo, onde Satanás persegue a igreja.
6 Ver William Hendriksen. Mais que Vencedores, p. 175-181.
7 Ver William Hendriksen. Mais que Vencedores, p. 178.
8 William Hendriksen. Mais que Vencedores, p. 181.
9 Diversas teorias têm sido apontadas para explicar a enigmática expressão de Paulo “aquele que agora o detém”. A missão de Paulo, O Espírito Santo, o Império Romano, são algumas delas (Ver F. F. Bruce. Word Biblical Commentary, Volume 45: 1 & 2 Thessalonians, (2Ts 2.7). É mais provável que seja o ato divino de restringir o mal, e que será liberado quando Satanás for solto da prisão dos mil anos.

6 de out. de 2014

O Estado Intermediário

Por Franklin Ferreira

O estado intermediário refere-se à condição dos homens entre a morte e a ressurreição. A respeito dessa questão, a Escritura afirma que as pessoas na morte permanecem conscientemente vivas. O cristão aguarda a ressurreição final num estado consciente, na presença do Senhor.

Em 1Tessalonicenses 4.14, a palavra “dormir” é usada de maneira figurada para falar dos mortos. Não obstante, Jesus os trará consigo quando ele vier. Isso quer dizer que, agora, eles estão no céu com ele, conforme Filipenses 1.23, que diz que, ao sair da terra, o crente estará com Jesus. Em Apocalipse 6.9 e 20.4, temos uma referência clara a mártires que foram assassinados e que já desfrutam da benção de estar diante de Deus, antes da ressurreição final.

Não temos na Escritura uma descrição completa da natureza dessa comunhão com cristo após a morte, mas, “uma vez que não estaremos mais no corpo, deveremos ser libertos dos sofrimentos, imperfeições e pecados que afligem a vida presente”. Tendo considerado nossa glorificação anteriormente, somos lembrados agora que esta não se completará até que tenha acontecido a ressurreição do corpo. Por causa disso, a condição dos crentes, no estado intermediário, “é uma condição de ser incompleto, de antecipação, de felicidade provisória”. [1]

Essa doutrina se relaciona com outros aspectos da escatologia individual. O ensino sobre esse estado não deve ser separado do ensino sobre a ressurreição do corpo e sobre a renovação da criação. Aguardamos uma existência eterna e gloriosa com Cristo após a morte, uma existência que culminará na ressurreição.

Portanto, o estado intermediário e a ressurreição devem ser considerados como dois aspectos de uma esperança única. Esse ensino nos lembra que nossa vida atual é um estar ausente do Senhor, uma espécie de peregrinação. Entretanto, para o cristão, a morte é o chegar em casa. É o fim de sua peregrinação, o retorno à sua verdadeira casa (2Co 5.6-8).

(Fonte: Teologia Cristã, Edições Vida Nova.)
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[1] Antony Hoekema, A Bíblia e o Futuro, p. 129.