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18 de out. de 2015

Os Puritanos e a Responsabilidade do Ministério

Por D.J. MacDonald

Vez após vez os Puritanos escreveram sobre este tema. O reformador Hugh Latimer disse num sermão, “Deus vos tem ordenado a pregar. Se você não alerta o ímpio, ele morrerá em sua impiedade, mas eu exigirei contas do seu sangue, na vossa seara”. “Atentai para isso, marcai bem; Eu pedirei o sangue dele, na vossa seara. Se você não der forma ao seu ofício, se você não ensinar e não alertar aos povos, recebereis a condenação eterna por isso”.[1] Essas breves citações parecem capturar o espírito dos Puritanos, uma vez que eles consideravam terrível a responsabilidade daqueles que pregavam a Palavra de Deus aos seus semelhantes. Nós, na nossa época, faríamos bem em deixar estas palavras penetrarem em nossos ouvidos, pois nossa responsabilidade não é menor do que era a deles, embora vivamos numa época muito mais frívola, na qual a seriedade em cada faceta da vida parece ser dispensada dos pensamentos da maioria dos homens.

7 de ago. de 2015

Uma introdução sobre arrependimento na perspectiva do Thomas Watson

Por Morgana Mendonça dos Santos

O livro A Doutrina do Arrependimento (Editora PES) tem marcado minha vida de forma singular, o que irei expor nesse pequeno rascunho será pontos importantes sobre o que significa arrependimento numa perspectiva puritana de um teólogo relevante em seu tempo e super admirado no nosso. Thomas Watson foi ministro da Igreja de Santo Estevão, Walbrook, no século dezessete. Nascido em 1620, Thomas Watson estudou em Cambridge (Inglaterra). Em 1646, iniciou um pastorado de dezesseis anos em Londres. Entre suas principais obras estão o seu famoso Body of Pratical Divinity (Compêndio de Teologia Prática), publicado postumamente em 1692. Para mais informações sobre Watson pode clicar aqui

11 de mar. de 2015

Os Puritanos e o Calvinismo na Prática

Por Thiago Oliveira

Falar sobre o Calvinismo sem abordar a história dos Puritanos é inviável. Este grupo, muitas vezes depreciado – injustamente – possui um lugar especial na historiografia eclesiástica. Nomes como o de John Knox, John Owen, Jonathan Edwards, Richard Baxter, George Whitefield e João Bunyan estão associados ao puritanismo, assim como os Catecismos e a Confissão de Westminster, documentos importantes da ortodoxia protestante, adotados por Igrejas Reformadas de todo o mundo.

Há quem pinte o retrato dos Puritanos como pessoas legalistas, austeras, egoístas, intolerantes e até hipócritas. Todavia, C. S. Lewis nos fornece uma ótica totalmente diferente:

26 de fev. de 2015

O Dia do Senhor e o Culto Reformado

 Por Ian Hamilton

Até algum tempo atrás, uma das marcas distintivas do culto reformado era o seu compromisso com a santificação do Dia do Senhor como o tempo divinamente prescrito para que o povo da aliança de Deus adorasse esse Deus da aliança.

Esta perspectiva puritana possivelmente está melhor demonstrada na Confissão de Fé de Westminster:

“Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção de tempo seja destinada ao culto de Deus, assim  também, em sua Palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens, em todas as épocas, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (= descanso) santificado por ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo, foi mudada para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado dia do Senhor (= domingo), e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão”.
          
Dizendo isso, os puritanos estavam em consonância com os reformadores ao dizer que o shabbat (sábado) não era o único dia em que o povo de Deus se reunia para o culto e também não estavam dizendo que a adoração é um tipo de atividade exclusivamente corporativa e que apenas acontece quando a igreja se une para adorar.

Foram os reformadores e puritanos que resgataram para nós a idéia de que adoração é a resposta do crente momento após momento à Palavra de Deus. Ao mesmo tempo eles tinham uma convicção apaixonada quanto a este ponto. Diziam que o culto cristão tem que ser ancorado e baseado no Dia do Senhor. Existe um debate que sempre está presente entre os próprios reformados com relação ao Dia do Senhor e o shabbat (sábado). Devemos considerar o Dia do Senhor como o shabbat? Isso ficará claro à medida que formos expondo o assunto.

Os que crêem na perpetuidade do sábado cristão como sendo uma ordenança da graça que é obrigatória para todo povo de Deus, precisam lembrar que não estamos simplesmente engajados num conflito para persuadir nossos irmãos em Cristo e que passagens como Colossenses 2:16-17 não estão abolindo o sábado cristão que foi instituído na criação. Nossa batalha é muito mais séria que isto, pois estamos batalhando para resgatar os irmão cristãos dos efeitos corrosivos da cultura contemporânea. O que estamos dizendo é, que o assunto tratado aqui, dentro da tradição reformada, não é somente de persuadir nossos irmãos em Cristo do caráter divino, mandatório do sábado cristão (shabbat) como sendo uma ordenança vinda da criação e do Evangelho, mas na verdade estamos diante de um trabalho ainda mais exigente. Ou seja, de persuadir nossos irmãos em Cristo da sabedoria daquele que nos deu o shabbat, do regozijo que é o sábado cristão e dos efeitos corrosivos e fatais de permitirmos que nossa cultura contemporânea venha formatar nossa vida espiritual e dos nossos filhos.

Fiquei extremamente espantado quando, há alguns anos, passei um período nos Estados Unidos e vi que o dia da final do campeonato de futebol, o evento esportivo mais enfatizado do ano, era praticado no Dia do Senhor e que muitas igrejas evangélicas, cristãs, naquele dia, até mesmo que professavam a fé reformada, cancelavam até os seus cultos dominicais para permitir que as pessoas fossem assistir este jogo. Quase não acreditei que isso estivesse acontecendo. Porém, disseram-me que mais igrejas mudariam até o horário de culto para permitir aos crentes irem a esta final de campeonato.

Eu tenho um filho que gosta muito de futebol e gosta muito de jogar. Outro dia ele me perguntou por que se marcavam tantos jogos exatamente no Dia do Senhor. Meu filho gosta muito de futebol e por isso fica frustrado quando não pode jogar e sente falta do jogo, mas mesmo assim não deixa de ir à igreja para participar dos jogos de futebol e nem ao menos pensa nisso. Mas percebo que esta situação vem continuamente se projetando para tomar controle sobre a igreja.

Levanto esta questão porque o problema não é realmente a guarda do sábado cristão, mas é algo mais profundo que isso. O assunto com o qual nos deparamos é o caráter de Deus, a Sua autoridade, a verdade de Sua Palavra e a sua suficiência. Se estamos convencidos que Deus é bom, somente bom, e que todos Seus caminhos para Seus filhos são sábios e agradáveis, isso nos deveria persuadir a abraçar com alegria a santificação do Dia do Senhor. Não deveríamos ser levados a pensar que as leis do Dia do Senhor não são mais para nós hoje e que por isso têm sido abandonadas por muitos cristãos que professam a fé reformada e que têm se esquecido de santificar este dia. A razão para isso é que eles não têm compreendido o sentido do Dia do Senhor.

O problema é mais profundo. A verdade é que as pessoas perderam o contato de quem Deus é. Creio que dificilmente poderíamos duvidar que, quando o Dia do Senhor não é uma ordenança graciosa, o culto na igreja deteriora e em seguida a sociedade deteriora. O Dia do Senhor é um testemunho da grande benignidade de Deus para com Seu povo e nos dá um tempo divinamente apontado por Deus para que nós O adoremos e Deus mesmo nos dá o foco apropriado em relação à Sua adoração.

Quero apresentar dois aspectos com respeito à guarda do Dia do Senhor.

1) Explicar o caráter obrigatório do Dia do Senhor para o cristão; essa era a convicção dos reformados e puritanos e que surgiu de uma compreensão correta das Escrituras.

2) Destacar o significado e os benefícios de se observar o Dia do Senhor reservando-o para um culto que honra a Deus.

Caráter Obrigatório

I) Inicialmente gostaria de dizer que o Dia do Senhor foi instituído por Deus na criação. Lemos em Gênesis 2 que Deus terminou sua obra no sexto dia e no sétimo descansou do que havia feito. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou porque nele descansara de todas as obras que havia feito. Antes que o pecado entrasse no mundo Deus já havia providenciado um sábado (descanso) para Adão e Eva e seus filhos. Nas palavras do grande presbiteriano John Murray, o sábado é uma ordenança da criação dada por Deus para o benefício de todas as Suas criaturas. Geralmente se diz que Calvino ensinava que o sábado, como dia de descanso, havia sido ab-rogado na dispensação do Novo Testamento. Para apoiar isso, são citados seus comentários sobre o quarto mandamento e sua exposição em Colossenses 2:16-17. Sem dúvida existe alguma diferença entre a perspectiva de Calvino e os puritanos, mas na minha opinião são circunstanciais e pequenas. Quando lemos o que Calvino escreveu no seu comentário de Gênesis 2:3, escrito em 1561, dois anos depois da edição final das Institutas, o que é bastante significativo, encontramos uma exposição que o reformador faz de forma sucinta, da sua perspectiva do sábado cristão. Calvino disse:

“Quando ouvimos que o sábado foi ab-rogado pela vinda de Cristo, devemos distinguir o que pertence ao governo perpétuo da vida humana e o que pertence propriamente às figuras antigas. O uso destas foi abolida quando a verdade foi cumprida. Descanso espiritual é a mortificação da carne ao ponto de que os filhos de Deus não devem viver para si mesmos ou permitir livremente as ações de suas inclinações. Assim, na medida que o sábado era uma figura desse descanso espiritual, eu digo que isso foi somente por um tempo (obs: com isso os puritanos concordariam). Mas, na medida em que foi ordenado aos homens, desde o início, de que eles deveriam se engajar no culto a Deus, é legítimo que o sábado cristão deva continuar até o fim do mundo. O sábado é uma ordenação da criação que é perpétua”.

II) A segunda coisa que tenho para afirmar é que o sábado cristão está baseado no exemplo divino. Esse é o ponto de Moisés em Êxodo 20:11. O ritmo do homem alternado entre trabalho e descanso é o sério padrão do ritmo criador. John Murray faz a seguinte afirmativa: “Podemos pensar no exemplo que Deus nos deu de trabalho e descanso como sendo um padrão de conduta eterno para a raça humana nas ordenanças de trabalho e descanso”.

III) A ordem de Deus para que guardemos o Dia do Senhor está embutida nos dez mandamentos. O quarto mandamento garante e valida a permanência do mandamento para guardarmos o Dia do Senhor e estabelece a guarda do sábado cristão no coração da vida de adoração do povo de Deus. Acho absurdo quando ouço irmãos que, dizendo-se reformados, tentam me convencer que o “shabbat”, o sábado, foi abolido, deixando um dos dez mandamentos fora de validade para a vida do povo de Deus. Na verdade, Deus deu validade à guarda do sábado por colocá-lo dentro do decálogo.

IV) Nosso Senhor Jesus Cristo destacou a importância da permanência do shabbat. Jesus nos diz em Marcos 2.27: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado”. O que mais poderíamos dizer com relação a isso? A minha preocupação é simplesmente mostrar a importância do fundamento da guarda permanente do shabbat. Deus tem gravado esta verdade em Sua Palavra e nós nos desviamos dessa ordenança apenas para sermos prejudicados espiritualmente. Pertence nossa obediência à verdade revelada de Deus e nossa submissão ao nosso Pai amorável. Tendo estabelecido o fundamento bíblico para o dia do Senhor e considerando a transição do sábado para o domingo, quero considerar quais os benefícios e o significado de guardar o dia do Senhor.

Significado e Benefícios

I) O shabbat nos dá uma oportunidade de buscar o Senhor e adorá-lo sem distração. No ano passado passei um tempo no Marrocos visitando famílias cristãs. Viver num país muçulmano como aquele significa não ter liberdade para guardar o Dia do Senhor como os cristãos gostariam. Mas em países como Brasil e Escócia ainda temos o privilégio precioso dado por Deus de preservar e guardar o Dia do Senhor como um dia santo. Irmãos, valorizem o Dia do Senhor; lutem por ele; os assuntos relacionados com a guarda do dia de descanso são profundos. Essa provisão que Deus nos faz que o adoremos sem distração alguma é uma visão que vem do próprio Deus.

II) O shabbat nos dá oportunidade de adorar coletivamente a Deus e buscá-lO juntos. O shabbat enfatiza o caráter bíblico e corporativo do culto que se deve prestar a Deus. O nosso Deus fez uma provisão graciosa por seu povo. Ou seja, que O adoremos juntos. Esta verdade perece dia após dia em nossa época. Desde o iluminismo, na cultura ocidental e particular, o indivíduo tornou-se o centro de todas as coisas e essa preocupação absorvente com o indivíduo desfechou um golpe mortal no pensamento bíblico com respeito à aliança. Os cristãos não têm mais qualquer doutrina, não têm mais esta compreensão do caráter coletivo da Igreja, e mesmo cristãos que se professam reformados não têm mais qualquer sentido do caráter corporativo do culto da aliança. Estou cada vez mais convencido que o sábado cristão é talvez o meio principal usado por Deus de educar o seu povo na vida e no culto do pacto. Guardar o Dia do Senhor, o sábado cristão, é o antídoto poderoso para aquele individualismo absorvente que marca tanto o mundo que nós vivemos como a igreja de Cristo.

III) O shabbat coloca diante de nós os grandes feitos de Deus na criação e na redenção. No sábado cristão somos graciosamente capacitados por Deus em nos centralizarmos na criação e na redenção e despertar nossos corações e mentes ao seu louvor. Calvino coloca o seu dedo exatamente nesse ponto. No livro II das Institutas, capítulo 8, ele diz:

“Durante o repouso do sétimo dia, na verdade, quando Deus determinou que se descansasse no sétimo dia, o legislador divino queria falar ao povo de Israel do descanso espiritual quando os cristãos devem deixar de lado o seu trabalho para permitir que Deus trabalhe neles”.

Em outras palavras, o shabbat nos dá oportunidade de repousar de nossas próprias obras e nos concentrar nas obras de Deus. Nesse sentido, o shabbat é um símbolo evangélico, um glorioso símbolo semanal da justificação gratuita. Nós vivemos em uma época em que os cristãos andam em busca de sinais e símbolos. Demos a eles o grande símbolo do Evangelho: um dos grandes símbolos e sinais do Evangelho é o shabbat que nos foi dado por Deus.

IV) O shabbat destaca a importância dos cultos matinais e vespertinos. Parece muito simplório. Mas mesmo assim é importante falar deles. Honrem o sábado cristão, não somente uma parte dele, mas como um todo. Se havia uma coisa que caracterizava a religião puritana, a prática puritana, era a maneira cuidadosa que brotava de seus corações e pela qual eles se entregavam alegremente, de forma não legalista, à guarda do Dia do Senhor.

V) O Dia do Senhor é uma preparação para o céu. Ouçamos as palavras de Richard Baxter: “Qual o dia mais apropriado para subir ao céu do que aquele em que Ele ressurgiu da terra e triunfou completamente sobre a morte e o inferno? Use o seu shabbat como passos para a glorificação até que tenha passado por todos eles e chegue à glória”. A religião puritana floresceu no solo regozijante da guarda do sábado cristão. É por causa destas coisas que somos chamados em Isaías 58, pelo próprio Senhor, para considerarmos o sábado como um deleite e a isso ele adiciona uma promessa. Se guardarmos seus sábados como sendo um deleite, encontraremos nossa alegria no Senhor.

Esse capítulo 58 de Isaías é mais uma confirmação de que a guarda do sábado cristão deveria ser considerada como parte da Lei Moral e não simplesmente mais uma observância pertinentes às leis cerimoniais. Esta passagem de Isaías onde o mero cerimonialismo é denunciado pelo profeta, há um apelo para a guarda do sábado como sendo importante para o culto espiritual.

Sei que existe o perigo de dar ao sábado cristão um lugar central no culto, fazendo com que ele torne-se um exercício de justiça própria. Sabemos da condenação tremenda feita pelo Senhor em Isaías 1. Mas os crentes reformados deveriam guardar o Dia do Senhor de forma santa. Devemos chamá-lo de um deleitoso. Por quê? Por causa de nossa obediência ao nosso Deus e amor ao nosso Salvador. Jesus disse: “Se vocês me amam, guardem meus mandamentos”.

Neste sentido a guarda do Dia do Senhor, o sábado cristão, ou é o resultado da obediência legalista, ou da obediência evangélica. Se for o produto de uma obediência legalista, a guarda do dia do Senhor será sem alegria, monótona, formal e alguma coisa que simplesmente traz auto-justiça e vaidade pessoal. Mas se a guarda do Dia do Senhor é o resultado de uma obediência evangélica, será profundamente regozijante. Diremos como o salmista: “Alegrei-me quando me disseram, vamos à casa do Senhor”. Se for uma guarda por causa de uma obediência evangélica, será algo refrescante que nos revigora e nos humilha.

John Murray, cujos escritos trouxeram uma impressão inapagável na minha vida quando moço (Por exemplo: Redenção, Conquistada e Aplicada (Cultura Cristã ― Obra que considerei como a melhor peça sobre justificação jamais escrita por alguém), disse: “O shabbat semanal é uma promessa, um sinal, e um antegozo daquele descanso consumado. A filosofia bíblica do shabbat é de tal maneira, que negar sua perpetuidade é privar o movimento da redenção de uma das suas mais preciosas características”.

Vivemos numa época em que mais do que nunca precisamos resgatar o shabbat para o povo de Deus, porque amamos o povo de Deus e desejamos seu bem diante de Deus. Sabemos que Deus quer abençoar Seu povo com isso. Mas sabemos também que a bênção que Ele deseja dar nunca virá sem a honra que o povo deve ao Dia do Senhor. Pelo bem espiritual dos nossos filhos devemos educá-los ensinando a honrar o Dia do Senhor, mas não como uma coisa rotineira e sem alegria. Como poderia o cultuar a Deus e esperar nEle ser algo monótono ou cansativo? Na verdade, o Dia do Senhor foi algo criado por Deus para o bem de Seus filhos. Estou quase convencido que o sucesso dos puritanos pode ser traçado por seu compromisso de guardar o Dia do Senhor para honra de Deus. Deus abençoou grandemente seus labores, seus escritos, porque foram homens e mulheres que honraram o dia do Senhor.

Finalmente cito Baxter porque creio que suas palavras expressam o coração da compreensão puritana com respeito ao shabbat: “Que dia é mais apropriado para subir ao céu do que aquele em que ele ressurgiu da terra e triunfou plenamente sobre a morte e o inferno? Use seus shabbats como passos para a glória até que tenha passado por todos eles e lá tenha chegado”.

O Dia do Senhor é para o povo do Senhor como um antegozo ou penhor do céu que nós tanto almejamos. Nós desejamos e sonhamos com aquele dia em que estaremos com o Senhor para sempre. Até que aquele dia venha, façamos do Dia do Senhor tudo aquilo que Deus gostaria que fizéssemos. Que seja o pulso palpitante da vida espiritual da Igreja e que partindo de nossa obediência evangélica nos reunamos para o encontro com nosso Deus e para receber as promessas que Ele decidiu nos dar, para aqueles que honram o Seu dia, porque assim honram aquEle que instituiu esse dia.
Amém.
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Fonte: Os Puritanos

14 de jan. de 2015

A Prática da Meditação Cristã e os Puritanos

Por Thomas Magnum

Quando nos colocamos sobre esse rico tema das Escrituras estamos diante de um vasto material sobre a meditação cristã. Temos também muita coisa escrita na história da igreja pelos puritanos. Como já foi dito por um conhecido pregador reformado: “ muitos falam e citam os puritanos, mas, poucos querem viver como eles”. Os puritanos davam muita importância a meditação, juntamente com a leitura das Escrituras e a oração. Na verdade, a oração no prisma puritano rega o crescimento e maturidade cristã.

O salmista disse que o justo tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Esse meditar nos remete ao contemplar o celestial, ao ruminar como as ovelhas, ao elevar os pensamentos as verdades eternas. Como disse Stephen Charnock “à meditação é empregada para um objetivo mais excelente, ela instrui e conduz à vontade as afeições eternas”. Os puritanos diziam que a meditação desperta as afeições eternas. Essa meditação nos leva ao constrangimento da eterna e soberana vontade de Deus, Paulo diz em Romanos 12:

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.

O teólogo reformado John Murray destaca em seu comentário de Romanos, que são as misericórdias de Deus que nos constrangem a uma vida santa, é a reflexão não obra grandiosa de Cristo por nós que nos eleva a contemplação espiritual. Na agitação dos nossos afazeres diários muitas vezes até lemos as escrituras, mas, estamos meditando? Temos elevado nossa mente às coisas que são de cima? Lemos em Colossenses:

Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Colossenses 3.1

Veja que esse procurar é buscar as coisas celestes, e isso é feito pela meditação. Vale frisarmos que a meditação cristã não é o mesmo que a meditação transcendental que visa esvaziar a mente, a meditação cristã não esvazia, ela preenche, ela ocupa as mentes com as verdades celestes, mostradas nas escrituras. George Swinnock diz que a meditação é “uma seria aplicação da mente a algum assunto sagrado, até que as afeições sejam aquecidas e despertadas, e a resolução elevada e fortalecida através disso, contra quilo que é mal, e por aquilo que é bom”. Portanto entendemos que a prática da verdadeira piedade só é possível com a prática da meditação espiritual nas Escrituras. Então a meditação tem atuação importantíssima de duas faculdades da alma, a memória e a vontade. A primeira envolve uma convocação mental que envolve as verdades teológicas das Escrituras Sagradas, é a mente cativa a Cristo. A segunda envolve o depósito do coração, quando Jesus ensinou: Onde estiver seu tesouro aí estará seu coração (tradução livre).

Portanto ao falarmos de meditação, não estamos defendendo o simples pensar nas coisas espirituais ou transcendentais, a base da meditação e contemplação cristã são as Sagradas Escrituras. A meditação não deve ser baseada simplesmente em pensamentos que são fruto da imaginação, mas, uma reflexão piedosa na pessoa de Jesus e em nosso relacionamento com Ele por sua Palavra. Como diz Richard Baxter, a imaginação não deve ser mutilada na meditação, mas, alimentada por sólidas bases Escriturísticas.

Os Cinco solas e a meditação cristã

Ao trilharmos por essa vertente devemos compreender que os solas da reforma nos remetem a uma vida cristã salutar e frutífera, e podemos aplicar a verdade dos cinco solas a nossa pauta. Na meditação devemos refletir nisso também que de imediato nos levará e nos equipará a aplicarmos nossa mente nas verdades do Espírito de Deus.

Sola Scriptura – Como dito anteriormente somente a Escritura Sagrada é nossa base para meditação cristã, pois o justo tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Salmos 1.2

Solus Christus – Somente Cristo é o nosso Senhor, Ele é nosso mediador e nosso salvador. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. 1 Timóteo 2.5

Sola Gratia – Somente pela graça de Deus desfrutamos as bênçãos espirituais, e devemos avaliar nossa posição, saber quem somos, de onde viemos, o que Deus fez em nós. Somente pela graça de Deus. E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça. João 1.16

Sola Fide – Somente pela fé podemos agradar a Deus, somente pela fé fomos salvos, somente pela fé podemos nos achegar a grande Deus. Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. Hebreus 11.6

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.

Efésios 2.8

Soli Deo Gloria – Nossa devoção, adoração, piedade deve somente ao soberano Deus, para sua glória e louvor. Não adoramos a Deus para evangelizar, não adoramos a Deus porque precisamos de bênçãos de suas mãos, adoramos porque Ele é digno de Glória pelo que Ele é, e não somente pelo que Ele faz. Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém. Judas 1.25


O que procuramos através desse artigo não é somente meditar no meditar, nem pensar no pensar. O objetivo de meditarmos nas Escrituras é nos elevar a um caminho excelente de vida piedosa e devoção. Que a meditação bíblica seja constante em nossas vidas. Muitas vezes somos tentados a um exaustivo estudo teológico, mas negligenciamos uma vida de oração e meditação, o conhecimento teológico não pode ser mecânico, como simples conteúdo científico, mas o conhecimento da Escritura cresce em nosso coração quando o regamos com a meditação e o desfrutamos na oração. Que nosso amado Senhor aplique essa verdade aos nossos corações.

4 de dez. de 2014

Nisto Pensai

Por John Owen

Estejamos absolutamente certos de que essa glória de Cristo em Suas naturezas divina e humana é o melhor, o mais nobre e o mais útil objeto em que podemos pensar. O apóstolo Paulo afirma que todas as outras coisas são apenas perda e quando comparadas com ela, como estéreo (Filipenses 3:8-10). As Escrituras falam da estultícia das pessoas em gastar "...o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do seu trabalho naquilo que não pode satisfazer" (Isaías 55:2). Eles fixam seus pensamentos em seus prazeres pecaminosos, e se recusam de olhar para a glória de Cristo. Alguns chegam a ter pensamentos mais elevados sobre as obras da criação de Deus e de Sua providência, mas não há glória nessas coisas que se possa comparar com a glória das duas naturezas de Cristo. No Salmo oito, Davi está meditando na grandeza das obras de Deus.

Isto o faz pensar na pobre e fraca natureza do homem, que parece como nada se comparada àquelas glórias. Então ele começa a admirar a sabedoria, amor e bondade de Deus por exaltar acima de todas as obras da criação a nossa natureza humana que estava em Jesus Cristo. O autor sagrado explica isto em Hebreus 2:5-6.

Como são agradáveis e desejáveis as coisas deste mundo — esposa, filhos, amigos, posses, poder e honra! Mas a pessoa que tem todas estas coisas e também o conhecimento da glória de Cristo dirá: "A quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti" (Salmo 73:25) pois "Quem no céu se pode igualar ao Senhor? Quem é semelhante ao Senhor entre os filhos dos poderosos?" (Salmo 89:6). Apenas uma olhada na gloriosa beleza de Cristo é suficiente para vencer e capturar os nossos corações. Se não estamos olhando com freqüência para Ele, refletindo sobre a Sua glória, é porque as nossas mentes estão muito cheias de pensamentos terrenos. Desta forma, não estamos nos apossando da promessa de que nossos olhos verão o Rei em Sua beleza.

Uma das atividades da fé consiste em examinar as Escrituras, porque elas declaram a verdade sobre Cristo (veja João 5:39). Vamos ver a glória de Cristo nas Escrituras de três modos:

i. Por meio de descrições diretas de Sua encarnação e Seu caráter como Deus-homem. Gênesis 3:15; Salmos 2:7-9; 45:2-6; 78:17-18 e 110:1-7; Isaías 6:1-4; 9:6; Zacarias 3:8; João 1:1-3; Filipenses 2:6-8; Hebreus 1:1-3; 2:4-16; Apocalipse 1:17-18.

ii. Mediante numerosas profecias, promessas e outras expressões que nos levam a considerar Sua glória.

iii. Pelos exemplos de adoração divina que Deus instituiu no Velho Testamento e pelo testemunho direto dado a Ele do céu no Novo Testamento. Isaías disse: "Eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo" (Isaías 6:1). Esta visão de Cristo foi tão gloriosa que os serafins (criaturas celestiais que assistem nos céus) tiveram que cobrir as suas faces. Contudo, maior ainda foi a glória revelada abertamente nos dias apostólicos! Pedro nos diz que ele e os outros apóstolos foram testemunhas oculares da majestade do Senhor Jesus Cristo.

"Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, segundo fábulas artificialmente compostas: mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu filho amado, em quem me tenho comprazido" (II Pedro 1:16-17). Deveríamos ser como o que procura por todo tipo de pérolas. Quando ele encontra uma de grande preço, vende tudo o que possui para que possa adquiri-la. (Mateus 13:45-46). Cada verdade das Sagradas Escrituras é uma pérola que nos enriquece espiritualmente, mas quando nos deparamos com a glória de Cristo encontramos tanta alegria que nunca mais desejaremos dispor dessa pérola de grande valor.

O glorioso da Bíblia é que agora ela é a única forma tangível de nos ensinar sobre a glória de Cristo. 3. Devemos meditar freqüentemente sobre o conhecimento da glória de Cristo que obtemos da Bíblia. As nossas mentes devem ser espirituais e santas e libertas de todos os cuidados e afeições terrenos. A pessoa que não medita agora com prazer na glória de Cristo nas Escrituras, não terá nenhum desejo de ver aquela glória nos céus. Que tipo de fé e amor têm as pessoas que acham tempo para meditar sobre muitas outras coisas, mas não têm tempo para meditar neste assunto glorioso?

Os nossos pensamentos devem se voltar para Cristo sempre que haja uma oportunidade a qualquer hora do dia. Se somos verdadeiros crentes e se a Palavra de Deus está em nossos pensamentos, Cristo está perto de nós (Romanos 10:8). Nós O encontraremos pronto para falar conosco e manter comunhão. Ele diz: "Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo" (Apocalipse 3:20). E verdade que há momentos em que Ele Se retira de nós e não podemos ouvir a Sua voz.

E quando isso acontece, não podemos ficar contentes. Devemos ser como a noiva no Cântico de Salomão 3:1-4: "De noite busquei em minha cama aquele a quem ama a minha alma: busquei-o, e não o achei. Levantar-me-ei, pois e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, e não o achei. Acharam-me os guardas, que rondavam pela cidade; eu perguntei-lhes: vistes aquele a quem ama a minha alma? Apartando-me eu um pouco deles, logo achei aquele a quem ama a minha alma: detive-o, até que o introduzi em casa de minha mãe, na câmara daquela que me gerou".

A experiência da vida espiritual de um cristão é forte em proporção aos seus pensamentos sobre Cristo que nele habita e seu deleite nEle (Gaiatas 2:20). Se tivermos deixado Cristo ausente de nossas mentes por muito tempo, devemos nos censurar por isso.

Todos os nossos pensamentos sobre Cristo e Sua glória devem ser acompanhados de admiração, adoração e ações de graças. Somos convidados a amar o Senhor com toda a nossa alma, mente e força (Marcos 12:30). Se somos verdadeiros crentes, a graça de Cristo opera em nossas mentes e almas renovadas e nos ajuda a fazer isso. Na vinda de Cristo como juiz no último dia, os crentes ficarão cheios de um tremendo sentimento de admiração por Sua gloriosa aparência — "...quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem" (II Tessalonicenses 1:10). Essa admiração se transformará em adoração e ações de graças; um exemplo disso é dado em Apocalipse 5:9-13, onde toda a Igreja dos redimidos canta um novo cântico. "E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e  para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.

E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhares de milhares e milhões de milhões, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória e ações de graças. E ouvi a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre".

Há algumas pessoas que têm esperança de ser salvos por Cristo e de ver a Sua glória num outro mundo, porém não estão interessados em meditar, pela fé naquela glória neste mundo. Elas são semelhantes a Marta, que estava preocupada com muitas coisas e não com Maria, que escolheu a melhor parte, sentando-se aos pés de Cristo (Lucas 10:38-42). Que tais pessoas tomem muito cuidado para que não negligenciem nem desprezem o que deveriam fazer.

Alguns dizem que têm o desejo de contemplar a glória de Cristo pela fé, mas quando começam a considerar essa glória, eles acham que é coisa muito elevada e difícil. Eles ficam maravilhados, à semelhança dos discípulos no Monte da Transfiguração. Admito que a fraqueza de nossas mentes e a nossa falta de habilidade para entender bem a eterna glória de Cristo nos impede de manter os nossos pensamentos numa meditação firme e constante por muito tempo. Aqueles que não têm a prática e habilidade de uma santa meditação em geral não terão a capacidade de meditar neste mistério em particular. Mas, mesmo assim, quando a fé não consegue mais manter abertos os olhos do nosso entendimento para refletir sobre o Sol da Justiça brilhando em Sua beleza, pelo menos, pela fé ainda podemos descansar em santa admiração e amor.

Fonte: O Calvinismo

17 de nov. de 2014

A Glória do Senhor Jesus

Por John Owen

A glória do nosso Senhor Jesus Cristo é por demais grande para que as nossas pequenas mentes a possam entender. Desta forma, nunca pode- remos dar a Ele o louvor que Lhe é devido. No entanto, através da fé podemos ter algum conhecimento de Cristo e Sua glória, e esse conhecimento é melhor que qualquer outra forma de sabedoria ou entendimento. O apóstolo Paulo disse: "E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor" (Filipenses 3:8). Se a nossa felicidade futura significa estar onde Cristo está e ver a Sua glória, não há melhor preparação para isso que encher os nossos pensamentos com ela desde agora. Assim, estaremos gradualmente sendo transformados naquela glória.

É apenas de Cristo que podemos nos ufanar e nos gloriar, pelas seguintes razões:

1. A nossa natureza humana foi no princípio feita em Adão e Eva à imagem de Deus, cheia de beleza e glória. Todavia, o pecado derrubou essa glória no pó e a natureza humana tornou-se completamente diferente de Deus, cuja imagem ela havia perdido. Satanás assumiu o controle e, se as coisas fossem deixadas dessa forma, a humanidade teria pereci- do eternamente. Mas, o Senhor Jesus, o Filho de Deus, curvou-Se em grande perdão e amor para assumir a natureza humana. Assim, a nossa natureza humana, após ter mergulhado nas maiores profundezas da miséria, agora foi erguida acima de toda a criação de Deus, pois Deus exaltou a Cristo “... pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro" (Efésios 1:20-21). Aqueles que receberam fé e graça para entenderem corretamente o propósito da natureza humana, devem se regozijar porque ela foi elevada das profundezas do pecado para a glória que agora recebeu mediante a honra concedida a Cristo.

2. Em Cristo, o relacionamento da nossa natureza com Deus é sempre o mesmo. Contudo, a nossa amizade original com Deus, na criação, foi rompida pela queda do homem. Os seres humanos se tornaram inimigos de Deus. Mas a sabedoria e a graça de Deus planejaram restabelecer novamente a nossa natureza à semelhança da Sua, e fazê-lo de tal forma que tornasse qualquer separação entre nós e Ele impossível. Não podemos deixar de nos admirar que a nossa natureza possa participar da vida gloriosa de Deus. A sabedoria onipotente, poder e bondade tornaram isso possível através de Cristo. Esta obra de Deus é parte do mistério da piedade que os anjos desejam perscrutar. (I Pedro 1:12). Quão pecaminosos e tolos seremos nós se pensarmos muito em outras coisas e não O suficiente nisso. O grande amor de Deus para com a humanidade é demonstrado pelo fato de o Filho de Deus não ter vindo à terra como um anjo, e sim como homem — o homem Cristo Jesus — tendo natureza humana como a nossa.

3. Cristo mostrou que é possível para a nossa natureza humana morar no céu. As nossas mentes não podem entender o número e as distâncias das estrelas no céu. Como, então, supomos que os seres humanos podem morar num céu mais glorioso que o firmamento? Todavia, a nossa natureza, no homem Cristo Jesus foi para o céu eterno de luz e glória e Ele prometeu que onde estivesse ali estaríamos com Ele para sempre.

Tentações, provações, tristezas, temores, medos e doenças são parte desta vida presente. Todas as nossas ocupações têm problemas e tristezas nelas. Se considerarmos porém, a glória de Cristo que iremos compartilhar, podemos obter alívio de todos esses males e ganhar a vitória sobre eles. "Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos mas não destruídos. Por isso não desfalecemos: mas ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia, porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem mas nas que não se vêem; porque as que se vêem são temporárias, e as que não se vêem são eternas" (11 Coríntios 4:8-9,16-18). O que são todas as coisas desta vida, quer sejam boas ou más, comparadas com o benefício a nós da excelente glória de Cristo?

A condição em que as nossas mentes se encontram é o que geralmente nos causa os maiores problemas. O salmista perguntava a si mesmo: "Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença" (Salmo 42:5,11).

A centralização de nossos pensamentos, pela fé na glória de Cristo, trará paz e calma à mente perturbada e desordenada. É através de Cristo que “... temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus... porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Romanos 5:2-5).

Podemos até pensar com alegria na morte quando fixamos nossos pensamentos na glória de Cristo. Muitos vivem com receio da morte todos os seus dias. Como podemos vencer estes temores?

1. Devemos deliberadamente entregar as nossas almas, ao partirmos deste mundo, nas mãos dAquele que pode recebê-las e guardá-las. A alma, sozinha e por si mesma, tem que ir para a eternidade. Ela deixa para trás, para sempre, tudo o que conheceu anteriormente pelas suas faculdades próprias e naturais.

Deve haver, portanto, um ato de fé ao entregar a alma à disposição de Deus, como Paulo foi capaz de fazer. “... eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia" (11 Timóteo 1:12).

O Senhor Jesus Cristo é o nosso grande exemplo. Quando Ele despediu o Seu espírito, Ele entregou a Sua alma nas mãos de Deus o Pai, em total confiança que ela não sofreria nenhum mal. "Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória: também a minha carne re- pousará segura. Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção" (Salmo 16:9-10). O último e vitorioso ato de fé acontece .na morte. A alma poderá, então, dizer para si mesma: "Você está agora deixando o tempo e entrando naquelas coisas eternas que o olho natural não viu, nem o ouvido ouviu, nem o coração do homem tem sido capaz de imaginar. Desta forma, em silêncio e confiança entregue-se à soberana graça, verdade e fidelidade de Deus, c encontrarás descanso e paz". Jesus Cristo imediatamente recebe a alma daqueles que crêem nEle, como no caso de Estevão.

Quando morria, ele disse: "Senhor Jesus, receba o meu espírito" (Atos 7:59). O que poderia ser de maior encorajamento para entregar as nossas almas nas mãos de Cristo, na hora da morte, do que conhecer em cada dia de nossas vidas alguma coisa de Sua glória, do Seu poder e da Sua graça?

2. Como seres humanos, não somos semelhantes aos anjos que são apenas espírito e não podem morrer. Nem somos semelhantes aos animais que não possuem alma eterna. Mas Deus designou para nós uma ressurreição gloriosa do corpo que não mais terá uma natureza física; seremos mais semelhantes aos anjos. Nesta vida há uma relação tão íntima entre alma e corpo que nós tentamos tirar da cabeça qualquer pensamento sobre a sua separação. Como é possível, então, ter tal disposição de morrer, a exemplo do apóstolo Paulo quando disse: "mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, por que isto é ainda muito melhor" (Filipenses 1:23)? Essa disposição só pode ser encontrada se olharmos pela fé para Cristo e Sua glória, tendo a certeza que estar com Ele é melhor do que tudo quanto esta vida possa oferecer.

Se quisermos morrer alegremente, devemos pensar em como Deus nos chamará do túmulo na ressurreição. Então, pelo Seu grandioso poder, Ele não apenas nos restaurará à glória de Adão e Eva na criação, como também nos acrescentará ricas bênçãos além da nossa imaginação. Devemos, também, nos lembrar que apesar do corpo e da alma do nosso glorioso Salvador terem sido separados na morte (à semelhança que os nossos também o serão), Ele agora possui grande glória. O Seu exemplo pode nos dar esperança.

3. Deve haver uma disposição nossa em aceitar o tempo de Deus para morrermos. Podemos, à semelhança de Moisés, desejar ver mais da gloriosa obra de Deus em favor do Seu povo na terra. Ou, à semelhança de Paulo, podemos sentir que seja necessário, para o benefício de outros, que vivamos um pouco mais. Pode ser que desejemos ver as nossas famílias e as nossas coisas numa condição melhor e mais estabelecidas.

Mas não podemos ter paz neste mundo, a não ser que estejamos dis- postos a nos submeter à vontade de Deus com respeito à morte. Os nossos dias estão em Suas mãos, à Sua soberana disposição. Devemos aceitar isso como sendo o melhor.

4. Alguns podem não temer a morte, porém podem temer a maneira como morrerão. Uma longa doença, grandes dores, ou alguma forma de violência poderiam ser uma maneira de trazer a nossa vida terrena a um fim. Devemos ser sábios, como se estivéssemos sempre prontos para passar por qualquer experiência que Deus nos permita passar. Não seria correto que Ele fizesse o que deseja com o que Lhe pertence? Acaso a vontade dEle não é infinitamente santa, sábia, justa e boa em todas as coisas? Ele não sabe o que é melhor para nós e o que trará maior glória para Si mesmo? Muitas pessoas descobriram que são capazes de suportar as coisas que mais temiam porque receberam maior força e paz do que podiam imaginar que lhes fosse dado.

No entanto, nenhuma dessas quatro coisas podemos fazer, a não ser que acreditemos na excelente glória de Cristo e desfrutemos dela.

Muitas outras vantagens de se meditar na glória de Cristo ainda poderiam ser ditas, porém a minha fraqueza e a proximidade da morte me impedem que eu escreva aqui com maiores detalhes.
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5 de nov. de 2014

As Aflições do Justo

Por Thomas Magnum

Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos à sua súplica; mas o rosto do Senhor está contra os que praticam o mal. I Pedro 3.12.

Ao meditarmos nesse trecho das Escrituras, nos deparamos com algo de tamanha beleza e ternura, vindo da parte de Deus para seu povo. O texto nos diz  que o Senhor põe seus olhos sobre os seus, Ele está a nos contemplar e guardar. O olhar de Deus para seu povo é um olhar amoroso, cuidadoso, paterno, acalentador. Diante de tamanha perseguição que os crentes na época de Pedro estavam sofrendo quando essa epístola foi escrita, a luta era ferrenha e opressora. Thiago diz em sua carta: Chamamos de felizes os que suportaram aflições. Ouvistes sobre a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu. Porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão (Thiago 5.11).  As perseguições e desventuras desse mundo, os desapontamentos e traições, o abandono, a decepção, são presentes na natureza decaída. Mas, temos conforto vindo de Deus. Felizes são os que suportam tamanhas afrontas dessa vida, porque tais aflições promovem a paciência no crente. O Apóstolo Paulo nos disse: Em razão disso, nós mesmos nos orgulhamos de vós diante das igrejas de Deus por causa da vossa perseverança e fé em todas as perseguições e aflições que suportais. 2 Tessalonicenses 1.4. A aflição também é promotora de perseverança, as lutas não afastam o crente de Deus, mas, ao contrário o trazem para mais perto de seu Senhor e Rei.

Portanto, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem obtivemos também acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isso, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz perseverança, e a perseverança, a aprovação, e a aprovação, a esperança; e a esperança não causa decepção, visto que o amor de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado. Romanos 5.1-5

O fato é que não podemos sondar a mente do Senhor, sua sabedoria e conhecimento excedem nossa compreensão. Resta-nos compreender o que a Palavra nos diz, que sua vontade é boa, perfeita e agradável (Romanos 12.2). Como dizia Edwards, nós só vemos parte do mosaico, nossa visão é limitada, Deus vê todo mosaico. Nosso sofrimento tem um bom propósito vindo de Deus. Como podemos ler em Romanos 8.28:

Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito.

 O Senhor tem bons propósitos mesmo na ascensão de calamidades e sofrimentos de nossas vidas, Ele tem o controle de tudo, Ele governa, Ele é o sustentador de todas as coisas. Ao estudarmos sobre a providência de Deus descobriremos isso. Vemos vários exemplos bíblicos dessa providência, no Antigo Testamento vemos o agir soberano de Deus na vida de José, vendido pelos irmãos, levado prisioneiro para o Egito, Deus usou todo seu sofrimento para um propósito. Vemos a história de Jó, Deus sabia quem era seu servo, seus limites, sua estrutura, mas, Deus tinha um bom propósito com seu sofrimento. Em muitos outros casos na Bíblia vemos revelados os planos de Deus para a vida do seu povo, mas, também encontramos casos que o sofrimento não é justificado como no caso de Hemã (Salmo 88). Esse homem sofreu desde sua mocidade. Padeceu muitas dores, privações emocionais, clamando ao Senhor por socorro, no entanto Deus não o tira do sofrimento, o salmo termina sem resposta divina. Vemos também o Apóstolo Paulo clamando para que Deus tirasse o espinho da carne, qual foi a resposta divina? Não. Deus lhe garantiu a suficiência da graça, era só o que bastava. Essa graça é  que sustenta.

O salmista nos diz:

Foi bom eu ter passado por aflição, para que aprendesse teus decretos (Salmos 119.71).

Deus tem sempre uma finalidade pedagógica com o sofrimento em nossas vidas. O sofrimento é o caminho do aprendizado e da formação do caráter cristão em nós. Essa condição de aflição trabalha em nós a humildade de espírito, a dependência, a carência da vida com Deus. O sofrimento é o caminho que nos leva às fontes de Deus, Ele faz brotar água da rocha na sequidão de nosso deserto. Ele rega nossa terra árida com vapor celestial. Ele aperfeiçoa em nós o caráter de Cristo. Ele emudece nossa soberba e humilha nosso ego, para nos ensinar um caminho mais excelente. O sofrimento nos sobrevém para nosso bem como diz a Escritura:

Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito. Romanos 8.28

Calvino nos diz acerca do sofrimento:

"O Bem dos filhos de Deus é que eles se tornem cada vez mais identificados com o seu Senhor (Rm 8.29,30). Nesse propósito, até mesmo as aflições cooperam para o bem: Os sofrimentos dessa vida longe estão de obstruir nossa salvação; antes, ao contrário são seus assistentes. [...] Embora os eleitos e os réprobos se vejam expostos, sem distinção, aos mesmos males, todavia existe uma enorme diferença entre eles, pois Deus instrui os crentes pela instrumentalidade das aflições e consolida sua salvação.¹ As aflições, portanto, não devem ser um motivo para nos sentirmos entristecidos, amargurados ou sobrecarregados, a menos que também reprovemos a eleição do Senhor, pelo qual fomos predestinados para vida, e vivamos relutantes em levar em nosso ser a imagem do Filho de Deus, por meio da qual somos preparados para a glória celestial". ²

Finalizamos com o celeste consolo do salmo 46:

Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Por isso, não temeremos, ainda que a terra trema e os montes afundem nas profundezas do mar; ainda que as águas venham a rugir e espumar, ainda que os montes estremeçam na sua fúria. Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o lugar santo das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela, e não será abalada; Deus a ajudará desde o amanhecer. As nações se enfurecem, os reinos se abalam; ele levanta sua voz, e a terra se dissolve. O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é nosso refúgio.

Vinde, contemplai as obras do SENHOR, que devastações fez na terra.  Ele acaba com as guerras até os confins do mundo; quebra o arco e despedaça a lança; destrói os carros com fogo.  Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.  O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é nosso refúgio.
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1 João Calvino, Comentário de Romanos, p. 293.
2 João Calvino, Comentário de Romanos, p. 295.

31 de out. de 2014

Marcas da Oração Verdadeira

Por Joel Beeke

1.A oração verdadeira faz o céu descer para a alma e eleva a alma para o céu.

2.A oração verdadeira é o principal exercício da fé, onde todas as graças salvadoras convergem para o clímax na maior expressão de gratidão (a Deus), na mais profunda expressão de humildade (com referência a nós mesmos) e na mais ampla expressão de amor (aos outros).

3.A oração verdadeira é vida sincera. “É a alma soprando a si mesma no seio do Pai celeste (Thomas Watson)”.

4.A oração verdadeira é a resposta do pecador à voz de Deus. A oração do quebrantado é um presente a Deus em resposta ao presente de Deus que é o quebrantamento daquele que está orando.

5.A oração verdadeira é uma arte santa ensinada por um Espírito gemente e lutador que frequentemente usa as impossibilidades, e evidente “falta de arte” da vida enredada e manchada pelo pecado do crente, para esboçar sobre ele a imagem do seu digno Mestre.

6.A oração verdadeira é ar espiritual para pulmões espirituais. Quando a oração vazia toma o lugar da oração contrita, o verdadeiro crente se degenera, se torna indiferente.

7.A oração verdadeira é o fruto do Deus Trino, O Pai como o Provedor e Decretador? O Filho como Merecedor e Perfeito, o Espírito como Aquele que Reivindica? E Aquele que Habita?

8.A oração verdadeira tem um inexplicável modo de aumentar tanto a dignidade de Cristo quanto a indignidade do pecador, consequentemente, ambas são partes principais da gratidão e da humildade (d. Heid. Cat., Q 116).

9.A oração verdadeira é a maior arma do crente no arsenal de Deus. O puritano Thomas Lye confessou: “Eu prefiro estar em oposição às leis dos perversos a estar em oposição às orações dos justos”.

10.A verdadeira oração não prega para Deus. Não é conduzida pela mão, mas alcança a mão direcionadora d’Ele.

11.A verdadeira oração tem mais a ver com Deus do que com o homem. Está envolvida na aflição santa pela glória e o reino Deus.

12.A oração verdadeira anseia por avivamento. A sua esperança está unicamente no Senhor. Quando Adoniram Judson havia trabalhado por oito anos sem nenhum convertido autêntico, sua junta de missões perguntou-lhe se ainda tinha alguma esperança. Judson respondeu: “Minha esperança é tão grande quanto as promessas de Deus”.

13.A verdadeira oração não está focada em si mesma ou no suplicante. Não se volta para o interior para uma introspecção mórbida, mas se volta para o interior para trazer toda a incapacidade e depravação do pecador, para fora e para cima, para o Deus Todo Poderoso da graça.

14. A verdadeira oração deixa Deus ser Deus. Ela esvazia as mãos e o coração perante o acessível trono de Deus. A verdadeira oração não é explanação, mas petição. Não diz ao Senhor como converter um pecador, mas pede a Ele para fazer isto, confiando que Ele sabe mais do que qualquer suplicante.

15.A verdadeira oração expõe tudo diante do Senhor como se Ele não soubesse nada sobre a condição do pecador, mesmo sabendo que o Senhor sabe de tudo.

16.A oração verdadeira une a reverência santa e intimidade santa com uma ousadia reverente.

17.A verdadeira oração não é auto-congratulatória, mas auto-condenatória e Cristo-congratulatória.

18.A verdadeira oração reconhece que não muda Deus nem as coisas, enquanto simultaneamente compreende que Deus frequentemente se agrada de realizar Seus propósitos por meio da oração.

19.A verdadeira oração é comunhão com Deus. É uma leve indicação da conversa eterna no céu.

20.A verdadeira oração não é uma tempestade de palavras em uma elevação de voz cada vez maior, mas é uma questão do coração em uma meditação cada vez mais profunda diante de Deus.

21.A oração verdadeira sempre sente que não é suficientemente verdadeira, profunda, terminada e completa.

22.A oração verdadeira, quando negligenciada, é como um cabo de força sem eletricidade, um computador desligado, uma falha no sistema. As informações valiosas não descem nem sobem.

23.A oração verdadeira é ornada em palavras, mas seu corpo é sem palavras. É um trabalho do coração. Por isso, Bunyan acertadamente recomenda: “Quando orares prefira deixar que teu coração fique sem palavras, do que tuas palavras ficarem sem coração”.  

24.A oração verdadeira não mede necessidades muito grandes ou muito pequenas. Não aceita probabilidade humana, nem recua diante da impossibilidade humana.

25.A oração verdadeira agrada a Deus. Mostra a Ele a divina escrita da Bíblia e a divina assinatura das Suas promessas do pacto da aliança.

26.A oração verdadeira sente profundamente que só pode ser validada pela oração do Sumo Sacerdote, Cristo Jesus, aquele que salga as petições imperfeitas com o sal dos Seus sofrimentos meritórios antes de apresentar as orações da igreja, sem mancha ou ruga, à vista do Seu santo Pai.

27.A oração verdadeira traz petições específicas e espera por respostas específicas. E elas serão respondidas, talvez não imediatamente, mas a demora de Deus não é a Sua recusa. “Deus nunca recusou nada àquela alma que chegou tão longe quanto o céu para pedir” (John Trapp).

28.A oração verdadeira é banhada na fé. A oração incrédula é uma oração infrutífera, não importa quão sincera possa ser.

29.A oração verdadeira pelos outros também colhe grandes benefícios para o suplicante no sentido de se sentir mais íntimo com Deus. A oração verdadeira não pode interceder explicitamente pelos outros sem estar orando implicitamente por si próprio.

30.A oração verdadeira é uma alegria em si mesma, mesmo quando a resposta pareça contradizer as muitas petições oferecidas.