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14 de nov. de 2016

Soli Deo Gloria: Um lema para a vida

Por Thiago Oliveira

*Texto Base: Salmo 96

INTRODUÇÃO

Soli Deo Gloria, que quer dizer: Somente a Deus glória, é um dos lemas da Reforma Protestante.  O intuito dos reformadores com este lema foi endossar que apenas o SENHOR deve ser exaltado em tudo o que fizermos. Como nos diz o apóstolo Paulo “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”. (1 Coríntios 10:31).

O pastor norte-americano John Piper costuma abordar o tema de quanto Deus ama a sua glória e de que nós também devemos amá-la e exaltá-la. Uma de suas frases mais famosas e mais repetidas é “Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele”. Por isso, devemos desejar Deus e fazer desse desejo o nosso estilo de vida. Nascemos para adorá-lo e devemos fazer isso em Espírito e em verdade. Se não glorificamos o Deus bendito com palavras e ações, logo, nos alienamos de nós mesmos e não viveremos uma vida plena. Não encontraremos satisfação em nada se não nos satisfizermos com a gloriosa presença do Deus trino.

Todavia, muitos se questionam se Deus não é egoísta ou narcisista ao querer ser glorificado e adorado entre os homens. Obviamente, Deus não é uma coisa e nem outra. Expondo o Salmo 96, que parece ser um resumo de um cântico de Davi (1 Crônicas 16) para alguma festa solene em celebração ao SENHOR no período pós-exílico, veremos o porque Devemos dar a Deus somente toda honra e toda glória.

EXPOSIÇÃO

1.Cantem ao Senhor um novo cântico; cantem ao Senhor, todos os habitantes da terra! 2. Cantem ao Senhor, bendigam o seu nome; cada dia proclamem a sua salvação! 3. Anunciem a sua glória entre as nações, seus feitos maravilhosos entre todos os povos!

Os versículos iniciais reforçam o louvor a Deus dando ênfase para que se cante em adoração ao SENHOR. Percebam que “cantai” aparece três vezes nos versículos iniciais do salmo. Um cântico novo não necessariamente seria uma música inédita. O próprio salmo é uma compilação de um texto composto por Davi para que os levitas entoassem no tabernáculo. Aqui, segundo a tradição rabínica e muitos comentaristas bíblicos, o cântico seria usado na inauguração do segundo templo, construído após um remanescente migrar do cativeiro babilônico para reconstruir Jerusalém. Mas então porque o canto se faz novo? Ora, ele se torna novo na disposição de nosso coração, quando cantamos com disposição e alegria para o enaltecimento do nome do Altíssimo. A novidade está na dinâmica de nossa adoração, que não pode ser mecânica, como se estivéssemos no “piloto automático”. E é justamente essa dinâmica que move o adorador a proclamar as maravilhas que vem de Deus. Observem que o canto não fica estático, ele vai se propagando por toda a terra na medida em que o nome do Senhor se torna bendito entre as nações e a sua salvação é proclamada. Isso é apregoar boas novas, o que nos remete a evangelização, termo que os tradutores gregos da Septuaginta usaram e que em nosso idioma foi traduzido por “proclamação”.

Anunciar a sua glória e a sua maravilha é compartilhar de quem Deus é e o que Ele faz para os que são seus. Este anúncio é o que cumprimos na grande comissão, quando pregamos a todos os homens sobre o que Deus Pai fez através de seu filho Jesus Cristo. A dinâmica da evangelização faz com que os adoradores aumentem e isso redunda em mais glória para Deus. Por isso que a adoração não pode ficar confinada ao culto, mas deve mover-se para fora, em busca de aumentar o coro que em muitas vozes cantará a majestade do Deus Todo-Poderoso.

4. Porque o Senhor é grande e digno de todo louvor, mais temível do que todos os deuses! 5. Todos os deuses das nações não passam de ídolos, mas o Senhor fez os céus. 6. Majestade e esplendor estão diante dele, poder e dignidade, no seu santuário.

E porque louvar ao Senhor? Seria Ele um egoísta? Como dito na introdução desta mensagem, a resposta é não. A tentativa de alguns ateus e inimigos da fé de pintar Deus com traços de Narciso é patética, pois, eles partem de um referencial humano para atribuir a Deus o sentimento egoísta. Deus é desde a eternidade, o que significa que não teve começo e não terá fim. Ninguém o criou e ninguém está acima do SENHOR. Ele é autossuficiente e seu deleite se encontra em seus próprios atributos. Ele é grande, maior do que a criação, que já imensa. Paremos para pensar na dimensão do planeta Terra e nos deparemos com o fato de que diante do vasto universo, nosso planeta é um pontinho azul entre bilhões de galáxias. Isso é a grandeza da coisa criada. Imaginemos então quão grande é o Criador. Só este fato deveria ser suficiente para reverentemente glorificarmos ao Deus dos céus e da terra.

O que você faria ao encontrar algo belo e grandioso que lhe conferisse um sentido de propósito? Com toda certeza você amaria tal coisa, a enalteceria com todas as suas forças e se entregaria por completo. Este algo existe e é o Criador que nos criou para si. Deus não pode se deleitar em nada fora dele mesmo, pois nada se equipara a sua grandeza. Por ser autossuficiente, tem paixão pela sua glória, que é a manifestação de seus santos atributos. Assim, pequeno e limitado que é o homem, necessita se conectar com Aquele que lhe confere um sentido para sua existência. O homem precisa de Deus, pois é Deus quem o confere a verdadeira humanidade. Por isso que C.S. Lewis nos diz que “em mandar-nos glorificá-lo, Deus está nos convidando a gozá-lo”. Portanto, quando adoramos a Deus e lhes rendemos glória, estamos fazendo aquilo que nos foi impresso na criação. Todo homem é um adorador por carregar dentro de si a imagem do Criador. Ao nos ordenar que lhe rendamos graças e louvor, Deus está nos dando o privilégio de sermos inteiramente satisfeitos e felizes, e a fonte que nos sacia por completo não é outra senão o próprio Iavé.

Por não glorificar a Deus, o homem sempre arruma um substituto para exercer veneração. Este é o cerne da idolatria, e o salmo deixa claro que todos os deuses não passam de ídolos criados. Eles são vazios e não possuem a majestade e o esplendor do Deus vivo, ao invés disso, são desprovidos de valor. Ao adentrar o santuário, o judeu deveria se deslumbrar não com a prata, não com o ouro e não com as pedras polidas e cravadas. O deslumbramento devia ocorrer diante da gloriosa presença do Deus que é santo. Sendo assim, que nós ao nos reunirmos com Igreja, sabendo que o SENHOR se faz presete, sejamos maravilhados com a beleza e com o esplendor de sua glória em nosso meio.

7. Dêem ao Senhor, ó famílias das nações, dêem ao Senhor glória e força. 8. Dêem ao Senhor a glória devida ao seu nome, e entrem nos seus átrios trazendo ofertas.

Por causa da grandeza de Deus, a adoração deve se estender a todos. As famílias precisam louvar a Deus juntas. Pais e Filhos. Irmãos e irmãs. Gente de toda classe social, seja de qualquer nação, falando qualquer língua. O nome do SENHOR deve receber a glória que é devida. As ofertas que se traziam ao Templo eram para render louvores ao Deus de Israel. Aqui necessitamos entender que não devemos adorar na intenção de receber favores. A adoração se dá como gratidão e serviço por tudo que Deus é e por tudo que Ele tem feito por nós e em nós. Que possamos fazer de nossa própria vida uma oferta toda vez que nos reunimos para engrandecer o nome do Santíssimo.

9. Adorem ao Senhor no esplendor da sua santidade; tremam diante dele todos os habitantes da terra. 10. Digam entre as nações: "O Senhor reina!" Por isso firme está o mundo, e não se abalará, e ele julgará os povos com justiça. 11. Regozijem-se os céus e exulte a terra! Ressoe o mar e tudo o que nele existe! 12. Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria todas as árvores da floresta, 13. cantem diante do Senhor, porque ele vem, vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com a sua fidelidade!

O salmo vai se encaminhando para o fim sem perder de vista a conclamação a adoração ao Divino. O verso 9 enaltece a santidade do SENHOR, o que é visto como motivo para reverentemente tremermos diante do Santo dos Santos. Todos os que estão na presença de Deus devem reverência pelo fato dEle ser santo e sua santidade contrastar com a nossa pecaminosidade. O profeta Isaías se encheu de temor ao se deparar com a santidade divina (vide Isaías 6). Ele não ficou com vontade de pular ou dançar, mas automaticamente se prostou. Essa é a reverência que cabe ao Rei dos reis e Senhor dos Senhores.

Deus reina e o mundo é sustentado pelo cetro de seu poderio. Isso precisa ser dito entre as nações. Os governantes do mundo precisam saber que estão debaixo do poder dAquele que tudo governa. O mundo é dEle, criado por Ele e para Ele mesmo se deleitar. Por isso que a conclamação para o regozijo é geral, englobando todos os seres criados. De uma forma hiperbólica, até mesmo seres inanimados são convocados para enaltecerem o Criador. O louvor aqui é oferecido a um Rei que governará com justiça. Juíz, no texto, é aquele que governa, e seu governo será justo, pois a sua base está na fidelidade de quem não é homem para que minta e nem filho do homem para que se arrependa (Números 23.19).

CONCLUSÃO/APLICAÇÃO

Para que essa palavra seja aplicada em nossa vida, podemos responder a nós mesmos a algumas perguntas:

1. Se eu preciso glorificar ao Senhor em todas as coisas, em que área eu tenho sido negligente e não a vivo para o louvor do meu Deus?

2. A quem tenho proclamado sobre a grandeza do meu Deus? Estaria a minha adoração se restringindo apenas aos momentos de culto congregacional ou privado?

3. Diante do governo dos homens e de tanta instabilidade política e financeira, estamos louvando ao Rei dos reis na expectativa de participarmos de seu reino de justiça?


Que o Senhor nos ache no meio de seus adoradores. A Ele a glória, pra sempre e amém! 

27 de abr. de 2016

Auto-Louvor: A Desgraça da Adoração Contemporânea

Por Thiago Oliveira

Se pegarmos um dicionário e lermos o verbete “Louvor”, encontraremos o seguinte significado: “Ato de enaltecer alguém ou alguma coisa; elogio, apologia”. Pois bem, quando falamos em louvar a Deus, isso implica em enaltecermos ao Senhor, e essa prática pode ser individual ou congregacional. Hoje o louvor tornou-se sinônimo de música para a igreja contemporânea, todavia, louvar não se resume a cantar. Obviamente, os hinos ou cânticos espirituais podem ser usados com essa finalidade. Encontramos na Bíblia referências a música como parte integrante da liturgia. Paulo aos Efésios dá a seguinte instrução: Efésios 5:19 – “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração.”

Só que os velhos hinos e os salmos vêm perdendo espaço para as músicas da indústria fonográfica gospel. A invasão de letras e melodias compostas por artistas desse segmento mercadológico começou timidamente nos anos 90, quando tais canções tinham um espaço no culto dividido com os louvores dos clássicos hinários. Aos poucos, o hinário foi ficando obsoleto e em muitas congregações só existem as músicas do gospel. Bem, não irei aqui fazer apologia ao HCC, a Harpa ou ao Cantor Cristão, etc., até porque alguns dos hinos antigos também apresentam equívocos teológicos e outros estão obsoletos em seus vocabulários e arranjos sonoros. Determinadas letras não são inteligíveis por ostentarem termos que em nosso cotidiano entraram em desuso. Sobre melodias, algumas vezes na adoração cantada, precisamos expressar alegria, e os ritmos de cânticos centenários já não conseguem expressar alegria, estão envelhecidos e descontextualizados. Já as músicas de hoje – no geral – apresentam outra espécie de problema: O grande problema é que o Gospel é um tipo de música feita com o intuito de vender. Enaltecer a Deus não é a primazia. Daí você me diz: “Estás julgando”. Ao que eu respondo: “Sim, estou”. O julgamento é uma análise, e para um bom discernimento é preciso estudar os frutos. Vamos lá. Reparem nas músicas cantadas no próximo culto e vejam quantas delas tem Deus como sendo o cerne das letras e quantas tem o homem no centro. Gostaria de listar alguns exemplos.
Uma das canções mais antropocêntricas que já ouvi (e o clipe ajuda bastante) é “Cheio do Espírito Santo”, gravada por Thalles. Eis um trecho:
Vou dizer, quem sou eu/Ahhhh/Cheio de graça/Cheio da bênção/Cheio do fogo/Cheio do manto/Fica a vontade, chega mais perto/Chega buscando/Chega dando glória, e dá lugar irmão.”

É perceptivo que o “eu” é o objeto de louvor. Outra música que vai na mesmíssima direção é “Nada pode calar um adorador” cantada por Eyshila. Observem o refrão:
Adorar é o que sei/Adorar é o que sou/Nada pode calar um adorador/Não existem prisões/Que contenham a voz de quem te adora, oh Senhor.”

Não estou fazendo uma refutação teológica dessa canção. Apenas atento para o fato de que elas não são litúrgicas. Até aceito alguém dizer que é um adorador e que ninguém cala um adorador, mas tal afirmação não coaduna com o louvor a Deus. Para não dizer que sou um crítico desonesto, usarei um exemplo positivo de uma música gospel (uma rara exceção) que glorifica ao Senhor e pode ser usada como adoração congregacional. Trata-se de ”Senhor e Rei”, do grupo Toque no Altar (apesar do grupo ter muitas músicas ruins):
Acima de Todos /acima de tudo/Está o Senhor entronizado/Os anjos e os homens/os céus e a terra/Montanhas e mares declaram quem tu és/Tu és Senhor e Rei/Governas sobre o universo/Justo e fiel/vestido de glória e poder/Coroado estás/Pra sempre reinarás.”

Nosso louvor deve ser para enaltecer a Deus tanto pelo que Ele faz, mas sobretudo pelo que Ele é. Não são apenas os atos do SENHOR que devem ser louvados, os Seus atributos também. É isso que vemos fazer Moisés (Êxodo 15) e Maria (Lucas 1) com seus cânticos. Da mesma forma os diversos Salmos, dentre eles os compostos pelos coraítas (por exemplo o Salmo 48). Não poderíamos aqui esquecer de um cântico da igreja primitiva que o apóstolo Paulo registra em sua epístola aos irmãos de Roma:

Romanos 11:36 – “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.”

Agora vejam o contraste entre o versículo acima e a letra “Conquistando o Impossível” gravada e cantada por Jamily:
Campeão, vencedor/Deus dá asas, faz teu voo/Campeão, vencedor/Essa fé que te faz imbatível/Te mostra o teu valor/Tantos recordes/Você pode quebrar/As barreiras/Você pode ultrapassar/E vencer.”

É uma canção extremamente humanista com um apelo motivacional que enfatiza tanto os atributos do ser humano que diz que a fé (não necessariamente salvífica) mostra o valor da pessoa e não o valor do Deus que “dá as asas” para que o homem possa “voar”. Na mesma “pegada” vem “Raridade”, interpretada por Anderson Freire:
”Você é precioso/ mais raro que o ouro puro de Ofir/ Se você desistiu, Deus não vai desistir/ Ele está aqui pra te levantar se o mundo te fizer cair.”

Este é apenas um trecho equivocado de tantas outras frases infelizes que existem nessa música. E ela é uma das mais estouradas no momento, cantada inclusive por descrentes. Além de exaltar a preciosidade (?) do ser humano – o que não é aceitável num louvor – inverte um versículo da Escritura. Vejamos o contexto em que é dito que o homem será raro como o ouro de Ofir:
“Eis que vem o dia do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores. Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz. E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos. Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir”. Isaías 13:9-12

Essa passagem fala de destruição. O Dia do SENHOR virá e os ímpios serão esmagados. Os ímpios são a grande maioria dos seres humanos, o remanescente fiel é um grupo pequeno se comparado ao dos réprobos. Por isso que o homem se tornará precioso como o ouro. Precioso, raro, aqui significa escasso. Isaías, falando da parte de Deus não louva o valor intrínseco do ser humano, ele traz uma mensagem de juízo para a humanidade caída e depravada.
A grande falha nos “louvores” atuais é tirar o foco da majestade e da grandeza do nosso Deus para dissertarem acerca dos dilemas humanos, das tribulações da vida ou até mesmo a exaltação do cristão como se ele por si só fosse o responsável por perseverar em meio as lutas e tentações. Por isso, quando você estiver no culto, quando começar o período de louvor faça a seguinte pergunta a si mesmo: Eu estou realmente louvando a Deus? Estou louvando ao cantar músicas que carregam uma carga dramática de dilema pessoal? Estou louvando a Deus quando a canção subverte uma passagem da Escritura (caso da música Raridade)? É hora de nos voltarmos para a adoração que tem o princípio joanino “Que Ele cresça e que eu diminua”.
Finalizo com um encorajamento aos músicos cristãos que amam ao SENHOR e a sua Palavra: Cantem as Escrituras. Componham hinos que exaltem os atributos maravilhosos do Criador. Formulem melodias que levem a reflexão e a contemplação. Evitem os jargões sentimentais e saibam que liberdade poética não existe quando temos um Cânon que subscreve a forma de prestarmos culto. Orem para que seus cânticos sejam de exaltação ao Deus triúno e busquem apresentar o evangelho da graça ao cantar dentro e fora da igreja. Que o bom Deus vos capacite e que com a sabedoria do céu, os auto-louvores sejam trocados por canções que engrandeçam e glorifiquem ao Rei dos reis.
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26 de jul. de 2015

Música

Por Mark Dever

Ora, por que escrevemos sobre “Música”? Por que não usamos uma terminologia mais santificada e o chamamos de “adoração”? Afinal de contas, é comum hoje falarmos em música, cânticos e adoração como palavras intercambiáveis. Primeiramente, adoramos. Depois, ouvimos o sermão.

Queremos desafiar essa suposição. A música no contexto do ajuntamento da igreja é somente um subconjunto da adoração corporativa. Ouvir a pregação da Palavra de Deus é uma das maneiras mais importantes de adorarmos juntos a Deus. De fato, é a única maneira pela qual podemos aprender como adorá-Lo de modo aceitável. Orar a Palavra de Deus, ouvi-la em público e vê-la nas ordenanças também são aspectos importantes da adoração. Contudo, falando de modo mais amplo, a adoração é uma vida completamente orientada no sentido de envolver-se com Deus, nos termos que Ele propõe e das maneiras que Ele provê. Nosso culto racional, a adoração exposta no Novo Testamento, consiste em oferecer a Deus todo o nosso ser como sacrifício vivo, santo e agradável a Ele (Rm 12.1-2; cf. também 1Co 10.31; Cl 3.17). Portanto, a música é um subconjunto da adoração que envolve toda a nossa vida.

18 de abr. de 2015

Conselhos Práticos para Grupos de Louvor

Por Thiago Oliveira e Thomas Magnum

A vaidade é algo comum em todo ser humano, mas, gostaríamos, com esse texto, chamar a atenção dos músicos: instrumentistas e cantores. Esta é uma categoria que tem ganhado muita notoriedade com o boom da música gospel e vem moldando a forma de cultuar da Igreja. Anteriormente, a congregação cantava embalada por hinários e um organista. Isto foi mudando e após a revolucionária década de 1960 a sonoridade pop invadiu as liturgias, com isso boa parte das igrejas aderiu ao que chamamos de “liturgia contemporânea”.

Embora gostemos das letras contidas nos hinários, pois teologicamente são bem robustas, não desprezamos a musicalidade de nossa época. Os louvores podem sim ter uma melodia que comportem serem tocadas por instrumentos como guitarra, bateria e baixo. Quanto a isso, não há nada de errado em si. O foco importante deve estar no comportamento do grupo de louvor e, sobretudo, no conteúdo daquilo que se canta. Fica a pergunta no ar: Os louvores contemporâneos são bíblicos? 

15 de jan. de 2015

E-mail a um dirigente de louvor

Por Augustus Nicodemus 

De: Augustus Nicodemus Lopes
Para: lenita@louvorceleste.br
Enviada em: 13/01/2015
Cc:
Assunto: RES: Perguntas sobre ministração do louvor
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Prezada Lenita,

Recebi seu email contendo várias perguntas sobre a "ministração" do louvor. Desculpe não ter respondido antes, foi falta de tempo mesmo.

Você me diz que é uma levita em sua igreja e que ministra o louvor durante os cultos. Sim, de fato é um privilégio poder participar do culto a Deus servindo na parte da condução dos cânticos. Eu teria um pouco de dificuldade em considerar você como levita (apesar de você ter um nome parecido, hehe), pois para mim os levitas faziam muito mais do que conduzir o louvor no templo: eles matavam e esfolavam animais, limpavam o sangue, a gordura, o excremento e os restos dos animais sacrificados e levavam uma parte para queimar fora. Além disto, arrumavam o templo, cuidavam da mobília e utensílios, etc. Se você quiser ser levita como aqueles de Israel, terá de se tornar a zeladora da igreja, rsrsrs!

Bom, vamos agora às suas perguntas. Coloquei as suas perguntas entre aspas, para facilitar:

1) "Até que ponto posso manifestar minhas emoções ao cantar pra Deus?" - Desde que sejam manifestações autênticas, sem problemas. O que incomoda muito é quando se percebe que o dirigente está fingindo, ou fazendo força para demonstrar o que não está sentindo. A maioria dos membros das igrejas não se emociona fortemente quando cultua. As emoções nem sempre estão presentes. Por isto, eles podem ficar meio desconfiados quando o dirigente do louvor, nem bem começou a primeira música, já está virando os olhos, chorando e embargando a voz. Mas, se as emoções forem legítimas, elas podem ser expressadas sem muita afetação.

2) "Levantar as mãos!! Posso? É errado?" - Não, não é errado, o problema é que às vezes parece uma forçação de barra, algo superficial e ensaiado, que não consegue convencer o povo de que é uma expressão sincera de adoração, Portanto, recomendo sabedoria e cuidado. É preciso deixar claro para o povo que não serão as mãos levantadas que tornarão o louvor mais espiritual ou mais aceitável diante de Deus. Não há qualquer relação direta na Bíblia entre posturas físicas e espiritualidade.

3) "Posso pedir para a igreja levantar as mãos em um dado momento da música, por exemplo?" - Veja a resposta que dei à pergunta anterior. Eu acrescentaria que pode ficar meio constrangedor pedir para a igreja levantar as mãos durante um cântico, pois tem gente que não estará sentindo nada e outros que não se sentem bem fazendo isto. A melhor coisa é deixar que seja espontâneo, que parta do povo mesmo. Gosto da regra, "não estimule; não proíba".

4) "Balançar de um lado pro outro, mesmo numa canção lenta é errado?" - Creio que não, desde que não vire dança ou rebolado sensual, provocando a imaginação dos rapazes, que lutam para se concentrar na letra e na música.

5) "Se me emocionar e chorar?" - Como eu disse, se for autêntico não haveria problemas, mas lhe confesso que é constrangedor ver dirigentes de louvor chorando como se aquilo fosse expressão máxima de espiritualidade ou comunhão com Deus. Quem não chora vai se sentir carnal, frio ou não convertido. Eu evitaria.

6) "Em relação à ministração entre uma música e outra, posso falar sobre a palavra, citar versículo e até explanar de uma forma muito rápida e objetiva?" - Poder, pode, mas se você não tiver uma boa base teológica vai acabar dizendo abobrinha, como eu ouço direto. Não é fácil falar em público e dizer coisas que realmente edifiquem. Sua função é ajudar o povo a adorar a Deus através da música. Estas "ministrações" entre músicas soam às vezes forçados, pois geralmente se tenta fazer uma ponte entre o tema da música e uma passagem da Bíblia, e isso fica forçado e artificial.

7) "Falar aleluia ou glória a Deus, claro que com reverência, sem gritar, por exemplo, é permitido?" - Não vejo problemas. Mais uma vez, todavia, é preciso ter certeza que são manifestações autênticas e não artificiais.

Lenita, o problema todo é esta superficialidade de alguns dirigentes de louvor que ficam se emocionando, chorando, revirando os olhos, gemendo lá na frente durante o louvor, e que uma vez encerrado este período, ficam do lado de fora da igreja batendo papo com os componentes da banda enquanto o culto continua acontecendo. Fica óbvio para todo mundo que era apenas fingimento.

Acho que os dirigentes de louvor seriam uma bênção maior se fizessem apenas isto mesmo, dirigir o louvor, ajudando o povo a entoar os louvores a Deus. Qual o propósito destas demonstrações de êxtase e enlevo fortemente emocionais à frente da Igreja? Ajuda em quê? Não quero generalizar, pois seria injusto, claro - mas às vezes fica a impressão que é apenas uma maneira de auto-promoção. Pense nisto.

No mais, que o Senhor continue a abençoar sua vida preciosa.

Um abraço!

Augustus

[Trata-se de um email fictício, embora baseado em fatos reais]

7 de jan. de 2015

Salmos e Hinos: O Pioneiro Esquecido


Por Luciana Barbosa

Às vezes questiono acerca da história do Salmos e Hinos no contexto que me encontro desde criança até os dias de hoje, onde esse belíssimo hinário é, e sempre foi esquecido e desvalorizado pelos cristãos, principalmente os que fazem parte das Igrejas Congregacionais do Brasil em suas diversas denominações. Acredito que isto aconteça por desconhecimento de sua história e origem. E para começar esse artigo gostaria de contar uma história sobre este hinário e os hinos que compõem essa coletânea tem contribuído para levar almas aos pés de Cristo.

Conta-se que certo missionário Evangélico quando se encontrava em Sião conheceu um descendente de certa tribo habitando nas montanhas, na maior selvageria e sem qualquer conhecimento da religião cristã. Sentiu desejo de ir até lá e ensinar-lhes o amor de Deus. Seus amigos tentaram dissuadi-lo da idéia. De joelhos, ele procurou a resposta e a obteve, ouvindo uma voz, como vinda do céu, que dizia: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura." Entendeu ser essa a vontade de Deus. Durante a viagem, sentiu-se encorajado com as palavras que ouvia em seu coração: "Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos." Depois de longa viagem, chegou ao lugar desejado. Viu-se cercado de uma multidão de selvagens aguerridos, ameaçadores, armados de flechas e lanças. O missionário não temeu. Tomando seu violino, afinou-o e começou a tocar e a cantar o belo hino que assim começa "Saudai o nome de Jesus!" número 231 do Salmos e Hinos. Enquanto cantava e tocava, mantinha-se de olhos cerrados. Ao chegar na última quadra do hino que diz: "Ó raças, tribos e nações, ao Rei divino honrai", abriu os olhos e viu, com grande alegria, que os selvagens haviam depositado suas armas no chão e permaneciam extasiados, comovidos com a música que ouviam. Fazendo-se entender, pediram ao missionário que permanecesse com eles, o que ele aceitou. Aprendeu-lhes a língua e começou a ensinar-lhes a Salvação em Jesus Cristo. E muitas vezes cantaram com profunda gratidão: Saudai o nome de Jesus!

Quando falamos do Salmos e Hinos somos levados automaticamente a associa-lo a figura de Robert Kalley e sua leal esposa Sarah Kalley os fundadores da primeira igreja evangélica em língua portuguesa fundada no Brasil no ano de 1855 na cidade do Rio de Janeiro, a igreja Fluminense que encontra-se lá até os dias de hoje. No inicio eram 50 salmos e hinos que foram usados pela primeira vez em 17 de novembro de 1861, seis dias após sua chegada ao Brasil. Desta maneira, "Salmos e Hinos" transformou-se na gênese de uma espécie de "teologia comum" às diversas denominações, servindo por décadas como único instrumento litúrgico em igrejas e congregações muitas vezes dirigidas dos diversos tipos de governo eclesiástico, bem como posições teológicas conflitantes (formas de batismo; predestinação x livre arbítrio; ceia memorialista x ceia com presença real;etc). Aqui abro um parênteses, onde destaco a IPB e Batistas, quando observamos a história do hinário das igrejas Presbiterianas (Novo cântico) e o das igrejas Batistas (Cantor Cristão) concluímos que estes hinários tiveram como base o Salmos e hinos.

A história do novo cântico nos conta que o hinário usado pela Igreja Presbiteriana do Brasil era o “Salmos e hinos”. Mas, por julgarem-no passível de correções, no aspecto lingüístico e doutrinário o concilio determinou a criação de um hinário que melhor servisse a IPB e outras igrejas de denominações irmãs. Foi criado um hinário provisório com hinos do reverendo Jerônimo Gueiros, Antônio Almeida e de outros autores, sendo utilizado nas igrejas do Norte e Nordeste. A preocupação e o zelo pela Escritura levaram estes reverendos a cristalizar no coração da IPB, uma de suas maiores necessidades, isto é, cantar com mais convicção e fidelidade às doutrinas bíblicas. Hoje a IPB tem seu hinário próprio, porém até esse dia chegar utilizava-se o Salmos e hinos. 

Já o cantor cristão não é muito diferente, foi o segundo hinário dos evangélicos brasileiros. Foi publicado em 1891 e sua primeira versão continha apenas 16 hinos; já em 1921 saiu a 17° edição com 571 hinos e nos diz a história dos batistas que esse valor, naturalmente deve ser dado também aos “Salmos e hinos”, pois, beberam dessa fonte durante anos.

Infelizmente hoje não é isso que acontece, a preferência é pelo que é dos outros e muitas vezes tais músicas professam aquilo que não professamos como nossa confissão de fé. Hoje mais de 150 anos, e com mais de 500 hinos próprios, um mais belo que o outro são negligenciados, busca-se outras fontes que muitas vezes derramam águas sujas. Até quando isso irá acontecer? Até quando o pioneiro ficará no esquecimento? E para concluir da melhor forma possível, deixo o hino que foi citado no inicio, que conduziu o povo ao arrependimento e a busca de Deus.

COROAI 231

1. Saudai o nome de Jesus! 
Arcanjos, adorai! 
Ao Filho do bendito Deus, 
Com glória coroai! 
2. Ó redimida geração 
Do bom e eterno Pai, 
Ao grande Autor da salvação 
Com glória coroai! 
3. Ó perdoados cujo amor 
Bem triunfante vai, 
Ao Deus varão, Conquistador, 
Com glória coroai! 
4. Ó raças, tribos e nações, 
Ao Rei divino honrai! 
A Quem quebrou os vis grilhões 
Com glória!

Salve o nosso Salmos e Hinos!

13 de dez. de 2014

Louve com Sobriedade e Sensibilidade

Por Luiz Sayão

Vivemos na era da música digital. Os muitos sons nos fazem delirar. Foi muita mudança tecnológica, rítmica e cultural que revolucionou e modificou o cenário evangélico na área de louvor e adoração. Diante do novo contexto, as opiniões se dividem. O louvor contemporâneo é melhor do que o antigo dos hinários? As mudanças foram para bem ou para mal?

A mudança da hinódia das igrejas tradicionais foi nítida nos últimos vinte e cinco anos. Durante décadas as igrejas tradicionais (batistas, presbiterianas, metodistas e assembleianas) usaram quase que exclusivamente os hinários com seus hinos bicentenários em sua maioria. Apesar de muitos aspectos excelentes e positivos dos antigos hinários, como a organização temática, a teologia saudável e equilibrada há também aspectos que facilitaram uma rejeição gradual dos mesmos, aliada a uma crescente aceitação de cânticos e hinetos mais recentes. Por que tantos belos hinos caíram em desuso? Algumas das principais razões podem ser aqui mencionadas:

1. Os hinos eram estrangeiros: A grande maioria dos hinos das igrejas tradicionais foram compostos nos EUA, na Inglaterra e na Alemanha há pelo menos mais de um século. Com o tempo, foram aumentando sua estranheza cultural para os ouvidos tupiniquins. Para muitos brasileiros, tais hinos passaram a soar como algo pouco atraente para as novas gerações.

2. Os hinos tornaram-se repetitivos: Hinos célebres como “Morri na Cruz por Ti”, “Oh, Quão Cego eu Andei” e “Vencendo vem Jesus” eram cantados com muita freqüência. O fato é que poucos hinos tradicionais eram muito cantados, repetindo-se muitas vezes a mesma melodia. Começou a faltar criatividade e os hinos amados tornaram-se enfadonhos.

3. Anacronismo:  Com o passar do tempo, a nova geração não conseguiu adaptar-se aos hinos mais antigos e buscou novas formas de expressão musical. Muitos dos hinos usavam uma linguagem mais difícil e melodias anacrônicas, perdendo capacidade de comunicação para os mais jovens. Um dos hinos antigos, por exemplo, dizia em sua primeira estrofe: “Numa orgia nefanda o rebelde Belsazar”.

4. A grande revolução litúrgica que pegou desprevenidos os grupos tradicionais e pentecostais clássicos no Brasil teve lugar a partir da década de 1950. A chegada da Igreja Quadrangular e o surgimento de igrejas como o Brasil para Cristo, Igreja Nova Vida e Igreja Deus é Amor mudaram o perfil litúrgico nacional. Foi por meio da nova onda carismática que o cenário mudou. Que tipo de mudança tivemos?

1. Instrumentação e ritmo: Os novos grupos carismáticos e, depois, os neopentecostais romperam com a hinódia tradicional (inclusive pentecostal – Harpa Cristã), compondo hinetos mais simples, mais curtos, repetitivos, acompanhados de palmas e instrumentos comuns (tidos como “menos sacros” como o órgão e o piano). O momento do louvor deixou de ser reflexivo e meditativo e passou a ser mais corporal e efusivo.

2. A Nacionalização: Os novos hinetos carismáticos foram, na maioria, compostos por brasileiros e em ritmos populares nacionais ou em ritmos importados mais comuns em nosso contexto. A verdade é que as novas igrejas eram autenticamente brasileiras. Não tinham necessidade de honrar uma tradição estrangeira. Cânticos em ritmo de samba e marchinha passaram e proliferar, acompanhados das criticadas palmas!

Que dizer dessa nova tendência? Os mais tradicionais sempre a criticaram, afirmando que a qualidade musical diminuiu (o que é fato), que as músicas se tornaram mundanas e que estávamos diante de cânticos impróprios para um culto verdadeiro. No entanto, é preciso ressaltar aspectos positivos da nova tendência.

- A Alegria Comemorativa: Enquanto os tradicionais cantavam “bendita a hora de oração”, de olhos bem fechados, os novos grupos começaram a “fazer festa”, pulando, movendo braços e pernas e até dançando! Por mais que se possa questionar tal atitude, há de se entender que ela tem força de apelo para o contexto brasileiro e para a nova geração. Além disso, condiz também com a maneira judaica de expressar fé. Por isso, muitos cânticos hebraicos começaram a invadir igrejas mais tradicionais a partir da década de 80, como “exaltar-te-ei, ó, Deus meu e rei”.

- Uma Adoração Contemplativa: Nos novos cânticos houve uma busca intensa pela presença divina. Esta adoração contemplativa é sempre acompanhada de imagens que nos convidam a estar “diante de Deus”, ”perante o trono”, “na presença do Senhor”. Houve um processo de “pictorialização” da relação com Deus. Em vez de enfatizar os feitos de Deus ou elementos teológicos importantes, ressaltou-se muito a transcendência divina, que deveria ser buscada, e sentida.

- A Retomada do Antigo Testamento: Os novos hinetos apresentaram uma forte tendência ao Antigo Testamento, enfatizando uma idealização de Israel. Querendo expressar uma fé mais concreta, os novos grupos encontraram nos Salmos e no Antigo Testamento muito de sua inspiração, muitas vezes sem qualquer transposição cristã, fundamentada na interpretação teológica do Novo Testamento. Além disso, especialmente sob a influência da escatologia pré-milenista, enfatizou-se muito o povo de Israel como fonte de inspiração. Motivos judaicos invadiram o mundo evangélico. Candelabros, estrelas de Davi, óleo de Jerusalém, etc. passaram a fazer parte do cotidiano evangélico.

No entanto, o novo cenário litúrgico também mostrou diversas fragilidades e problemas. Desde os dias do louvor ao som do iê-iê-iê dos anos 60 até o chamado louvor profético ou ungido (unção de inspiração animal), muitos problemas precisam ser mencionados.

1. Heresias: Como são compostos por gente sem boa formação teológica, muitos cânticos afirmam verdadeiras tolices: Ouvimos coisas como “eu navegarei no oceano do Espírito”, “(no céu) não entram irmãs que usam saia acima do joelho!”, “a casa de Deus, onde flui o amor”, e etc. Infelizmente muitas igrejas cantam diversos cânticos apenas porque gostam da melodia, sem observar se a letra tem ou não o mínimo fundamento bíblico e teológico.

2. Pobreza de Letra: Ainda que não seja o caso de todos, há cânticos que não chegam a dizer nenhuma heresia, porque não tem nada a dizer! Vários são os cânticos que trazem frases simplistas, quase sem nenhum conteúdo. Esses cânticos geralmente possuem bastante ritmo e algumas poucas frases são repetidas continuamente. Não é possível que se possa louvar a Deus com entendimento, usando letras tão pobres e vazias de conteúdo. Além disso, devemos reconhecer que se queremos oferecer um louvor a Deus, precisamos fazê-lo com mais qualidade.

3. Abuso do Ritmo: Todos têm consciência de que é possível e perigoso fazer manipulação emocional. Isso é diferente de louvar a Deus com as emoções. Quando momentos de louvor chegam a quase uma hora, quase sempre repletos de cânticos eufóricos, o público fica emocionalmente desequilibrado. O fato é que depois de tanto tempo, muita gente já nem é capaz de fazer uma crítica do que está acontecendo. A grande maioria dos cânticos de reuniões como essas são bem ritmados e repetitivos. A verdade é que em alguns casos a repetição de hinetos torna-se quase hipnótica. O público fica muito eufórico, chega a suar, alguns até manifestam certa sensualidade e acabamos tendo uma massa de pessoas altamente manipulável. Parece-nos claro que tal procedimento não trará edificação. Muitos são os casos de pessoas que são muito “animados” na hora do “louvorzão”, mas que nada manifestam em sua própria vida. Alguma coisa está errada neste tipo de louvor.

4. O uso incorreto do Antigo Testamento: Há uma crença generalizada de que podemos cantar todo e qualquer texto bíblico, pois estamos cantando a Palavra de Deus. É exatamente nesse ponto onde vemos a necessidade do estudo da hermenêutica (interpretação bíblica). Não podemos cantar qualquer versículo por diversas razões: às vezes o versículo traz uma ideia incompleta (veja At 15.1); às vezes o texto traz as palavras de Satanás (Jó 1.9-10), dos fariseus (Jo 8.48); apresenta uma teologia ultrapassada pelos ensinos cristãos (Nm 15.32,36); traz declarações que precisam ser corretamente interpretadas (Sl 137.9). Os cânticos que não tenham base bíblica e teológica não podem ser aceitos. Não devemos cantar: “persegui os inimigos e os alcancei, persegui-os e os atravessei” (Sl 18.37.38), quando o Senhor Jesus ordena que devemos perdoar e amar os nossos inimigos (Mt 5.44,45). Não podemos exaltar a guerra, a vingança, o templo, a cidade santa, pois tudo isso é teologia ultrapassada, conforme os ensinos do Novo Testamento. Temos ouvido um grande número de cânticos que usam direta ou indiretamente textos (ou a teologia) do Antigo Testamento indevidamente. Isso precisa mudar.

Diante do cenário descrito, é importante ter bom senso e equilíbrio. É claro que precisamos de uma renovação permanente de nossa hinódia. No entanto, não se pode mudar por mudar, prejudicando a igreja e seu futuro. No meio dessa situação conturbada, parodiando a banda Skank, não podemos “perder a cabeça, nem perder a amizade”. Por isso, louvemos ao Senhor com bastante sobriedade, sem perder, porém, a sensibilidade.

3 de nov. de 2014

Cante a Palavra e somente a Palavra


Por Luciana Barbosa

“Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele. É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, para que, como está escrito: "Quem se gloriar, glorie-se no Senhor".

1Co1:27-31

Quando refletimos sobre este tema, percebemos que os louvores ou as músicas cantadas hoje nas igrejas evangélicas em sua maioria estão bem distantes do tema proposto acima. Os louvores de antigamente eram a Bíblia cantada. Passagens inteiras eram citadas nos louvores de grupos como: Vencedores por Cristo, grupo Logos, Leni Silva, onde o foco, o centro era Cristo, a glória, a exaltação, a honra, o poder, tudo girava em torno Dele. Hoje os louvores são antropocêntricos, onde o homem faz e acontece, e tudo é para o homem. Nos livre Senhor dos valores invertidos! Com base nessa temática vamos tentar entender em três tópicos o que significa a centralidade da cruz nos louvores.

A centralidade de Cristo nas músicas – e aqui está a maior dificuldade que encontramos nos louvores cantados nas igrejas, pois, o genuíno louvor é aquele que glorifica a Cristo por meio da Palavra. Esse é o grande problema, pois, hoje canta-se de tudo menos a Palavra; os louvores tem que ter base bíblica, isto é, texto. Desafio você a encaixar essas músicas em algum texto bíblico: “diante de ti da vontade de pular, dançar, gritar” (Is.6:5); “eu escolho Deus” (Jo.15:16); “bater a porta na cara de Deus”; “Jesus crucificado e o inferno em festa se alegrou” (Mt.4); “ restitui EU QUERO DE VOLTA O QUE É MEU”; “vem assim como estás para adorar”; “ sabor de mel”. Essas são apenas algumas das milhares de músicas que o centro é o homem, tudo é para o homem, e Cristo é o servo do homem.  Deus não recebe esses louvores, pois, não há Sua Palavra neles. NÃO HÁ VERDADEIRO CULTO SE CRISTO NÃO FOR O CENTRO.

Existem várias canções que exaltam a pessoa de Cristo e, muitas delas são textos extraídos. Vejamos alguns exemplos:

“Porque Dele ,Por Ele”

Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Rm11:33-36

“Quem nos separará”

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Rm.8:36-39

“Celebrai com júbilo ao Senhor”

Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto. Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração. Sl.100

A centralidade de Cristo em nossa adoraçãoadorar é reconhecer o que o Senhor é: Senhor, salvador, eterno, bondoso, poderoso, justo, fiel e adorar a Sua obra,ou seja, tudo o que Ele fez e faz por nós. Essa música de Leni Silva faz um belo relato que antecede a crucificação de Cristo, a maior obra que Ele nos concedeu que foi a salvação; e o melhor é que essa canção é a narração de Lucas 22:39- 23.

Silêncio fazia lá no Jardim,
Quando Jesus orou assim,
Oh meu Pai, oh meu Pai,
Passa esse cálice de mim se possível for,
Faça-se a tua vontade.
Dali Jesus foi conduzido a presença de Pilatos
E a turba gritava crucificai-o
Como um cordeiro não se queixou,
A crueldade Ele aceitou
Sofrendo por mim com grande amor.
A TERRA TREMEU, O SOL ESCURECEU, NÃO PODE CONTEMPLAR.
A terra estremeceu o sol não deu, o sol não deu,
O sol não deu o seu calor,
O véu do templo se rasgou de alto a baixo protestou
Jesus deu o brado e expirou.
A TERRA TREMEU, O SOL ESCURECEU, NÃO PODE CONTEMPLAR.
Deus meu, Deus meu, Deus meu, Deus meu por que me desamparaste?
NEM MESMO DEUS DOS ALTOS CÉUS PODE CONTEMPLAR.
Elohim, Elohim, Elohim, Elohim, Lama sabactani,
NEM MESMO DEUS DOS ALTOS CÉUS PODE CONTEMPLAR.
Deus meu, Deus meu, Deus meu, Deus meu,
Lama sabactani
Por que me desamparaste? Por que me desamparaste?
Por que me desamparaste?
“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.”

Lm 3:22,23

Você sabe o que significa misericórdia? Misericórdia é Deus não nos dá o que merecemos, ou seja, o inferno! Reflita nas canções que você canta, independente de ter um ritmo ou uma melodia gostosa de se ouvir; cante a Palavra e somente a Palavra.