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4 de nov. de 2016

A Missão Não Íntegra de quem fala em nome da TMI

Por Thiago Oliveira

O Missão na Íntegra, que de acordo com a sua própria página diz ser “um dos movimentos de pregadores e pensadores protestantes que refletem a partir da proposta da Missão Integral”, está apoiando as ocupações nas escolas, e fez isso ao repetir em caixa alta - por três vezes - a seguinte frase num de seus post’s no Facebook: “TODO APOIO AOS ESTUDANTES NAS ESCOLAS OCUPADAS”!

Vale ressaltar que o Missão na Íntegra foi responsável por criar um manifesto contrário ao impeachment, acusando todos que apoiavam a saída da então presidente Dilma Rousselff de serem antidemocráticos. E ainda houve leitura do manifesto com a cobertura da mídia do PT[1], onde o Ariovaldo Ramos, o homem que está por trás disso tudo, deu declarações como esta: “É um privilégio como evangélico e negro ter a possibilidade de lutar contra o golpe. Nós não podemos aceitar a reconstrução de uma senzala que ainda não terminamos de derrubar”. Na ocasião, escrevi uma moção de repúdio ao manifesto[2], e disse que era um documento pró-petista redigido com linguagem velada. Mas desde que a saída de Dilma da presidência do país foi concretizada, a linguagem passou a ser desvelada, e alguns dos proponentes da Teologia da Missão Integral (TMI) - integrantes e não integrantes do Missão na Íntegra - passaram a tornar cada vez mais explícita a sua posição política, que como sempre se suspeitou, é uma posição que se coloca a esquerda do espectro político.

A revista Cristianismo Hoje, em sua edição de número 52/Ano 9 trouxe o título: "Missão Integral, Missão de Deus" na sua capa. A matéria panfletária sobre a TMI tem depoimentos de alguns de seus medalhões. Samuel Escobar ao responder como se define ideologicamente diz: “a esquerda não me assusta”. Seguindo mais adiante, fala o seguinte: “Encontro, no programa de movimentos classificados como ‘de esquerda’, preocupações e sensibilidades que estão mais de acordo com o ensino bíblico sobre uma sociedade mais justa do que os que se dizem ‘de direita’” (p.37). Ora, e quais são os representantes das esquerdas no cenário político da América Latina? Não seriam eles políticos e partidos com agendas muito distintas do que prega a sã doutrina?

Mais recente ainda, o Harold Segura escreveu um lamurioso texto[3] em que provoca os pioneiros teóricos da TMI lamentando que o povo colombiano tenha votado contra o perdão das FARC em plebiscito - que não apenas anistiaria seus integrantes, mas transformaria aquela organização criminosa e terrorista em um partido. Embora seja colombiano, lamenta também o impeachment de Dilma no Brasil e de um modo geral, vê a derrocada da esquerda e o crescimento do “conservadorismo evangélico” como sendo “em parte” culpa da irrelevância da TMI. Ora, porque será? Érika Isquierdo Paiva escreve um endosso da carta do Segura[4], e vejam só como é a sua redação: “A René, Samuel, Valdir, Juan, Tito e Pedro, entre muitxs outrxs”. Viram só isso? O “x” serve para não mais identificar o masculino e o feminino. Meus irmãos, quem é que encabeça a ideologia de gênero em nosso continente? Sim, são grupos progressistas financiados por partidos da esquerda, partidos esses que em sua maioria se identificam com os postulados de Karl Marx e os pensadores da new left.

Logo, fica evidente que quando o Missão na Íntegra (que reflete "a partir da proposta da Missão Integral") se manifesta apoiando a ocupação nas escolas, ele o faz com o compromisso de defender a sua ideologia ou o seu programa político. Pois, se defendesse o evangelho, não apoiaria certos jovens impedirem outros de estudar e prestar o Enem. E esses outros a quem me refiro são a maioria, privados de seu direito de frequentar a escola por causa de um bando de “gatos pingados”. Isso não é nem um pouco democrático, e nem é justo. Também vale ressaltar que os ocupantes são menores de idade e estão nas ocupações, em muitos casos, contra a vontade de seus próprios pais. Sendo assim, há uma desintegração familiar. Será que a missão integral não se importa com a relação harmônica entre pais e filhos? Entre preservar o quinto mandamento e subverter o patriarcado, de que lado ficará o movimento do Sr. Ariovaldo?

A matéria supracitada, da revista Cristianismo Hoje, dá a entender que as críticas feitas a TMI, que a associam as ideias marxistas, são infundadas. Há um missionário americano ligado a TMI que diz que fazer tal associação é algo "tão absurdo que eu tenho muita dificuldade de levar a sério". Mas como não entender diante de tantas falas que não são apenas parecidas, e sim idênticas as falas de qualquer líder político progressista anti-cristão? Vá na rede social de qualquer partidário do PSOL ou do PSTU, por exemplo, e veja se ele não escreve todxs, muitxs, outrxs e etc.

Reitero o que já mencionei em outras ocasiões: Considero o Pacto de Lausanne um documento ortodoxo e de grande valia para o segmento evangelical. É dele que vem a expressão “missão integral”. Todavia, lamento que a expressão tenha sido capturada por cristãos progressistas que tem um alinhamento político-ideológico com os setores da esquerda. Isto fere a própria tradição de Lausanne, pois em Junho de 1980 a Consulta de Pattaya se posicionou contrária ao marxismo, vendo-o como um sistema concorrente do cristianismo e anti-cristão. O relatório extraído desta consulta foi publicado com o título Evangelho e o Marxista, pela ABU. Foi um lançamento em conjunto com a Visão Mundial que traz outros documentos, num total de 10 livretos que compõem a Série Lausanne. A série foi recentemente reeditada, exceto, a que contém o texto de Pattaya. Como é que tentam apagar assim um documento histórico? E por quais razões? 

Há gente com muita propriedade fazendo críticas sensatas e visando uma reavaliação da intoxicação ideológica que alcançou a TMI e a fez se distanciar de Lausanne. Guilherme de Carvalho, Jonas Madureira, Filipe Fontes, Yago Martins e o pessoal do Movimento Mosaico têm escritos e palestras disponíveis na internet sobre a questão. Essas críticas precisam ser feitas, pois, a Igreja precisa ficar alerta e se posicionar contra qualquer teologia que faça síntese com ideologias idolátricas. E aqui quero recomendar quatro obras que podem ajudar bastante a fazer desintoxicação política: Contra a Idolatria do Estado, do Franklin Ferreira; Visões e Ilusões Políticas, do David Koyzis, Fé Cristã e Cultura Contemporânea, de vários autores e Ortodoxia Integral, do Pedro Lucas Dulci.


[1] http://www.pt.org.br/evangelicos-se-unem-para-dizer-nao-ao-golpe/
[2] https://bereianos.blogspot.com.br/2016/03/eu-repudio-o-manifesto-do-ministerio.html
[3] https://www.facebook.com/notes/novos-di%C3%A1logos/provoca%C3%A7%C3%B5es-p%C3%BAblicas-aos-meus-mestres-da-fraternidade-teol%C3%B3gica-latino-americana/1197918663607517
[4] https://www.facebook.com/notes/novos-di%C3%A1logos/acorda-neo/1202120739853976

5 de out. de 2016

Doutrina, Igreja e Vitalidade

Por Thomas Magnum

A visão puritana da vida cristã era uma teologia solidamente reformada que resultava na prática da piedade. Sem doutrina não há vitalidade na comunhão. Mas, de fato devemos reconhecer que existem muitas congregações que possuem até instrução teológica, mas, são apáticas, mornas e indiferentes em relação a prática da doutrina. Também temos congregações que são extremamente calorosas nos relacionamentos, mas, divorciadas da boa doutrina, da pura doutrina.

Temos então dois problemas comuns, que ocorrem com considerável “normalidade”. Ao ler os puritanos, percebemos que há uma preocupação em seus sermões e livros quanto a doutrina na prática da igreja. A ideia de que a teologia reformada deve ser apática acentuadamente racionalista (racionalista não é racional), eivada de paixão, amor a Deus, experiências afetivas com o Deus que é amor é no minimo estranho ao que lemos na história e na prática puritana da fé.

Estudantes de teologia tendem muitas vezes a associar a igreja a uma faculdade ou seminário, obviamente, a igreja deve ser ensinada doutrinariamente, mas, ali não é um centro acadêmico, onde o que mais interessa é a intelectualidade e submerge a vitalidade, a comunhão, o afeto, o culto, a fraternidade etc.

Na igreja os crentes devem ser instruídos na doutrina e essa instrução deve culminar na prática, na vida diária dos cristãos, na família, no trabalho, nos estudos e/ou em qualquer atividade exercida por cristãos regenerados.

Os dois casos que mencionei acima precisam ser pontuados.

1Igrejas que são doutrinadas não devem esquecer a comunhão, teologia e prática não são um hiato. Toda teologia ensinada na igreja deve resultar na transformação e amadurecimento dos cristãos e não o contrário.

2Igrejas fervorosas, fraternas, que gostam de proximidade entre os crentes, não devem ignorar o estudo das Escrituras, o conhecimento doutrinário. Esse fato é muito importante para uma igreja saudável: doutrina, adoração e comunhão, são basilares para a comunidade de fé.

Aqui chegamos então a um ponto importante na questão, o pastor. Se o pastor não for esse canal de ensino e exemplo na teologia e na prática cristã, como teremos uma capilarização dessa práxis na igreja?

É sem dúvida necessário que o pastor seja um homem que tenha a capacidade intelectual para guiar o rebanho nas Escrituras. De fato, um teólogo, no sentido nato do termo. Um conhecedor da doutrina, um homem temente a Deus e que não negocia a teologia saudável, que sabe que o alimento do rebanho será fundamental para o crescimento do mesmo. Obviamente, cada cristão tem sua responsabilidade individual para com sua própria vida espiritual, mas, o pastor é o responsável em alimentar esse rebanho. De fato em muitos lugares e denominações o pastor também administra a congregação local em vários aspectos, mas, devemos sempre lembrar que a sua principal tarefa é dedicar-se a oração e ao ministério da palavra (Atos 6).

Essa vitalidade almejada por crentes sinceros, deve ser cultivada. O sólido ensino teológico deve ser dado as igrejas. Não por imposição implacável, mas, com amor e graça. Instruindo o rebanho no que está sendo feito. Por exemplo, pregar expositivamente é fundamental para o desenvolvimento da igreja em crescimento bíblico, mas, antes de “forçar” uma igreja a aceitar a pregação expositiva (visto que em muitos lugares há real resistência a esse tipo de pregação), ensine primeiro a igreja o que é a pregação. Como meio de graça, como ele se desenvolve nas Escrituras, o que as Escrituras dizem sobre pregar expositivamente.

Não acabamos aqui. Muitas igrejas tem teologia boa, mas, não são tão boas na comunhão, no envolvimento, no serviço. Sabemos que não há como o pastor transformar pessoas, e as vezes esse fato é muito duro para o pastor, quando não há cooperação e falta de comunhão, mas, o pastor também é exemplo para isso. Seu relacionamento com os membros e congregados, o acompanhamento pastoral, o ensino, as pregações são meios divinos para instrução na justiça.

Minha reflexão aqui se dá pela necessidade de termos igrejas que sejam bíblicas, com sólida educação cristã, pregação doutrinária e expositiva e também, comunhão, calor, amor, graça e misericórdia. A prática cristã comunitária, regida pela doutrina nos levam ao que nosso Senhor ensinou:

Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. João 17.17

14 de set. de 2016

9 Marcas de um Presbitério Saudável

Por Sinclair Ferguson[1]

Quero fornecer 9 marcas de um presbitério saudável. Presbíteros podem avançar ou retardar a saúde espiritual de uma congregação. A seleção deles, portanto, é vital. Os poucos comentários abaixo são limitados à questão: Como reconhecer quem deveria servir como presbítero?

1. Ao passo que nos arrependeremos de colocarmos a medida abaixo dos padrões das Escrituras em reconhecer homens chamados para o presbitério, podemos também, em nosso zelo, coloca-la artificialmente acima das Escrituras, e falharmos em reconhecer que alguns dos melhores dons crescem no ministério.

2. Lembre-se especialmente que “estar apto para ensinar” (1Timóteo 3.3), com seu corolário de ser apto para “repreender” (Tito 1.9, isto é, usar as Escrituras para os fins aos quais são dadas, 2Timóteo 3.15-16) não especifica a arena. Alguns que são “aptos para ensinar” não se encaixam na pregação pública regular.

3. Busque homens que exibam o espírito, assim como o apego intelectual, da doutrina saudável. Ortodoxia com aproximação é uma grande aspiração em um presbítero (aproximação como o sentido mínimo de “hospitalidade”, Tito 1.8).

4. Exponha a questão mais negligenciada – “Os de fora pensam bem dele?” (1Timóteo 3.7) – e pondere por que essa questão é importante.

5. Escolha aqueles que já estão “entre” o rebanho e o rebanho “entre” eles (1Pedro 5.2). Tendo conhecido as qualificações morais, domésticas, ocupacionais e didáticas, pergunte: “Esse homem ama o rebanho e é amado por ele?”. O comprometimento para com a oração corporativa é geralmente o papel de tornassol.[2]

6. Evite apontar aqueles que se comprometeriam a amar o rebanho se eles fossem chamados para ser presbíteros. É bem melhor ter homens que amam as ovelhas do que homens que amam serem pastores.

7. Procure por homens que são simultaneamente gentis, mas preparados para serem corajosos e preparados para sofrer se necessário – colocar-se na frente para proteger, como também se colocar atrás para seguir! Um presbítero deve ser capaz tanto da repreensão bíblica quanto da restauração gentil (Gálatas 6.2). Homens quietos, com corações quietos, são dignos do seu peso em ouro e podem nos surpreender por sua sabedoria.

8. Faça a pergunta: “Nossa igreja teria vontade, se necessário, de pagar a esse homem um salário para trabalhar entre nós como um presbítero?”. A resposta pode dizer muitas coisas sobre seu ministério no rebanho e a estima que ele tem diante dos olhos deles.

9. Considere quão bem a vida de um homem ecoa os princípios do pastoreio do Senhor no Salmo 23.

***
[1] Esse texto é parte de um fórum, onde diferentes pastores compartilham suas experiências na escolha de seus presbíteros. Você pode ler o fórum completo no excelente blog Voltemos Ao Evangelho

[2] papel de tornassol é um teste feito para diferenciação das propriedades de acidez de um composto químico.

24 de ago. de 2016

O que eu perco quando perco o culto?

Por Tim Challies

Você pode imaginar a sua vida sem culto? Você consegue imaginar a sua vida sem se reunir regularmente com o povo de Deus, para adorá-lo em conjunto? O culto corporativo é um dos grandes privilégios da vida cristã. E talvez ele seja um daqueles privilégios que, ao longo do tempo, tomemos como certo. Quando eu paro para pensar a respeito, não consigo imaginar a minha vida sem culto. Eu nem mesmo desejo pensar nisso. Mas eu acho que vale a pena considerar: O que eu perco quando eu perco o culto?

Vivemos numa cultura consumista onde temos a tendência de avaliar a vida através de meios muito egoístas. Fazemos isso com o culto. “Hoje o sermão não falou comigo. Eu simplesmente não consegui apreciar as canções que cantamos nesta manhã. A leitura da Escritura foi demasiado longa”. Quando falamos dessa maneira podemos estar dando provas de que estamos indo à igreja como consumidores, como pessoas que desejam ser servidas em vez de servir.

No entanto, o ponto primário e o propósito de cultuar a Deus é a sua glória, não a satisfação das nossas necessidades sentidas. Nós adoramos a Deus, a fim de glorificar a Deus. Deus é glorificado no nosso culto. Ele é honrado. Ele é magnificado à vista daqueles que se juntam a nós.

Dessa forma, o culto rompe completamente com a corrente do consumismo e exige que eu cultue por amor da sua glória. Tenho ouvido dizer que o culto “é a arte de perder o ego na adoração de outro”. E é exatamente este o caso. Eu esqueço de tudo sobre mim e dou toda honra e glória a Ele.

O que eu perco sem o culto? Eu perco a oportunidade de crescer através de ouvir um sermão e de experimentar alegria por meio do cântico de grandes hinos. Eu perco a oportunidade de me unir a outros cristãos em oração e para recitar grandes credos com eles. Mas, mais que isso, eu perco a oportunidade de glorificar a Deus. Se eu parar de cultuar, estarei negligenciando um meio através do qual eu posso glorificá-lo.

Você vê? O culto não é sobre você ou sobre mim. O culto é sobre Deus. E, realmente, isso muda tudo.

Quando vejo o culto como algo que, em última análise, existe para o meu bem e para a minha satisfação, fica fácil tirar um dia de folga e pensar que a minha presença não faz nenhuma diferença. Mas quando eu venho para glorificar a Deus, eu entendo que ninguém mais pode tomar o meu lugar. Deus espera o levantar das minhas mãos, o erguer do meu coração e o levantar da minha voz a Ele.

Quando vejo o culto como algo que é todo sobre mim, fica fácil pular de igreja em igreja e estar sempre à procura de algo que se ajuste melhor a mim. Mas quando eu vejo a igreja como algo que é verdadeiramente sobre Deus, me pego procurando por uma igreja mais pura e melhor em adorar do modo exato como a Bíblia ordena – Eu procuro por uma igreja através da qual eu possa glorificá-lo cada vez mais.

Sem dúvida, o culto é um privilégio. Mas também é uma exigência, uma responsabilidade. E a maior responsabilidade, bem como o maior privilégio no culto, é trazer glória a Deus.

***

Fonte: What Would I Lose if I Lost Worship?

Tradução: Alan Rennê Alexandrino

22 de ago. de 2016

Ana Paula Valadão e a Egolatria de uma Igreja Enferma

Por Thiago Oliveira

“Queixo pra cima, Princesa! Rainha! Senão a coroa cai”. Essa é uma frase “mantrica” que se repete numa música* cantada por Ana Paula Valadão num evento da Igreja Batista da Lagoinha. Além da sofrível melodia, que parece canção de programa infantil, a letra é terrível. Num templo que foi pintado de preto e que teve o púlpito retirado, a celebração é do homem para o homem. A líder do grupo Diante do Trono, no meio da música manda um “celebre a sua identidade, mulher”. Como se essa bizarrice não bastasse, ainda há uma coreografia no qual uma senhora é coroada e dança com aquela típica coroa de debutante. Além de deturpar o evangelho, precisa ser tão brega assim?

A grotesca egolatria evangélica, recheada de eventos em que Deus é apenas subserviente, sendo invocado para atender os caprichos de “crentelhos mimados”, chega ao seu ápice quando ao invés de utilizar o momento do louvor para bendizer o nome do SENHOR, e enaltecer seus atributos, um grupo passa a exaltar qualidades humanas. Numa parte da canção, no qual insta as mulheres a se lembrarem do que são, há uma lista de qualidades, dentre elas: bonita, inteligente, sábia, paciente, humilde, submissa, mansa, obediente, respeitadora, encorajadora e etc...etc...etc. Também se exalta o fato da mulher orar e jejuar, redundando em mais um adjetivo elogioso, que seria “fervorosa”.

Não tive como não recordar a parábola que Jesus conta sobre a oração do fariseu e do publicano. O primeiro exalta a si mesmo por conta do cumprimento de atividades religiosas. O segundo apenas bate no peito clamando por misericórdia, reconhecendo sua pecaminosidade. Cristo nos diz que foi o publicano quem saiu justificado diante de Deus (Leia a parábola em Lucas 18. 9-14). No evangelho não existe espaço para autoglorificação. Nós devemos nos lembrar de que somos pó, que nossa vida é como um sopro e ai de nós se não fossem as misericórdias do SENHOR sobre quem somos. Sendo assim, que negócio é esse de “celebre quem você é”?

O que a Ana Paula Valadão promove vai de encontro com o padrão de humildade prescrito na Bíblia. Ora, para quê essa necessidade de autoafirmação? Pelo que dá a entender, a intenção é levantar a moral de mulheres que estão deprimidas, desiludidas da vida. Precisamos ter amor por tais e procurar ajuda-las a atravessar momentos de dificuldade - talvez um surto depressivo? Sim, devemos. Mas faremos isso apoiados na Palavra, buscando exaltar o nome do Senhor ao invés do nosso. Transformar uma pessoa depressiva numa narcisista não é a solução adequada, muito pelo contrário, só aumenta o prejuízo. Uma pessoa que precisa lutar contra a depressão deve se amar, mas o amor em primazia deve ser dado a Deus. Este é o primeiro grande mandamento. Ademais, amar-se não significa viver caçando elogios ou vangloriando-se pelas suas qualidades. Assim como a humildade - segundo a Bíblia - não significa negá-las. Então, o que vem a ser uma pessoa humilde? Tim Keller responde com a seguinte afirmação:

“A pessoa verdadeiramente humilde não é aquela que se odeia ou se ama, e sim a que tem a humildade do Evangelho. É uma pessoa que se esquece de si mesma e cujo ego é igual aos dedos dos pés. Eles simplesmente exercem sua função. Não imploram por atenção”.

Ao contrário do que muitos pensam, não tenho prazer em escrever esse tipo de texto. Mas mesmo não gostando, me sinto no dever de expor o falso evangelho, até porque ele resulta numa adoração a um deus falso. Sabe qual o nome disso? Idolatria! E a igreja evangélica, de modo geral, tem se especializado em idolatrar o ser humano. Isso é resultado de uma má compreensão da Escritura, que por sua vez, resulta em púlpitos adulterados, em que apesar de ter um pastor e uma Bíblia aberta, prega mensagens moralistas e de autoajuda, massageando o ego de uma geração acomodada e materialista. Quando a pregação expositiva e fiel da Escritura e a sã doutrina são deixadas de lado, a igreja – mesmo aparentando crescimento devido ao seu aumento numérico – está desfalecendo. Está gravemente enferma.

Mulheres e homens não devem colocar queixo pra cima. O mais propício é que ele fique baixo, encostado ao peito. E com a fronte e os joelhos prostrados, nossa oração deve ser a seguinte: “Senhor, diante de ti eu sei que nada sou, mas por Tua graça, livra-me de todo mal. Inclusive, livra-me de mim mesmo e dos maus desejos que afloram de minha natureza pecaminosa. Santifica-me na verdade. A Tua palavra é a verdade, e nela quero me aprofundar. Reina em mim, senhor Jesus. Amém”.

Não queiramos ser tidos por príncipes ou reis. Almejemos o status de servos bons e fiéis, pois, são estes que estarão na presença do verdadeiro Rei, desfrutando das benesses do seu reino. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre.
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*Veja, se estiver estômago forte: clique aqui

29 de jul. de 2016

Stranger Things e o Ministério de Jovens

Por Pedro Pamplona

Usei meu último dia de folga para assistir com minha esposa a série mais comentada nesses últimos dias, Stranger Things. Gostamos muito de séries e do Netflix. Foram 8 episódios muito interessantes que prederam nossa atenção e imaginação. Como a expectativa criada em torno da produção foi grande, ela não foi superada, mas é uma excelente série. Como é de se esperar (pelo nome) coisas estranhas acontecem nessa ficção científica. Na verdade, coisas bem estranhas e inesperadas por todos. A história [LEVE SPOILER] gira em torno da possibilidade da existência e de interação com um mundo ou dimensão paralela. Assistam!

Um mundo paralelo com coisas estranhas e inesperadas... O que isso me lembraria? Se você pensou em ministério de jovens, acertou! Foi isso que veio a minha cabeça no dia seguinte. Acompanhe meu raciocínio inicial. Ao meu ver o direcionamento de muitos ministérios de jovens é criar um mundo paralelo ao mundo do restante da igreja. É como se os jovens necessitassem viver na mesma vida, mas numa dimensão diferente, só para eles. E nessa visão o que difere as dimensões são exatamente as coisas estranhas que permeiam nossa juventude. Espero me tornar mais claro com os pontos a seguir.

Um deus estranho

O primeiro aspecto de um mundo paralelo no ministério de jovens é um deus estranho. Se Ele é o criador e a fonte de toda realidade, um mundo diferente começa com um Deus diferente. No deserto Deus deu ao seu povo hebreu um ambiente (o tabernáculo), uma forma de louvor (o sistema sacrificial) e uma forma de ensino e comportamento (a lei). O Deus único instituiu uma maneira de ser adorado. Seu povo o adorava como Ele queria. Isso quer dizer que a adoração a outro deus seria diferente (ex: bezerro de ouro) ou que outros povos não saberiam adorar a Deus corretamente, isso porque nem o conheciam.

Realmente me parece que o deus de boa parte dos jovens é estranho às Escrituras e ao restante da igreja. Costumam pensar num deus menos irado e mais complacente com o pecado. Num deus mais camarada com irreverente. Ou talvez um deus que não se importe tanto com as normas que Ele mesmo criou. O jovem costuma ver a Deus como o tiozão descolado, não como pai. Os filósofos atenienses convocaram Paulo a falar por acharem que ele ensinava coisas estranhas (At 17.20), mas o apóstolo começa dizendo que a razão pela qual acham seu ensino estranho está no fato de que adoram a um deus desconhecido (At 17.23), não o Deus único e verdadeiro de Paulo.

Não é novidade vermos jovens achando ensinos bíblico estranhos. Temo que isso se deve ao desconhecimento de Deus por conta do deus estranho que constroem em suas mentes. E isso afeta todo o resto.

Um ambiente estranho

Se temos um Deus estranho, provavelmente teremos um ambiente estranho de vida e adoração. Isso é perceptível em muitos ministérios de jovens. Existe uma grande tentativa de criar um ambiente "diferentão", uma outra dimensão da igreja. Por exemplo, sabemos que o Deus da Bíblia é um Deus de decência e ordem (1 Co 14.40), não sabemos? Por que então tanta desordem e indecência no meio dos jovens? A resposta: a visão de Deus estranha às Escrituras. Pense num culto normal de domingo de uma igreja e pense naquele culto de jovens badalado da sua cidade. Por que eles são tão diferentes. Por que as coisas valorizadas no culto dominical normal não são valorizadas no sábado a noite.

Um ambiente de jovens paralelo não se justifica. Nenhum ministério tem a prerrogativa bíblica de criar um ambiente estranho. O que estou querendo dizer com isso? Não me oponho a contextualização de linguagem e roupagem, mas tudo deve ser feito dentro do limite bíblico. Esse mundo totalmente diferente e paralelo acaba viciando os jovens e o mantendo preso a um formato. Muitos não crescem, não gostam de ir a igreja aos domingos e querem continuar mimados pelo deus estranhos dos jovens. E o grande problema é esse: a criação de uma realidade jovem paralela ao restante da igreja é a busca por tornar o ministério mais parecido com o presente século.

Um louvor estranho

No culto de domingo as luzes estão acessas, no de sábado apagadas. No de domingo a música está num volume agradável onde podemos ouvir os demais irmãos cantando, no sábado o volume é máximo. No domingo a liturgia segue normal, no sábado ela é substituída pelo entretenimento. No domingo temos um pregador bem vestido, normalmente, no sábado temos alguém fantasiado ou com roupas que não usaríamos no domingo. No domingo fazemos uma adoração voltada para os crentes, no sábado um show voltado para os incrédulos. Por que duas realidades diferentes? Só podemos encontrar resposta numa visão de Deus diferente.

Deus deixou claro um padrão de louvor ao seu nome. Seria enorme a defesa bíblica de cada passagem, mas podemos resumir e ficar com o princípio de que Ele está procurando adoradores em "Espírito e em Verdade" (Jo 4.24), ou seja, cristãos verdadeiros adorando através da verdade aplicada pelo Espírito. No mundo paralelo dos ministérios de jovens a verdade nas letras musicais pouco parecem importar diante da forma de apresentação. Aliás, as letras estranhas que cantam por ai é a maior expressão do deus estranho que pregam por ai.

Uma pregação estranha

Falando em pregação... quanta coisa estranha é feita com ela no meio dos jovens. Não vou nem falar de reduzir o tempo, eu bem queria que fosse apenas isso. Deus nos deixou um modelo de pregação (ver Atos), nos deixou um conteúdo de evangelização e exortação (Ler Jesus e Paulo) e nos disse como Ele chama pessoas a fé (Rm 10.13-17). Por que o restante da igreja tenta seguir essas verdades e o ministério de jovens parece ter descoberto uma forma mais legal de fazer?

A pregação estranha é a propagação e perpetuação do mundo estranho paralelo. A realidade bíblica da pregação expositiva (por passagem ou temas) é substituída por coisas estranhas do tipo motivacional, humorística, entretenimento, graça barata, loucuras, e secularismo. Como disse Hernandes Dias Lopes, quando a teologia é ruim (estranha), quanto mais se prega pior fica. O monstro da realidade paralela se alimenta de pregações estranhas às Escrituras.

Um comportamento estranho

Tudo isso que acabei de citar gera um relacionamento estranho. Nesse mundo paralelo a lei de Deus se faz também estranha. Jovens homens estão cada vez mais ameninados e jovens mulheres cada vez mais sensualizadas. É comum ver um palavreado estranho (entenda palavrões), vestes estranhas e brincadeiras estranhas. E o que é pior, esses jovens pensam que podem transitar o tempo todo entre as duas realidades sem nenhum desgaste ou prejuízo. Nesse caso esses ministérios de jovens são piores do que o misterioso centro de pesquisas de Hawkins.

Aqui fica a lição que até a série pode nos ensinar. O contado entre essas duas realidade e o trânsito entre elas é perigo e pode se tornar devastador. Ao passar dos episódios encontramos um professor de ciências afirmando que é necessário uma grande quantidade de energia para abrir portais entre as duas dimensões. E é triste ver tantos líderes e jovens gastando inutilmente uma grande quantidade de energia justamente para viverem num mundo paralelo cheio de coisas estranhas por conta de uma visão estranha de Deus (Os 4.6)

Como fechamos esse portal?

A resposta é: não dividamos a realidade da igreja em duas. Só existe uma realidade e uma das piores coisas que podem acontecer numa igreja é ver esse mundo paralelo jovem se tornar tão forte ao ponto de engolir toda a verdadeira dimensão eclesiástica. Jovens não precisam de um mundo paralelo, ninguém precisa. Aqui estão alguns pontos para lutarmos contra essa dupla dimensão:

- Elime o foco no entretenimento
- Centralize o culto em Deus, não nos visitantes
- Envolva os jovens com os mais velhos da igreja (incentive esses momentos)
- Utilize o mesmo padrão de liturgia (bíblico) em todos os cultos
- Pregue com a mesma seriedade em todos os cultos
- Não vista o ambiente jovem com a roupagem do mundo
- Cante músicas com letras bíblicas em todos os cultos
- Não se importe tanto com a quantidade de pessoas

Voltemos ao ambiente bíblico de culto, ao louvor bíblico, a pregação bíblia e ao comportamento bíblico. Voltemos a realidade que tem sua expressão máxima na verdade encarnada (Cristo) e escrita (Bíblia). Deixemos as “stranger things” apenas no Netflix.

30 de mai. de 2016

10 coisas que eu aprendi na Igreja aos Domingos

Por Erik Raymond*
Domingos são muito comuns por natureza. Levanto-me no mesmo horário e sigo a mesma rotina. Minha esposa e meus filhos também têm suas rotinas. Fazemos as mesmas coisas todas as semanas. Então, vamos ao mesmo lugar e vemos as mesmas pessoas. Além disso, quando chegamos lá, normalmente fazemos as coisas que fizemos no Domingo passado.

Encaremos o fato: a igreja é muito comum. Porém, não percamos isto: o fato dela ser comum não significa que não tenha importância!
Conforme eu estava meditando no último Dia do Senhor eu fui apanhado por uma série de coisas que me encorajaram. Deus se encontrou conosco na igreja de maneira comum e nos mostrou sua fidelidade extraordinária, sua graça, beleza, e poder. Eu compilei dez breves observações sobre o que, particularmente me afetou nessa semana (Estou encurtando minha lista). Que tais observações possam te encorajar a apreciar aquilo que é comum na sua igreja local.
1. As pessoas se revelam. Este ponto parece especialmente comum, porém, é enganosamente profundo. Meu entendimento da depravação conta-me que não saímos da barriga de nossas mães cantando "Quão Grande És Tu", mas "Quão Grande Eu Sou". O fato de Deus ter pessoas louvando seu nome na adoração pública deveria nos maravilhar em Sua Graça.  Não é diferente do primeiro relato de pessoas reunidas, nos dias de Sete, "naquele tempo pessoas começaram a invocar o nome do Senhor" (Gen 4:26)
2. Orações Respondidas. Durante o culto notei uma mãe balançando sua nova garotinha. Fui lembrado de como nós, enquanto igreja, oramos por aquela família ter filhos quando parecia que eles não poderiam ter. Deus respondeu estas orações não somente com uma, mas com duas crianças.  Enquanto ela alegremente balança seu novo bebê, sua oração foi respondida. Ela me faz lembrar que Deus ouve e se deleita em responder nossas orações.

3. Chamado à adoração.  No inicio do serviço nós lemos Salmos 135:1-3 e voltamos nossas mentes e corações para a prioridade de adorar a Deus juntos, como igreja. Estávamos sendo chamados à adoração. Fui lembrado que o próprio Deus procura verdadeiros adoradores (Jo 4:23-24). Na medida em que estamos unidos no reino num prédio comum, em um tempo comum, estamos dizendo algo profundo: Declaramos que Deus é suficientemente glorioso e digno de nossa adoração.

4. Louvando.  Cantamos hinos que nos lembram que Deus é fiel ("Grande é a Sua Fidelidade"), que a cruz é suficiente ("Agora, por que temer?), e que isso é algo pessoal ("Meu Jesus, Eu te amo"). Cada uma dessas músicas me levam para fora das minhas circunstâncias e levam meus lábios até o horizonte do Céu, onde completo as belas promessas de Deus e seu caráter imutável. Outra nota sobre os cânticos, somos conduzidos pelos músicos de nossa família, a igreja. Estas são pessoas comuns a quem Deus criou e moldou com habilidade musical para nos ajudar a ver e experimentar a Cristo. Isto pode parecer não ter sentido, entretanto, como um pastor sem habilidades musicais eu louvo a Deus por estes homens e mulheres que semanalmente conduzem nossa igreja, Monte Sião (Mt. Zion).

5. Diversidade.  Conforme eu olhava em volta, via pessoas de uma enorme variedade de idades e experiências. Havia ali pessoas que têm sido cristãos por décadas e alguns que são totalmente novos na fé. Eu vi jovens e anciãos interagindo com a pregação da Palavra como se fosse a primeira vez que eles ouvissem um sermão. Eu conversei com as pessoas sobre o sermão e ouvi uma diversidade de maneiras nas quais Deus confrontou a Igreja com a verdade. Louve a Deus por esta prática comum de nos reunirmos.

6. Propósito. Neste sermão, no meio da cena horrível do assassinato de Abel por seu irmão, fui lembrado que a vitalidade das promessas de Deus são sempre melhores vistas em meio às cinzas da destruição. O sofrimento de Adão e Eva, sem dúvidas, foi terrível. Entretanto, Deus usa o sofrimento para seus propósitos. Podemos nos contentar que no meio das cinzas que Deus não para de trabalhar para a sua glória e nosso bem. Portanto, ficamos preocupados ou lembremos, descansemos, e nos regozijemos nas promessas de Deus.

7. Oração. Um dos nossos pastores orou para que o nome de Deus fosse honrado e sua vontade fosse feita. Ele orou, citando os nomes de muitos membros de nossa igreja que estavam sofrendo e se regozijou nas bênçãos evidentes de Deus em responder orações. Ele orou por outras igrejas, e pela pregação do Evangelho em nossa cidade. Eu fui lembrado que a beleza e intimidade da nossa comunhão local e também da nossa amizade com outras igrejas. O reino está se expandido aqui e em outros lugares.

8. Pecados foram confessados. Priorizando a Ceia do Senhor, confessamos nossos pecados como igreja. Isto me lembrou novamente da santidade de Deus e a necessidade que temos de vir até Ele, de maneira consistente com sua santidade.  Também fui lembrado que Deus vê todas as coisas o tempo todo, e, portanto, devemos confessar nossos pecados regularmente.

9. Perdão foi assegurado. Após a oração de confissão fomos conduzidos a Ceia do Senhor onde fomos lembrados, novamente, de uma verdade que normalmente esquecemos: Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1). Oh, quão facilmente nos esquecemos disso. E se eu não me esqueço, certamente minimizo ou obscureço. Eu preciso segurar o pão e o vinho. Eu preciso ser lembrado como eu estava lá sentado na última ceia, onde Cristo bebeu o cálice da Ira para que eu pudesse beber o cálice da benção.  Seu corpo foi quebrado para que o meu fosse curado. Além disso, eu olhei em volta e vi meus irmãos e irmãs juntos comigo. Somos uma igreja que tem por objetivo amar, servir, e sermos responsáveis uns pelos outros. Neste momento de renovação da aliança estamos dizendo, ao comer e beber: "Estamos com Cristo e esta igreja: Quão glorioso"!

10. Doxologia.  Cantamos a doxologia conforme concluíamos. Isto me lembrou da extensão do louvor de Deus por sua glória insuperável. Nos unimos aos anjos e a criação para dizer que Deus é a fonte de todo o bem. Devemos tudo que nós temos a Ele. Nosso louvor se une numa bendição de toda a benevolência dele para conosco.

Eu poderia escrever um artigo como este toda semana. Toda semana, servir é como uma pintura fresca sobre minha alma. Deus nos encontra no comum, rotineiro, e familiar. Ele faz isto para surpreender, encorajar, fortalecer, e nos abençoar. Somos abençoados por Deus quando nos reunimos. Ele fala conosco na Palavra e na Ceia.

Então, sim, a igreja é bem comum. Porém, lembremos que: "o fato dela ser comum não significa que não tenha importância!"
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Erik Raymond* é pastor sênior da Igreja Bíblica de Emmaus, em Omaha. Ele e sua esposa Cristie tem seis filhos.

Tradução: César Augusto

9 de mai. de 2016

Bençãos e Deveres dos Filhos de Deus (1 Jo 3.1-10)


Por Thiago Oliveira


Texto Base 1 João 3:1-10

1. Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.

2. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é.

3. Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.

4. Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei.

5. Vocês sabem que ele se manifestou para tirar os nossos pecados, e nele não há pecado.

6. Todo aquele que nele permanece não está no pecado. Todo aquele que está no pecado não o viu nem o conheceu.

7. Filhinhos, não deixem que ninguém os engane. Aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.

8. Aquele que pratica o pecado é do diabo, porque o diabo vem pecando desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo.

9. Todo aquele que é nascido de Deus não pratica o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de Deus.

10. Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus; e também quem não ama seu irmão.

Introdução

O capítulo 3 da carta fala sobre a filiação que herdamos através de Cristo. Aqueles que são membros da igreja do Senhor ostentam a graça de serem chamados filhos de Deus. É a partir daí que o apóstolo vai tratar acerca de nossos deveres, pois, ser filho não redunda apenas em privilégios, existem também as obrigações. Vejamos a partir de agora quais são nossos deveres filiais.

Gerados do Alto (1-2)

A benção de sermos chamados “filhos de Deus” é enfatizada por João como sendo uma evidência do tamanho do amor que Deus tem por nós. É como se diante de uma coisa assombrosamente grande alguém começasse a exclamar “Uau! Venham ver, olhem o tamanho disso!”. De fato, ter a filiação divina é algo que nos deixa maravilhados e perplexos, pois, como nos diz o apóstolo Paulo, éramos filhos da ira, da desobediência (Ef 2). Passamos a ser filhos, graças ao sacrifício de Cristo feito em nosso favor. Por causa dele fomos não apenas adotados, mas gerados, o que expressa o novo nascimento que só o sacrifício na cruz foi capaz de operar. A palavra no original não traz a ideia de filhos adotados, mas sim gerados. Poderia ser traduzida como “crianças nascidas de Deus”. Isso não anula a ideia da adoção tão presente nos escritos paulinos, apenas demonstra que a adoção divina é tão eficaz que não apenas legitima a filiação, mas também transforma o filho adotado em filho gerado. Isso é um verdadeiro milagre e uma prova incontestável do amor que Deus tem por nós. Podemos experimentar desse amor e vivenciar tamanha benção em nosso dia a dia.

Contudo, o mundo não reconhecerá essa benção e nos desprezará. O apóstolo João afirma que de igual modo não reconheceram ao Senhor. Mas não devemos ficar chateados por não termos o reconhecimento mundano. O que vale para nós é saber que Deus nos conhece e nos chama de filhos. Este é o nosso tesouro e também a nossa esperança. João fala que ainda que a realidade da filiação seja concreta, ela não foi devidamente manifesta. Este é o famoso paradoxo do “já, ainda não” que todo o cristão vive. A manifestação da nossa filiação se dará quando Jesus retornar para julgar os vivos e os mortos. É no cenário escatológico do dia do Juízo que todos verão nossa real identidade que temos em Cristo. Da forma como o veremos, glorificado, também seremos.

A Pureza Requerida (3-6)

É a esperança na glorificação que nos move a um viver puro. Sabemos que no céu, teremos uma natureza incorruptível, diferente do que somos na atualidade, no céu não pecaremos, pois, o nosso estado será de pureza total e irreversível. Mas, os que anseiam viver assim já dão os primeiros passos ainda no lado de cá. Todo o crente que almeja viver na presença de Deus atenta para um viver santo. Se o Deus que nos chama e nos regenera é puro, e se nós somos seus filhos, devemos nos purificar também. Pecar é transgredir a lei, é ir de encontro com a vontade soberana do nosso Pai celestial. Logo, todo transgressor da lei é alguém que desonra o seu Pai e o entristece.

Devemos ter o conhecimento da pureza divina, e também atentarmos que desde a eternidade Ele articulou um plano para nos purificar de nosso pecado ao entregar Jesus para morrer em nosso lugar, não deixando impune a ofensa do pecado. Todo aquele que peca de maneira deliberada não conhece a Deus e nem é conhecido por Ele. Por isso, os filhos devem ter uma aparência distinta, eles são separados para refletir o caráter do Pai.

Pratiquemos a Justiça (7-10)

Se nosso interior for puro, nossas ações serão justas, isto é, retas. A noção de justiça extraída em toda a Escritura remonta a relacionamentos corretos. Ser justo é proceder corretamente para com Deus e para com meu próximo, observando as ordenanças bíblicas. João novamente vai trabalhar os contrastes. De um lado estão os praticantes da justiça, que agem conforme o caráter justo de seu Pai. Do outro estão os pecadores depravados que tem o diabo como pai. Não existe um meio termo entre os polos, ou se está na família de Deus ou na família de Satanás.

Cristo foi manifesto para derrotar as obras do diabo. Foi na cruz que ele teve sua grande vitória e apenas consumará quando retornar entre as nuvens. Já existe uma sentença contra Satanás e os que a ele pertencem. Enquanto isso não acontece, os filhos de Deus seguem firmes na caminhada, afastando-se do pecado que outrora os escravizava. O nascido de novo é alguém que não mais caminha de maneira desordenada procurando atender os seus desejos carnais. Dessa forma, um paralelo é traçado para identificar quem é filho de Deus e quem não é. Os que são justos são de Deus, e os justos, os que se relacionam de maneira correta, amam seus irmãos.

Aplicações

1. Tenho noção da benção que é ser filho de Deus? Sou grato por isso? Como venho demonstrando minha gratidão de maneira prática?

2. Como venho encarado a questão da pureza? Será que tenho relativizado as exigências que Deus faz para que o seu povo seja santo?

3. Como venho me relacionando com Deus e com as pessoas que são do meu convívio? Será que meus relacionamentos estão corretos? 

8 de abr. de 2016

Uma Preciosa Exortação à Igreja (1 Jo 2.12-17)

Por Thiago Oliveira

12. Filhinhos, eu lhes escrevo porque os seus pecados foram perdoados, graças ao nome de Jesus.

13. Pais, eu lhes escrevo porque vocês conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu lhes escrevo porque venceram o Maligno.

14. Filhinhos, eu lhes escrevi porque vocês conhecem o Pai. Pais, eu lhes escrevi porque vocês conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu lhes escrevi, porque vocês são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o Maligno.

15. Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.

16. Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo.

17. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

Introdução

Após o apóstolo João falar do mandamento do amor e advertir os crentes de que a ausência do amor é a ausência de luz, ele passa a falar sobre o mundanismo. João vai se dirigir a toda a Igreja. Ele não segmenta a sua fala a um grupo, mas exorta toda a congregação dos santos. Uma das coisas que vale a pena ressaltar é o caráter multi-geracional do Corpo de Cristo. A Igreja é composta de crianças, jovens, adultos e idosos. Quando fala que escreveu aos seus filhos no versículo 12, João usa uma linguagem fraterna, que lhe é particular. Ele, por ser idoso, considerava as ovelhas de seu rebanho filhos, e por elas tinha um afeto paternal. Após o termo generalizado, no versículo 14 ele parece falar com os filhos dos pais mencionados no versículo anterior. Podemos deduzir que sua fala alcançava aos jovens, citados diretamente nos versículos 13 e 14, mas também crianças, que podem preencher o espaço existente entre os “pais e filhos” a quem o apóstolo se dirige.

Antes de exortar a Igreja para que ela não seja seduzida pelo sistema maligno que assola o mundo desde a Queda, João a encoraja e lhe faz lembrar as bênçãos que vem do Senhor Jesus para sua amada noiva. Ele enfatiza que escreveu, justamente porque a escrita é um registro de algo que é dito. Louvado seja Deus que inspirou tais homens santos e deixou registrada as suas Palavras, assim, nós hoje temos acesso a este banquete espiritual e podemos desfrutar deste maná.

Bênçãos em Cristo (12-14)

Ao dirigir-se ao Corpo de Cristo e falar alguns motivos de ter escrito a sua epístola, João fala das bênçãos que o Senhor Jesus concede a sua igreja. A primeira delas é o perdão dos pecados. Isto se dá por graça e graças ao nome de Jesus. Ao falar do “nome”, o apóstolo tenciona falar daquilo que ele representa, que é a pessoa e o ofício de Cristo como sendo o enviado de Deus para salvar a humanidade do pecado e da morte. Esta é a dádiva maior que herdamos de Cristo. Ser perdoado é não ter mais empecilho ao nos relacionarmos com Deus. Está escrito: “Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá”. Isaías 59:2. Todavia, quando perdoados, nossos pecados são lançados fora e estamos livres e podemos atender ao convite feito pelo autor do livro de Hebreus: “Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura”. Hebreus 10:22. Maravilhoso é saber que antes erámos inimigos do SENHOR por causa de nossa rebeldia para com suas santas ordenanças, mas que purificados por Cristo somos íntimos do Deus triúno e podemos gozar de sua presença e infinita bondade.

A segunda benção é o conhecimento de Deus. Este se dá por meio da revelação. O Soberano se revelou aos homens e num sentido geral fez-se conhecido através da natureza (Rm 1.20). Mas aos seus filhos Deus se revela de uma forma especial. Pois, através do Espírito que habita em nós, temos discernimento daquilo que é espiritual e o que antes enxergávamos embaçado, agora vemos com nitidez. Obviamente que o nosso conhecimento de Deus não é exaustivo, pois muita coisa ainda é mistério para nós, todavia, conhecemos o suficiente para nos prestarmos em adoração diante do nosso Senhor, sabendo que Ele é o único e verdadeiro Deus, e fora dEle não há outro. Este conhecimento não é apenas teórico, ele é também relacional. Conhecemos a Cristo de andarmos com Ele. Ao dirigir-se aos pais, isto é, aos mais velhos, o apóstolo apela para que eles transmitam este conhecimento para os mais jovens. A fé precisa dos pais precisa ser transmitida aos filhos. Isto se dá em casa, no ambiente familiar. Temos um grande problema em nossa geração: os pais terceirizam a educação de suas crianças. E aqui inclui-se também a terceirização da instrução bíblica. Que os pais não esqueçam do provérbio que diz: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”. Provérbios 22:6.

A terceira benção, é a vitória sobre o maligno. O apóstolo endereça aos jovens esta fala, pois, na juventude as mais diversas tentações nos assolam. O mundo parece mais sedutor para aquele que está no auge de seu vigor físico. Os que estão na flor da idade têm muitos atrativos. E são nestes atrativos que muitos são fisgados e sucumbem aos desejos pecaminosos, entregando-se as paixões da mocidade. No entanto, João assevera que mesmo jovem, o crente tem a vitória decretada sobre as hostes do mal, e sua vitória não está na sua força física ou capacidade intelectual. O jovem que vence o maligno é aquele que tem a Palavra de Deus.

Muitas igrejas tem negligenciado a doutrinação de sua juventude. Para atrair os jovens apostam em entretenimento, e muitos estão dentro das igrejas sem ter um conhecimento substancial da Palavra. Não é o entretenimento que deve “prender” os jovens na igreja. Eles precisar ter consciência de que o mais importante na vida cristã é ouvir e assim aprender mais do Evangelho, para praticar em seu cotidiano. Não levar a sério a pregação da Palavra para os jovens é uma característica daquilo que João irá falar em seguida.

Cuidado com o mundanismo (15-17)

O mundo, no contexto da passagem, é o sistema de valores que opera entre pessoas pecadoras que tem Satanás como seu mentor. João novamente faz o uso de contraste e numa afirmação categórica diz que aquele que ama o mundo não tem o amor do Pai celestial. Não existe um meio termo: ou se deseja a Deus e as coisas que são do alto, ou se deseja as coisas terrenas, transformando-as em ídolos.

As coisas do mundo são resumidas em uma lista com termos abrangentes. A saber temos: i) a concupiscência da carne, ii) a concupiscência dos olhos e iii) a soberba da vida. Os desejos da carne são desejos perversos, uma cobiça que fere o décimo mandamento. Muitas vezes este desejo é ativado pelos olhos, que quando fitam determinada coisa, faz o interior desejar o objeto que está sendo olhado. Daí vem a ganância e a vontade de ter passando por cima de qualquer coisa. Esse “ter” resulta em orgulho. O homem olha para o que já fez e já acumulou para si nesta vida e se engrandece por isso. Precisamos ter muito cuidado com isso.

Infelizmente, alguns líderes evangélicos tem dado ênfase a um estilo de vida materialista e o consumismo tem invadido as igrejas com uma infinidade de produtos com o selo “gospel”, concebido e voltado para o público evangélico, que já tem sido explorado pelo mercado como um bom nicho para se investir. John Stott, como presidente do Grupo de Trabalho sobre Teologia e Educação da Comissão de Lausanne para Evangelização Mundial, foi um dos responsáveis por elaborar, em Outubro de 1980, o Compromisso Evangélico Com Um Estilo de Vida Simples. Em sua obra, Discípulo Radical, ele afirma que a simplicidade é uma característica essencial de um discípulo de Jesus. Esse estilo de vida simples está associado a uma postura de mordomia, que é o cuidado com os recursos que Deus colocou sobre a nossa responsabilidade. O cristão não precisa se isolar do mundo. Ele não tem que viver como um monge, longe de tudo e todos. O apóstolo João não adverte para que deixemos o mundo, sua advertência é dirigida ao amor ao mundo.

Sim, podemos ter posses. Não é errado possuir bens e até mesmo investir para que eles frutifiquem. O errado é colocar neles todo o sentido par a vida. Por que quando alguns homens de negócio quando perdem seu patrimônio cometem suicídio? Porque fizeram de suas posses um fim em si mesmo, quando na verdade, se temos algo, este algo deve servir para nosso desfrute e para a ajuda ao nosso semelhante. Compartilhar é uma benção! Quando alguém é cristão e é rico, este faz de sua riqueza seja usada para fins nobres. Há muitos que investiram e investem suas fortunas em missões e obras sociais. Não são os dias daqui que importam para nós, por isso que o conselho do apóstolo Paulo é o de que devemos pensar nas coisas que são de cima (Cl 3.2). Aqui tudo é corruptível e passageiro, portanto, focados na Eternidade, sejamos desapegados a este mundo. Esta é uma marca dos verdadeiros membros do Corpo de Cristo.

Aplicações

1. Devo estar ciente de que em Cristo Jesus, nas regiões celestiais, eu sou abençoado. As coisas mais preciosas já me foram dadas. Sendo assim, devo descansar no meu Senhor e com gratidão prestar um culto sincero e jubiloso durante todo o meu viver.

2. Não posso depositar a minha esperança nas coisas do mundo, pois, se eu fizer isto, serei um idólatra e não tenho o amor do Pai. É necessário desapegar do materialismo e adotar um estilo de vida simples.

3. Preciso ser um bom mordomo dos recursos que graciosamente recebi dos céus. Administrar bem os recursos desta terra é cultuar a Deus e prestar-Lhe serviço.