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4 de jul. de 2016

Ideologia de Gênero: Uma Questão Teológica e Biopolítica

Por Thomas Magnum

Em toda história da Igreja Cristã podemos pontuar vários ensinos contrários ao que a igreja professa. Isso é um fato inegável. O Cristianismo sempre sofreu oposição ideológica. A Ideologia de Gênero que tem sido pauta para os últimos debates sócio-educacionais é um assunto que precisa ser refletido com seriedade pela igreja e não pode ser ignorado, pelo simples fato de ser uma proposta alteradora do modelo bíblico para a sexualidade humana, a saber, homem e mulher (Gn 1.26-28). Ao me referir ao discurso hipermoderno sobre gênero, estabeleço uma ligação própria com a heresia, o termo usado por heresia é o que a Igreja tem professado no decorrer dos séculos, uma distorção da verdade declarada nas Escrituras de forma axiomática. A heresia é um desfoque da fala divina, é uma corrupção do ensino bíblico; e questão do gênero defendida por correntes psicológicas, antropológicas e sociológicas é uma distorção clara e confrontadora do que diz a Bíblia a respeito do homem e da mulher e de seu comportamento sexual[i].

De fato e de verdade, as teorias relativas à ideologia de gênero (também conhecidas como teoria queer ou gender) são desdobramentos de ideologias sociais referentes ao feminismo[ii], homossexualidade e demais distorções do comportamento sexual humano. O processamento de tal ideologia na sociedade é desastrosa e extremamente prejudicial. Crianças de ambos os sexos usarem o mesmo banheiro na escola? Deixar que a criança descubra suas inclinações sexuais sem nenhum molde – seja da religião, seja da moral vinda dos pais, seja de um padrão social ocidental – é uma violação da liberdade e não uma proclamação da liberdade. A intenção claramente é destruir a autoridade estabelecida, e isso é quebra do quinto mandamento descrito no decálogo. É força empregada por ideologias de gênero, obviamente ligadas a questões de hegemonia nas ideias biopolíticas. É um poder ideológico que dá cabo a uma guerra cultural para erradicação da moralidade cristã estabelecida no Ocidente. É um desmonte cultural em relação à função do homem e da mulher na sociedade e uma nova formulação da ideia de família, obviamente contrária a Palavra de Deus.

De um ponto de vista teológico podemos dizer que a ideologia de gênero é uma negação da realidade, uma negação da verdade e uma negação da autoridade. A realidade de que a criança nasce com um sexo e gênero é o sinônimo e não algo a ser escolhido, essa negação da realidade é uma violação do mandato social descrito em Gênesis 1. Onde lemos que o homem e a mulher deveriam procriar, assim a humanidade só se multiplicaria pelo cumprimento do mandato social, e para que isso acontecesse a sexualidade criada por Deus deveria ser cumprida como no plano original do Criador e não no exercício da homossexualidade ou na neutralidade do sexo. Deus criou o homem para se relacionar sexualmente com a mulher e não com outro homem (Rm 1.24-27). O feminismo em seu formado agressivo de desestabilização da autoridade masculina e exaltação da independência da mulher de toda opressão do sexo oposto também é uma distorção do que dizem as Escrituras sobre o papel da mulher no casamento e o papel do marido (veja Ef 5. 22-33), a submissão da mulher ao marido é estabelecida pelo próprio Deus em sua Palavra e todo ensino contrário é uma afronta a vontade do Criador.

É triste observarmos quietos a invasão diabólica de tal ideologia, que em muitos casos é inserida em materiais didáticos e paradidáticos aprovados pelo MEC. A ideologia de gênero tem sido subliminarmente colocada nestes materiais, demonstrando o tamanho da covardia e sordidez de gente que se diz educador e implanta monstruosamente na mente de crianças, padrões de reconstrução moral e social[iii]. Obviamente, nosso objetivo aqui não é examinar historicamente e exaustivamente a questão da ideologia, mas, direcionar para uma pesquisa mais ampla, diga-se de passagem, urgente principalmente para pastores, pais e professores cristãos.

A urgência e a importância de refletirmos a partir de uma visão teológica sobre o assunto é sem precedentes, nenhum cristão que esteja envolvido nos campos de conhecimento está autorizado pela Palavra de Deus a pensar autonomamente sobre quaisquer assuntos envolvendo a criação de Deus. Com isso não estou defendendo a falta de liberdade científica, mas, pontuando um princípio cristão (1 Co 10.31) que tudo que fazemos deve ser para a glória de Deus. Nossa teologia deve atender a questões sociais e devemos cultivar uma mente bíblica para o exercício de uma cosmovisão redentora, uma percepção de mundo que aponte para Cristo, o Cristo total, o Cristo que é um cerne da teologia, da revelação, da Criação e da ordem devida ao mundo criado.

Desenvolvermos uma reflexão social a partir de bases bíblicas e teológicas é ordem das Escrituras (Êx 20.1-3). O professor Felipe Nery, fundador do Observatório Interamericano de Biopolítica relata em um de seus artigos que “... na Alemanha. Dois pais são presos por não permitirem que seus filhos compareçam às aulas de sexo na escola”. E continua:

O caso dos pais presos na Alemanha por não aceitarem que sua filha fosse doutrinada pela cartilha de “gênero” ilustra bem a índole dos promotores da nova moral mundial. Trata-se de um grupo claramente totalitário. Embora use com frequência termos como “liberdade”, “tolerância” e “diversidade”, aqueles que ousam discordar de suas teorias mirabolantes são imediatamente punidos, ora por meio da mentira e da difamação, ora por sanções legais – como é o caso de Eugen e Luise Martens.

A atitude desse casal, no entanto, não é uma simples “reação”, como se os dois estivessem preocupados apenas em “desmascarar” a ideologia de gênero, ou fossem meros soldados preocupados em matar o inimigo. Talvez, Eugen e Luise Martens, pais de nove filhos, nem se interessassem muito por toda essa discussão, por essa que é realmente uma guerra cultural. A situação com que se depararam, no entanto, obrigou-os a agir. Não por ódio ao adversário, mas por amor àquilo que tinham de mais valioso: os seus filhos[iv].

Felipe Nery completa dizendo:

Algum pai poderia imaginar-se na mesma situação? A escola do próprio filho, que ele criou com tanto amor, dedicação e cuidado, querendo incutir em sua mente toda “variedade” de práticas sexuais... O que fazer? Qual atitude tomar? Ora, o gesto de Eugen e Luise parece bastante compreensível. É o mínimo que qualquer pai e qualquer mãe podem fazer para preservar a integridade e a pureza de seus filhos. Contudo, o Estado quer essas crianças para si, quer educá-las do “seu” jeito, quer implantar nelas as suas ideias, ainda que sejam essas, absurdas, citadas acima. É o que alguns parlamentares também absurdamente defendem, quando trabalham pela implantação da ideologia de gênero em nosso país. Filhos doutrinados, pais encarcerados – é este o futuro de uma nação que mina a célula-base da sociedade, a família, e entrega as suas crianças nas mãos do Estado. Eugen e Luise Martens representam a resistência dos homens de bem de todo o mundo, que não querem ver os seus filhos sequestrados de suas mãos, para serem manipulados por um Estado imoral e por uma ideologia depravada. Eugen e Luise lembram, com sua atitude, que os pais, por serem os transmissores da vida aos filhos, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores, e que essa função é essencial, insubstituível e inalienável. Eugen e Luise não negam a importância da educação sexual, mas recordam que esta deve ser dada fundamentalmente pelos pais, e não em oposição aos seus princípios e valores[v].

Portanto o que nos resta quanto cristãos? Com certeza, não um conformismo com tamanha calamidade moral e social que nos cerca, não um isolacionismo irresponsável para com nossa confissão de fé e para com a missão que nos foi dada (Rm 12.1-2). Finalizo com um grandioso texto da Escritura que me faz refletir sobre nossa postura:

"Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo..."

2 Coríntios 10:5
_____________
[i] Recomendo ao leitor para aprofundamento do assunto, principalmente para um alerta sobre a prática de ensino nas escolas sobre a questão gender (gênero), o site do Observatório Interamericano de Biopolítica que tem discutido de forma competente sobre o assunto de gênero (http://biopolitica.com.br/)

[ii] Para esclarecimentos históricos a respeito da origem e desdobramentos da questão recomendo o livro  - Gender, Quem és tu? Sobre a ideologia de gênero, escrito por Olivier Bonnerwijn, editora Ecclesiae.

[iii] Citação do meu artigo no blog Electus – Ideologia de Gênero, a negação da autoridade, da realidade e da verdade. http://blogelectus.blogspot.com.br/2015/10/ideologia-de-genero-negacao-da.html#.V0cL_jUrLIU

[iv] Link -http://biopolitica.com.br/index.php/cursos/38-pais-na-cadeia-crime-discriminacao-de-genero-vitimas-os-filhos

[v] Ibdem.

15 de jun. de 2016

Apologética para quê?

Por Thomas Magnum

A defesa da fé ocupa lugar importante na teologia cristã. Numa leitura ainda que superficial na história do pensamento cristão, rapidamente notaremos o trabalho da apologética, e da polemica, no trabalho teológico de pensadores cristãos como Agostinho, Atanásio, Justino, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino e segue-se uma lista infindável de teólogos que empenharam-se na defesa da fé cristã.


A apologética não deve ser escrava do orgulho humano, nem tão pouco ferramenta para um labor pecaminoso, a apologética deve ser uma serva da Palavra de Deus, uma ferramenta para a evangelização e para proteção doutrinária do rebanho de Cristo. É bem verdade que a apologética causa, de certa forma, sedução aos incautos, não por culpa dela mesma, mas por uma má compreensão do que ela é, e de qual é sua finalidade no trabalho teológico.


A defesa da fé é um trabalho de teologia pública, é um derramar teológico para convencimento por meio da Sagrada Escritura e seguidamente por evidências que corroboram o que diz a Palavra a respeito de um pressuposto da fé.


A apologética mal utilizada é uma espada na mão de um bebê. Um coração orgulhoso, iracundo, impiedoso, que não usa o conhecimento teológico para glória inaudita de Deus não sabe para que serve a apologética. Talvez ela até seja instrumentalizada por uma mente brilhante, mas, uma mente brilhante sem uma alma humilhada é um tumor epistemológico.


Com isso, nesse quase aforismo que escrevo, posso finalizar dizendo quatro coisas sobre a atividade apologética:


1. Ela deve ser serva da teologia;

2. A finalidade da teologia é a glória de Deus, não a nossa;

3. A proclamação teológica para glória de Deus produz missões;

4. O debate pelo debate é exibicionismo pecaminoso.


Concluo dizendo que apologética é o que disse o apóstolo:


Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós...
1 Pedro 3.15

10 de jun. de 2016

Evangelismo e Apologética

Por Greg L. Bahnsen

O motivo pelo qual os cristãos são colocados na posição de apresentar a razão da esperança que neles há é que nem todos os homens têm fé. Porque há um mundo a ser evangelizado (homens que não são convertidos), há a necessidade de que o crente defenda sua fé: evangelismo conduz naturalmente à apologética. Isso indica que apologética não é mera questão de “duelo intelectual”; é uma séria questão de vida e morte — vida e morte eterna. O apologeta que falha em perceber a natureza evangelística de sua argumentação é cruel e arrogante. Cruel porque ignora a principal carência de seu oponente, e arrogante porque está mais preocupado em demonstrar que ele não é um tolo acadêmico do que em mostrar que toda glória pertence ao gracioso Deus de toda a verdade. Evangelismo nos faz lembrar quem somos (pecadores salvos pela graça) e do que carecem nossos oponentes (conversão de coração, não apenas modificação proposições modificadas). Acredito, portanto, que a natureza evangelística da apologética nos indica a necessidade de adotar uma defesa pressuposicional da fé. Em contraste a essa abordagem se colocam os vários sistemas de argumentação autônoma neutra.

Algumas vezes ouve-se, na área da erudição cristã (seja no campo da história, da ciência, da literatura, da filosofia ou em qualquer outro), a demanda por uma postura neutra, uma atitude não comprometida com a veracidade das Escrituras. Com freqüência, professores, pesquisadores e escritores são levados a pensar que, para serem honestos, devem pôr de lado todo comprometimento distintamente cristão quando estudam uma área que não esteja relacionada diretamente aos assuntos da adoração dominical. Eles raciocinam que, visto que a verdade é verdade onde quer que possa ser encontrada, as pessoas devem ser capazes de buscar a verdade pela orientação dos grandes pensadores de cada área, ainda que esses tenham uma perspectiva secular. “É realmente necessário considerar os ensinamentos bíblicos se você quer entender corretamente a guerra de 1812, a composição química da água, as peças de Shakespeare ou as regras da lógica?” Esse é o questionamento retórico deles. Daí surge a demanda por neutralidade no reino da apologética. Alguns apologetas dizem que deixariam de ser escutados pelo mundo descrente se abordassem a questão da veracidade das Escrituras com uma resposta preconcebida. De acordo com essa perspectiva, devemos estar dispostos a abordar o debate com descrentes com uma atitude comum de neutralidade — uma atitude “ninguém sabe até agora”. Inicialmente, devemos assumir o mínimo possível, é o que nos dizem; e isso significa que não podemos assumir premissas cristãs ou ensinamentos bíblicos. Assim, o cristão é chamado a abrir mão de suas crenças religiosas distintivas, a “deixá-las na estante” temporariamente, a assumir uma atitude neutra em seu pensamento. Satanás adoraria que isso acontecesse. Mais do que qualquer outra coisa, isso evitaria a conquista do mundo para crer em Jesus Cristo como Senhor. Mais do que qualquer outra coisa, isso faria dos cristãos professos impotentes em seu testemunho, ineficazes em seu evangelismo e incapazes em sua apologética.

O apologeta neutralista deveria refletir sobre a natureza do evangelismo; tal reflexão demonstra que (pelo menos) nas seis seguintes formas, o evangelismo requer uma apologética pressuposicional.

Na tentativa de levar boas novas ao mundo descrente, o neutralista é privado de seu tesouro.  Contrária à demanda por neutralidade, a palavra de Deus demanda lealdade sem reservas a Deus e sua verdade em todo o nosso pensamento e busca por instrução. E o faz por uma boa razão.

Paulo declara infalivelmente em Colossenses 2.3-8 que “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” em Cristo. Note que ele diz estarem depositados na pessoa de Cristo toda sabedoria e conhecimento — seja sobre a guerra de 1812, a composição química da água, a literatura de Shakespeare ou as leis da lógica! Toda atividade acadêmica e todo pensamento devem ser relacionados a Jesus Cristo, porque Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo. 14.6). Assim, evitar Cristo em seu pensamento, em qualquer ponto, é estar enganado, entregue à falsidade e morto espiritualmente.

Pôr de lado seus comprometimentos cristãos ao defender a fé é desviar-se voluntariamente do único caminho para a sabedoria e a verdade encontradas em Cristo. Temer o Senhor não é o fim ou o resultado do conhecimento; é o princípio do conhecimento reverenciá-lo (Pv. 1.7, 9.10). Paulo chama nossa atenção para a impossibilidade da neutralidade, a fim de que ninguém nos “engane com raciocínios falazes”. Ao contrário, devemos, como exorta Paulo, ser firmes, confirmados, radicados e edificados na fé, como fomos instruídos (v. 7). Uma pessoa deve estar pressuposicionalmente comprometida com Cristo na esfera do pensamento (e não neutra) e firmemente ligada à fé que recebeu por instrução, ou a argumentação persuasiva do pensamento secular irá enganá-la. Por isso o cristão é obrigado a pressupor a palavra de Cristo em toda área do conhecimento; a alternativa é o engano. No versículo 8 de Colossenses 2, Paulo diz: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas”. Ao tentar ser neutro em seu pensamento, você se torna um alvo fácil para ser enredado — privado por vãs filosofias de “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” que estão depositados somente em Cristo (v. 3). A mente obscurecida do descrente é uma expressão de sua carência de ser evangelizado.

Paulo nos diz em Efésios 4 que seguir os métodos ditados pela perspectiva intelectual daqueles que estão fora de uma relação salvadora com Deus é ter pensamentos vãos e entendimento obscurecido (vv. 17-18). O pensamento neutralista, então, é caracterizado por futilidade e ignorância intelectual. Na luz de Deus, vemos a luz (cf. Sl 36.9). Afastar-se da dependência intelectual da luz de Deus, da verdade de Deus e sobre Deus, é afastar-se do conhecimento para a escuridão da ignorância. Dessa forma, se um cristão deseja iniciar sua busca por instrução a partir de uma posição de neutralidade, ele estará, na verdade, disposto a iniciar seu pensar nas trevas. Ele não permitirá que a palavra de Deus seja luz para o seu caminho (cf. Sl 119.105). Ao caminhar pela neutralidade, tropeçaria pela escuridão. Tal pensamento certamente não honra a Deus como deve, e, conseqüentemente, Ele o torna nulo (Rm 1.21b). Neutralidade equivale à nulidade na visão de Deus.

Essa “filosofia” que não tem seu ponto de início e nem sua direção em Cristo é mais detalhadamente descrita por Paulo em Colossenses 2.8. Paulo não é contrário ao “amor pelo conhecimento” (isto é, “filosofia”, do grego) per se. Filosofia é admirável se a pessoa encontra sabedoria genuína — o que significa, para Paulo, encontrá-la em Cristo (Cl 2.3). No entanto, há um tipo de “filosofia” que não começa com a verdade de Deus, com o ensinamento de Cristo. Essa filosofia tem sua direção e origem nos princípios dos intelectuais do mundo — na tradição dos homens. Tal filosofia é alvo da reprovação de Paulo em Colossenses 2.8. É, para nós, esclarecedor, especialmente se somos propensos a aceitar a demanda por neutralidade em nosso pensamento, investigar sua caracterização desse tipo de filosofia.

Paulo diz que é “vã sutileza”. Que tipo de pensamento é esse que pode ser caracterizado como “vão”? Encontramos uma resposta ao comparar e contrastar passagens das Escrituras que falam de vaidade (por exemplo, Dt 32.47, Fp 2.16, At 4.25, 1Co 3.20, 1Tm 1.6 [loquacidade frívola], 6.20 [falatórios inúteis], 2Tm 2.15-18, Tt 1.9-10). Pensamento vão é aquele que não está de acordo com a palavra de Deus. Um estudo similar demonstrará que “sutileza” [engano, cf. Gn 27.35 ARC] é aquilo que está em oposição à palavra de Deus (cf. Hb 3.12-15; Ef 4.22; 2Ts 2.10-12; 2Pe 2.13 [mistificações]). A “vã sutileza” sobre a qual Paulo previne, então, é a filosofia que opera contra a verdade de Cristo e longe dela. Note a ordenança de Efésios 5.6, “Ninguém vos engane com palavras vãs”. Colossenses 2.8 nos diz que tomemos cuidado para não sermos enredados com “vãs sutilezas”. Paulo caracteriza ainda esse tipo de filosofia como “de acordo com a tradição dos homens, segundo os princípios fundamentais do mundo”. Essa filosofia põe de lado a palavra de Deus e a torna inválida (cf. Mc 7.8-13), e o faz ao basear-se nos elementos de aprendizagem ditados pelo mundo (isto é, os preceitos dos homens; cf. Cl 2.20,22). A filosofia que Paulo rejeita é aquele pensamento que segue as pressuposições (as hipóteses elementares) do mundo e, por essa razão, não está de acordo com Cristo.

O neutralista negligencia a antítese entre o cristão e o não-cristão que explica por que o crente está em posição de auxiliar o descrente Em Efésios 4.17-18, Paulo ordena que os seguidores de Cristo não mais andem “como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração”. Cristãos não devem andar, agir ou viver de uma maneira que imite o comportamento daqueles que não são redimidos; especificamente, Paulo proíbe que o cristão imite a vaidade dos pensamentos do descrente. Cristãos devem se recusar a pensar ou raciocinar de acordo com uma perspectiva ou mentalidade mundana. O agnosticismo condenável dos intelectuais do mundo não deve ser reproduzido nos cristãos como suposta neutralidade; essa perspectiva, essa abordagem à verdade, esse método intelectual evidencia um entendimento obscurecido e um coração endurecido. Ele se recusa a curvar-se perante o senhorio de Jesus Cristo sobre todas as áreas da vida, incluindo a erudição e o mundo. Todo homem, seja antagonista ou apologeta do Evangelho, distinguirá seu pensamento e a si mesmo pelo contraste com o mundo ou pelo contraste com a palavra de Deus. O contraste, a antítese, a escolha é clara: ser distinguido pela palavra de Deus (que é verdade) ou estar alheio à vida de Deus. Ou ter “a mente de Cristo” (1Co 2.16) ou a mente vã dos gentios (Ef 4.17). Levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2Co 10.5) ou continuar como “inimigos em suas mentes” (Cl 1.21). Aquele que segue o princípio intelectual de neutralidade e o método epistemológico da erudição descrente não honra o soberano senhorio de Deus como deve; como resultado, seu pensamento se torna nulo (Rm 1.21b). Em Efésios 4, como vimos, Paulo proíbe que o cristão siga essa mentalidade vã. Paulo prossegue ensinando que o pensamento do crente é diametralmente contrário ao pensamento ignorante e obscurecido dos gentios. “Mas não foi assim que aprendestes a Cristo” (v. 20). Enquanto os gentios são ignorantes, a verdade está em Jesus (v. 21). Ao contrário dos gentios, que estão alheios à vida de Deus, o cristão se despojou do velho homem e tem se renovado no espírito do seu entendimento (vv. 22-23). Esse “novo homem” é diferente em virtude da “justiça e retidão procedentes da verdade” (v. 24). O cristão é completamente diferente do mundo quanto ao intelecto e à erudição; ele não segue os métodos neutros de descrença, mas, pela graça de Deus, tem novos compromissos, novas pressuposições em seu pensamento.

Tentar ser neutro nos esforços intelectuais (seja pesquisa, argumentação, raciocínio ou ensino) equivale a se esforçar para apagar a antítese entre o cristão e o descrente. Cristo declarou que um foi separado do outro [santificado] pela verdade, que é a palavra (Jo 17.17). Quem tenta obter dignidade aos olhos dos intelectuais do mundo usando a insígnia da “neutralidade” somente o faz à custa de recusar ser santificado pela verdade de Deus. No reino intelectual, eles são absorvidos pelo mundo, de forma que ninguém pode dizer a diferença entre seus pensamentos e concepções e os pensamentos e concepções apóstatas. A linha entre o crente e o descrente é desvanecida.

Esse tipo de concessão nem é possível. “Nenhum homem pode servir a dois senhores” (Mt 6.24). “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).

A natureza da conversão não é de neutralidade e autonomia contínua, mas de fé e submissão ao senhorio de Cristo. A fé da pessoa que se torna cristã não foi gerada pelos padrões de pensamento da sabedoria mundana. O mundo, por sua própria sabedoria, não conhece a Deus (1Co 1.21), mas considera loucura a palavra da cruz (1Co 1.18, 21b). Se alguém adota a perspectiva do mundo, então ele nunca verá a sabedoria de Deus verdadeiramente; assim, nunca estará “em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria” (1Co 1.30). Logo, fé (e não observação auto-suficiente) faz de você um cristão, e essa confiança é posta em Cristo, não em seu próprio intelecto. Isso é o mesmo que dizer que o modo pelo qual se recebe Cristo é se desviar da sabedoria dos homens (a perspectiva do pensamento secular com suas pressuposições) e obter, pela iluminação do Espírito Santo, a mente de Cristo (1Co 2.12-16). Quando uma pessoa se torna cristã, sua fé não se baseia na sabedoria dos homens, mas na poderosa demonstração do Espírito (1Co 2.4-5).

E mais, o que o Espírito Santo causa é que todos os crentes digam “Senhor Jesus” (1Co 12.3). Jesus foi crucificado, ressurreto e assunto para que pudesse ser confessado como Senhor (cf. Rm 14.9, Fp 2.11). Dessa forma, Paulo pode resumir essa mensagem, que deve ser confessada se formos salvos, em “Jesus é o Senhor” (Rm 10.9). Para se tornar cristã, uma pessoa deve se submeter ao senhorio de Cristo, deve renunciar autonomia e pôr-se sob a autoridade do Filho de Deus. Aquele que Paulo diz que recebemos, de acordo com Colossenses 2.6, é Cristo Jesus, o Senhor. Como Senhor sobre o crente, Cristo requer que o cristão o ame com cada faculdade que tem (incluindo o entendimento, Mt 22.37); todo pensamento deve ser levado cativo à obediência de Cristo (2Co 10.5).

Logo, o apologeta evangelístico deve vir e arrazoar como um novo homem se quiser atingir o descrente; sua argumentação deve ser consistente com o objetivo para o qual mira. Vimos que a precondição absoluta da genuína erudição cristã é que o crente (e seu pensamento) deve estar radicado em Cristo (Cl 2.7). Paulo ordena que estejamos radicados em Cristo e que evitemos as pressuposições do secularismo. No versículo 6 de Colossenses 2, ele explica de forma simples como devemos ter nossas vidas (incluindo nossa busca por erudição) fundamentadas em Cristo e, daí, garantir que nosso raciocínio seja guiado pelas pressuposições cristãs. Ele diz “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele”; isto é, ande nele da mesma forma em que o recebeu. Se fizer isso, você será confirmado na fé, tal como foi instruído. Como, então, você se tornou cristão? Desse mesmo modo você deve crescer e amadurecer em sua caminhada cristã. Vimos acima que nossa caminhada não honra o padrão de pensamento da sabedoria mundana, mas se submete ao senhorio epistêmico de Cristo (isto é, sua autoridade na área do pensamento e do conhecimento). Dessa maneira uma pessoa alcança fé, e nessa maneira o crente deve continuar a viver e a aplicar seu chamado — mesmo quando se trata de erudição, apologética ou ensino.

Logo, o novo homem, o crente com uma mente renovada que foi ensinada por Cristo não anda mais na vaidade e escuridão intelectual que caracteriza o mundo descrente (cf. Ef 4.17-21). O cristão tem novos compromissos, novas pressuposições, um novo Senhor, uma nova direção e meta — ele é um novo homem; e essa novidade é expressa em seu pensamento e erudição, pois (como em todas as outras áreas) Cristo deve ter primazia no reino da apologética e do evangelismo (Cl 1.18b).

Se o evangelista quer que seu testemunho seja convincente, ele deve colocar-se em um firme fundamento de conhecimento. Deus nos diz que apliquemos nosso coração ao seu conhecimento para conhecermos a certeza das palavras da verdade (Pv 22.17-21). É característico dos filósofos atuais negarem a existência da verdade absoluta ou negar que alguém possa ter certeza sobre conhecer a verdade: ou ela não existe ou é inalcançável. No entanto, o que Deus escreveu para nós (ou seja, as Escrituras) pode mostrar-nos “a certeza das palavras da verdade” (vv. 20-21). A verdade é acessível! Contudo, para a compreendermos firmemente, devemos estar atentos à ordenança do versículo 17b: “aplica o coração ao meu conhecimento”. Conhecimento de Deus é primário, e o que quer que o homem deseje conhecer só pode ser baseado na recepção do que Deus tem conhecido desde a origem até ao fim. O homem deve pensar os pensamentos de Deus segundo Ele, pois “na tua luz, vemos a luz” (Sl 36.9).

O testemunho de Davi foi que “o Senhor meu Deus ilumina minha escuridão” (Sl 18.28). Na escuridão da ignorância humana, a ignorância que resulta da suposta auto-suficiência, surgem às palavras de Deus, trazendo luz e entendimento (Sl 119.130). Assim, Agostinho diz corretamente, “Creio para que possa entender”. Entendimento e conhecimento da verdade são os frutos prometidos quando o homem faz da palavra de Deus seu ponto de partida pressuposicional para todo pensamento. “Atende a minha sabedoria; à minha inteligência inclina os ouvidos para que conserves a discrição, e os teus lábios guardem o conhecimento” (Pv 5.1-2).

O neutralista se esquece da natureza graciosa de sua salvação Fazer da palavra de Deus sua pressuposição, sua norma, seu guia e instrutor, contudo, requer renunciar a auto-suficiência intelectual — a posição na qual você é autônomo, capaz de atingir conhecimento independentemente da direção e dos padrões de Deus. O homem que afirma ter (ou buscar) neutralidade em seu pensamento não reconhece sua completa dependência do Deus de todo o conhecimento para qualquer coisa que queira entender sobre o mundo. Tais homens (geralmente) dão a impressão de que são cristãos somente porque, como intelectos superiores, entenderam ou confirmaram (em quantidade grande ou significativa) os ensinos das Escrituras. Em vez de começar com a palavra certa de Deus por fundamento em seus estudos, querem que pensemos que começam com auto-suficiência intelectual e (usando isso como ponto de partida) chegam a uma aceitação “racional” das Escrituras. Embora cristãos possam cair em um espírito de autonomia ao seguir na busca por erudição, ainda assim, essa atitude não é consistente com a profissão e o caráter cristãos. “O temor do SENHOR é o princípio do saber” (Pv 1.7). Todo conhecimento começa em Deus e, assim, os que buscam conhecimento devem pressupor a palavra de Deus e renunciar a autonomia intelectual. “Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da sabedoria” (1Sm 2.3).

O SENHOR é aquele que aos homens dá conhecimento (Sl 94.10). Então, o quer que tenhamos, mesmo o conhecimento que temos sobre o mundo, isso nos foi dado por Deus. “E que tens tu que não tenhas recebido?” (1Co 4.7). Por que, então, se orgulhariam os homens em auto-suficiência intelectual? “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1Co 1.31). Humilde submissão à palavra de Deus deve preceder toda busca intelectual do homem.

Apologética é evangelística por natureza. O apologeta lida com pessoas que têm mentes obscurecidas, fugindo da luz de Deus, se recusando a se submeter ao Senhor. O apologeta não deve demonstrar essa mesma mentalidade ao se esforçar por uma neutralidade que, no fim, o coloca no mesmo lamaçal. Ele deve ter como objetivo a conversão do descrente antagonista e, assim, deve desencorajar autonomia e encorajar fé submissa. O apologeta deve evidenciar, mesmo em seu método de argumentação, que ele é um novo homem em Cristo; ele usa pressuposições que estão em oposição às do mundo. Ele faz da palavra de Deus seu ponto de partida, sabendo que somente ela dá o conhecimento seguro que o descrente não pode ter enquanto rebelde a Cristo. O pensamento do não-cristão não tem fundamento firme, mas o cristão declara a confiável palavra de Deus. Se não o fizesse, não poderia de modo algum evangelizar: só compartilharia sua ignorância e especulação com o descrente. O cristão seria privado de todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento que estão depositados em Cristo somente. Além disso, o apologeta que tenta mostrar sua auto-suficiência intelectual movendo-se para uma posição de neutralidade para que possa “provar” certas verdades isoladas no sistema cristão se esquece de que somente a graça o fez o cristão que é; ele deveria, ao invés, continuar a pensar e se comportar da mesma maneira que recebeu Cristo (pela fé, submetendo-se ao Senhorio de Cristo).

Portanto, à luz do caráter do evangelismo, da natureza do descrente, da natureza do apologeta regenerado, da natureza da conversão, da natureza do pensamento e da salvação genuínos, convém que o apologeta cristão use uma abordagem pressuposicional em sua defesa da fé. O caráter evangelístico da apologética requer nada menos que santificarmos a Cristo, como Senhor, em nosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor (1Pe 3.15-16); “as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.4-5).

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Tradução: Sávio Ornelas Almeida
Fonte: Monergismo

16 de mar. de 2016

O Que a Minha Salvação Tem a Ver Com o Lulopetismo?

Por Pedro Pamplona*

O vocábulo “Lulopetismo” está em grande uso no Brasil. Há tempos ele foi criado, mas diante dos fatos recentes a palavra ganhou notoriedade. Já está, inclusive, na Wikipédia. A junção dos nomes de Lula e do Partido dos Trabalhadores traz a ideia de uma devoção ao partido por meio do seu principal representante. E é isso mesmo que acontece em nosso país. Hoje vemos um grande dualismo. Os petistas estão cada vez mais envolvidos pelo lulopetismo, enquanto o resto dos brasileiros estão cada vez mais enojados disso. Mas o que falar de nós que fomos salvos, ou melhor, regenerados para uma nova vida, coração e cosmovisão? Sim, cristãos regenerados estão se deixando envolver por esse culto político-religioso. A pergunta enfim é essa: o que minha salvação tem a ver com o lulopetismo?

O lulopetismo não é só uma opção política

Infelizmente essa visão ultrapassa as urnas. A devoção ao partido através de Lula transcende o ambiente eleitoral. Ele está impresso nos corações dos adeptos. O PT é tratado como uma religião e Lula como o salvador. Algumas semelhanças são nítidas e não podem ser negadas. Primeiro, as palavras de Lula são tratadas como verdades quase que absolutas. Para os lulopetistas não importa o que diz a justiça, a polícia, o povo, a mídia ou a oposição, Lula é infalível. Segundo, as promessas de Lula são objeto de uma fé extremamente forte por parte dos adeptos. Os lulopetistas creem de toda alma, mente e coração que o mundo será melhor através dele e de suas promessas. E terceiro, os lulopetistas são apologetas incríveis. Estão prontos a defender todos os argumentos contrários e incrédulos. Eles realmente construíram uma religião social. E o pior, uma religião cega, carente de verdades e bases racionais e históricas. Uma religião construída pelo culto marxista à personalidade. O que isso tem a ver com a fé para qual fomos regenerados? Nada!

O lulopetismo parte de uma antropologia mentirosa

Como eu citei, o lulopetismo é um culto marxista. E assim tem sua base filosófica no marxismo cultural. O que diz essa base sobre o homem e a religião? Vou deixar meu amigo Thiago Oliveira responder:

o marxismo tem características de religião. Uma religião secularizada – é bem verdade – pois tem sua base no materialismo. Marx era estudioso e admirador do materialismo de Epicuro. Este filósofo grego acreditava que o mundo era composto de átomos que do vazio (espaço) se movem verticalmente para baixo. É o desvio do movimento dos átomos que dá origem as coisas. O homem, fruto desse desvio, é um combinado de átomos pesados e leves, que formam respectivamente o corpo e a alma. Os epicuristas entendiam que a alma é mortal e não eterna, uma vez que todo composto atômico é dissolúvel. Epicuro rejeitava a ideia da eternidade dos corpos celestes, e pretendia livrar os homens das amarras da superstição religiosa. Embora não seja um determinismo, pois o desvio dos átomos aponta para uma gama de possibilidades não determinadas, o atomismo epicureu mantém as suas bases mecanicistas, sendo o homem e toda realidade material fruto da casualidade do movimento atômico. O jovem Marx manteve essa base ontológica para fundamentar o seu materialismo histórico. André Bieler esclarece assim o conceito materialista marxiano: “[...] conforme as suas concepções, é o material que precede e determina o espiritual, e não o contrário, como o ensina a ética cristã. [1]

Em outras palavras, o homem é fruto do acaso e busca sua realização e religião a partir do materialismo. O que isso tema ver com a fé para qual fomos regenerados? Nada!

O lulopetismo chega a uma soteriologia mentirosa

O Marxismo assume que o homem cria a religião para consolar a si mesmo diante das situações sociais opressoras. De novo, o materialismo é a gênese da religião. Isso é exatamente o que Marx fez e Gramsci melhorou. Eles criaram uma soterilogia (salvação) baseada no materialismo e na fuga dessa opressão social. Para eles a salvação está no fim da luta de classes e da relação opressor x oprimidos. E claro, eles definiram quem está de cada lado. E claro, eles querem acabar com a classe opressora. Mais uma vez Thiago Oliveira comenta muito bem:

Marx, junto com Engels, criou uma soteriologia ao anunciar o fim da opressão quando o proletariado se rebelar contra a burguesia e tomar o poder político e econômico, controlando os modos de produção e a máquina estatal. É um enredo religioso-escatológico […] Ora, isso frustra os marxistas que pregam o Reino dos Céus na terra, algo que não funcionará enquanto o pecado dominar o coração humano. [2]

Se pararmos para pensar, todo cristão lulopetisma está numa situação de soteriologias incompatíveis. Ele crê no reino de Deus descrito nas Escrituras e partindo do princípio do “já e ainda não” ou crê no ideal terreno do marxismo? Pergunto de novo: o que isso tem a ver com a fé para qual fomos regenerados? Nada!

Nem as manifestações de ontem [DOMINGO] me impressionaram mais do que a cegueira ideológica dos crentes da seita Lulopetista, esforçando-se com textões, comentários a torto e a direito e memes mentirosos para desqualificar a movimentação popular. Pior ainda, cristãos fazendo isso e igualando-se, na teimosia, aos “fascistas” que tanto temem (e com isso, dando infelizmente uma bela e inadvertida mãozinha a eles). Uma vergonha. [3]

Nossa regeneração é para uma renovação da mente

Romanos 12:2 nos lembra que a salvação, através da regeneração, é uma mudança de mente. Crer em Deus é crer de acordo com a cosmovisão revelada por Deus. E isso exclui o lulopetismo. As promessas de Deus a respeito da regeneração no antigo testamento falam que Deus imprimirá suas leis (intelectuais e práticas) na mente e nos corações do seu povo (DT 30:6, Jr 31:33, Ez 36:26-27). Fomos regenerados para uma antropologia e soteriologia cristãs. O lulopetismo não faz parte da agenda da nossa salvação. Ele não se encontra em lugar nenhum na pós-regeneração da ordo salutis. Um culto cego marxista ao PT por meio de Lula é uma religião idólatra. E para que não haja reclamações. Termino ampliando essa afirmação. O culto cego de qualquer ideologia secular a qualquer partido político por meio de qualquer personalidade divinizada é uma religião idólatra. Deixemos isso em nome de Jesus, o único pelo qual fomos regenerados para uma viva esperança eterna.

Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.” 

1 João 2:29

P.S. Estou dizendo que todos o que se dizem crentes e que apresentam marcas do lulopetismo não são regenerados? Não. Estou dizendo que esse regenerados estão em pecado nessa área. E como todos os outros pecado há esperança no arrependimento por meio de Jesus.
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[2]Ibid
[3]Perfil no Facebook do Guilherme de Carvalho

1 de fev. de 2016

"Fé" versus Fé

Por Francis Schaeffer*

É preciso analisar a palavra , admitindo que ela pode significar duas coisas completamente opostas.

Imaginemo-nos subindo aos Alpes, e que, ao atingir o topo escarpado da rocha, subitamente, um nevoeiro baixasse sobre nossas cabeças, o guia se virasse para nós, dizendo que o gelo está se formando e que não há esperança; antes de amanhecer, congelaríamos até a morte lá mesmo na encosta da montanha. Simplesmente para manter-nos aquecidos, o guia nos mantêm andando no nevoeiro denso cada vez mais além da encosta, até que nenhum de nós tenha qualquer ideia de onde estamos. Depois de uma hora aproximadamente, alguém diz ao guia: “Suponha que eu tropeçasse e caísse em uma saliência, alguns metros abaixo do nevoeiro, o que aconteceria?” O guia responderia que ele poderia sobreviver até a manhã seguinte e, assim, escaparia com vida. Assim, sem absolutamente nenhum conhecimento ou qualquer razão para sustentar sua ação, um dos membros do grupo acabaria pulando e cai no nevoeiro. Esta seria uma espécie de fé, de salto de fé.

Suponha, porém, que depois de termos explorado a encosta, no meio do nevoeiro, com o gelo acumulando-se na rocha, tivéssemos passado e ouvido uma voz dizendo: “Vocês não podem ver-me, mas eu sei exatamente onde vocês estão pelas suas vozes. Estou no outro pico. Tenho vivido nestas montanhas homem e menino, há mais de 60 anos, e conheço cada metro quadrado delas. Garanto que há uma saliência dez metros abaixo de onde vocês estão. Se vocês pularem, poderão passar a noite ali, e eu os apanharei pela manhã”.

Eu não saltaria de imediato, mas faria perguntas a fim de tentar certificar-me de que o homem soubesse do que estava falando e de que ele não fosse nenhum inimigo. Nos Alpes, por exemplo, eu poderia perguntar pelo seu nome. Se o nome alegado fosse de uma família da região das montanhas, isso seria um dado importante para mim. Nos Alpes Suíços há certos nomes de família que caracterizam as famílias montanhesas da região. Na minha situação desesperada, mesmo que o tempo estivesse se esgotando, eu lhe faria todas as possíveis perguntas importantes e suficientes, até ficar convencido de suas respostas, só então eu saltaria.

Isto é fé, mas obviamente este conceito não tem nada a ver com aquele outro uso da palavra. O fato é que, se chamamos de fé a algumas destas coisas, já não poderíamos chamar a outra pelo mesmo nome. A fé do Cristianismo histórico não é sinônima de salto de fé no sentido pós-kierkgaardiano, pelo simples fato de que ele não está em silêncio, e eu sou convidado a fazer perguntas adequadas e suficientes, não apenas relativas a detalhes, mas também quanto à existência do universo e a sua complexidade e quanto a existência do homem. Sou convidado a fazer perguntas adequadas e suficientes e depois acreditar nele e curvar-me metafisicamente diante dele, ao ter a certeza de que eu existo, porque ele fez o homem, e curvar-me moralmente diante dele, como alguém que precisa desesperadamente da sua providência, através da morte substitutiva, propiciatória de Cristo. 

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*Apêndice do livro "O Deus que se Revela". 

18 de dez. de 2015

A Onisciência de Deus

Por Gordon Clark

Não somente o livre arbítrio é incapaz de livrar Deus da culpabilidade, e a permissão é incapaz de coexistir com a onipotência, mas o posicionamento arminiano também não consegue firmar uma posição lógica para a onisciência. Uma ilustração romantista-arminiana é a do observador posicionado num penhasco. Na estrada abaixo, à esquerda do observador, um carro dirige-se para o oeste. À direita do observador, um carro vindo do sul. Ele pode ver e saber que haverá uma colisão no cruzamento logo abaixo dele, mas a sua presciência, segundo reza o argumento, não causa o acidente. Deus, semelhantemente supõe-se, tem conhecimento do futuro sem, entretanto, causá-lo.

11 de dez. de 2015

Um católico romano que morre (com Lutero por perto)

Por Mark Jones

O padrasto da minha esposa frequentou uma igreja católica romana por toda sua vida. Mas ele foi transferido para um centro de cuidados paliativos e, provavelmente, tem dias ou semanas de vida.

Ele tem um livro ao lado da cama aonde repousa: não o Catecismo da Igreja Católica (Romana), mas um livro de Martinho Lutero sobre a justificação somente pela fé. Eu deixei esse livro na casa dele anos atrás e agora está no seu leito de morte. Esse é o livro que eles escolheu para levar consigo enquanto ele deixava sua casa pela última vez.

17 de nov. de 2015

Islamismo


Uma aula sobre o Islã, algo bem oportuno em nossos dias, pois, é uma religião que cresce e está em evidência, sobretudo pelo extremismo de grupos terroristas que dizem agir em nome de Alá e Maomé. 

9 de nov. de 2015

Feminismo, Marxismo e outros Abismos

Por Thiago Oliveira

O movimento feminista tem crescido e ganhado força até mesmo dentro das igrejas. Desde reivindicações a ordenação de mulheres até uma revisão terminológica que nega a descrição paternal de Deus, preferindo chamá-lo de “Mãe Celestial”, o feminismo tem feito muitos estragos dentro da comunidade da fé. Tenho observado nas redes sociais um leque de compartilhamentos com conteúdos oriundos de coletivos feministas que gritam pela emancipação da mulher e defendem a plena igualdade de gênero (ou a inexistência do mesmo). Mas, se queremos ser chamados de cristãos, precisamos ter uma opinião solidificada na Escritura para tratar desta questão. Diferente dos outros escritos para a série sobre “marxismo cultural”, evitarei citações de outros livros para focar naquilo que nos diz a Bíblia, partindo do pressuposto ortodoxo de que ela é inspirada e isenta de erros, sendo o seu ensino infalível e autoritativo para todo e qualquer cristão.

30 de set. de 2015

Refutando mais 5 argumentos contrários à denúncia de hereges

Por Thiago Oliveira

Já havia escrito um texto refutando 5 argumentos daqueles que são contra as denúncias feitas aos falsos mestres, isto é, os que são hereges (leia aqui). Geralmente, usa-se muito o “não julgueis” ou “não toque no ungido”, todavia, há outros que também são bastante usados. Alguns meses depois, notei que além dos que já tinha refutado, outros 5 se mostraram recorrentes, e, a eles volto a minha atenção neste breve texto.

1 de set. de 2015

Erros que o Ciro Sanches Zibordi e os arminianos devem evitar

Por Thiago Oliveira

O respeitável Pr. Ciro Sanches publicou ontem, em seu blog, um texto que tem o seguinte título: Romanos 9 é a criptonita dos defensores do livre-arbítrio? (leia aqui). Sua abordagem é uma tentativa de fazer com que a doutrina arminiana do livre-arbítrio não seja vilipendiada toda vez que um calvinista apelar para o pensamento paulino contido no capítulo nono da Epístola aos Romanos. Confesso que é uma empreitada um tanto quanto inútil essa do Pr. Ciro, todavia, já que ele se propôs a executá-la, acabei cedendo a indicação de um amigo para escrever algo em resposta ao artigo supracitado.

20 de ago. de 2015

Cristianismo e Ciência são opostos?

Por Thomas Magnum

"O homem é um ser pensante. Não é nos bens que busco a minha dignidade, mas no controle de minha mente. Eu não teria mais capacidade mental pela simples possessão de mais terras. Por intermédio do espaço, o universo me contém e, de fato, me absorve como a um simples borrão. No entanto, é por meio do pensamento que eu compreendo o universo".

Blaise Pascal; Cientista, filósofo, teólogo e matemático cristão

"Graças te dou, Criador e Deus, pois tu me concedeste esta alegria em tua criação e me alegro com as obras de tuas mãos. Vê, pois, que completei o trabalho para o qual fui chamado. Nele, usei todos os talentos que tu concedestes ao meu espírito".

Johannes Kepler; Astrônomo

18 de ago. de 2015

O que acontecerá quando seu deus morrer?

Por Thiago Azevedo

A pergunta é bem sugestiva quando entendemos que todos os seres humanos elegem seus deuses. Ou seja, aquilo que será seu baluarte durante o tempo em que sua vida durar. Uns se apegam ao dinheiro e depositam neste toda sua confiança, outros se apegam ao patrimônio deixado pelos seus familiares no passado, outros se apegam à capacidade intelectual que possuem, etc. O reformador João Calvino já havia identificado que o coração do homem não passa de uma fabrica de ídolos. Timothy Keller, ao escrever o livro “Deuses falsos”, teve a mesma percepção. Paul Freston no seu polêmico livro “Religião e Política sim; igreja e estado não” intitula o capítulo quatro da seguinte forma: “Não temos santos, mas criamos ídolos”, isso se referindo aos cristãos evangélicos. A Bíblia nos mostra em diversas passagens que de fato o homem possui esta necessidade caída – criar ídolos e seus próprios deuses. Um bom exemplo bíblico pode ser visto na experiência da construção do bezerro de ouro pelo povo israelita em Êxodo 32.

17 de ago. de 2015

O Perigo do Marxismo Cultural

Por Bruno Rafael Souza

Nos tempos de efervescência política, onde a crise no país é notória, parece que todos viram especialistas em marxismo, terceira via, direita e esquerda. Outros batizam posições políticas, esquecendo que o cristão reformado vê na Escritura uma cosmovisão completa sobre a vida - incluindo a política. Não podemos comprar pacotes políticos completos. Pensando nisso, quero trazer para nosso texto a questão da cosmovisão cristã x marxismo cultural e suas perigosas consequências. As duas cosmovisões propõem a transformação do mundo. Uma vê essa transformação a partir de agora até a consumação e outra como transformação unicamente agora (isto, a grosso modo). Quando alguém adere qualquer uma das duas visões, será automaticamente amoldado por ela, ou seja, todo seu sistema de valores na vida será afetado. Antes de entrar no marxismo cultual, devemos conceituar o marxismo a partir de Marx. Ele tinha um pensamento de observar o fenômeno religioso demonstrando que através de mudanças na sociedade, tais como aumento da opressão, fome e outros, o ser humano criava um imaginário de fé para se apegar. Isto é normal para o homem na sociedade. Interpretando Marx, G. Reale e D. Antiseri dizem o seguinte:

4 de ago. de 2015

Um Pedido a Sociedade Bíblica do Brasil

Por Thiago Azevedo

A Bíblia com certeza é o livro que mais impactou as gerações. Maior best-seller da história que possui um vasto histórico marcado pela perseguição e por grandes homens que sempre estiveram envolvidos no processo de tradução de seu conteúdo. Estes homens expuseram suas próprias vidas nesse empreendimento. O referido Livro Sagrado, por ter seu texto em predominância no idioma latino, passou por aval de reis e de outras grandes autoridades para que fosse traduzido. Um destes foi o rei Tiago – VI na Escócia e I Na Inglaterra – assim como era conhecido. Ele apoiou e financiou a tradução da Escritura por William Tyndale, considerado o pai da Bíblia na língua inglesa, esta tradução ficou conhecida como The Bible of The King James (A bíblia do rei Tiago). É importante que se diga que nesta época a igreja católica romana não tinha passado pelo cisma com a Igreja Anglicana – o que após ocorrer contribuiu para que mais traduções da Bíblia surgissem. A Igreja Católica passou a perseguir Tyndale como fora da lei, isso pelo fato de ter colocado a Bíblia na mão do povo inglês. Outro rei partícipe neste processo foi Henrique VIII (que seria principal responsável pelo cisma da Igreja Anglicana com a Igreja Católica Romana), que também financiava e protegia os trabalhos de Tyndale.

30 de jul. de 2015

Tenham Compaixão daqueles que Duvidam*

Por Samuel Alves

A igreja local tem sua tarefa militante, que defender e recomendar o evangelho. Judas escreve sua carta alertando aos crentes para que defendam a fé que nos foi dada. Esta defesa é um processo de demolição; uma demolição de argumentos contra a verdade bíblica. Precisamos refutar todas as heresias que circundam à igreja. Ao falar deste combate, Oliphint[1] afirma:

23 de jul. de 2015

Love Wins? O Casamento Gay Não é Uma Questão de Amor

Por Thiago Oliveira

“Love wins!” e avatares coloridos. Foi assim que se manifestaram milhões de pessoas quando a Suprema Corte dos EUA aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em meio aos que comemoraram a decisão estavam aqueles que se dizem cristãos e que são heterossexuais. Para tais, o amor é o que deve prevalecer, e como diria a velha música, utilizada num polêmico e recente comercial de cosméticos: “consideramos justa toda forma de amor”. Mas será que o casamento gay é uma questão meramente afetiva? Será que nesse angu não tem caroço? A resposta mais esclarecedora pode estar com os próprios militantes LGBT. Vamos analisar o cerne da coisa no contexto brasileiro. Ok? 

15 de jul. de 2015

Por que a doutrina da Trindade é tão importante?

Por John Frame

Por que a doutrina da Trindade é tão importante para a apologética? Bem, o que é que acontece quando o trinitarismo é substituído pelo unitarísmo (a visão de que Deus é meramente um)? Um dos resultados é que o Deus assim descrito tende a perder definição e marcas de sua personalidade. Nos primeiros séculos da Era cristã, os gnósticos, os arianos e os neoplatônicos cultuaram um Deus não trinitário. Esse Deus era puramente um, sem pluralidade de nenhum tipo. Mas um o quê? Uma unidade de quê? Nada poderia ser dito para responder a tais questões. Qualquer coisa dita sobre Deus sugere uma divisão, uma pluralidade, pelo menos entre sujeito e predicado. “Deus é X” cria, eles dizem, uma pluralidade entre Deus e X. Assim, não podemos absolutamente falar sobre Deus. Para tais pensadores, a natureza de Deus seria, em termos modernos, “totalmente outra”. Não poderia ser descrito em linguagem humana, pois (entre outras razões) a mente humana não poderia conceber uma unidade vazia. A conclusão lógica, então, seria não falar de maneira nenhuma sobre Deus. Portanto, respondendo à questão “Um o quê?”, eles apontaram para a criação. Contudo, se Deus é definido meramente em termos de criação, então ele seria relativo à criação. E, de fato, os primeiros unitaristas viam a realidade como uma “corrente de ser” entre o Deus incognoscível e o mundo cognoscível (um mundo que seria uma emanação divina: Deus em sua pluralidade). Deus seria relativo ao mundo e o mundo, relativo a Deus.