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11 de dez. de 2014

Boca suja se limpa com bom senso

Por Alessandro Brito
É lícito ler versões mais “modernas” da Bíblia, que usam expressões chulas? É correto ouvir pastores que, com o pretexto de serem contextuais, chamam a igreja até de “vagabunda”, se preciso for? Precisamos responder mesmo? A pergunta deveria ser, por que nossos jovens continuam lendo e ouvindo “líderes” como estes?
Isso acontece, pois o Jovem é um revolucionário em uma busca constante por mudança. Nas igrejas isso não é diferente, pois sempre escuto jovens que querem mudar uma série de práticas como, estilo de música, liturgia, uso e costume, estilo da pregação entre outras coisas. Na maior parte das vezes as modificações tão sonhadas por estes jovens vão contra os desejos daqueles que querem manter a tradição da igreja local. Será que o jovem deve lutar por essas mudanças? Tudo é valido nesse processo de mudança? O que Jesus e seus discípulos nos ensinam a respeito disso? Como ser um agente de mudança a luz das Escrituras?
Algumas igrejas possuem tanto medo de se contaminarem com as práticas pecaminosas dos nossos tempos que se isolam da cultura do mundo atual. Por outro lado algumas igrejas temendo ficar “fora de moda” acabam comprometendo a Palavra de Deus a fim de se aproximarem da cultura atual. O problema é que todo extremo sempre acaba prejudicado a igreja, ou seja, a mudança e a tradição quando separadas lutam uma contra a outra e assim perdem o equilíbrio.
É preciso manter a tradição de coisas essências como as doutrinas bíblicas e mudar tudo aquilo que prejudica o anuncio destas doutrinas. Mas como balancear as duas coisas?
Jesus foi um bom exemplo disso, pois durante o seu ministério foi contemporâneo, mas sem comprometer a verdade. Em diversas situações até agiu de forma radical a fim de ver a mudança acontecer e preservar a verdade ao mesmo tempo. Vemos isso na passagem em que expulsou os oportunistas e em vários de seus discursos inflamados contra os especialistas religiosos que se comportavam com hipocrisia.
Isto demonstra claramente o equilíbrio que Jesus possuía entre a mudança e tradição, ou seja, para Jesus a mudança era necessária a fim de se preservar a tradição da Escritura que estavam sendo alterada pelos homens. Isso quer dizer então que o jovem dever fazer o mesmo? Isso quer dizer que o jovem deve expulsar as pessoas da igreja ou chamar aqueles que agem como o fariseus de raça de víboras? Claro que não.
Pedro até tentou ser um revolucionário em uma busca da mudança radical utilizando até a força se necessário fosse. No episódio da prisão de Jesus ele chegou a utilizar uma espada contra a tradição dos sistema religioso e político da época, porem Jesus não concordou com tal ação e assim mandou Pedro guardar a espada. Jesus fez isso porque não queria ver uma mudança por imposição ou para atender o desejo pessoal de alguns. Pedro, porem não entendia que para fazer mudança era preciso algo maior do que a vontade própria. Afinal que autoridade Pedro tinha para realizar alguma mudança? Não foi ele quem negou Jesus poucas horas depois deste incidente?
Era necessário aprender algumas dicas. Hoje muitos jovens corajosos como Pedro e até pastores querem desafiar a tradição e exigem a mudança, mas não possuem autoridade para isso. Pedro só entendeu que poderia ser um agente de mudança quando deixou toda a sua vontade própria de lado para ser dirigido pelo Espírito Santo. É este Espírito que o jovem precisa possuir, e não o espírito revolucionário e radical. Precisamos de jovens crentes em Jesus Cristo e não de seguidores de Che Guevara que usam até a força para ver a mudança acontecer. Mas como agir então? Como ser um agente de mudança a luz das Escrituras?
Primeiro, pare de reclamar de sua igreja por achar que ela mantém muitas tradições, mesmo porque o ato de reclamar do jovem já e uma tradição em nossas igrejas. Se você simplesmente parar de reclamar vai estar quebrando uma antiga tradição. Além disso a reclamação minimiza o poder transformador do Espírito Santo. Você crê que é o Espírito de Deus quem modifica o homem, não crê?
Segundo, comece a mudança em você mesmo antes de exigir isso de outros. Muitos querem mudar o estilo musical de suas igrejas, mas ainda não mudaram o estilo de vida. Outros querem mudar as vestimentas das pessoas de suas igrejas, mas não se revestiram da armadura de Deus (Ef. 6. 10-18). Alguns querem mudar o estilo de pregação de suas igrejas, mas se comunicam mais com as mãos do que com a mente.
Terceiro, deixem a Bíblia e seus princípios imutáveis sempre em primeiro lugar! Os anabatistas, por exemplo, eram chamados de radicais, porém os chamavam assim por buscarem um batismo “autentico”. O radicalismo em si não é problema, mas a contextualização radical que visa priorizar a comunicação deixando, se preciso for,  princípios bíblicos em segundo plano, esse sim é um problema. Timothy Keller nos ajuda a entender a correta contextualização assim: “Contextualizar é adaptar o ministério do evangelho de uma cultura para outra ao 1) mudar os aspectos que são culturalmente condicionados e 2) manter os aspectos que são imutáveis e biblicamente exigidos”.[1]
Seguindo essas três dicas, tenho certeza que teremos jovens de todas as faixas etárias sendo utilizados pelo agente transformador, o Espírito Santo. Somente Ele é quem pode mudar pessoas. Ele foi enviado para que a mudança acontecesse (Atos 1.8). Jovens, vocês são os instrumentos deste agente transformador, mas se continuarem a impor os seus desejos e não os do Espírito Santo, não passarão de crianças mimadas que não querem se tornar instrumento maduros espiritualmente nas mãos de um Deus transformador.
Fonte: GOSPELPRIME
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[1] KELLER, T. Contextualization; wisdom or compromise? Conference, Convenat Seminary, 2004, p.1.

6 de nov. de 2014

A queda de Driscoll e a morte da Mars Hill

Por Alessandro Brito
Talvez a notícia de maior repercussão das redes de comunicação gospel, em 2014, seja a saída de Mark Driscoll da mega igreja Mars Hill e o anuncio do fechamento de todas as suas igrejas “satélites”. O que me chama atenção é o fato de que o próprio pivô das manchetes já havia deixado claro que isso tudo um dia aconteceria. Em 2012, Driscoll publicou um artigo intitulado, The 9 Seasons of a Church’s Life (As 9 Estações da Vida de uma Igreja), onde apresentou a morte da igreja local como parte natural de seu ciclo de vida:
Quando uma igreja não é saudável, ela morre. Uma igreja não é saudável quando não mais experimenta o crescimento por meio da conversão ou atrai jovens líderes. Neste ponto a igreja enfrenta um dilema fundamental. Um, ela pode negar a sua morte iminente, vender seus ativos para prolongar a sua morte, redefinir sua missão a fim de defender-se da sua morte, e simplesmente sobreviver à medida que de forma lenta e dolorosamente morra e reescrever os melhores anos de sua história para se sentir importante e bem sucedida. Dois, ela pode abraçar a sua morte iminente como uma oportunidade para ressuscitar.[1]
O que as igrejas e líderes eclesiásticos podem aprender com essa experiência? Existe uma forma de se evitar a queda e o fechamento de uma igreja local? Quero responder a estas perguntas destacando duas grandes lições do ocorrido utilizando o próprio ensino de Driscoll.
A primeira lição é que uma igreja ou sua liderança quando enfermas morrem. A doença que levou a queda de Driscoll, de acordo com Tim Keller, pastor da Igreja Presbiteriana Redeemer em Nova York, foi: “… a arrogância e a grosseria nas relações pessoais, que ele mesmo confessou várias vezes…”.[2]
A própria Mars Hill reconheceu isso ao dizer em seu web site que: “…o Pastor Mark tem, às vezes, sido culpado de arrogância, respondendo a conflitos com um temperamento explosivo e fala dura, e liderado a equipe e os anciãos de uma forma dominadora”.[3] Claro que várias outras acusações foram feitas em relação ao ministério de Mark Driscoll, porém é obvio que a raiz de sua queda e consequentemente de sua igreja foi a arrogância, ou seja, orgulho. O mesmo mal que levou Satanás e Adão a se rebelarem contra Deus e consequentemente caírem.[4]
A questão é que todos nós somos participantes da queda, pois somos pecadores, e tão culpados quanto Driscoll, a final de contas, somos todos orgulhosos, mesmo quando não admitimos isso.[5] Se perguntarmos, por exemplo, a vários líderes qual é o propósito de seus ministérios ou de suas igrejas, as respostas certamente serão bíblicas, porém ao observaremos as suas atitudes chegaremos a conclusão de que estão de forma orgulhosa colocando toda glória devida a Deus em segundo plano.
Não tem como negar que uma infinidade de igrejas e pastores evangelizam para aumentar o número de membros e não para ver mais pessoas refletindo os atributos de Deus. Que discipulam para dominar seus membros por meio de doutrinas humanas e não para ensinar pessoas a refletirem a Deus corretamente. Que fazem justiça social para atrair os holofotes para si mesmos e não para glorificar a Deus por meio de boas ações mesmo que ninguém venha a ficar sabendo. O resultado deste desvio de propósito ministerial e eclesiástico é o que faz com que muitos vivam como se o tempo não tivesse um fim, assim como diz a Bíblia: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou.”[6]
A segunda está relacionada ao tempo, pois uma igreja ou sua liderança fatalmente morrerão um dia. Mars Hill, por exemplo, será uma das mais de 4.000 igrejas que, segundo as estatisticas, fecham a cada ano Estados Unidos.[7] O problema é que vários líderes na busca de imortalizarem as suas igrejas não levam em consideração o ciclo natural da vida. Várias igrejas e líderes no intuito de prolongarem seus ministérios e a vida de suas igrejas dedicam tempo e recursos financeiros em suas suntuosas construções ou ministérios, ao invés de focarem naquilo que Jesus deixou como comissionamento.
Quando entendemos que somos limitados pelo tempo e espaço mudamos as nossas perspectivas e atitudes. Passamos a encarar a vida com um senso de urgência missionário e nos desprendemos das coisas terrenas. Isso acontence, pois a iminente certeza da morte nos faz repensar sobre a razão de nossa existência e levanta questionamentos do tipo: o que eu faria se hoje fosse o meu último dia de vida?
Steve Timmis, atual presidente da Acts 29 (Rede de plantação de igrejas fundada por Mark Discoll), encara o declínio das igrejas da seguinte forma:
É fácil, para nós, cristãos, desanimar quando lemos sobre a diminuição da frequência na igreja ou sobre a secularização da nossa cultura. Mas nós nos empolgamos com o futuro… A perda de frequência na igreja se deu em grande  parte por causa da saída de cristãos nominais. Como resultado, o que sobrou pode estar mais sadio. Agora temos a oportunidade de nos tornarmos comunidades focadas em Jesus e a sua missão.[8]
John Piper diz que: “Nossa missão jamais deve ser apenas uma missão de ‘venha e veja’. Ela tem de ser missão de ‘Vá e fale’”.[9] Para Deus são justamente as nossas ações que abrirão a porta do Espírito Santo e logo determinarão o tempo de vida de nossas igrejas e ministérios. Para Deus o problema não está no fim da vida de uma congregação, mas em uma congregação morta ainda que aparentemente viva. As cartas enviadas para as sete igrejas da Ásia não foram escritas com a promessa de eternidade para as mesmas, mas um lembrete de que tinham uma missão a cumprir enquanto vivas.
Espero que Driscoll abrace a aparente morte da Mars Hill e seu ministério na expectativa de um renascimento tendo em mente que sem a morte não há ressurreição. Assim como também espero que nós, líderes e igrejas, não venhamos a ter a arrogante atitude de que somos indestrutíveis, mas que nossos dias se prolonguem por meio de uma mansa e humilde atitude que vise somente a glória de Deus.
[1] http://theresurgence.com/2012/06/11/the-9-seasons-of-a-churchs-life

[2] http://www.nytimes.com/2014/08/23/us/mark-driscoll-is-being-urged-to-leave-mars-hill-church.html?smid=tw-share&_r=2
[3] https://marshill.com/2014/10/15/pastor-mark-driscolls-resignation
[4] Isaías 14:12-14; Ezequiel 28:12-15
[5] Romanos 3.23
[6] Eclesiastes 3.1,2
[7] WIN Arn, The Pastor’s Manual for Effective Ministry. Monrovia, CA, Church Growth, 1988, p.16
[8] CHESTER, Tim; TIMMIS, Everyday Church: Gospel Communities on Mission. Nottingham, UK: IVP, 2011, p.11
[9] Piper, John Evangelização e Missões: Proclamando o Evangelho para a Alegria das Nações. São José dos Campos: Editora Fiel, 2011, p. 77
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Fonte: GOSPELPRIME