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22 de out. de 2015

A Oração

Por Thomas Magnum


Ao falarmos de vida cristã, piedade e uma vida que busca aquele a quem a alma anseia, é impossível não falarmos de oração. A oração é mais do que um rito, ela não é meramente o cumprimento de uma norma sacra, a oração não é meramente o falar com Deus, orar, é estar com Deus, à oração nos leva a experiência graciosa de sua doce presença. R.C. Sproul certa vez disse que Deus nunca nos prometeu sentirmos sempre sua presença, mas, que estaríamos sempre em sua presença.

15 de out. de 2015

A Oração e o Estudo Teológico

Por Thomas Magnum

Orar é parte vital para uma vida cristã saudável. Um cristão que não alimenta uma vida de oração se priva de deliciar-se num manancial que Deus deu a seu povo. É comum quando estamos envolvidos com o estudo teológico negligenciarmos a oração, principalmente quando não compreendemos qual seu papel em nosso labor na teologia. Os afazeres, os compromissos, a agenda da igreja e das obrigações acadêmicas não podem ser uma pedra de tropeço para nossa vida de oração. Se temos tempo para nossas leituras devemos ter tempo para a oração.

3 de out. de 2015

A dificuldade de orar (E a solução)

Por Mark Jones
Oração não é fácil. Eu vejo que isso é verdade para mim, mas outros que têm meu respeito também dão testemunho da dificuldade de orar. Alguns indivíduos fazem parecer fácil; se eles passam horas por dia na tenda do encontro, provavelmente eles levam também o computador para lá.
Considere os seguintes testemunhos, que são cheios de pensamentos que, muito curiosamente, não são normalmente ouvidos quando as pessoas dão seus testemunhos públicos:

11 de mar. de 2015

Aceitando o "não" como vontade de Deus

Por R.C. Sproul

Ficamos abismados de que, mesmo à luz de registros bíblicos tão claros, alguém ainda tenha a audácia de sugerir que é errado para aqueles que sofrem no corpo ou na alma, expressar suas orações por libertação em termos de: "Se for da tua vontade." Dizem que quando a aflição chega, Deus sempre deseja a cura. Que ele não tem nada a ver com sofri­mento, e que tudo que devemos fazer é reivindicar a respos­ta que buscamos pela fé. Somos exortados a exigir o "Sim" de Deus antes que ele o pronuncie.

19 de fev. de 2015

As orações de alguns cristãos têm mais eficácia que de outros?

Por Mark Jones

Todos os cristãos professos oram com a mesma eficácia? Nossa santidade ou a falta dela afetam nossas orações em termos da influência que elas têm sobre a resposta de Deus a elas?

Não há dúvida de que nosso pecado tem o poder de criar obstáculos para nossas orações (Sl 66.18; Pv 28.9; Is 59.2; Jo 9.31; Tg 4.3; 1 Pe 3.7).

Então, se o pecado pode criar uma barreira invisível entre Deus e o seu povo ou um indivíduo, e quanto ao contrário?

Quando falamos sobre as orações de um justo em Tiago 5.16, por exemplo, eu creio que não estamos falando necessariamente de todo cristão professo. (Embora todo cristão possa e deva aproximar-se do trono de graça em nome de Cristo). Tiago parece estar abordando algo diferente. Provavelmente, ele tem em mente a ideia de que alguns cristãos possuem uma eficácia peculiar em suas orações porque eles são peculiarmente piedosos. Essas pessoas têm grande fé e possuem um dom para orar frequente e fervorosamente. Nem todos os cristãos têm o mesmo dom de oração fervorosa no Espírito. Se ele não tinha isso em mente, ele poderia simplesmente dizer: “ore por você mesmo”.

Pense nisso a partir da perspectiva de Cristo, o homem de oração par excellence.

As orações de Cristo eram eficazes por diversas razões. Ele orava fervorosa e frequentemente, sempre em fé. Mas ele também entendia a vontade de Deus. Muito antes de Cristo, Elias orou para que a chuva fosse detida. Ele não pediu isso porque lhe pareceu uma boa ideia. Pelo contrário, sua petição se baseava nas Escrituras: Deus ameaçou várias maldições contra o povo, inclusive seca (Dt 28.22,24).

Tiago menciona a exemplar “oração feita por um justo”, Elias, para mostrar que ela “pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). Se Elias continua sendo esse exemplo para nós, quanto mais Jesus em suas orações terrenas.

Em João 17, Jesus pediu que Deus cumprisse suas promessas feitas a ele como o Filho. Ele não era presunçoso, uma tendência particularmente abominável que aflige o povo de Deus, mas diligente em “lembrar” seu Pai de suas promessas a Jesus e seu povo. Essa persistência não parou depois que ele ofereceu sua oração sumo-sacerdotal, mas continua no céu até que tudo esteja consumado (conforme corretamente argumentou Jacob Armínio!).

Cristo foi prometido aos gentios (Is 49.1-12), então ele intercedeu por eles (Jo 17.20). A ele foi prometido glória (Dn 7.13,14), então ele a pediu (Jo 17.1-5). Nós não temos razão para duvidar que ele, durante sua vida terrena, pediu por tudo que foi legitimamente prometido a ele.

Falta de fé impediu os discípulos de conseguir expulsar um espírito imundo de um garoto (Mc 9.17-23). Cristo, o homem de oração e homem de fé, pôde fazer o que os discípulos incrédulos não poderiam. As orações e fé de Cristo foram responsáveis, juntamente com o Espírito (veja Mt 12.28), pela expulsão do demônio. Em outras palavras, Cristo não esperava uma coisa dos discípulos e algo diferente para si.

Em outro lugar, lemos sobre as orações de Cristo e a razão por que ele era ouvido: ele era ouvido por causa de sua reverência (Hb 5.7).

Esse princípio também tem relação conosco ou Tiago está simplesmente se referindo a todos os cristãos porque todos os cristãos possuem a justiça imputada de Cristo?

Considere as palavras do Apóstolo João: “… E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista” (1 Jo 3.22). Esse verso deixa claro que receber de Deus está conectado com obedecer a Deus.

Em outras palavras, ambicione as orações dos justos (Lc 1.6, 23.50). Ambicione as orações daqueles que cumprem a vontade de Deus, não daqueles que afirmam pertencer a Deus mas negligenciam sua vontade (Mt 7.21).

Deus ouve o piedoso e ele responde suas orações. Mas, quanto àqueles que não cumprem sua vontade, as Escrituras não poderiam ser mais claras.

Assim, concordo plenamente com Sinclair Ferguson, que escreve:

“É por isso que a verdadeira oração nunca pode ser divorciada de santidade real. A oração da fé somente pode ser feita pelo homem ‘justo’ cuja vida está sendo mais e mais alinha da com a graça da aliança e os propósitos de Deus. No domínio da oração também… a fé sem obras é morta”.

Portanto,

- Há alguns cujas orações são impedidas por várias razões.

- Há alguns que conhecem a vontade de Deus, oram com grande fé, guardam os mandamentos de Deus e, assim, têm orações eficazes. É por isso que o homem, Jesus Cristo, orou com tanta eficácia.

Se Satanás treme quando vê o mais fraco cristão de joelhos, imagine quando Cristo estava de joelhos.
______________________
Fonte: Reforma 21

26 de jan. de 2015

Para que orar?

Por Thiago Azevedo

Muito se tem ouvido esta pergunta quando o assunto em questão são as doutrinas reformadas que envolvem os atributos incomunicáveis divinos. Já ouvi até alguém dizer o seguinte: “se Deus sabe tudo, então para que orar?” Perceba que no bojo desta pergunta há uma noção errônea da onisciência. Esta pergunta reflete a carência teológica do indivíduo que a fez. A pergunta se inicia com um conectivo condicional, se. Evidentemente que Deus sabe de tudo e por isso mesmo é que devemos orar, pois mesmo Ele sabendo, e mesmo nós sabendo que Ele sabe de tudo, nos rendemos a seus pés e nos sujeitamos em sua presença. Isso funciona como um reconhecimento em gratidão que mesmo sabendo que Ele sabe de tudo, seus adoradores ainda se debruçam em sua presença e colocam seus planos diante dEle. Ora-se também pelo fato de aprofundar o relacionamento com Deus e por meio disso passarmos a conhecer sua vontade que é boa perfeita e agradável. Ora-se pelo fato de a oração ser uma oportunidade de estar a sós com Deus.

Mas, os motivos por que se deve orar não cessam nestes mencionados acima, ora-se pelo fato de Deus, mesmo sendo soberano e sabendo de tudo, recomenda que seus servos orem sem cessar (1 Ts 5:17). Jesus alega que Deus concede justiça aos escolhidos que clamam por tal (Lucas 18:7). Todavia, o principal motivo cujo se deve orar é porque o principal nome da fé cristã orou mais que qualquer outra pessoa, a saber, o próprio Jesus. Paul Washer em uma de suas pregações acerca do tema alega que deveria ser algo assombroso ver Jesus orar. Em Lc 11 os discípulos pedem a Jesus que ele os ensinassem a orar. É importante enfatizar que Jesus nessa altura de seu ministério já tinha realizado milagres diversos – transformou água em vinho, andou sobre as águas, ressuscitou mortos, curou leprosos, expulsou demônios etc., etc., etc. No entanto, seus discípulos não pedem que Cristo vos ensine nada além da oração. Isso seria uma resposta aos dias atuais que tantos almejam aprender práticas de persuasão visionárias, lucros ou outros costumes pagãos diversos, quando na realidade a única coisa que os discípulos de Cristo pediram foi que ele lhes ensinasse a orar. Nada chamou mais atenção dos discípulos de Cristo do que sua oração. Isso de fato mostra que deveria ser assombroso ver e ouvir Jesus orar.

Jesus não precisar orar, não precisar pedir perdão, não precisar solicitar meios de graça etc. Jesus era o próprio Deus encarnado, mas mesmo assim, Jesus tem uma vida de oração constante. Ora, se Jesus que não precisava orar por ter caráter puro e santo, e mesmo assim orava continuamente, avalie nós pecadores miseráveis e mortais. Aqui Jesus nos ensina e muito. O motivo dos discípulos terem pedido que Jesus ensinasse-os como se deve orar, deve ter sido justamente este: Jesus não precisava orar, mesmo assim orava mais que qualquer um, e isso era de fato admirável. Na atualidade, o assombro acerca do texto mencionado, deveria ser o mesmo.

Jesus antes de começar a mostrar aos discípulos como se deveria orar em Mateus 6, nos tece algumas recomendações acerca da prática da oração: primeiro não devemos ser como os hipócritas que realizam suas orações em público para serem vistos (Mateus 6:5). Alguns irmãos na atualidade fazem questão de demonstrar que oram e que têm uma vida assídua dentro desta prática. Uns mostram seus joelhos marcados por gastar tempo de joelhos, testas marcadas e ainda fazem questão de dizer que permanecem horas com o “rosto no pó”- expressão que denota que a pessoa se curva de forma humilhante encostando seu rosto no chão para falar com Deus. Segundo o texto estas pessoas já têm seus próprios galardões. A prática da oração não deve estar embutida neste contexto. Outro detalhe importante na vida de Cristo é que mesmo sendo visto orando recomenda que essa prática deve ser algo íntimo e privado (Mateus 6:6). Jesus alerta que a verdadeira oração não significa necessariamente falar muito (Mateus 7), pois há pessoas que falam muito e não dizem nada, enquanto há aqueles que dizem tudo falando pouco. Os gentios pensavam que por muito falar seriam ouvidos. Por fim Jesus alerta que Deus já sabe o que iremos pedi-lo mesmo antes de proferirmos alguma palavra (Mateus 6: 8).

É aqui que reside a dúvida de muitos, ora se Deus já sabe então por que orar? Por que o mesmo Deus que sabe institui a oração e recomenda que devemos orar sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17). Precisamos entender que mesmo Deus sabendo de tudo Ele nos dá a graciosa oportunidade de sermos íntimos dEle. Mesmo sabendo que Deus sabe de tudo, temos a graciosa oportunidade de lhe contar nossas fraquezas e compartilhar com Ele nossos sonhos e metas. Nos é concedida a oportunidade do entendimento de que nossos sonhos e nossas metas não são exclusivamente nossos e que estão debaixo do querer e da vontade divina. Temos oportunidade de contá-lo, mesmo sabendo que o que prevalecerá será sua vontade e respeitar isso é uma rica oportunidade que muitos desprezam. Sendo assim estaremos mais aptos a aceitar a vontade divina, esta que nos é boa perfeita e agradável (Romanos 12:2). O cristão atual necessita urgentemente de uma transformação de mente relacionado à oração.

“A oração está para vida cristã como o ar está para vida biológica”[1]. Mesmo sendo tão importante, esta prática é a mais negligenciada entre os cristãos. Quando digo negligenciada não me refiro apenas a quem não ora, mas também a quem ora, pois muitos oram de fato, porém da forma errada. Veremos agora que há possibilidades de se realizar uma oração de forma errada e com motivações erradas.

“E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”.
(João 14:13-14)

Aqui percebemos que um dos principais preceitos da oração é que o nome de Deus seja glorificado no bojo do pedido. Logo, deveser por conta isso que muitas orações não são respondidas.

“Ora, nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve”.  (João 9:31)

Aqui podemos perceber que Deus não escuta todas as orações que lhe são feitas, sobretudo daqueles que não fazem sua vontade e não o temem.

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”. (João 15:7-8)

O texto começa com o conectivo condicional, ou seja, se alguém estiver em Jesus e suas palavras neste alguém. Ou seja, se e somente se. Aqui nos parece que deve haver uma congruência entre palavra de Cristo e indivíduo, i.é., se um estiver no outro a oração será exitosa. Mas, mais uma vez a glória do Pai está em jogo quando ela deve ser o topo da pirâmide. Nesta harmonia a glória do Pai não pode ser negligenciada, onde há uma coisa deve haver necessariamente a outra.

“E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista”. (1 João 3:22)

Quem guarda os mandamentos de Deus e faz o que é agradável à sua vista não tem como pedir algo que denigra a imagem de Deus ou que desfavoreça a glória divina. Os pedidos serão harmoniosos com a vontade de Deus, serão para a glória de Deus.

“E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”. (1 João 5:14)

“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.( Tiago 4:3)

Muitos estão pedindo mal a Deus, mas mesmo assim acreditam que estão pedindo bem. Aqui é percebido que a nossa vontade na oração não importa muito, e sim a vontade de Deus. Isso não nos impede de contarmos a Deus nossas metas, objetivos, desejos, sonhos, intenções etc., muito pelo contrário. Mas devemos saber que sua vontade é que vai prevalecer.

Possa ser que alguém ore muito, tenha marcas nos joelhos, na testa e propague para todos que é um orador nato e que passa muitas horas orando. Mas, será que atende estas recomendações? Jesus na oração do pai nosso profere dez sentenças onde as cinco primeiras são direcionadas a Deus. Deus está nos céus, por isso é santo, o seu reino vem até nós, sua vontade prevaleça tanto na terra como no céu. Após isso é que Jesus começa a contemplar o ambiente terreno na sua oração. O pão de cada dia (porção diária igual no maná do deserto e não excessos), perdão das ofensas como nós perdoamos a quem nos ofende (alude ao mistério do perdão divino que mesmo sem merecermos nos perdoa). Não permita cair em tentação (o cristão deve entender que se não comete nenhum ato ilícito não é por meritocracia e sim por intervenção do Espírito Santo divino), mas livra-nos do mal (é Deus quem nos livra do mal). É perceptível que todas as sentenças estão atreladas a pessoa de Deus, as cinco primeiras em caráter direto e as cinco últimas em caráter indireto. Quem dá o pão é Deus, o perdão provém dEle e desta relação devemos perdoar também, mesmo se alguém não merece. Ele é quem não permite a queda na tentação e quem nos livra do mal. Portanto é notório que a oração é criteriosa, não pode ser entendida como algo banal.

Muitos proferem palavras diversas – verborragia – demonstram que oram muito, falam alto, gesticulam, passam horas em suas meditações. Mas, será que estão orando verdadeiramente? A cultura hedonista que paira no evangelho atual em solo brasileiro nos reflete algo, a saber, muitos querem ser reconhecidos como verdadeiros adoradores – estão envolvidos com ministérios de louvor, gospel, shows etc. Mas precisamos identificar quem são os verdadeiros oradores – aqueles que praticam de forma correta a genuína e pura oração. Estes sãos alguns dos motivos pelos quais devemos orar, mas orar da forma correta!

[1] Frase de R.C Sproul no livro “A oração muda as coisas?”

24 de jan. de 2015

Amém é coisa séria!

Por Alan Rennê Alexandrino

É comum ouvirmos a afirmação que o significado das palavras hebraica e grega traduzidas como “amém” é “que assim seja”. Ouvimos, por exemplo, que devemos finalizar nossas orações com um convicto “amém”, a fim de expressar nosso forte e sincero desejo de que Deus atenda nossas petições. E, de fato, a palavra pode ser entendida dessa forma. Edward Robinson diz que a palavra aparece “usualmente no final de uma oração, onde serve para confirmar as palavras que precedem” (Léxico Grego do Novo Testamento.Rio de Janeiro: CPAD, 2012. p. 46). Isso pode ser visto, por exemplo, em Neemias 5.13: “Também sacudi o meu regaço e disse: Assim o faça Deus, sacuda de sua casa e de seu trabalho a todo homem que não cumprir esta promessa; seja sacudido e despojado. E toda a congregação respondeu: Amém! E louvaram o SENHOR; e o povo fez segundo a sua promessa” (cf. Deuteronômio 27.15-26; 1Reis 1.36; 1Coríntios 14.16). Não é incorreto afirmar que dizer “amém” é uma expressão de desejo pela consecução daquilo que é pedido ou uma confirmação do que foi afirmado.

Entretanto, a palavra “amém” possui um significado mais solene. O estudioso Hans Bietenhard afirma: “Através do ‘amém’, aquilo que foi falado é afirmado como certo, positivo, válido e obrigatório” (Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Vol. 1. São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 110). Trata-se, portanto, de uma afirmação de veracidade. Dizer “amém” é jurar que aquilo que foi afirmado na oração é expressão da verdade. Nesse sentido, quando suplicamos algo a Deus e dizemos “amém”, estamos expressando diante do Senhor que o nosso desejo é sincero e verdadeiro. Quando louvamos a Deus e finalizamos com “amém” estamos afirmando diante dAquele que sonda o nosso coração, que verdadeiramente o valorizamos e o consideramos como supremamente valioso.

Esse significado pode ser visto, por exemplo, em Isaías 65.16: “de sorte que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus DA VERDADE é que se abençoará; e aquele que jurar na terra, pelo Deus DA VERDADE é que jurará”. A palavra hebraica traduzida pela Almeida Revista e Atualizada como “da verdade” é 'amên. Literalmente, o tetxo diz: “aquele que se abençoar na terra, pelo Deus DO AMÉM é que se abençoará; e aquele que jurar na terra, pelo Deus DO AMÉM é que jurará”. A ideia é que toda bênção e todo juramento terão a Deus como sua testemunha, Aquele que é a própria verdade, devendo, assim, serem feitos segundo a verdade e por coisas lícitas. Em Apocalipse 3.14, Jesus se identifica para o anjo da igreja de Laodiceia da seguinte forma: “Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o AMÉM, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus”. Ao identificar-se como o “Amém”, Jesus está afirmando que o diagnóstico que ele apresentará a seguir é a mais pura expressão da verdade. Tudo o que ele tem a dizer é verdadeiro e, portanto, digno de crédito e de submissão da parte daqueles que ouvem. Gregory K. Beale diz que, “as três descrições ‘o Amém, a testemunha fiel e verdadeira’ não são distintas, mas geralmente se sobrepõem para sublinhar a ideia da fidelidade de Jesus ao testemunhar diante de seu Pai durante seu ministério terreno e sua continuidade como tal testemunha” (The Book of Revelation. Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1999. p. 296). Simon Kistemaker, outro estudioso do Novo Testamento diz que, “o ‘Amém’ comunica a ideia daquilo que é verdadeiro, solidamente estabelecido e fidedigno”. (Comentário do Novo Testamento: Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 225).

De igual modo, quando desejava expressar de forma mais contundente a veracidade do seu ensinamento e como ele deveria ser levado a sério por seus discípulos, Jesus introduzia seus ditos no Evangelho de João com um duplo “amém”, que na nossa tradução aparece como “em verdade, em verdade vos digo”: “E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (1.51; cf. 3.3,5,11; 5.19,24,25; 6.26,32,47,53; 8.34,51,58; 10.1,7; 12.24; 13.16,20,21,38; 14.12; 16.20,23; 21.18). Todo o seu testemunho é verdadeiro. Nele não há engano. Nas suas declarações não existem mentiras. Ele é a verdade e tudo o que Jesus afirma é verdadeiro.

Isto posto, devemos compreender que quando fazemos nossas orações a Deus, louvando-o, bendizendo-o, fazendo súplicas e intercessões, e respondemos com o “amém”, estamos dizendo ao Deus da Verdade, ao Deus do Amém, que nossos desejos são sinceros, que nosso coração está tomado de santas afeições por suas perfeições, majestade e glória. Quando oramos e concluímos com o “amém”, dizemos ao Deus que sonda os nossos corações que tudo o que expressamos é verdadeiro. Por esta razão, devemos levar muito a sério o dever da oração. Devemos nos aproximar de Deus sabendo que ele não vê como vê o homem. Ele vê o coração. Ele sabe quando nossos desejos estão direcionados para outras coisas. Ele conhece a insinceridade dos nossos corações. Quando não somos sinceros ou quando somos indiferentes em nossas orações, o “amém” é uma mentira dita ao Deus que tudo sabe. Por isso, que ele nos guarde de toda mentira e nos preserve no caminho da verdade, para que nossas orações sejam, de fato e de verdade, nas palavras de Wilhelmus à Brakel, “a expressão de santos desejos a Deus, em nome de Cristo, que, por meio da operação do Espírito Santo, procede de um coração regenerado, junto com o pedido do cumprimento desses desejos” (The Christian’s Reasonable Service. Vol. 3. Grand Rapids, MI: Reformation Heritage Books, 1997. p. 446).

8 de nov. de 2014

A Oração

Por Thomas Magnum

Ao falarmos de vida cristã, piedade e uma vida que busca aquele a quem a alma anseia, é impossível não falarmos de oração. Tenho escrito uma série de textos sobre o devocional cristão, mas, ao chegarmos particularmente nesse ponto me sinto agraciado pelo Senhor. A oração é mais do que um rito, ela não é meramente o cumprimento de uma norma sacra, a oração não é meramente o falar com Deus, orar, é estar com Deus, à oração nos leva a experiência graciosa de sua doce presença. R.C. Sproul certa vez disse que Deus nunca nos prometeu sentirmos sempre sua presença, mas que estaríamos sempre em sua presença.

Inclinando-nos sobre o texto sagrado temos o exemplo de vários personagens bíblicos que foram grandes homens de oração. Ao começarmos com Enoque que diz a Escritura que ele andou com Deus, ninguém anda com Ele sem orar, porque orar nos leva a sua presença bendita e nos aniquila, limitando-nos a sua gloriosa vontade. Ao tratarmos aqui sobre o tema da oração, também não estamos somente falando da oração feita nas reuniões públicas da igreja, ou nos momentos que precisamos de socorro da parte de Deus, mas, falamos de uma vida de oração. Como Moisés, como Elias, como Jeremias, como Daniel, como Pedro e João e como não citar nosso amado Cristo, que nos legou grandes exemplos de uma vida de Oração. Certa vez perguntaram a A.W. Tozer o que era mais importante, o estudo das Escrituras ou uma vida de oração. Ele prontamente respondeu o que é mais importante para um pássaro a asa esquerda ou direita?

Temos hoje de forma assustadora uma obsessão por leitura, estamos sempre lendo e lendo. Estamos no trânsito, estamos lendo, estamos esperando um atendimento médico, estamos lendo, estamos em casa, estamos lendo. Quando não estamos lendo estamos fazendo alguma outra coisa, entenda-me não estou dizendo que essas coisas não são importantes, também leio bastante durante meu dia, até porque meu trabalho é ler e escrever sempre. Mas, contabilize o tempo que você passa lendo e o que você passa orando, veja quanto tempo você ora por semana, quando lemos os escritos do reformador João Calvino temos uma agradável surpresa, para muitos Calvino falou mais na doutrina da predestinação do que qualquer outra, certo? Errado. Ele falou mais sobre oração.
Vejamos

A fim de orarmos corretamente a Deus, deixemo-nos dirigir por essa regra: não distraiamos nossa mente com esperanças várias e incertas, nem dependamos do auxílio mundano, mais deixemos com Deus a honra de elevar nossos corações a ele em oração sincera e fervorosa. [1]

A genuína e fervorosa oração provém, antes de tudo, de um real senso de nossa necessidade, e, em seguida, da fé nas promessas de Deus. [2]

A oração era enfatizada para o reformador como uma das coisas mais importantes em nossa vida, é nosso estar com Ele, como dizia Paulo: Orai sem cessar.

Essas orações dirigidas ao Deus eterno não são vazias e sem respostas, Calvino diz:

Deus responde aos verdadeiros crentes quando mostra através de suas operações  que ele leva em conta suas súplicas. [3]

Além de tratar da oração como o elevar de nossa alma ao Deus redentor, Calvino ainda nos diz que a oração tem primazia na adoração e no serviço a Deus. [4]

A oração banha nosso culto, nossos afazeres, nosso serviço. Orar é vital para uma vida cristã saudável.

Uma das grandes obras de Calvino foi também o livro dos Salmos, esse livro o maravilhava, tanto por sua profundidade ímpar em demonstrar e descrever todos os estados de espírito do homem: tristeza, alegria, angústia, celebração, júbilo, louvor, terror, desespero. Falando do livro dos Salmos ele disse:

Tudo quanto nos serve de encorajamento, ao nos pormos a buscar a Deus em oração, nos é ensinado nesse livro.

A oração é refrigério para alma, não porque devemos orar por orar, mas, devemos orar porque orar é demonstrar dependência do divino, é ansiar e necessitar como terra seca e árida por chuva. Orar é migrar para a santa presença, é não titubear em desejar o alento de Deus e o amparo do Pai celeste, orar é desfrutar de momentos singulares com Ele, é apalpar nossa união com Cristo, é deleitar-se no noivo, é um antegozo das bodas. Orar é respirar Sua vida é desfrutar Seu poder, é viver abundantemente. Um dia os discípulos fizeram um pedido especial a Jesus ensina-nos a orar. Podemos orar assim também rogando que nos ensine a não dormir como Pedro, João e Thiago no monte da transfiguração e no Getsêmani. Oremos por seu ensino sobre orar, seu exemplo é o principal para nós, Ele orou, Jesus orou.

Que a oração dia a dia regue nossas decisões, nossa vida, nosso culto, nossos afazeres.

Orare et labutare
______________________________
[1]Comentário Livro dos Salmos 25.1
[2]Comentário Livro dos Salmos p.34
[3]Comentário Livro dos Salmos 28.1
[4]Comentário de Daniel 6.10

7 de nov. de 2014

Meu Pai Sabe

Por Martyn Lloyd Jones

Nosso Senhor diz: Pai nosso que estás nos céus; e o apóstolo Paulo diz: O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... E de vital importância, quando oramos a Deus e O chamamos Pai nosso, que nos lembremos... da Sua grandeza e majestade, e do Seu poder absoluto que recordemos que Ele sabe tudo a nosso respeito. Diz a Escritura: Todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas...

Não é de admirar que, quando escreveu o Salmo 51, Davi dissesse, na angústia do seu coração: Eis que te comprazes na verdade no íntimo. Se você quer ser abençoado por Deus, terá que ser absolutamente honesto, terá que aperceber-se de que Ele sabe todas as coisas, e que não há nada escondido dEle... como o sábio que escreveu o livro de Eclesiastes coloca a questão, é de vital importância que, quando oramos a Deus, nos lembremos de que Deus está nos céus, e nós na terra.

Devemos lembrar então a santidade de Deus, Sua justiça, Sua total e absoluta retidão... toda vez que nos aproximamos dEle, devemos fazê-lo com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor, (Hebreus 12.28,29).

Essa é a maneira de orar, diz Cristo... nunca separar estas duas verdades. Lembre-se de que você está se aproximando do todo-poderoso, eterno, sempre bendito e santo Deus. Mas lembre também que o mesmo Deus, em Cristo, tornou-se seu Pai, que não apenas sabe todas as coisas a seu respeito porque Ele é onisciente, mas também sabe todas as coisas a seu respeito, no sentido de um pai que tudo sabe sobre seu filho... Junte estas duas coisas. Deus, em Sua onipotência, olha para você com santo amor e conhece cada uma de suas necessidades...

Nada Ele deseja tanto como abençoá-lo, e que você seja feliz, alegre e próspero. Depois, lembre-se disto, que Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos. Como seu Pai está nos céus, Ele está muito mais disposto a abençoá-lo do que você por ser abençoado. E também não há limite a Seu poder absoluto.

Sudies in the Sermon on the Mount, ii, p. 55,6

31 de out. de 2014

Marcas da Oração Verdadeira

Por Joel Beeke

1.A oração verdadeira faz o céu descer para a alma e eleva a alma para o céu.

2.A oração verdadeira é o principal exercício da fé, onde todas as graças salvadoras convergem para o clímax na maior expressão de gratidão (a Deus), na mais profunda expressão de humildade (com referência a nós mesmos) e na mais ampla expressão de amor (aos outros).

3.A oração verdadeira é vida sincera. “É a alma soprando a si mesma no seio do Pai celeste (Thomas Watson)”.

4.A oração verdadeira é a resposta do pecador à voz de Deus. A oração do quebrantado é um presente a Deus em resposta ao presente de Deus que é o quebrantamento daquele que está orando.

5.A oração verdadeira é uma arte santa ensinada por um Espírito gemente e lutador que frequentemente usa as impossibilidades, e evidente “falta de arte” da vida enredada e manchada pelo pecado do crente, para esboçar sobre ele a imagem do seu digno Mestre.

6.A oração verdadeira é ar espiritual para pulmões espirituais. Quando a oração vazia toma o lugar da oração contrita, o verdadeiro crente se degenera, se torna indiferente.

7.A oração verdadeira é o fruto do Deus Trino, O Pai como o Provedor e Decretador? O Filho como Merecedor e Perfeito, o Espírito como Aquele que Reivindica? E Aquele que Habita?

8.A oração verdadeira tem um inexplicável modo de aumentar tanto a dignidade de Cristo quanto a indignidade do pecador, consequentemente, ambas são partes principais da gratidão e da humildade (d. Heid. Cat., Q 116).

9.A oração verdadeira é a maior arma do crente no arsenal de Deus. O puritano Thomas Lye confessou: “Eu prefiro estar em oposição às leis dos perversos a estar em oposição às orações dos justos”.

10.A verdadeira oração não prega para Deus. Não é conduzida pela mão, mas alcança a mão direcionadora d’Ele.

11.A verdadeira oração tem mais a ver com Deus do que com o homem. Está envolvida na aflição santa pela glória e o reino Deus.

12.A oração verdadeira anseia por avivamento. A sua esperança está unicamente no Senhor. Quando Adoniram Judson havia trabalhado por oito anos sem nenhum convertido autêntico, sua junta de missões perguntou-lhe se ainda tinha alguma esperança. Judson respondeu: “Minha esperança é tão grande quanto as promessas de Deus”.

13.A verdadeira oração não está focada em si mesma ou no suplicante. Não se volta para o interior para uma introspecção mórbida, mas se volta para o interior para trazer toda a incapacidade e depravação do pecador, para fora e para cima, para o Deus Todo Poderoso da graça.

14. A verdadeira oração deixa Deus ser Deus. Ela esvazia as mãos e o coração perante o acessível trono de Deus. A verdadeira oração não é explanação, mas petição. Não diz ao Senhor como converter um pecador, mas pede a Ele para fazer isto, confiando que Ele sabe mais do que qualquer suplicante.

15.A verdadeira oração expõe tudo diante do Senhor como se Ele não soubesse nada sobre a condição do pecador, mesmo sabendo que o Senhor sabe de tudo.

16.A oração verdadeira une a reverência santa e intimidade santa com uma ousadia reverente.

17.A verdadeira oração não é auto-congratulatória, mas auto-condenatória e Cristo-congratulatória.

18.A verdadeira oração reconhece que não muda Deus nem as coisas, enquanto simultaneamente compreende que Deus frequentemente se agrada de realizar Seus propósitos por meio da oração.

19.A verdadeira oração é comunhão com Deus. É uma leve indicação da conversa eterna no céu.

20.A verdadeira oração não é uma tempestade de palavras em uma elevação de voz cada vez maior, mas é uma questão do coração em uma meditação cada vez mais profunda diante de Deus.

21.A oração verdadeira sempre sente que não é suficientemente verdadeira, profunda, terminada e completa.

22.A oração verdadeira, quando negligenciada, é como um cabo de força sem eletricidade, um computador desligado, uma falha no sistema. As informações valiosas não descem nem sobem.

23.A oração verdadeira é ornada em palavras, mas seu corpo é sem palavras. É um trabalho do coração. Por isso, Bunyan acertadamente recomenda: “Quando orares prefira deixar que teu coração fique sem palavras, do que tuas palavras ficarem sem coração”.  

24.A oração verdadeira não mede necessidades muito grandes ou muito pequenas. Não aceita probabilidade humana, nem recua diante da impossibilidade humana.

25.A oração verdadeira agrada a Deus. Mostra a Ele a divina escrita da Bíblia e a divina assinatura das Suas promessas do pacto da aliança.

26.A oração verdadeira sente profundamente que só pode ser validada pela oração do Sumo Sacerdote, Cristo Jesus, aquele que salga as petições imperfeitas com o sal dos Seus sofrimentos meritórios antes de apresentar as orações da igreja, sem mancha ou ruga, à vista do Seu santo Pai.

27.A oração verdadeira traz petições específicas e espera por respostas específicas. E elas serão respondidas, talvez não imediatamente, mas a demora de Deus não é a Sua recusa. “Deus nunca recusou nada àquela alma que chegou tão longe quanto o céu para pedir” (John Trapp).

28.A oração verdadeira é banhada na fé. A oração incrédula é uma oração infrutífera, não importa quão sincera possa ser.

29.A oração verdadeira pelos outros também colhe grandes benefícios para o suplicante no sentido de se sentir mais íntimo com Deus. A oração verdadeira não pode interceder explicitamente pelos outros sem estar orando implicitamente por si próprio.

30.A oração verdadeira é uma alegria em si mesma, mesmo quando a resposta pareça contradizer as muitas petições oferecidas.