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13 de jul. de 2016

Sobre leituras, conversas, perspectivas e comunhão

Por Thomas Magnum

O conhecimento não é apenas gerado pelo contato sensorial da visão. Em alguns casos de forma quase abstrata adquirimos conhecimento e não é uma obra do acaso é parte da similaridade, de uma obra de comparatividade epistêmica, uma sistemática que produz mais entendimento de fatos que desencadeiam clareza para compreensão de um nível maior de informação.

A alta cultura não se dá apenas pela mera leitura, mas, por um axioma vital, pela comparatividade de informações pelo pensar comparativo e analítico, cultura de nível literário nos mais variados campos do saber é gerada pela interface do pensar comparativo e analisador.

A medida que crescemos culturalmente é perceptível que nossas leituras se tornam mais amplas do que o visualizar páginas. Conversas, ouvir pessoas, entender seus argumentos e avaliar seus conceitos ainda que divirjam dos nossos é parte da vida intelectual saudável, sem necessidade de beligerância, sem demanda por hiatos relacionais, rompimentos trágicos. Por bem da verdade em muitos casos rompimentos trágicos são inevitáveis, mas, também por uma posição de elevada certeza da verdade vinda pelo saber.

A perspectiva nos proporciona uma pluralidade de possibilidades unívocas não necessariamente divergentes em dados casos, a perspectiva nos eleva a uma visão pluriforme de dados que nos possibilita decodificação larga, alta e profunda. Tal fato proporciona maturação analítica e pontua circunstâncias importantes para o cultivo de uma posição idônea no que se refere a honestidade da informação e a não proficuidade da desinformação que ignora a ignorância da falta de sapiência.

O conhecimento nos possibilita comunhão, vivência, sabedoria, energia para aglutinar, para semear, regar, cultivar. O saber parte para o comungar, partilhar, multiplicar o pouco para atender muitos.

13 de jun. de 2016

Desfrutando da Vitalidade do Amor (1 João 3:11-24)

Por Thiago Oliveira

Texto Base: 1 João 3:11-24

11. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. 12. Não sejamos como Caim, que pertencia ao Maligno e matou seu irmão. E por que o matou? Porque suas obras eram más e as de seu irmão eram justas. 13. Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia. 14. Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15. Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo. 16. Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. 17. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? 18. Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. 19. Assim saberemos que somos da verdade; e tranquilizaremos o nosso coração diante dele 20. quando o nosso coração nos condenar. Porque Deus é maior do que o nosso coração e sabe todas as coisas. 21. Amados, se o nosso coração não nos condenar, temos confiança diante de Deus 22. e recebemos dele tudo o que pedimos, porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que lhe agrada. 23. E este é o seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou. 24. Os que obedecem aos seus mandamentos permanecem nele, e ele neles. Deste modo sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu.


Introdução

Após falar sobre as bênçãos e os deveres dos filhos de Deus para com o seu Senhor, o apóstolo João fala acerca do amor para com o próximo. Isso nos remete aos dois maiores mandamentos, ensinados por Cristo (Mt 22:36-40), que por sua vez, remetem as duas tábuas da lei, uma que representa nosso dever para com Deus e a outra o nosso dever para com os nossos semelhantes.  Passaremos então a focalizar o amor ao próximo e deste tema discorreremos cientes de que é um assunto que não pode ser fixado em nossas mentes sem que desça até o coração e do coração faça com que as nossas mãos se disponham a auxiliar nossos irmãos.

O Amor e a Vida (11-15)

João relata que a mensagem do amor é antiga, sendo revelada desde o princípio. O próprio já havia tocado na questão e parece querer que seus leitores se lembrem disso (ver cap. 2. V 7). Em seguida, passa a comparar os que não amam com aquele que foi o primeiro assassino na história humana, a saber, Caim, que matou seu próprio irmão. Este homicídio, retratado logo após o relato da Queda, demonstra que o ódio que Caim sentiu por seu irmão o levou a cometer uma violência que ceifou a vida de Abel. João interpreta a motivação do crime: Caim odiou a Abel porque o segundo era justo, i. é., reto. A retidão do seu irmão lhe causava um sentimento repugnante, pois, ela desvelava toda a perversidade que Caim não queria que ficasse tão nítida. Vem então o verso 13 e diz que os crentes não devem se surpreender se o mundo também os odiar, pois, os santos deste mundo se assemelham a Abel e chamam para si as atenções do mundo que é mau e jaz em trevas, e por isso deseja eliminar os que iluminam e deixam à mostra sua podridão. A palavra epistolar está de acordo com o evangelho de mesma autoria: “Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas”. João 3:20

Os portadores do ódio, que contrasta com o amor, estão mortos espiritualmente. Logo, quem ama tem vida. O cristão não pode pagar mal com mal. Está escrito: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” Romanos 12:21. João chama todo aquele que não ama o seu próximo de assassino e lembra que este que tira a vida, também não a tem. São verdadeiras as palavras do escritor Mark Twain: “O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar”. Por isso que o amor e a vida andam de mãos dadas e não podem se divorciar. Como legítimos filhos de Deus, precisamos ter amor perante os nossos semelhantes.

O Amor e a Verdade (16-20)

Estamos acostumados a lidar com o amor de maneira romântica, sentimentalista, talvez isto seja resultado dos artefatos culturais tais como livros, filmes, novelas. Mas, para o Cristianismo o amor ultrapassa a esfera sentimental. O amor bíblico não é abstrato, mas sim, concreto. Foi o amor que fez com que Cristo se entregasse na cruz pelos que são seus. O amor deriva em ação. Por isso o exemplo é acerca do irmão que está passando por necessidade. Ora, se temos recursos para prover o próximo e não o disponibilizamos, não podemos ser hipócritas e dizer que o amamos, pois, se amássemos, agiríamos de uma forma que supriria as suas necessidades.

Amar de verdade é permanecer na presença da Verdade, e sabemos que Jesus Cristo é a verdade (Jo 14.6). O trecho que diz para nós tranquilizarmos o coração diante dEle é uma referência ao divino. A frase quer dizer que se nós amamos verdadeiramente, estaremos conectados a Cristo e isso tranquiliza o coração pelo fato de que essa conexão nos garante a vida eterna. Quando nosso coração nos acusa, isso revela mudança que advém do Santo Espírito. Deus sonda corações e sabe o que se passa em nosso íntimo. Logo, ele saberá distinguir quando o amor é da boca para fora de quando o amor flui do mais fundo recôndito do coração humano, seguindo o altruísmo encarnado de Cristo, que amava por meio de ações concretas.

O Amor e as Bênçãos (21-24)

Ainda tratando sobre a consciência, João demonstra o alento dos que possuem a consciência tranquila, e por isso, podem desfrutar de bênçãos que advém do próprio Deus. O apóstolo estimula a nos aproximarmos do SENHOR com confiança. Simon Kistemaker ao comentar o verso 21 deste texto diz o seguinte: “Se sua consciência está tranquila, a avenida para o trono da graça está aberta”. E por isso João nos brinda com a preciosa promessa de termos as nossas orações respondidas. Atentemos que aqui não há uma doutrina que estabelece que Deus nos dará tudo aquilo que pedimos. De maneira alguma Ele faria isso, pois, como nosso Pai, e nosso Senhor, sabe que nem tudo o que pedimos é bom, tanto na essência quanto na motivação. João diz que “já recebemos” e não que “receberemos”. Aquele que está em conformidade com a Palavra do Senhor é por Ele abençoado com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais (Ef 1.3).

Obedecer aos mandamentos não faz com que tenhamos acesso as bênçãos celestiais como se as alcançássemos por mérito. A obediência é resultante do amor e da gratidão que temos para com Deus. Dos mandamentos que devemos observar, o apóstolo João frisa duas coisas essenciais que são marcas indeléveis dos cristãos: Fé em Cristo e amor o próximo. Sem fé, é impossível agradar a Deus (Hb 11.6), mas não é apenas isso. Paulo em I Coríntios (Cap. 13) nos lembra também que sem amor, a fé não tem valor. Que cumpramos os seus estatutos sem peso, mas com júbilo. Assim procedendo, temos uma certeza: “sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu”. E não existe benção maior que esta!

Aplicações

Exerço uma fé vívida que me faz amar ao meu próximo, ao ponto de sacrificar-me em prol dele?

E o meu amor tem saído da esfera abstrata, tomando forma e resultando em fazer o bem para o meu semelhante?

Tenho desfrutado do amor e da bondade do Pai celestial, ciente de que sou muito abençoado por tê-lo comigo e obedecer aos seus mandamentos?


20 de out. de 2015

Você faz parte de uma igreja perfeita?

Por Mark Jones

Você está em uma igreja fiel. Mas alguém reclama sobre isso, aquilo e aquilo outro e, por causa dessas coisas, quer sair. O que você diz?

#1 Eu concordo que a igreja não é perfeita…

#2 Essa igreja é perfeita, por que você sairia de uma igreja perfeita?

#1 e #2 são possibilidades, mas eu me simpatizo com o #2. Por quê?

16 de out. de 2015

A importância da amizade para a Teologia

Por Mark Jones

“Neste mundo, duas coisas são essenciais: uma vida saudável e a amizade… “

Agostinho

Como nós desenvolvemos nossa teologia como cristãos que levam a sério o chamado de “crescer na graça e conhecimento de nosso salvador, Jesus Cristo”?

Em algumas ocasiões, tive o prazer de ouvir outros falando sobre o que lhes motiva quanto a isso. Provavelmente, todos nós temos alguns hábitos que têm sido particularmente úteis para nosso desenvolvimento teológico no decorrer de nossas vidas. Eu acredito que uma maneira de crescer no conhecimento de Deus é por meio da amizade.

23 de abr. de 2015

Sobre o mesmo Espírito: Experimentando comunhão pelos meios de Graça

Por Thiago Oliveira

“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados. Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo”.

1Coríntios 12.1-5

A carta que o apóstolo Paulo escreve aos irmãos que congregavam em Corinto é um texto exortativo para uma congregação recheada de sectarismo. Lemos no capítulo 3 que havia entre aqueles irmãos, inveja, contenda e disseções (v.3). Havia partidarismo e uns alegavam ser discípulos do próprio Paulo e outros alegavam ser discípulos de Apolo (v.4).  No capítulo 11 vemos que havia sectarismo até na hora da ceia (vv. 17-21). Os mais ricos comiam de maneira apressada, como glutões, e o exagero chegava ao ponto de se embriagarem com o vinho. Os mais pobres ficavam com fome. Uma coisa horrível. 

24 de fev. de 2015

Temos que ser Um - A importância da Unidade na Igreja

Por Thiago Oliveira

Texto Base: João 17. 20-26

20 "Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, 21 para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22 Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: 23 eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste. 24 "Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo. 25 "Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. 26 Eu os fiz conhecer o teu nome e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja".

O texto que lemos é a oração de Jesus em seus momentos finais. Dentro de algumas horas ele iria passar pela agonia do seu sacrifício expiatório. Na cruz ele toma para si as nossas culpas e prova do amargo cálice da Ira Divina. Só que antes disso ele ora. Jesus sempre estava orando e deixando essa prática (que negligenciamos frequentemente) como um exemplo para que assim também fizéssemos. A singularidade dessa prece do Filho Unigênito ao seu Pai é o registro de que ele orou por todos os crentes que seriam enxertados na Igreja por meio do ministério dos seus apóstolos. Não é preciso muito esforço para entender que a oração de Cristo foi por mim e por você. Isso não é maravilhoso?

De fato, saber que Jesus rogou por nós naquele momento de aflição é algo arrebatador. Mas não podemos perder de vista o motivo de sua oração por nós. O Senhor pediu ao Pai que nós fôssemos um. Unidade é o tema central de seu pedido. Mas porque devemos, como Igreja, manter a unidade? Pode parecer uma pergunta boba, pois, redunda em obviedade. No entanto, com um elevado número de dissenções que vemos por aí, acho que respondê-la não seria de todo o mal.

Primeiro ponto: Temos que ser um apenas pelo fato de Cristo ter orado por isso. Diante de tantos assuntos, tantas coisas para pedir, unidade foi o escolhido pelo nosso Salvador. Se fosse algo desimportante ele não teria feito disso o tema central de sua prece em relação a nós. Por isso, sempre que alguém promove picuinhas, partidarismo e sectarismo na congregação, esta pessoa não está alinhada com a vontade do nosso Senhor. É até irônico ver muitos de nós se perguntando como cumprir a vontade de Deus para nossas vidas. A resposta é muito simples: Obedeça aquilo que está revelado na Escritura e procure viver em plena comunhão no Corpo de Cristo. Ao invés de tentarmos adivinhar o futuro, vivamos por fé, tendo uma só mente e um só propósito como Igreja do SENHOR.

Segundo ponto: Temos que ser um porque Cristo nos outorgou o direito de participar da união que Ele tem com o Pai desde a eternidade. Pai e Filho (juntos com o Santo Espírito omitido aqui nesse texto) são desde sempre e possuem a mesma substancia. Um sem o outro não é possível. Deus só é Deus existindo em comunidade. A divindade também é uma família e se relaciona como tal. A tradição nos legou o termo Trindade para nomear essa unidade que é diversificada, porém indivisível. Cristo nos revela que da mesma forma que ele e o Pai formam uma unidade, nós como Igreja também formamos e estamos inseridos nesse vínculo de amor eterno. Leia atentamente o versículo 22: Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um”. Aqui temos base para dizer que a união da Trindade não está sendo usada como um comparativo pra falar acerca da unidade dos crentes. Pensar assim é um erro. Nessa fala de Cristo, ele nos diz que a sua união eterna é o fundamento da nossa. Só podemos viver em comunhão, amando uns aos outros, se estivermos unidos com o Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Só dessa maneira somos levados, isto é, aperfeiçoados até atingirmos à plena união (v. 23). Por isso, ser um crente ranheto e causador de discórdias diz muito mais a seu respeito do que se possa imaginar. As implicações da nossa conduta remetem aquilo que somos no plano espiritual. A glória a que Cristo se refere é a sua habitação em nós. Da forma como o Pai se manifestou nele, ele também se manifesta em e através de nós. Somos sua morada. Portanto, amemos os componentes da Igreja e tenhamos uma só fé. Isso é bem mais do que um princípio ético. É vital.

Terceiro Ponto: Temos que ser um para que o mundo reconheça o poder de Cristo. Se andarmos em unidade, não iremos ganhar os louros. O mundo irá creditar a nossa união, o nosso relacionamento pautado pelo amor, à pessoa de Jesus. Ele é a fonte de toda boa dádiva. Quando a Igreja está unida num só propósito, o impacto que ela causa no mundo é gritante. Cristo orou pela nossa unidade por saber que ela redundaria em glória para si mesmo. Este é o nosso objetivo de vida: fazer tudo para glória de Deus (1 Co 10.31)! Essa ênfase é notória na forma como Jesus ora. Nos versículos 21 e 23 o Redentor fala que a nossa união é “para que o mundo creia/saiba que tu me enviaste”. Sendo assim, é fácil concluirmos que a unidade da Igreja é a melhor ferramenta evangelística que possuímos. Se ela for evidente, pessoas serão atraídas para o convívio dos santos. Assim acontecia com a congregação de Jerusalém nos seus primeiros anos de existência (Leia At 2. 42-47). O contrário também é verdadeiro: Uma Igreja facciosa desperta a antipatia do mundo. Este não compreende o abismo entre ortodoxia e ortopraxia, isto é, ensino correto e prática correta. Logo, sejamos coerentes e vivamos em união para que esta seja a grande evidência do poder transformador de Cristo Jesus sobre nós. Isso faz com que os integrantes do mundo anelem pelo nosso SENHOR: “para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.

A forma como Jesus termina a sua oração (versículos 25 e 26) relaciona a unidade com a revelação. Ou de outro modo: O amor tem a ver com o conhecimento sobre Deus. Ora, não é isso que o apóstolo João nos diz em sua primeira carta? Claro que é: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor (1 Jo 4.8)”. Antes que existisse mundo, e tudo o que nele habite (e isso nos inclui), Deus já amava. Ele passou a ser nosso Criador e Regente quando criou todas as coisas, conforme lemos no primeiro capítulo de Gênesis. No entanto, bem antes disso, ele já era amor. Para ser mais correto: Ele é, sempre foi e sempre será amor. Aqui encerro a resposta a minha pergunta boba. Ainda nos resta dúvida sobre o porquê de sermos um? Então, mãos a obra!

11 de fev. de 2015

Como Minha Mente Mudou: A Centralidade da Congregação

Por Mark Dever
Desde que me tornei um cristão no Ensino Médio, o papel da congregação local tem sido importante para mim. Eu me lembro de gastar algumas (tudo bem, muitas) horas, no meu primeiro verão após tornar-me cristão, na biblioteca da minha igreja, compilando estatísticas acerca da crescente membresia de nossa igreja, e comparando-as em uma tabela com nossa frequência cada vez menor aos cultos.  O gráfico que fiz a partir de minha pesquisa, naquela era pré-computador, era um simples quadro em um cartaz, com linhas cuidadosamente desenhadas para a membresia e a freqüência, que divergiam notadamente em algum lugar nos anos 1940 ou 1950. Embora eu tenha gastado horas e horas naquele cartaz – e nos diagramas por trás dele –, ele ocupava apenas o mais limitado dos espaços em uma proeminente parede em nossa igreja. Eu o afixei sem autorização (não havia levado isso em consideração). Devida e rapidamente autorizada, contudo, foi a sua retirada.
À medida que eu crescia como cristão, e meu entendimento da graça de Deus aumentava durante meus anos de graduação e de seminário, minha preocupação com o nominalismo na igreja também crescia. Muitas ditas “conversões” pareciam obviamente falsas para mim. E eu me tornei cada vez mais desconfiado do evangelismo que havia gerado esses diagramas inflados e, mais importante, essas pessoas ao mesmo tempo tão seguras e tão inativas.
Durante meu doutorado, contudo, cerca de dez anos atrás, minha mente começou a concentrar-se ainda mais no tema da igreja, especialmente na centralidade da congregação local. Eu me lembro, certo dia, de ter uma discordância com um amigo que trabalhava em um ministério paraeclesiástico. Ele e eu freqüentávamos a mesma igreja. Eu havia me tornado membro desde que me mudara para a cidade; ele, dois anos depois, havia escolhido meramente freqüentar. E, mesmo assim, ele vinha apenas para o culto da manhã, e apenas na metade dele, quando era o momento do sermão. Então, um dia, eu decidi questioná-lo acerca disso.
Ele respondeu com sua costumeira honestidade e transparência. “Na verdade, eu não tenho nenhum prazer no resto do culto”, ele disse. “Você já pensou em tornar-se membro da igreja?”, eu perguntei. Genuinamente surpreso, com um cacarejo inocente ele respondeu: “Tornar-me membro da igreja? Eu honestamente não sei por que faria isso. Eu sei para que estou aqui, e essas pessoas simplesmente me desacelerariam”. Essas palavras soam frias quando as leio, mas elas foram proferidas com o fervor típico, genuíno e humilde de um evangelista cheio de dons que não queria desperdiçar uma hora do tempo do Senhor. Ele queria dispor seu tempo para o melhor uso possível, e todas as preocupações e incômodos envolvidos em tornar-se oficialmente membro de uma igreja faziam aquilo parecer de todo irrelevante.
“Desacelerar” – suas palavras reverberavam em minha mente. “Desacelerar”. Vários pensamentos competiam em minha mente, mas tudo o que eu havia dito era uma simples pergunta – “Mas você já pensou que, se der os braços a essas pessoas, sim, elas podem desacelerá-lo, mas você pode ajudar a acelerá-las? Você já pensou que isso pode ser parte do plano de Deus para elas, e para você?”. A conversa continuou, mas a porção crucial e decisiva para o meu próprio pensamento era essa. Deus deseja nos usar na vida uns dos outros – mesmo quando isso aparentemente implicar um custo espiritual para nós.
Ao mesmo tempo, meus estudos sobre o puritanismo estavam me dando a oportunidade de ler o desenvolvimento dos debates teológicos acerca do governo eclesiástico no período elizabetano e no início da dinastia Stuart. O Grande Debate na Assembléia de Westminster era particularmente interessante para mim. Atraía-me a afirmação de alguns dos “independentes” ou “congregacionais” de que, em essência, a autoridade pastoral está vinculada ao relacionamento pastoral. Os seus argumentos de que a congregação local seria também a última instância em termos de disciplina e doutrina pareciam biblicamente persuasivas (ver Mt 18.17; 1Co 5; 2Co 2; Gl; 2Tm 4). Os papéis tanto do pastor como da congregação pareciam adquirir uma nova importância para mim em termos de como o cristão comum deve viver a vida cristã.
Então, em 1994, eu me tornei pastor principal. Embora eu sempre houvesse respeitado o ofício de presbítero e já houvesse servido em duas igrejas como presbítero, assumir o papel do único presbítero reconhecido em uma congregação me levou a refletir mais (e mais perto das origens) acerca da importância do ofício. Textos como Tiago 3.1 (“havemos de receber maior juízo”) e Hebreus 13.17 (“deve prestar contas”) permaneciam com freqüência em minha mente. As circunstâncias conspiraram para enfatizar a mim a importância que Deus atribui à igreja local. Eu me lembro de ler uma citação de John Brown, que, em uma carta com conselhos paternais a um de seus pupilos recém ordenado para uma pequena congregação, escreveu: “Eu conheço a vaidade do seu coração, e que você se sentirá mortificado por sua congregação ser muito pequena, em comparação àquelas de seus irmãos à sua volta; mas apegue-se à palavra de um velho homem: quando você apresentar-se para prestar contas dela ao Senhor Cristo, em seu trono de julgamento, você perceberá que teve o bastante”. Ao olhar para a congregação que estava sob meu encargo, eu senti o peso dessa responsabilidade de prestar contas a Deus.
Essa lição continuou a vir a mim durante meu trabalho semanal ordinário. Ao pregar nos evangelhos, e depois nas epístolas, eu tive repetidas oportunidades de refinar noções acerca do amor cristão, indicando que, embora alguns textos de fato ensinem que nós cristãos devemos amar a todos (p. ex., 1Ts 3.12), muitos dos textos comumente usados para ensinar isso, na verdade, dizem respeito ao nosso amor uns pelos outros. Eu me lembro de pregar em Mateus 25, apontar que as instruções sobre dar copos de água fria eram para “estes meus pequeninos irmãos”, e, depois, uma pessoa vir a mim e dizer-me que eu havia arruinado o “versículo de sua vida”!
Para mim, contudo, todas as passagens sobre “uns aos outros” e “uns para com os outros” tornaram-se vivas e começaram a dar corpo às verdades teológicas que eu conhecia acerca do cuidado de Deus por Sua igreja. Ao pregar em Efésios 2-3, havia-se tornado claro para mim que a igreja é o centro do plano de Deus para exibir Sua sabedoria aos seres celestiais. Quando Paulo falou aos presbíteros de Éfeso, ele se referiu à igreja como algo que “Deus [...] comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28). E, é claro, no caminho de Damasco, quando anteriormente Saulo fora interrompido em sua rota de perseguição aos cristãos, o Cristo Ressurreto não perguntou a Saulo por que ele perseguia aqueles cristãos, ou mesmo a igreja; em vez disso, Cristo identificou-se de tal modo com Sua igreja que a acusação feita a Saulo é “por que me persegues?” (At 9.4). A igreja era claramente central no plano eterno de Deus, em Seu sacrifício, e em Suas preocupações contínuas.
Talvez tudo isso pareça mais como uma explanação em favor da centralidade da eclesiologia do que da igreja local, mas, ao pregar pela Bíblia semana após semana, o que é inegável a mim é que Tyndale fez uma boa decisão ao traduzir ecclesia por “congregação”! A importância da rede de relacionamentos que compõem uma igreja local é o palco no qual o nosso discipulado acontece. O amor é em grande medida local. E a congregação local, então, é o lugar que pretende exibir esse amor para que o mundo inteiro veja. Assim Jesus ensinou a seus discípulos em João 13.34-35: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”. Eu vi amigos e familiares separados de Cristo porque eles percebiam que esta ou aquela igreja local era um lugar tão terrível. E eu vi amigos e familiares virem a Cristo por verem exatamente esse amor que Jesus ensinou e viveu – o amor uns pelos outros, o tipo de amor abnegado que Ele mostrou – e sentirem a atração humana natural por ele. Assim, a congregação – a congregação como a câmara de ressonância da Palavra – se tornou mais central em meu entendimento do evangelismo e de como nós deveríamos orar e planejar nossa evangelização.
A congregação também se tornou mais central em meu entendimento de como nós devemos discernir a verdadeira conversão em outros, e como nós mesmos devemos ter segurança dela. Eu me lembro de ficar perplexo diante de 1João 4.20-21 ao preparar-me para pregar naquele texto: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê [...]aquele que ama a Deus ame também a seu irmão”. Tiago 1 e 2 carregam a mesma mensagem. Esse amor não parece ser opcional.
Mais recentemente, essa consideração acerca da centralidade da congregação trouxe ao meu pensamento um novo respeito pela disciplina da igreja local – formativa e corretiva. Está claro que, se nós devemos depender uns dos outros em nossas congregações, deve haver disciplina como parte do discipulado. E se deve haver o tipo de disciplina que nós vemos no Novo Testamento, nós devemos conhecer os outros, estar comprometidos com eles, e deixar que eles nos conheçam. Nós devemos também ter algum encargo de autoridade. Todos os aspectos práticos do encargo de autoridade no casamento, no lar e na igreja são forjados no nível local. Deixar de compreender isso e assumir uma postura de desgosto e ressentimento para com a autoridade parece muito próximo àquilo tudo que a Queda representa. Por conseguinte, compreender isso parece muito próximo do coração da obra graciosa de Deus em restabelecer Seu relacionamento conosco – um relacionamento em que autoridade e amor andam juntos.
Em suma, eu vejo por que os cristãos no passado tratavam a falta de freqüência como um assunto tão importante. E penso que posso ver que danos começaram a ocorrer em tantos níveis quando começamos a assistir àquelas duas linhas da membresia e da freqüência divergirem. Deixar de conceber decisões acerca da freqüência na igreja como assuntos do interesse de toda a congregação e passar a vê-las simplesmente como assuntos privados – não da nossa conta – trouxe devastação para nossas congregações e para a vida de muitas pessoas que outroram as freqüentavam.
Agora eu tenho mais questões agitando minha mente, questões acerca de seminários e “líderes cristãos” que estão em um lugar diferente a cada semana, e pastores que não entendem a importância da congregação, e as pobres ovelhas que vagam, como muitos consumidores frustrados, de uma congregação para outra. Se Deus quiser, a década por vir será tão interessante quanto essa que acaba de passar.
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Este artigo originalmente apareceu na edição de Janeiro-Fevereiro de 2002 da Modern Reformation, e foi revisada e republicada aqui com permissão. Modern Reformation pode ser encontrada online em www.modernreformation.org.

21 de jan. de 2015

Amor, Tolerância e Coragem: Ingredientes da Comunhão

Por Thiago Oliveira

A comunhão é marca de toda igreja saudável. Koinonia, é o termo usado no Novo Testamento e aparece 18 vezes. Ele expressa a vida em comunidade na igreja, que comunga dos mesmos princípios e está ligada em Cristo num só propósito. A falta de comunhão é algo doentio, além de ser um mal testemunho. Por isso, escrevo esse breve texto no intuito de fornecer alguns ingredientes relacionados a comunhão, que são: Amor, Tolerância e Coragem.

Amor

- Leitura Bíblica: Marcos 12. 30,31 e Romanos 13.8

Amor é o elo de comunhão com Deus. Para ser um legítimo cristão, e estar em total acordo com a Palavra, amar não é opcional. Todavia, é preciso lembrar que nos textos lidos, amar não é um simples sentimento. O texto que lemos em Marcos 12, também é registrado por Lucas. Após falar sobre os dois grandes mandamentos, que apesar de estarem posicionados de maneira hierárquica são totalmente correlatos, o questionador pergunta ao Mestre: Quem é o meu próximo?” A resposta de Jesus o surpreende, mas no fim ele vai acabar entendendo a mensagem. Em resposta ao seu inquiridor, Cristo conta a parábola de um homem (judeu) que assaltado, ficou na estrada gravemente ferido, após ser agredido severamente pelos salteadores. Dois religiosos, um sacerdote e depois um levita, passaram de largo. O homem, desfalecendo, foi finalmente ajudado por um samaritano, que realizou ali os primeiros cuidados e depois providenciou uma estalagem para que o judeu, seu inimigo racial, pudesse ser atendido até melhorar seu estado.

Esta história registrada em Lucas 10.25-37 é bem conhecida. Após contá-la, Cristo se volta ao Doutor da Lei que o importunava e pergunta: “Quem foi o próximo do homem assaltado?”. A resposta do rabino foi: “aquele que teve misericórdia dele”. Então, Jesus ordena que o homem faça o mesmo. O termo misericórdia aqui é eleos, e denota uma compaixão ativa. É apiedar-se e não ficar de braços cruzados. O amar, agapao, que está presente no grande mandamento dá a mesma ideia. Não precisamos notar se os nossos olhinhos brilham e nem é obrigado sentir as palpitações do coração para amar. Agir é superior a sentir e assim os cristãos procedem de bom grado, glorificando a Deus que nos incumbiu da tarefa de espalhar o amor pelo mundo.  

No entanto, que o amor seja sem hipocrisia (Rm 12.9). Isso é de fundamental importância. Leon Tolstói, escritor russo (meu favorito, por sinal), tornou-se em sua velhice, um humanista e pacifista que escrevia e palestrava sobre o amor fraterno. Suas palavras são belas e tocantes, mas havia um problema com Tolstói. Segundo a sua esposa e companheira de tantos e tantos anos, Sônia, ele não era capaz de ser terno com seus filhos e nem dizia que os amava. Isto é algo frequente. Falamos em ação social, em amar os de fora das quatro paredes da Igreja...mas se não começarmos a amar os que estão dentro das quatro paredes, seremos um bando de hipócritas e nada mais que isso. De igual modo, não podemos falar em amor entre os irmãos da congregação se nos portamos de uma maneira não amorosa em casa. 

O apóstolo Paulo, em duas de suas cartas, diz que o amor deve suportar os mais fracos (Ef 4.2 e Rm 15.1). Prestemos atenção! Suportar aqui não é sinônimo de aturar. Suporte é algo que mantém um objeto numa posição segura e funcional. Pense num suporte para lâmpada fluorescente. Ou então num pedestal que segura o ventilador. Nosso amor deve manter nossos irmãos em pé e sendo membros que funcionam bem e em prol do corpo. A pergunta que fica é: temos feito isso? Os mais fracos precisam do suporte dos mais fortes na fé. Infelizmente, há muita atitude desastrosa nas igrejas e nós, geralmente, terminamos de apagar a chama fraquinha dos vacilantes. Sejamos desafiados a mudar esse quadro. Amemos já!

Tolerância

- Leitura Bíblica: Romanos 12.18

O que é ser tolerante? Alguns acham que tolerância é não ter valores absolutos ou nunca dizer que o outro está errado. Não, isso não é ser tolerante. Se eu afirmo, baseado em minha crença bíblica, que o comportamento homossexual é pecaminoso, isto não faz de mim um intolerante. Intolerante eu seria se pregasse a exterminação de todo aquele que é assumidamente gay ou que eu não o permitisse se expressar. Logo, tolerância é o convívio pacífico com os diferentes. Mesmo quando não há concordância. Se ninguém está errado e todos têm sempre razão, como então exercerei tolerância? Percebem a incongruência?

Voltaire discordava de Rousseau. O que ele disse ao filósofo francês tornou-se uma máxima: “Posso não concordar com o que dizes, mas, defenderei até a morte o teu direito de dizer”. Isso é que é ser tolerante. Discordar a ferro e fogo e mesmo assim, deixar que o outro se manifeste. Mas, voltando a igreja...

Precisamos ser mais tolerantes com pequenas diferenças. Questões centrais da fé devem ser unanimidades, tais como a crença no Deus Triúno, o nascimento virginal de Cristo, a justificação mediante a fé e a inspiração e inerrância das Escrituras, como sendo palavra de Deus e nossa regra de fé e prática. Todavia, há coisas que podemos divergir e mesmo assim continuar caminhando juntos. Hoje, vemos uma infinidade de denominações e grande parte surge por divisões mesquinhas. Tem gente que briga por causa da cor da roupa do coral e faz disso uma celeuma. Estou falando sério. Igrejas já racharam por uma bobagem dessas. E daí nos perguntamos: Onde está o amor? Paulo não nos disse que no que depender de nós devemos ter paz com todos?

Há apenas uma razão para nos mostrarmos intolerantes, chama-se: pecado. Ele afeta a nossa santidade, e a paz não pode ser desassociada da santificação (Hb 12.14). Não posso viver pacificamente com pessoas que deliberadamente vivem uma diva devassa. Isto não quer dizer que irei mata-los ou algo do tipo. Obviamente que não! Porém deixarei claro com todas as letras: “Olha aqui cara, você quer andar comigo, ser meu amigo, então por favor, não conte essas piadas sujas, não me mande pornografia por mensagens e não compartilhe comigo suas aventuras sexuais”. Se a pessoa não abrir mão disso pela amizade, você também não deve abrir mão da sua santidade. Entre agradar a Deus e aos homens, não hesite: agrade ao SENHOR!

Podemos dar o exemplo da igreja sediada em Tiatira, ainda no primeiro século. Ela é uma das sete igrejas que recebem uma mensagem direta de Jesus. Ela é duramente criticada por tolerar a imoralidade pregada por uma profetiza por nome Jezabel (Ap 2.20). Tiatira era uma cidade que estava numa importante rota comercial, e com isso, seu comércio estava em ebulição. Uma associação de comerciantes foi fundada, porém, como a maioria da cidade cultuava a divindades pagãs, para fazer parte desse grupo era preciso oferecer culto a tais deuses.Um dos rituais era orgíaco. Com certeza, alguns comerciantes associados eram membros da igreja. Com medo da reclusão, de serem expulsos e assim não faturarem como gostariam, esses comerciantes acabaram cedendo a imoralidade, desagradando ao SENHOR que os convocou ao arrependimento. Não devemos cair no mesmo erro.

O Evangelho é , em muitos aspectos, sectário  (Lc 12. 51-53). O mundo está dividido entre crentes e incrédulos, santos e ímpios. Jesus é o marco divisório. Por isso que Paulo diz sobre manter a paz: “se possível” e “no que depender de vós”. Há momentos em que não depende de nós, pois, o mundo nos odeia (Jo 3.19 e 15.18). Mas, naquilo que não interfere em nossa santidade, se for questões de preferência em assuntos periféricos, por favor, não sejamos tão sectários. Tolerar a diferença é extremamente necessário para se viver bem em comunidade. Sejamos mais tolerantes e não vamos nos esconder por trás do temperamento. Cristo é capaz de mudar temperamentos e te dotar de longanimidade para não ser um “Crente Saraiva”. Lembra dele? Aquele personagem que tinha como bordão: “Comigo é tolerância zero!”. Definitivamente, não devemos ser iguais ao Saraiva.

Coragem

- Leitura Bíblica: Hebreus 10.25

O escritor aos Hebreus diz claramente que não devemos deixar de congregar. Atualmente, qualquer imbróglio vira motivo para deixar de frequentar os cultos: “Ah, dei boa noite a irmã e ela não me respondeu”, “o pastor falou na pregação uma palavra que eu não gostei”, “a igreja está cheia de adolescentes”, “não suporto o jeito daquele diácono” e por aí vai.  Não vamos aqui tapar o sol com a peneira e dizer que na igreja não existem problemas de relacionamento. É claro que eles existem, como em qualquer lugar onde dois seres humanos convivem. Por mais pacíficos que sejam, mais cedo ou mais tarde haverá algum choque entre eles.

Amor e Tolerância, como vimos, são ingredientes elementares para a comunhão, porém se não tivermos coragem, qualquer desculpinha esfarrapada servirá para abandonarmos a nossa comunidade de fé. Listo aqui algumas situações onde falta coragem:

1. Falta coragem para se reconciliar. Coragem de assumir que aquele irmão que você tanto fala que te feriu, também foi ferido por você. Relacionamento é uma via de mão dupla, ninguém briga sozinho. O mais fácil, quero dizer, mais conveniente é se vitimizar e sair contando a sua história. Coragem de assumir parte da culpa tem faltado.

2. Falta coragem para caminhar com quem você discorda. Coragem de andar com alguém que não concorda com tudo o que você fala e diz. Impressionante como nossos egos são inflados ao ponto de não nos conformarmos quando somos contrariados. Isso é problema de egolatria, e tem faltado coragem para tratar desse mal.

3. Falta coragem para abrir mão de sua agenda. Coragem para ter responsabilidade e assumir compromissos. Vivemos numa geração que não quer comprometimento e vive atrás de prazer, daí as programações da Igreja são vistas como empecilho para nossa vida hedonista. Falta coragem em assumir que nossos programas mundanos nos soam mais atrativos do que adorar a Deus e ouvir sua Palavra no meio da congregação. Clamemos pela divina misericórdia.

4. Falta coragem para abrir mão de alguns bens. Coragem para doar um pouco do que se ganha e investir em missões, em ações sociais e tantas outras coisas que não sejam produtos usados para o nosso bel prazer. Se não congregarmos não saberemos das dificuldades enfrentadas pelos nossos irmãos e assim não os socorreremos. Falta coragem para deixarmos de ser consumistas e investir no Reino.

Pois bem, que possamos dosar esses ingredientes para vivermos em comunhão e exaltamos o nome de Cristo pelos quatro cantos dessa Terra. O mais importante é fazer uma autoanálise. Não leia esse texto pensando no outro. Medite pensando em como você pode mudar e ser mais amoroso do que está sendo, mais tolerante como deveria e mais corajoso quanto você gostaria de ser. Que o SENHOR nos abençoe.

20 de out. de 2014

Escravo Fiel

Por Morgana Mendonça dos Santos

1 Coríntios 4.1-2 "Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel." 


O apóstolo Paulo escreveu em Coríntios, aos santificados em Cristo Jesus, à igreja de Deus que estava naquela cidade, Corinto (1Co 1.2). Logo no primeiro verso, ele credencia seu ministério, apontando para o chamado apostólico por Jesus Cristo, pela vontade de Deus (1Co 1.1). A igreja que estava em Corinto, fundada pelo apóstolo, uma comunidade cristã-judaica e de pessoas tementes a Deus vivia uma crítica e complicada realidade. Paulo já havia escrito uma carta anteriormente, para tratar de assuntos específicos (1Co 5.9-13). No primeiro capítulo pode-se encontrar o autor da carta mencionando a visita que recebera dos da "família de Cloé" (1Co 1.11) trazendo consigo as notícias da situação em que se encontravam os irmãos em Cristo. Paulo, de forma objetiva declara:

"[...] há contendas entre vós" (1Co 1.10-11). Neste momento, o culto à personalidade havia sido estabelecido entre a comunidade de Corinto, então Paulo afirma: "Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo; ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo." 1 Coríntios 1.12. E assim, ele decide tomar posição sobre as questões mencionadas por meio de uma carta que ele envia através de Timóteo a Corinto. (1Co 4.17) 

Havia divisões, contendas e toda sorte de problemas eclesiásticos naquela comunidade. A carta que traz evidências internas e externas da autoria paulina nos revela a realidade que em que viviam aqueles cristãos. A probabilidade de ser Éfeso (1Co 16.8) a cidade em que Paulo estava quando escreveu a carta é real, na primavera de 54 (ou na época pascoal em 55), provavelmente na sua terceira viagem missionária. A história nos traz a memória que a antiga cidade de Corinto havia sido destruída em 146 a.C, então, em 44 a.C César fundou novamente essa cidade. Em 49 d.C nasce uma igreja cristã, em uma cidade de tamanha importação comercial, atraindo pessoas de todos os países. "Em virtude de sua localização, Corinto era uma cidade especialmente apropriada para a navegação e para o comércio nas condições da época, tornando-se bastante populosa, levando os moradores daquela região a uma vida luxuosa e desregrada que se tornou praticamente proverbial. 'Corintizar', isto é, 'viver como um coríntio' significava levar uma vida de prazeres desenfreados. Em Corinto havia o grande templo de Afrodite, a 'deusa do amor'". [1] Pode-se inferir que o propósito dessa carta é promover um espírito de unidade, corrigir uma série de tendências errôneas na comunidade, responder as perguntas que lhe haviam sido submetidas por carta (1Co 7.1) e por uma delegação (1Co 16.17), com o propósito também de coletar ofertas para os necessitados em Jerusalém. [2] 

É interessante notar que Paulo gasta um tempo valioso para orientar e exortar a comunidade em Corinto sobre a questão do culto à personalidade pois as divisões foram tão grandes que resultaram em clubes onde cada um tinha o seu mascote erguido. Existia naquele lugar, uma cidade grega, onde as pessoas costumavam ir às praças a fim de escutarem os grandes filósofos e pensadores discutirem suas idéias, suas filosofias e pensamentos, trazendo com isso uma tendência de comportamento que sorrateiramente invadiu a igreja em Corinto. Em pleno século XXI, encontramos uma considerável aproximação com esse tipo de realidade que viviam os irmãos em Corinto. Não obstante, logo percebemos dentro de nossas igrejas e academias teológicas o grande número de pessoas que promovem as divisões por declararem ser de "alguém". Os clubes estão divididos e em guerra, as troças são diversas. Tem para todo gosto e para todo tipo, de forma incoerente ou não, são chamados de acordo com o "sobrenome" dos tais. Uma época onde é extremamente necessário que o culto à personalidade, as divisões, retornem em correção e voltem ao ponto de origem - as Escrituras Sagradas. E com essa volta, a sobriedade seja estabelecida, as percepções sejam corrigidas e as motivações sejam santificadas. Ao observar o ensino do apóstolo no capítulo 4, logo nos dois primeiros versos, encontramos de "quem somos" e o que devemos entender sobre "o que se requer de nós".



1Coríntios 4.1-2 "Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer nos despenseiros é que cada um seja encontrado fiel." 

Paulo ainda está corrigindo o mesmo problema identificado desde o primeiro capítulo, a divisão na igreja em virtude do culto à personalidade. Como Paulo combate essa idéia do culto à personalidade? Expondo certamente três verdades que os cristãos em Corinto deveriam entender, como a marca de um servo de Cristo. 

- Os homens devem os considerar como ministros de Cristo; 
- E despenseiros dos mistérios de Deus;

- O que é solicitado de cada um deles é fidelidade.

A resposta de Paulo é a defesa contra essa falsa piedade, o autor usa pela primeira e única vez o termo 'huperetes' em sua carta, na verdade a única vez citada no Novo Testamento. Causando talvez espanto para a grande maioria, os homens deveriam considerar aqueles santificados, como servos de Cristo, não mais do que isso. O termo em grego utilizado por Paulo é "υπηρετασ"(huperetes), segundo Barclay significa "remador de galés". [3] Que na verdade são escravos sentenciados a morte, que com seus pés acorrentados, trabalhavam nos porões das grandes embarcações romanas chamados "galés". Escravos que antes de morrer deviam cumprir uma ordem, prestar um serviço. A classe mais simples de servos, que açoitados naqueles porões deviam a sua submissão ao capitão da embarcação. A idéia que Paulo transmite com essa palavra é totalmente contrária com aquilo que podemos entender ao olhar de maneira superficial para a palavra "ministro", pois somos influenciados a compreender que se define como alguém de alto cargo, estimado valor perante os outros e a sociedade. No entanto, o apóstolo Paulo respondendo àquela igreja, afirma, que deve ser assim que os homens precisam nos considerar, como servos, porém de Cristo, como remadores de galés, onde o capitão é unicamente Cristo. Nas palavras de Hernandes Dias Lopes observamos o seguinte pensamento [4]: 

"Paulo diz que o ministro não deve ser colocado no pedestal como o dono da igreja ou como o capitão do navio, antes deve ser visto como um escravo que serve ao capitão até à morte. Paulo está́ dizendo para não colocarmos os holofotes sobre um homem, porque importa que os homens nos considerem como huperetes e não como capitães do navio. O obreiro da igreja é um escravo já sentenciado à morte, que deve obedecer as ordens do capitão do navio, o Senhor Jesus Cristo." 

A segunda característica que marca um ministro é ser despenseiros, em grego "οικονομουσ (oikonomos)" que significa administrador e/ou mordomo. Aquele que serve a casa do seu senhor e administra seus negócios. Em relação ao seu senhor, é escravo, em relação aos outros servos, um administrador. Uma pessoa que recebe uma grande responsabilidade e ao mesmo tempo deve prestar contas ao dono da casa. Notar bem essa característica fará toda a diferença aos destinatários da carta, a idéia de Paulo é que como administradores tenhamos cuidado com três pontos principais: 

1- A provisão dos alimentos não era sua responsabilidade;
2- O dono da casa é o provedor por isso deve ser oferecido de acordo com o abastecimento; 
3- O serviço à mesa deveria ser da forma correta.

Enfatizando com isso, que o despenseiro é aquele que além de ser servo de Cristo é um mordomo dos mistérios de Deus, isto é, do Evangelho. A palavra revelada de Deus - as Escrituras Sagradas. Portanto, é aquele que serve à mesa na situação em que o Senhor o colocar. O servo de Cristo não pode adulterar, nem substituir, nem sonegar o alimento que é a Palavra de Deus. Não faz parte da sua responsabilidade decidir o que será colocado à mesa, o que deve ser feito é conforme predito pelo dono da casa. A maneira como deve ser feito seu serviço é conforme as normas da casa do seu Senhor. O servo de Cristo, como despenseiro dos mistérios de Deus precisa entender que o alimento foi providenciado por Cristo, a função dele é oferecer conforme recebeu do Mestre. "Nós não podemos pregar o evangelho e mais alguma coisa. É o evangelho, somente o evangelho e, todo o evangelho, afirma Hernandes dias Lopes. 

A conclusão do apóstolo Paulo nesse segundo verso é que esse servo de Cristo e despenseiro dos mistérios de Deus seja achado fiel. O objetivo do cristão não é o sucesso da missão e sim a fidelidade da sua vida diante de Deus. Ser fiel à ordem que o Senhor colocou em suas mãos e ao povo que receberá a mensagem. O termo grego usado por Paulo aqui é "πιστοσ", adjetivo do despenseiro "ser fiel", dever fidelidade ao Senhor. A ênfase da idéia paulina corrobora com 1Pedro 4.10 que diz: "servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus." A fidelidade deve ser encontrada em cada cristão, o que está em jogo aqui não é algo desprovido de valor, pelo contrário é a Palavra de Deus. Portanto, ouvintes da igreja de Corinto e da igreja brasileira, que sejamos achados com fidelidade, isso é o que se requer de nós.



2 Timóteo 2.15 "Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade."

Soli Deo Glória
_________________
[1] Boor, Werner de. Cartas aos Coríntios. Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 2004. 
[2] Kistemaker, Simon J. Comentário do Novo Testamento – Exposição da Primeira Epístola aos Coríntios. Editora Cultura Cristã, 2003. 
[3] Barclay, William. Iy II Coríntios. 1973: p. 48. 
[4] Lopes, Hernandes Dias. ICoríntios: como resolver conflitos na igreja. São Paulo: Hagnos, 2008