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18 de jan. de 2017

A Espiritualidade de Espuma de Refrigerante

Por Fábio Henrique

Pelo menos uma vez na vida com certeza você já viu esta cena: Ao abrir um refrigerante e depositar o líquido no copo, rapidamente sobem até a superfície aquelas bolhinhas que costumeiramente chamamos de espuma. Algumas pessoas quando inadequadamente despejam o líquido no copo se assustam com a quantidade de espuma imaginando ser o tão precioso líquido quando na verdade não passa de gás carbônico evaporando. Resultado, tudo não passou de uma falsa impressão. Desta cena tão corriqueira podemos retirar pelo menos uma lição: “nem tudo que parece é ”.

Pensando nesta cena, recordei do tipo de fé manifestada por alguns cristãos e que podemos fazer uma analogia com o que o Senhor Jesus afirmou na parábola do semeador. Quando ao explicar tal tipo de espiritualidade, Ele afirmou: “..este é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria.Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece por pouco tempo Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona.” (Mateus 13:20,21) Parece um paradoxo, mas a suposta fé que transbordava em alegria se transformou em desânimo e abandono da mesma. Qual seria o motivo disso tudo? O versículo de forma clara o expõe: “não tem raiz.”

Não precisa ser um profundo conhecedor de teologia para entender o significado do que Jesus esta dizendo. A ausência de raiz em uma planta é sinal de uma morte prematura, superficialidade e ausência de profundidade. Infelizmente, assim tem sido a espiritualidade de muitos que querem seguir a Cristo, mas não estão dispostos a enfrentar as adversidades e dificuldades de levar a sua palavra a sério. Ou seja, é uma espiritualidade incapaz de ultrapassar as portas de um templo religioso, pois assim como a espuma de um refrigerante se dissolve facilmente ao primeiro contato com o mundo fora da garrafa, assim é a fé destes em relação à vida cristã fora dos portões de suas igrejas.

É a espiritualidade do “oba-oba”, programações, louvorzão, congressos, acampamentos, encontros de casais ou de jovens e tantos outros “encontros” com Cristo. Da performance, do canta, pula, grita, gira, da espiritualidade exposta apenas na camisa de marketing daquele evento famoso, mas que não é fruto de um coração sincero para com Deus. É a espiritualidade da euforia provocada pela adrenalina do momento, porém desprovida de profundidade e intimidade com o Senhor através da oração diária e da devoção e obediência a sua Palavra. O problema dessa espiritualidade é sua fragilidade e artificialidade, além de ser viciada em doses cada vez mais fortes da “adrenalina gospel”. Os reflexos desse tipo de espiritualidade são perceptíveis tanto na vida do indivíduo quanto na própria igreja, pois essa mesma euforia e entusiasmo não são demonstrados quando o palco é desarmado, as luzes se apagam e é chegada a hora de por em prática tudo aquilo que foi pregado. O que resta é uma apatia em relação ao envolvimento, seriedade e comprometimento com as verdades do evangelho de Cristo e com sua igreja.

Talvez o que mais nos atraía nos refrigerantes seja seu sabor adocicado e a sensação de prazer causada pelo mesmo. Todavia, com o passar dos anos, surgem às consequências para a saúde - e caso não sejam tratadas podem levar ao óbito. Que possamos parar de nos iludir com a espiritualidade da espuma de refrigerante, ao invés dela, nos aprofundemos mais em nosso relacionamento com o Senhor através da oração, leitura e obediência a sua Palavra. Só assim estaremos isentos desta triste estatística relatada pelo Senhor Jesus de uma espiritualidade sem vida, sem profundidade, superficial, sem raiz e morta.

***
O autor é seminarista do Seminário Presbiteriano do Norte e membro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Rio Doce, Olinda-PE. 

4 de nov. de 2016

A Missão Não Íntegra de quem fala em nome da TMI

Por Thiago Oliveira

O Missão na Íntegra, que de acordo com a sua própria página diz ser “um dos movimentos de pregadores e pensadores protestantes que refletem a partir da proposta da Missão Integral”, está apoiando as ocupações nas escolas, e fez isso ao repetir em caixa alta - por três vezes - a seguinte frase num de seus post’s no Facebook: “TODO APOIO AOS ESTUDANTES NAS ESCOLAS OCUPADAS”!

Vale ressaltar que o Missão na Íntegra foi responsável por criar um manifesto contrário ao impeachment, acusando todos que apoiavam a saída da então presidente Dilma Rousselff de serem antidemocráticos. E ainda houve leitura do manifesto com a cobertura da mídia do PT[1], onde o Ariovaldo Ramos, o homem que está por trás disso tudo, deu declarações como esta: “É um privilégio como evangélico e negro ter a possibilidade de lutar contra o golpe. Nós não podemos aceitar a reconstrução de uma senzala que ainda não terminamos de derrubar”. Na ocasião, escrevi uma moção de repúdio ao manifesto[2], e disse que era um documento pró-petista redigido com linguagem velada. Mas desde que a saída de Dilma da presidência do país foi concretizada, a linguagem passou a ser desvelada, e alguns dos proponentes da Teologia da Missão Integral (TMI) - integrantes e não integrantes do Missão na Íntegra - passaram a tornar cada vez mais explícita a sua posição política, que como sempre se suspeitou, é uma posição que se coloca a esquerda do espectro político.

A revista Cristianismo Hoje, em sua edição de número 52/Ano 9 trouxe o título: "Missão Integral, Missão de Deus" na sua capa. A matéria panfletária sobre a TMI tem depoimentos de alguns de seus medalhões. Samuel Escobar ao responder como se define ideologicamente diz: “a esquerda não me assusta”. Seguindo mais adiante, fala o seguinte: “Encontro, no programa de movimentos classificados como ‘de esquerda’, preocupações e sensibilidades que estão mais de acordo com o ensino bíblico sobre uma sociedade mais justa do que os que se dizem ‘de direita’” (p.37). Ora, e quais são os representantes das esquerdas no cenário político da América Latina? Não seriam eles políticos e partidos com agendas muito distintas do que prega a sã doutrina?

Mais recente ainda, o Harold Segura escreveu um lamurioso texto[3] em que provoca os pioneiros teóricos da TMI lamentando que o povo colombiano tenha votado contra o perdão das FARC em plebiscito - que não apenas anistiaria seus integrantes, mas transformaria aquela organização criminosa e terrorista em um partido. Embora seja colombiano, lamenta também o impeachment de Dilma no Brasil e de um modo geral, vê a derrocada da esquerda e o crescimento do “conservadorismo evangélico” como sendo “em parte” culpa da irrelevância da TMI. Ora, porque será? Érika Isquierdo Paiva escreve um endosso da carta do Segura[4], e vejam só como é a sua redação: “A René, Samuel, Valdir, Juan, Tito e Pedro, entre muitxs outrxs”. Viram só isso? O “x” serve para não mais identificar o masculino e o feminino. Meus irmãos, quem é que encabeça a ideologia de gênero em nosso continente? Sim, são grupos progressistas financiados por partidos da esquerda, partidos esses que em sua maioria se identificam com os postulados de Karl Marx e os pensadores da new left.

Logo, fica evidente que quando o Missão na Íntegra (que reflete "a partir da proposta da Missão Integral") se manifesta apoiando a ocupação nas escolas, ele o faz com o compromisso de defender a sua ideologia ou o seu programa político. Pois, se defendesse o evangelho, não apoiaria certos jovens impedirem outros de estudar e prestar o Enem. E esses outros a quem me refiro são a maioria, privados de seu direito de frequentar a escola por causa de um bando de “gatos pingados”. Isso não é nem um pouco democrático, e nem é justo. Também vale ressaltar que os ocupantes são menores de idade e estão nas ocupações, em muitos casos, contra a vontade de seus próprios pais. Sendo assim, há uma desintegração familiar. Será que a missão integral não se importa com a relação harmônica entre pais e filhos? Entre preservar o quinto mandamento e subverter o patriarcado, de que lado ficará o movimento do Sr. Ariovaldo?

A matéria supracitada, da revista Cristianismo Hoje, dá a entender que as críticas feitas a TMI, que a associam as ideias marxistas, são infundadas. Há um missionário americano ligado a TMI que diz que fazer tal associação é algo "tão absurdo que eu tenho muita dificuldade de levar a sério". Mas como não entender diante de tantas falas que não são apenas parecidas, e sim idênticas as falas de qualquer líder político progressista anti-cristão? Vá na rede social de qualquer partidário do PSOL ou do PSTU, por exemplo, e veja se ele não escreve todxs, muitxs, outrxs e etc.

Reitero o que já mencionei em outras ocasiões: Considero o Pacto de Lausanne um documento ortodoxo e de grande valia para o segmento evangelical. É dele que vem a expressão “missão integral”. Todavia, lamento que a expressão tenha sido capturada por cristãos progressistas que tem um alinhamento político-ideológico com os setores da esquerda. Isto fere a própria tradição de Lausanne, pois em Junho de 1980 a Consulta de Pattaya se posicionou contrária ao marxismo, vendo-o como um sistema concorrente do cristianismo e anti-cristão. O relatório extraído desta consulta foi publicado com o título Evangelho e o Marxista, pela ABU. Foi um lançamento em conjunto com a Visão Mundial que traz outros documentos, num total de 10 livretos que compõem a Série Lausanne. A série foi recentemente reeditada, exceto, a que contém o texto de Pattaya. Como é que tentam apagar assim um documento histórico? E por quais razões? 

Há gente com muita propriedade fazendo críticas sensatas e visando uma reavaliação da intoxicação ideológica que alcançou a TMI e a fez se distanciar de Lausanne. Guilherme de Carvalho, Jonas Madureira, Filipe Fontes, Yago Martins e o pessoal do Movimento Mosaico têm escritos e palestras disponíveis na internet sobre a questão. Essas críticas precisam ser feitas, pois, a Igreja precisa ficar alerta e se posicionar contra qualquer teologia que faça síntese com ideologias idolátricas. E aqui quero recomendar quatro obras que podem ajudar bastante a fazer desintoxicação política: Contra a Idolatria do Estado, do Franklin Ferreira; Visões e Ilusões Políticas, do David Koyzis, Fé Cristã e Cultura Contemporânea, de vários autores e Ortodoxia Integral, do Pedro Lucas Dulci.


[1] http://www.pt.org.br/evangelicos-se-unem-para-dizer-nao-ao-golpe/
[2] https://bereianos.blogspot.com.br/2016/03/eu-repudio-o-manifesto-do-ministerio.html
[3] https://www.facebook.com/notes/novos-di%C3%A1logos/provoca%C3%A7%C3%B5es-p%C3%BAblicas-aos-meus-mestres-da-fraternidade-teol%C3%B3gica-latino-americana/1197918663607517
[4] https://www.facebook.com/notes/novos-di%C3%A1logos/acorda-neo/1202120739853976

22 de ago. de 2016

Ana Paula Valadão e a Egolatria de uma Igreja Enferma

Por Thiago Oliveira

“Queixo pra cima, Princesa! Rainha! Senão a coroa cai”. Essa é uma frase “mantrica” que se repete numa música* cantada por Ana Paula Valadão num evento da Igreja Batista da Lagoinha. Além da sofrível melodia, que parece canção de programa infantil, a letra é terrível. Num templo que foi pintado de preto e que teve o púlpito retirado, a celebração é do homem para o homem. A líder do grupo Diante do Trono, no meio da música manda um “celebre a sua identidade, mulher”. Como se essa bizarrice não bastasse, ainda há uma coreografia no qual uma senhora é coroada e dança com aquela típica coroa de debutante. Além de deturpar o evangelho, precisa ser tão brega assim?

A grotesca egolatria evangélica, recheada de eventos em que Deus é apenas subserviente, sendo invocado para atender os caprichos de “crentelhos mimados”, chega ao seu ápice quando ao invés de utilizar o momento do louvor para bendizer o nome do SENHOR, e enaltecer seus atributos, um grupo passa a exaltar qualidades humanas. Numa parte da canção, no qual insta as mulheres a se lembrarem do que são, há uma lista de qualidades, dentre elas: bonita, inteligente, sábia, paciente, humilde, submissa, mansa, obediente, respeitadora, encorajadora e etc...etc...etc. Também se exalta o fato da mulher orar e jejuar, redundando em mais um adjetivo elogioso, que seria “fervorosa”.

Não tive como não recordar a parábola que Jesus conta sobre a oração do fariseu e do publicano. O primeiro exalta a si mesmo por conta do cumprimento de atividades religiosas. O segundo apenas bate no peito clamando por misericórdia, reconhecendo sua pecaminosidade. Cristo nos diz que foi o publicano quem saiu justificado diante de Deus (Leia a parábola em Lucas 18. 9-14). No evangelho não existe espaço para autoglorificação. Nós devemos nos lembrar de que somos pó, que nossa vida é como um sopro e ai de nós se não fossem as misericórdias do SENHOR sobre quem somos. Sendo assim, que negócio é esse de “celebre quem você é”?

O que a Ana Paula Valadão promove vai de encontro com o padrão de humildade prescrito na Bíblia. Ora, para quê essa necessidade de autoafirmação? Pelo que dá a entender, a intenção é levantar a moral de mulheres que estão deprimidas, desiludidas da vida. Precisamos ter amor por tais e procurar ajuda-las a atravessar momentos de dificuldade - talvez um surto depressivo? Sim, devemos. Mas faremos isso apoiados na Palavra, buscando exaltar o nome do Senhor ao invés do nosso. Transformar uma pessoa depressiva numa narcisista não é a solução adequada, muito pelo contrário, só aumenta o prejuízo. Uma pessoa que precisa lutar contra a depressão deve se amar, mas o amor em primazia deve ser dado a Deus. Este é o primeiro grande mandamento. Ademais, amar-se não significa viver caçando elogios ou vangloriando-se pelas suas qualidades. Assim como a humildade - segundo a Bíblia - não significa negá-las. Então, o que vem a ser uma pessoa humilde? Tim Keller responde com a seguinte afirmação:

“A pessoa verdadeiramente humilde não é aquela que se odeia ou se ama, e sim a que tem a humildade do Evangelho. É uma pessoa que se esquece de si mesma e cujo ego é igual aos dedos dos pés. Eles simplesmente exercem sua função. Não imploram por atenção”.

Ao contrário do que muitos pensam, não tenho prazer em escrever esse tipo de texto. Mas mesmo não gostando, me sinto no dever de expor o falso evangelho, até porque ele resulta numa adoração a um deus falso. Sabe qual o nome disso? Idolatria! E a igreja evangélica, de modo geral, tem se especializado em idolatrar o ser humano. Isso é resultado de uma má compreensão da Escritura, que por sua vez, resulta em púlpitos adulterados, em que apesar de ter um pastor e uma Bíblia aberta, prega mensagens moralistas e de autoajuda, massageando o ego de uma geração acomodada e materialista. Quando a pregação expositiva e fiel da Escritura e a sã doutrina são deixadas de lado, a igreja – mesmo aparentando crescimento devido ao seu aumento numérico – está desfalecendo. Está gravemente enferma.

Mulheres e homens não devem colocar queixo pra cima. O mais propício é que ele fique baixo, encostado ao peito. E com a fronte e os joelhos prostrados, nossa oração deve ser a seguinte: “Senhor, diante de ti eu sei que nada sou, mas por Tua graça, livra-me de todo mal. Inclusive, livra-me de mim mesmo e dos maus desejos que afloram de minha natureza pecaminosa. Santifica-me na verdade. A Tua palavra é a verdade, e nela quero me aprofundar. Reina em mim, senhor Jesus. Amém”.

Não queiramos ser tidos por príncipes ou reis. Almejemos o status de servos bons e fiéis, pois, são estes que estarão na presença do verdadeiro Rei, desfrutando das benesses do seu reino. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre.
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*Veja, se estiver estômago forte: clique aqui

29 de jul. de 2016

Stranger Things e o Ministério de Jovens

Por Pedro Pamplona

Usei meu último dia de folga para assistir com minha esposa a série mais comentada nesses últimos dias, Stranger Things. Gostamos muito de séries e do Netflix. Foram 8 episódios muito interessantes que prederam nossa atenção e imaginação. Como a expectativa criada em torno da produção foi grande, ela não foi superada, mas é uma excelente série. Como é de se esperar (pelo nome) coisas estranhas acontecem nessa ficção científica. Na verdade, coisas bem estranhas e inesperadas por todos. A história [LEVE SPOILER] gira em torno da possibilidade da existência e de interação com um mundo ou dimensão paralela. Assistam!

Um mundo paralelo com coisas estranhas e inesperadas... O que isso me lembraria? Se você pensou em ministério de jovens, acertou! Foi isso que veio a minha cabeça no dia seguinte. Acompanhe meu raciocínio inicial. Ao meu ver o direcionamento de muitos ministérios de jovens é criar um mundo paralelo ao mundo do restante da igreja. É como se os jovens necessitassem viver na mesma vida, mas numa dimensão diferente, só para eles. E nessa visão o que difere as dimensões são exatamente as coisas estranhas que permeiam nossa juventude. Espero me tornar mais claro com os pontos a seguir.

Um deus estranho

O primeiro aspecto de um mundo paralelo no ministério de jovens é um deus estranho. Se Ele é o criador e a fonte de toda realidade, um mundo diferente começa com um Deus diferente. No deserto Deus deu ao seu povo hebreu um ambiente (o tabernáculo), uma forma de louvor (o sistema sacrificial) e uma forma de ensino e comportamento (a lei). O Deus único instituiu uma maneira de ser adorado. Seu povo o adorava como Ele queria. Isso quer dizer que a adoração a outro deus seria diferente (ex: bezerro de ouro) ou que outros povos não saberiam adorar a Deus corretamente, isso porque nem o conheciam.

Realmente me parece que o deus de boa parte dos jovens é estranho às Escrituras e ao restante da igreja. Costumam pensar num deus menos irado e mais complacente com o pecado. Num deus mais camarada com irreverente. Ou talvez um deus que não se importe tanto com as normas que Ele mesmo criou. O jovem costuma ver a Deus como o tiozão descolado, não como pai. Os filósofos atenienses convocaram Paulo a falar por acharem que ele ensinava coisas estranhas (At 17.20), mas o apóstolo começa dizendo que a razão pela qual acham seu ensino estranho está no fato de que adoram a um deus desconhecido (At 17.23), não o Deus único e verdadeiro de Paulo.

Não é novidade vermos jovens achando ensinos bíblico estranhos. Temo que isso se deve ao desconhecimento de Deus por conta do deus estranho que constroem em suas mentes. E isso afeta todo o resto.

Um ambiente estranho

Se temos um Deus estranho, provavelmente teremos um ambiente estranho de vida e adoração. Isso é perceptível em muitos ministérios de jovens. Existe uma grande tentativa de criar um ambiente "diferentão", uma outra dimensão da igreja. Por exemplo, sabemos que o Deus da Bíblia é um Deus de decência e ordem (1 Co 14.40), não sabemos? Por que então tanta desordem e indecência no meio dos jovens? A resposta: a visão de Deus estranha às Escrituras. Pense num culto normal de domingo de uma igreja e pense naquele culto de jovens badalado da sua cidade. Por que eles são tão diferentes. Por que as coisas valorizadas no culto dominical normal não são valorizadas no sábado a noite.

Um ambiente de jovens paralelo não se justifica. Nenhum ministério tem a prerrogativa bíblica de criar um ambiente estranho. O que estou querendo dizer com isso? Não me oponho a contextualização de linguagem e roupagem, mas tudo deve ser feito dentro do limite bíblico. Esse mundo totalmente diferente e paralelo acaba viciando os jovens e o mantendo preso a um formato. Muitos não crescem, não gostam de ir a igreja aos domingos e querem continuar mimados pelo deus estranhos dos jovens. E o grande problema é esse: a criação de uma realidade jovem paralela ao restante da igreja é a busca por tornar o ministério mais parecido com o presente século.

Um louvor estranho

No culto de domingo as luzes estão acessas, no de sábado apagadas. No de domingo a música está num volume agradável onde podemos ouvir os demais irmãos cantando, no sábado o volume é máximo. No domingo a liturgia segue normal, no sábado ela é substituída pelo entretenimento. No domingo temos um pregador bem vestido, normalmente, no sábado temos alguém fantasiado ou com roupas que não usaríamos no domingo. No domingo fazemos uma adoração voltada para os crentes, no sábado um show voltado para os incrédulos. Por que duas realidades diferentes? Só podemos encontrar resposta numa visão de Deus diferente.

Deus deixou claro um padrão de louvor ao seu nome. Seria enorme a defesa bíblica de cada passagem, mas podemos resumir e ficar com o princípio de que Ele está procurando adoradores em "Espírito e em Verdade" (Jo 4.24), ou seja, cristãos verdadeiros adorando através da verdade aplicada pelo Espírito. No mundo paralelo dos ministérios de jovens a verdade nas letras musicais pouco parecem importar diante da forma de apresentação. Aliás, as letras estranhas que cantam por ai é a maior expressão do deus estranho que pregam por ai.

Uma pregação estranha

Falando em pregação... quanta coisa estranha é feita com ela no meio dos jovens. Não vou nem falar de reduzir o tempo, eu bem queria que fosse apenas isso. Deus nos deixou um modelo de pregação (ver Atos), nos deixou um conteúdo de evangelização e exortação (Ler Jesus e Paulo) e nos disse como Ele chama pessoas a fé (Rm 10.13-17). Por que o restante da igreja tenta seguir essas verdades e o ministério de jovens parece ter descoberto uma forma mais legal de fazer?

A pregação estranha é a propagação e perpetuação do mundo estranho paralelo. A realidade bíblica da pregação expositiva (por passagem ou temas) é substituída por coisas estranhas do tipo motivacional, humorística, entretenimento, graça barata, loucuras, e secularismo. Como disse Hernandes Dias Lopes, quando a teologia é ruim (estranha), quanto mais se prega pior fica. O monstro da realidade paralela se alimenta de pregações estranhas às Escrituras.

Um comportamento estranho

Tudo isso que acabei de citar gera um relacionamento estranho. Nesse mundo paralelo a lei de Deus se faz também estranha. Jovens homens estão cada vez mais ameninados e jovens mulheres cada vez mais sensualizadas. É comum ver um palavreado estranho (entenda palavrões), vestes estranhas e brincadeiras estranhas. E o que é pior, esses jovens pensam que podem transitar o tempo todo entre as duas realidades sem nenhum desgaste ou prejuízo. Nesse caso esses ministérios de jovens são piores do que o misterioso centro de pesquisas de Hawkins.

Aqui fica a lição que até a série pode nos ensinar. O contado entre essas duas realidade e o trânsito entre elas é perigo e pode se tornar devastador. Ao passar dos episódios encontramos um professor de ciências afirmando que é necessário uma grande quantidade de energia para abrir portais entre as duas dimensões. E é triste ver tantos líderes e jovens gastando inutilmente uma grande quantidade de energia justamente para viverem num mundo paralelo cheio de coisas estranhas por conta de uma visão estranha de Deus (Os 4.6)

Como fechamos esse portal?

A resposta é: não dividamos a realidade da igreja em duas. Só existe uma realidade e uma das piores coisas que podem acontecer numa igreja é ver esse mundo paralelo jovem se tornar tão forte ao ponto de engolir toda a verdadeira dimensão eclesiástica. Jovens não precisam de um mundo paralelo, ninguém precisa. Aqui estão alguns pontos para lutarmos contra essa dupla dimensão:

- Elime o foco no entretenimento
- Centralize o culto em Deus, não nos visitantes
- Envolva os jovens com os mais velhos da igreja (incentive esses momentos)
- Utilize o mesmo padrão de liturgia (bíblico) em todos os cultos
- Pregue com a mesma seriedade em todos os cultos
- Não vista o ambiente jovem com a roupagem do mundo
- Cante músicas com letras bíblicas em todos os cultos
- Não se importe tanto com a quantidade de pessoas

Voltemos ao ambiente bíblico de culto, ao louvor bíblico, a pregação bíblia e ao comportamento bíblico. Voltemos a realidade que tem sua expressão máxima na verdade encarnada (Cristo) e escrita (Bíblia). Deixemos as “stranger things” apenas no Netflix.

5 de jul. de 2016

Aos Adeptos da TMI: Um Alerta do Passado

Por Thiago Oliveira

Considero o Pacto de Lausanne um documento ortodoxo e de grande valia para o segmento evangelical. Todavia, lamento que o conceito de missão integral tenha sido capturado por cristãos ditos progressistas que têm um alinhamento político-ideológico com os setores da esquerda. Isto fere a própria tradição de Lausanne, pois em Junho de 1980 a Consulta de Pattaya se posicionou contrária ao marxismo, vendo-o como um sistema concorrente do cristianismo e, em seu bojo, anticristão. Na ocasião, pastores do leste europeu - bloco socialista liderado pela extinta URSS - escreveram aos irmãos ocidentais:

"Nosso temor é que a igreja de outros países fiquem alheias aos problemas do marxismo e insensíveis ao fato de que, ao nosso ver, elas estão colaborando com pessoas desta filosofia que nos oprime. Assim como procuramos ser sensíveis à preocupação de tais cristãos com a verdadeira justiça social em favor dos pobres, também pedimos que as igrejas de outros países compreendam como nós nos sentimos quando elas mantém conversações com os marxistas. (...) Poderiam as prioridades marxistas virem a ser reordenadas de tal maneira que o interesse pela justiça social no setor baixo-econômico tivesse preeminência sobre a eliminação da religião?"

O relatório extraído desta consulta foi publicado com o título “Evangelho e o Marxista”, e o trecho supracitado se encontra na página 35. Nessa consulta, também estavam pastores e líderes latino-americanos que falavam acerca da pobreza e de uma possível práxis conjunta entre evangélicos e marxistas para diminuir as injustiças sociais. Tais líderes são os pioneiros da conhecida Teologia da Missão Integral (TMI). Nota-se que aqueles cristãos que viviam oprimidos pela imposição do marxismo, no leste europeu, ficaram preocupados com o resultado desta proximidade, mesmo sabendo que a pauta para tal aproximação era nobre (o cuidado com os pobres). Hoje, diante de alguns fatores, podemos dizer que eles estavam certos ao fazer determinada ressalva, pois, vemos muitos proponentes da TMI convivendo com ideias e com pessoas oriundas do pensamento marxista sem fazer as devidas críticas ou, ao menos, estabelecer as diferenciações de suas pautas.

Recentemente, a revista Cristianismo Hoje, em sua edição de número 52 trouxe como matéria de capa o seguinte assunto: "Missão Integral, Missão de Deus". A matéria é propagandista e diz que a TMI já contribuiu e tende a contribuir muito para a igreja brasileira. O texto evoca os princípios do Pacto de Lausanne e salienta que evangelização e ação social devem andar de maneira conjunta. Ela ainda dá a entender que as críticas feitas a TMI que a associam as ideias marxistas são infundadas. O pastor americano Timothy Carriker, disse que fazer tal associação é algo "tão absurdo que eu tenho muita dificuldade de levar a sério". Mas como não entender se um dos seus principais expoentes diz que para interpretar a Bíblia usa os óculos que possuem os postulados marxistas da mais-valia e da luta de classes? Essa é uma fala do Ariovaldo Ramos registrada em vídeo[1]. O mesmo Ariovaldo que escreveu e leu o manifesto pró-governo com a cobertura da mídia oficial do Partido dos Trabalhadores. [2] Obviamente que ele não representa todos os proponentes da TMI, mas, no mínimo, dada a importância do Ariovaldo, isso evidencia que muitos vão seguindo pelo mesmo caminho. Sendo assim, qual a dificuldade de entender quem tece uma crítica sobre o abraço da TMI aos pressupostos de Marx?

Como se não bastasse, vemos por aqui cantor esquerdista que vai palestrar numa ONG que é influenciada pela TMI[3], além de outras pautas progressistas que ferem a Escritura e que são defendidas por quem hoje se diz adepto da missão integral. A coisa é tão séria que decidiram não relançar o documento de Pattaya, alegando que a conjuntura sócio-política mudou. Mas algo que esqueceram de refletir é que ainda existem cristãos em países socialistas que são perseguidos e mortos. A Coréia do Norte há anos encabeça a lista dos países perseguidores do evangelho. Como diz o documento: "Os marxistas estão plenamente convencidos de seu ateísmo e, consequentemente, uma boa parte de seu pensamento está destinada a erigir-se em antítese do cristianismo" (p.11, grifo meu).

Que as dezenas de milhares de cristãos mortos e torturados[4] por governos pautados em princípios marxistas possam gritar para que alguns dos proponentes da TMI acordem para o fato de que não podem conciliar o ethos evangélico com os escritos de Marx, Engels e os que lhes sucederam. Que eles sejam sensíveis ao que seus “irmãos do passado” levantaram e, atentem para não colaborar com uma ideia que oprime seus “irmãos de agora” em outras partes do mundo. Cito novamente o documento de Pattaya: "O marxismo é uma filosofia e um programa. Como um todo, é fundamental e incontornavelmente ateu. Por esta razão, notamos no conceito 'marxista cristão' uma contradição de termos" (p.22, grifo meu).

Por fim, acredito que a missão cristã deve ser holística (ou integral, como queiram), e deve alcançar o homem todo. Mas, infelizmente, o termo foi maculado com uma aproximação irresponsável entre o evangelho e uma corrente ideológica. Eu, por hora o tenho abandonado. Faço minhas as palavras do Kevin Vanhoozer: "Os pastores precisam vacinar o corpo de Cristo contra toxinas idólatras, infecções ideológicas e outras formas de ensinamento falso"[5]. Quando fazem o oposto disso, o prejuízo doutrinário não pode ser maquiado pelas boas ações e intenções.

11 de mai. de 2016

Evangelismo com Mentira: a nova loucura do Lucinho

Por Thiago Oliveira

E lá vamos nós outra vez. Um texto escrito por mim, criticando o Lucinho Barreto... Já fiz isso antes, mas torno a fazer por motivos óbvios: alertar jovens para que não caiam nas loucuras que esse sujeito propõe. A mais nova está bem aqui. Assista ao vídeo e depois volte a ler este pequeno artigo.

Presumindo que você tenha assistido a “loucura de maio”, vamos ao cerne da questão: Esse dito cujo propõe que uma dupla de jovens use o artifício da mentira para obter “conversões” dentro do transporte coletivo. Isso mesmo. Dois jovens entram, enquanto um distribui panfletos evangélicos, outro finge que se opõe ao evangelismo, ambos entram numa discussão teológica/apologética e por fim, o que já é crente, fingindo não ser, dirá que se convenceu e “aceitará” a Jesus após um apelo. EVANGELISMO MENTIROSO É DOSE!

Algumas pessoas - advogando em prol do Lucinho - argumentam que isso é um teatro. Mas daí me vem algumas questões: i) o Lucinho em nenhum momento diz que aquilo é uma peça teatral e nem orienta que os jovens digam isso ao público ouvinte. ii) as pessoas quando assistem a uma peça teatral estão ali conscientes de que estão vendo atores em cena. O método que o Lucinho propõe faz com que as pessoas acreditem que os dois jovens não se conhecem e discutem de verdade. A finalidade também é que o povo acredite que a conversão ocorreu. Logo, definitivamente não é teatro. Está mais para “pegadinha do Malandro”, só falta o “glu, glu, ié-ié”.

A tal “loucura de maio” consiste na quebra do 9º mandamento. O Catecismo Maior de Westminster esclarece. Na pergunta 145 lemos: “Quais são os pecados proibidos no nono mandamento?”. Eis uma parte da resposta: “falar inverdades, mentir”. Mentira é algo repugnante para Deus (Pv 12.22), por isso que os mentirosos são expulsos da Sua presença (Sl 101.7 e Ap 22.15). Quem mente é filho do Diabo, pois é ele o pai da mentira (Jo 8.44). O apóstolo Paulo ensina aos colossenses que a partir do momento em que nos despimos do velho homem e passamos a ser nova criação, moldados a imagem do próprio Deus, devemos abandonar a mentira (Cl 3.9-10). Repito: o cristão deve abandonar a mentira (Ef 4.25). Logo, o que faz uma pessoa em sã consciência faltar com a verdade e simular uma conversão? Há alguém que pode elucidar a questão.

Mark Dever, pastor e diretor do Ministério 9Marcas, escreveu sobre o que caracteriza uma igreja saudável, que por tabela vai diagnosticar também igrejas doentes. Uma das marcas para que a igreja goze de boa saúde é a compreensão exata do que vem a ser evangelização. E por exata, ele quer dizer bíblica. Observem um trecho de sua fala no livro O que é uma Igreja Saudável? : “(...) se em nossas igrejas deixamos de lado o que a Bíblia diz a respeito da obra de Deus na conversão, a evangelização se torna uma obra nossa em que fazemos o que for possível para obter uma confissão verbal”.

Dever continua:

De acordo com as Escrituras, os cristãos são chamados a cuidar, exortar e persuadir os não-cristãos (2Co 5.11). Mas devemos fazer isso por meio da plena ‘manifestação da verdade’, que significa rejeitar ‘as coisas que, por vergonhosas se ocultam’ (2Co 4.2)”.

Quando a igreja entende que deve fazer o trabalho do Senhor do jeito do Senhor, e atentar para a Sua divina soberania em converter os pecadores de maneira sobrenatural através da simples exposição do evangelho, então ela irá parar de confiar em metodologias baratas e não ficará nessa fissura por apresentar números elevados. Isso que o Lucinho propôs retrata a enfermidade da igreja brasileira, que não tem uma compreensão bíblica da evangelização por falta de ensinamento. E como vem o ensinamento? No caso da igreja não há nada melhor que a pregação expositiva das Escrituras. Ela é alimento robusto, pois traz em seu bojo a centralidade do evangelho e busca esclarecer o conteúdo bíblico para os fiéis trazendo aplicações que servem para o dia-a-dia.

Não é coincidência que esse método espúrio de evangelizar venha de um “pastor” que se fantasiou de Superman e de Chapolim. Pastor de uma igreja que em seu púlpito já rolou de tudo: de stund-up até dicas de maquiagem. Igreja que ao invés de se ater ao Ensino da Palavra, enfatiza a adoração por meio de música e realiza “atos proféticos” sem nenhuma fundamentação bíblica. Está tudo entrelaçado meus irmãos. Se falta boa doutrina, a evangelização é comprometida, pois, quem evangeliza desconhece o conteúdo do evangelho. Por isso vemos tantas abordagens evangelísticas que falam sobre obter paz, amor e felicidade em Jesus, mas que não falam o mais importante: Jesus veio para livrar do jugo do pecado e da condenação ao inferno todo aquele que nEle crê. O perdão dos pecados é o centro da boa-nova. O resto até pode vir agregado, mas não é promessa para este mundo.

Finalizo ciente de que vão me acusar de ter inveja do Lucinho e criticá-lo por má fé, na tentativa de me promover em suas costas. Nem precisa ser profeta para saber que em alguns comentários alguém falará (fora de contexto): “não julgueis”. Mas eu teimo em escrever, e teimo na esperança de que jovens que estavam prestes a cometer tal loucura, parem para refletir, dando atenção aos versículos aqui mencionados, e não utilizem este método infame para evangelizar. Se querem compartilhar do evangelho para obter conversões genuínas, gastem tempo estudando a fundo a Bíblia, gastem tempo expondo o que aprenderam através de uma sequência de estudos com algum não-crente e gastem tempo orando para que o Senhor converta o coração daquele que você tem investido em discipular. E no tempo certo, tempo de Deus, os frutos que demonstram conversão irão aparecer.

Oro para que Deus desperte a nossa juventude para o ensino da Palavra.

9 de mar. de 2016

Não se iluda: Satanás também tem seus profetas!

Por Thiago Azevedo

Talvez o título deste pequeno texto soe muito forte. Mas não tem como expressar de forma diferente a situação atual que vive o evangelho no Brasil. Sabe aquela velha história de que o que legitima a atuação de determinado personagem é justamente a plateia que o aplaude? Pronto, é justamente isso que está ocorrendo no seio do cristianismo moderno. Cada vez mais apóstolos, apóstolas, bispos, bispas, paipóstolos, mãepóstolas, e profetas diversos surgem no cenário evangélico tupiniquim, e isso ocorre por existir uma plateia numerosa que aplaude e legitima toda esta prática mercantil. Em cabeças megalomaníacas, o simples título de pastor provoca comichão. Daqui a uns dias teremos até demiurgos em círculos “evangélicos”. Infelizmente a lama desta represa tem se espalhado há anos e é mais tóxica que qualquer outra lama com rejeitos de minério.

Nas escrituras sagradas vemos logo no Êxodo os magos, sábios e feiticeiros do antigo Egito reproduzindo alguns dos milagres que o próprio Deus realizava por meio de Moisés e Arão. Mas já ali era possível perceber uma superioridade daquilo que Deus faz em comparação com as hostes malignas. Ou seja, em determinado momento, a vara que Arão jogou ao chão se transforma numa cobra e esta engole as cobras que os magos, sábios e feiticeiros do Egito fizeram aparecer por meio de suas ciências ocultas (ver Êxodo 7:8-12). A audácia maligna não para por ai. Os dois primeiros milagres que trouxeram as duas primeiras pragas no Egito, realizados por Deus e por intermédio de Moisés e Arão no confronto com faraó, também foram reproduzidos de forma idêntica pelos magos, sábios e feiticeiros do Egito. Mas era possível também enxergar a superioridade do Deus dos hebreus sobre as hostes das ciências ocultas. Vejamos:

Moisés e Arão fizeram como o Senhor tinha ordenado. Arão levantou a vara e feriu as águas do Nilo na presença do faraó e dos seus conselheiros; e toda a água do rio transformou-se em sangue. Os peixes morreram e o rio cheirava tão mal que os egípcios não conseguiam beber das suas águas. Havia sangue por toda a terra do Egito. Mas os magos do Egito fizeram a mesma coisa por meio de suas ciências ocultas. O coração do faraó se endureceu, e ele não deu ouvido a Moisés e a Arão, como o Senhor tinha dito (Êxodo 7:20-22).
É bem verdade que não podemos desprezar o fato de Deus estar no controle de toda a história, nada foge desta regra. Podemos perceber isso quando o próprio Deus mune seus profetas, antecipadamente, sobre a postura futura nada amistosa do faraó em relação ao pleito que iria ser solicitado, a autorização para saída do povo israelita do Egito (veja Êxodo 7:1-5). O texto supracitado nos diz que os magos do Egito reproduziram o milagre por meio de suas ciências ocultas, e não por meio de Deus. Sabe-se que o esoterismo permeava este período. A Bíblia ainda relata mais uma ação “milagrosa” da parte dos magos do Egito que mais uma vez provem das ciências ocultas, e não do próprio Deus:

Depois o Senhor disse a Moisés: "Diga a Arão que estenda a mão com a vara sobre os rios, sobre os canais e sobre os açudes, e faça subir deles rãs sobre a terra do Egito". Assim Arão estendeu a mão sobre as águas do Egito, e as rãs subiram e cobriram a terra do Egito. Mas os magos fizeram a mesma coisa por meio das suas ciências ocultas: fizeram subir rãs sobre a terra do Egito (Êxodo 8:5-7.)
A alegação feita anteriormente, que se pode perceber a superioridade do milagre de Deus em relação ao milagre produzido pelas hostes das ciências ocultas, fica mais clara ainda em Êxodo 8:8, onde faraó suplica aos profetas de Deus para que orassem e as rãs fossem expulsas do território egípcio. Ora, a grande questão que nos vem à mente é a seguinte: por que faraó não ordena aos magos, sábios e feiticeiros do Egito que eles expulsem as rãs por meio de suas ciências ocultas? Porque nem eles, nem suas respectivas ciências ocultas, têm poder para tal feito. Posteriormente os próprios magos, sábios e feiticeiros passaram a sofrer com as pragas de Deus sobre aquela terra e não conseguiam mais reproduzir o que Deus fazia por meio de Moisés e Arão (veja Êxodo 8:16-19), e no verso 19, os magos reconheceram que tudo aquilo se tratava do “Dedo de Deus”. A partir deste momento não tentaram mais reproduzir os milagres que Deus fazia, pois chegaram à conclusão que não teriam como competir com Deus.

Assim como a fé judaico-cristã se deparou com muitos profetas de Baal na sua gênese (Elias é outro bom exemplo disso), e estes falsos profetas, sempre munidos com poderes das trevas, tentaram por muito trazer engano. Outro bom exemplo, Já em tempos cristãos, fica por conta do apóstolo Paulo quando se deparou com o mesmo problema em Coríntios, chegando à conclusão de que satanás tem seus ministros:

Mas o que eu faço o farei, para cortar ocasião aos que buscam ocasião, a fim de que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós. Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras (2 Coríntios 11:12-15).
Os ministros “de justiça” de satanás estão espalhados e eles profetizam, fazem o bem, se travestem de cristãos, e poucos os percebem. O disfarce é quase perfeito.

Precisamos entender que nem sempre que alguém profetiza algo que se concretiza, ou que supostos milagres ocorrem, mesmo que seja em nome de Deus, não quer dizer que proveio da parte de Deus (como vimos os magos, feiticeiros e sábios do antigo Egito reproduzindo o milagre divino por meio de ciências ocultas. E como o próprio Paulo proferiu que satanás tem seus ministros de justiça, e eles estão em plena atividade). Alguém certa vez me disse o seguinte: “sempre que alguém prediz algo e que de fato se realiza, veio da parte de Deus”. Então vejamos; um bom exemplo que demonstra que esta alegação não tem procedência (que nem sempre a concretização de uma profecia vem da parte de Deus) fica por conta da jovem “Regina Zouki Pimenta”. Paulistana que após as eleições presidenciais de 2014 profetizou uma gama de pragas contra os nordestinos. Veja a infeliz publicação da jovem abaixo:
Não pretendemos adentrar nas nuances das discussões que envolvem o cenário político no Brasil. Até mesmo porque, desviaríamos do tema principal. Podemos apenas dizer, mais uma vez, que a lama que escoa desta represa também tem afetado toda uma nação tanto quanto a lama de rejeitos de minério que destruiu Mariana e o equilíbrio ambiental por aquelas bandas. A imagem do país, na atualidade, se encontra chafurdada e conspurcada num charco enlameado. Pedimos desculpas pelo palavrão em sigla na postagem, mas não queria ser acusado de alterar a fonte da informação. Assim, podemos perceber que muito do que a Jovem “profetizou” está acontecendo. Ou seja, temos crianças nascendo sem cérebro no Nordeste, temos crianças nascendo com microcefalia – doença que intriga a comunidade médica –, dengue, zika vírus, pragas diversas. Temos doenças que nem os médicos cubanos, e muito menos os brasileiros, podem curar. Temos desnutrição em diversas comunidades carentes do Nordeste, etc. O fato é que boa parte da “profecia” da moça está acontecendo. E agora? Quem está por de trás destas profecias? Elas provem de Deus ou das hostes malignas e dos ministros de satanás? Qual é a fontes desta profecia? Temos que ter cuidado, pois nem tudo que se prediz e se concretiza, provém de Deus. Precisamos entender que satanás tem seus arautos, sua função é enganar os escolhidos. Estes ministros também profetizam, e suas profecias, às vezes, se concretizam. Cabe aos cristãos genuínos identificar e distinguir quem são os profetas de Deus e os profetas de satanás. Estes últimos se afastam cada vez mais das Escrituras Sagradas e desenvolvem em torno de si uma nova teologia pautada sempre na experiência e no místico. A estratégia é afastar cada vez mais as pessoas da Verdade Revelada. Os profetas de Deus realizam o percurso contrário, estão sempre mais apegados às Escrituras Sagradas, entendem que seu conteúdo é a fonte mais pura e genuína que reverbera a voz de Deus, e a principal função do profeta é repassar tão somente a voz de Deus. Ou seja, a pregação e a exposição da Sagrada Escritura é a mais pura e genuína profecia que temos atualmente. Como já se disse, quer ouvir a voz de Deus? Leia a Bíblia. Os cristãos genuínos Vivem por meio dela.

A jovem “profeta” citada acima é uma prova cabal de que nem tudo que parece é, que nem tudo que se prediz e se concretiza tem sua fonte na pessoa Deus. Poderíamos citar também outras pessoas que ganham a vida predizendo o futuro, e às vezes, acertam – cartomantes, feiticeiros, apostadores diversos etc., estes são os magos do Egito da modernidade. Logo, qual é a fonte destas adivinhações? É Deus?  Vivemos uma época de muitas “profecias” e de muitos “profetas”, mas sem conteúdo. Poucos são os que repassam a genuína voz de Deus contida nas Escrituras Sagradas. E de quem é a culpa? Dos próprios cristãos que se perdem por falta de conhecimento e por desprezar a instrução (Oseas 4:6). Acabam caindo naquilo que denomino de “Síndrome de Saul”. Ou seja, na ânsia de querer ouvir Deus falar acabam que emprestando os ouvidos a satanás e a seus ministros de justiça (ver I Crônicas 10:13). Com isso se perdem no caminho, não conseguem mais distinguir o que é e o que não é voz de Deus (João 10:4), se iludem com as propostas daqueles que são estranhos à fé e que não entram pela porta do curral (João 10:1-2), acabam seguindo o estranho e se iludindo com o mesmo sem fazer distinções (João 10:5). Só nos resta concluir como iniciamos: Não se iluda, satanás também tem seus profetas! E eles estão em plena atividade.

13 de nov. de 2015

Fatores que evidenciam uma Crise Pastoral

Por Thiago Azevedo

Em dias de crise econômica e escassez ética, nada melhor que refletir sobre as motivações que possam gerar uma situação igual a que estamos vivendo no contexto político de nossa pátria. Refletir sobre o tema específico é proveitoso. É justamente isso que iremos fazer neste conteúdo. Porém, não direcionaremos nossa reflexão à crise político-econômica de nossos dias. Pois, ao abordar este tema, necessariamente, outros temas viriam à baila. E se fizermos uma busca pelo ponto cerne de tudo, sem sombras de dúvidas, chegaríamos ao pecado como causa. Mas, a crise a ser abordada aqui, bem como suas causas, é na realidade outra, e que tem se instaurado em outro ambiente, a saber, no ministério pastoral. Há anos que temos introduzido no cenário religioso tupiniquim uma verdadeira “Crise Pastoral”. Em primeiro lugar, precisamos definir termos: Poimen, este que é o termo utilizado para pastor em grego e que significa supervisionar o rebanho – cuidado contínuo, zelo, preocupação com bem-estar e saúde das ovelhas. Observando o significado do termo em si, logo nos vem algumas dúvidas, a saber: Por que tantas pessoas que se aventuram no ministério pastoral não possuem essas características? Por que tantos que se aventuram neste ofício realizam a lógica contrária, a saber, obter vantagens próprias por meio das “ovelhas” ao invés de ampará-las? Na realidade, vivemos uma grande “Crise Pastoral” sem precedentes. Neste texto, tentarei destacar alguns dos principais motivos de tal crise.

9 de out. de 2015

Mover de Deus...será?

Por Morgana Mendonça dos Santos

“Uma maldição jaz sobre aqueles”, dizia Sibbes [1], “que, quando a verdade sofre, não têm uma palavra para defendê-la”.

Os jargões do evangelicalismo são inúmeros, têm vocábulos para todo gosto e qualidade. É difícil compreender alguns, mesmo sendo um cristão fervoroso. Nossos cultos e homilias estão recheados por expressões e frases esquisitas. Confesso que muitas dessas expressões não só agridem os ouvidos como também afastam as pessoas. Nosso culto tem deixado de ser bíblico, cristocêntrico e simples por causa de tantas atrações e entretenimentos. Na verdade, o exemplo de Cristo (Lc 15.1) é o oposto do que vemos nas comunidades cristãs. Os pecadores não são atraídos com o intuito de ouvir o que deve ser dito.

15 de ago. de 2015

O mercantilismo gospel brasileiro e o juízo de Deus: uma meditação no profeta Amós

Por Bruno Mathias
Hoje pela manhã, estava fazendo o meu devocional diário e comecei a meditar no livro do profeta Amós. Amós é um dos doze profetas menores do Antigo Testamento, nativo de Tecoa, Tribo de Judá (1.1), recolhedor de figos silvestres (7.14) e o seu nome significa literalmente “carga”, “carregador”. Ele profetizou durante os reinados de Jeroboão II, de Israel, e Uzias de Judá (aproximadamente no século 8 a.C.). Foi um homem de origem humilde (7.15) e trabalhador (7.14), que denunciava os maus feitos do povo de Israel em sua época (2.6-16) e os chamava para uma adoração sincera (5.1-27).

21 de jul. de 2015

Thalles é o menor problema da Igreja Brasileira


Por Richardson Gomes

Esses dias o feed do Facebook da maioria dos evangélicos brasileiros foi tomado por críticas e mais críticas ao cantor Thalles Roberto, devido a sua decisão de "ir" para o mundo cantar para ser "luz", depois de receber uma "revelação" direta de "deus", vulgo seu próprio ego. Não vou aqui perder tempo falando sobre sua arrogância, prepotência, sua cosmovisão totalmente errada, suas loucuras e histerias ou sobre o mal cheiro que sinto quando este homem abre a boca. Isso muitos já estão fazendo.

30 de jun. de 2015

10 Razões pelas quais os líderes evangélicos atuais não me representam

Por Thiago Azevedo

Tendo em vista que Adão fora nosso primeiro representante na terra e que sua representação deixou a desejar (evidentemente que tudo dentro dos decretos divinos), o evangelho atual não possui bons representantes. Este legado adâmico se torna uma realidade quando observamos a postura de alguns homens ditos representantes evangélicos atuais. Em função disso, pretende-se com este texto elencar apenas dez motivos pelos quais um verdadeiro cristão, aquele que se pauta pelas Escrituras Sagradas, não deve ter os líderes evangélicos atuais como seus representantes. 

17 de jun. de 2015

Falso Profeta sim; Ai de quem achar ruim!

Por Thiago Oliveira

Nesse vídeo aqui, o Edir Macedo, que dispensa apresentações, diz com todas as letras que Deus tem a obrigação de abençoar aquele que oferta em "sua obra". Ele se orgulha deste ensino, diz que ninguém verá isso ser dito em outra igreja evangélica. Ele ainda fala que não é para a pessoa orar pelo favor divino, pois isto é falta de fé. O negócio é ofertar e colocar Deus contra a parede dizendo: "ta aqui a oferta agora me dá a resposta". Macedo chega a caçoar dos que oram pedindo pela "misericórdia de Deus". Realmente a sua teologia pode ser resumida na máxima "ou dá ou desce".

8 de jun. de 2015

Eu não tenho 1 minuto. Eu tenho mais que 1 minuto!

Por Pedro Pamplona e Thiago Oliveira

O cantor Thalles Roberto é uma figura controversa entre os evangélicos. Ele tem uma legião de fãs entre os irracionais que dão a cara do evangelicalismo brasileiro. Irracionais no sentido de não refletirem sobre aquilo que consomem, seja na música, na literatura ou noutro tipo de produção cultural. Esse tipo de evangélico, que engloba a maior fatia, não discerne as coisas tendo a Bíblia por base. Mas, há um grupo menor  que apresenta um senso mais crítico. Estes questionam tudo com base no antigo lema reformado “Somente a Escritura”. Figuras como o Thalles não são celebradas nesse segundo grupo.

22 de mai. de 2015

Agora é só vitória, a luta acabou e a prova foi embora (#SQN)

Por Thiago Azevedo

Em certa ocasião, ao adentrar em certo ambiente, ouvi uma dita canção evangélica cuja refrão dizia o seguinte: “agora é só vitória (repetida 4 vezes), a luta acabou, a prova foi embora, agora é só vitória”. A pergunta básica é a seguinte: qual personagem bíblico pode ter motivado tal canção? Na Bíblia não há uma só personagem que tenha vivido tamanha mentira. Adão e Eva tiveram nos primórdios que administrar um fratricídio entre seus filhos, não foi só vitória e ausência de lutas na vida do primeiro casal. E quem perde um filho nessas condições deve saber que a luta não acaba nem tão cedo, e olhe lá se acaba. O normal são os pais abençoarem os filhos, mas Noé sente a necessidade de amaldiçoar um filho, situação difícil não? Abraão já idoso com sua esposa Sara recebe uma promessa de ainda gerar um filho. Após a mesma se cumprir, o Senhor solicita a vida do único filho do casal. A luta acabou? Foi só vitória na vida do pai da fé? Na condução do povo hebreu pelo deserto, após atravessar o mar vermelho e festejarem tal feito, Moisés adentra em Mara – região que possuía as águas amargas –, motivo suficiente para que o povo voltasse a murmurar contra o Senhor. Nesta ocasião o povo hebreu estava com sede e fatigado por conta da fuga do Egito. Será que a luta acaba mesmo? Será que chega um estágio na vida terrena do cristão que é só vitória?

14 de mai. de 2015

A negociação com a Salvação (Série: Os Sete pecados da Igreja contemporânea)

Por Daniel Clós Cesar

“Quantos aqui hoje querem aceitar Jesus no coração? Ninguém? Ninguém quer mudar de vida, ser família unida, seus filhos prósperos? Alguém? ... Vejo uma mão ali... outra mão ali... Deus quer mudar sua História, quer te fazer mais que vencedor... Outra mão ali... Você não sabe porque sua vida não dá certo, você dorme e não sabe porque seu dia foi difícil, porque seu trabalho não vai pra frente, e parece que quando as coisas começam a melhorar aparece outra tribulação... mais uma mão ali... Glória Deus, eu vejo mais uma mão... Oh Aleluias!”