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25 de jan. de 2017

Aconselhamento cristão versus psicologia?

Por Wadislau Martins Gomes

Já passa do limite. Do jeito que a coisa vai, muitos psicólogos e conselheiros precisarão de ajuda para resolver problemas de ira e de maledicência. Digo isso entre jocoso e sério. A parte séria, pelo menos, merece uma resposta satisfatória. Mas como satisfazer ambos os lados? A única maneira que vejo, será por meio de romper a barreira e permitir uma boa conversa que provavelmente não convencerá quem não quiser entender, mas que esclarecerá qual seja o limite.

Primeiro, consideremos a relação entre a Bíblia e a psicologia. Explicando aos meus alunos, costumo perguntar: Entre a Bíblia e um livro de psicologia, qual você escolheria? A resposta dos cristãos, na maioria das vezes, é: A Bíblia, lógico! Por mais piedosas que pareçam, qualquer das escolhas é inadequada, Quem diz preferir a psicologia, terá exaltado o livro à altura da Bíblia; quem preferir a Bíblia terá rebaixado a Palavra de Deus à altura da psicologia. Isso é por que os dois são elementos de diferentes categorias. A psicologia é o estudo observacional do homem e a Bíblia é a revelação do criador sobre o conhecimento dele mesmo e da criatura, em uma relação essencial. A Bíblia foi dada ao homem para, entre outros usos decorrentes, ser o critério para interpretação da vontade de Deus, do homem e do mundo – incluindo o livro de psicologia. Não é fato que existem diversos tipos de aconselhamento (vocacional, profissional, legal, médico etc.)? Não existe a expressão aconselhamento psicológico? Poderíamos dizer aconselhamento, aconselhar ou psicologia psicológica? Isso mostra que são termos diferentes.

Segundo, consideremos as psicologias. Estranho o uso do plural? Mas é isso mesmo. Cada teoria de psicologia expõe e defende interpretação e processo diferentes e, à vezes, antagônicos. Ora, há uma razão para isso. Deixe-me ilustrar. Imagine uma estrada plana e reta em que, onde a vista alcança, você enxerga algo como uma metade de uma esfera. Um besouro? Uma quenga (meia casca de coco)? Um capacete de soldado? Aproximando-se o objeto, você advinha mais. Uma tartaruga? Um tatu galinha? De repente, você percebe: é um fusca! Bem próximo, a satisfação do conhecimento enche os olhos. Mais perto, um metro, é uma raridade, sem amassado e com a cor original. Quase junto, dois centímetros, e tudo que você vê, agora, é o brilho de um pedaço bem pequeno de cor e luz, impossível de descobrir a natureza. Se existisse elefante polido e pintado, poderia ser um deles. Imagine, então, que diferentes observadores estejam olhando para estradas diferentes, tentando elaborar teorias sobre a natureza de objetos parecidos que se movem na direção deles? Certamente teríamos tantas teorias quantos fossem os observadores. Assim, temos tantas psicologias quantos são os estudiosos dos movimentos internos e externos dos homens. Isso é mau? Não por isso. O Dr. J. Adams, pioneiro da reabilitação do aconselhamento bíblico disse, em What About Nouthetic Counseling (Grand Rapids: Baker, 1976, p. 31), que ele mesmo tirou proveito de estudos psicológicos sobre o sono, e que não vê com maus olhos a psicologia observacional (método científico honestamente aplicado). Ele rejeita, sim, o uso impróprio de abstrações das psicologias como métodos de redenção do ser humano.

Essa perspectiva nos leva a uma terceira consideração: o que é que a Bíblia diz sobre aconselhamento e psicologia? Em 1Coríntios 2.9-16, o apóstolo Paulo disse que nem olhos viram nem ouvidos ouviram, nem o coração humano pode entender o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Isso, ele disse sobre o conhecimento do homem pelo próprio homem, tanto do incrédulo quanto do crente, dando como referência o conhecimento do Criador. Os crentes, ele continua, recebem revelação do espírito que a tudo perscruta – as profundezas de Deus e do homem. O método desse conhecimento é, portanto, espiritual e não natural. Aqui, Paulo estabelece a distinção feita acima: o espiritual não é paralelo ao natural nem somente uma questão de divisão interna do homem. Na verdade, espiritual e natural são conceitos que pertencem a categorias diferentes. Além disso, o espiritual é uma totalidade abrangente que compreende e deveria reger o natural. Hoje, tal como os observadores das estradas, vemos algo com forma de homem, mas não entendemos sua natureza nem sua condição. Se o Espírito não no-lo revelar, concluiremos qualquer coisa.

O fato é que o Espírito nos revela, na Palavra, que o homem foi criado bom, que presentemente se encontra decaído por causa do pecado, e que ele é passível de redenção. Ocorre que o homem decaído não entende nem discerne as coisas espirituais. Paulo disse que o homem espiritual escrutina todas as coisas e ele mesmo não é escrutinado por ninguém; o homem natural, por sua vez, não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. A palavra grega traduzida como natural, nesse texto, é psuchikos (psíquico). Você vê outra interpretação senão que o aspecto interior do homem sem Deus, a psique, é o objeto de estudo das psicologias? Não estou esbordoando os psicólogos, mas apenas, dizendo que a consideração do homem somente sob o critério psicológico é considerá-lo fora de sua natureza, descartando sua condição e sem possibilidade de tratar seu verdadeiro problema. Tudo o que as psicologias podem fazer, é tentar adivinhar. Muitas vezes, o gênio que Deus concedeu a todos, crentes e incrédulos, não pode evitar o reconhecimento de coisas verdadeiras no homem e no mundo. Contudo, se falha em considerar a Deus e sua revelação quanto ao homem e ao mundo, ele fica como quem imagina diferentes coisas a diferentes distâncias.

Nem toda a sabedoria deste mundo poderá entender a totalidade do que Deus tem para os seus. Nenhuma psicologia poderá resgatar o homem de seu problema básico. Só Deus, em Cristo, é Redentor e Senhor da humanidade. É certo que, uma vez conhecido o fusca, alguém poderá lavá-lo, consertar suas partes e dirigi-lo, mas jamais poderá lhe conceder vida, mente, vontade e sentimentos. Lembre-se do que Paulo também disse: Ninguém, senão Deus, no Espírito, poderá assegurar a salvação; ninguém, senão Deus Trino poderá assegurar o anseio último da alma, isto é, um senso de dignidade, pertencimento, uma imaginação interpretativa acurada e criativa, nem uma operação interior e exterior que reflita a razão de sua própria criação. Fomos criados para habitar em Deus, para pensar seus pensamentos e para atuar em verdade e amor sobre as obras de Deus.

Você percebe, então, que não se trata de uma rivalidade entre aconselhamento bíblico e psicologia secular? Como Paulo disse em outro lugar, nossa luta não é contra o sangue e a carne (Efésios 6.12). Deverá haver uma psicologia bíblica – biblicamente teológica antropológica e soteriológica, – que não seja uma visão reduzida do homem de maneira secularmente antropológica, sociológica ou fisiológica. Antes ela deve vir de Deus, ser revelada na Bíblia e ser testemunhada ao coração pelo Espírito Santo. O aconselhamento cristão pretende ter essa noção, mas não está limitado ao homem interior ou exterior. Ele trabalha em todos os limites que Deus preparou e

...manifestou aos seus santos aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo... (Colossenses 1.26b-28).

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Via: Coram Deo

25 de nov. de 2016

O prejuízo da sinceridade excessiva

Por Daniel Santos
O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior.
(Provérbios 18.2)
Não é fácil discernir a verdadeira motivação de uma pessoa com respeito àquilo que faz, fala ou pensa. Na verdade, há situações em que nem mesmo a pessoa sabe porque fez o que fez. Esse provérbio apresenta uma excelente ferramenta para identificar insensatez ou tolice na atitude de alguém, a saber, o modo como valorizamos o ato de entender as coisas. Há duas ideias que são comparadas nesse provérbio: de um lado, o prazer no entendimento; do outro, o prazer em externar o seu interior. Externar o seu interior (literalmente, “tornar conhecido o seu coração”) pode ser entendido como um excesso de sinceridade ou de um desejo de colocar para fora aquilo que está no coração.
À primeira vista, parece não haver nada de errado com a atitude de ser demasiadamente sincero e transparente, não escondendo nada em seu coração. Entretanto, a sabedoria de Deus revelada nesse provérbio nos adverte que há maior benefício em buscar entender do que em revelar o que está no coração. Além disso, o provérbio classifica como insensato ou tolo aquele que prefere o excesso de sinceridade a laboriosa tarefa de entender o que se passa. A razão para tal preferência parece óbvia – colocar para fora aquilo que pensamos nos causa alívio; tentar entender o que se passa nos causa fadiga.
Diante disso, não temos como fugir da conclusão de que o prazer em externar o seu interior estará invariavelmente associado com o ato de falar demais, postar demais, curtir demais, blogar demais. Todas essas coisas são formas de externar o seu interior e quem as pratica é considerado insensato pela ótica bíblica. Quando o prazer de uma pessoa está no entendimento, ela se torna mais seletiva quanto ao que irá externar. Eis alguns exemplos de externar o interior que procedem de uma pessoa que ama o entendimento: o louvor, a confissão, a súplica, a gratidão, etc. Todas essas manifestações são fruto de um processo prévio de reflexão e entendimento daquilo que se passa.
Aplicação
O alívio de ter colocado para fora o que se pensa não paga a vergonha de ser chamado de tolo. Você já considerou a possibilidade de que o seu desejo excessivo de externar o seu coração pode causar aflição no coração dos que ouvem? 
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Post original aqui

8 de jun. de 2016

Resenha do Livro Super Ocupado

Por César Augusto

O título do livro é bem chamativo. Vivemos super-ocupados. O livro não é uma fórmula mágica que resolverá a sua vida. O autor deixa isso bem claro: "Não prometo uma transformação total". O propósito do autor é oferecer ideias práticas e conselhos bíblico-teológicos para "enfrentar nossos horários" e proporcionar "muito encorajamento para a nossa alma". A divisão do livro é simples, e ajuda na compreensão:

1) Três perigos a evitar (Cap 2)
2) Sete diagnósticos a considerar (Cap 3-9)
3) Uma coisa que você deve fazer

CAPÍTULO 1

No primeiro capítulo Kevin[1] diagnostica o problema dos tempos modernos, "Vivemos ocupados". Ele relata a história de uma mulher estrangeira que foi viver nos Estados Unidos, e se apresentava como Senhora Busy (ocupada), pois era a palavra que ela mais ouvia em solo americano. O ponto central do capítulo é que, todos nós vivemos ocupados, uns mais e outros menos.

No mundo globalizado, e principalmente nos países industrializados, o ritmo de vida é frenético. Vivemos super-ocupados, reclamamos da falta de tempo, por consequência, não planejamos bem nossos compromissos, desperdiçamos tempo com coisas triviais, e a sensação é de que a vida está nos devorando aos poucos. Sentimo-nos dentro da areia movediça, e, quanto mais tentamos escapar, mais afundamos. Tudo isso gera "stress, irritabilidade, mau humor, negligência", coisas que não são boas para a nossa convivência na família, na igreja, no trabalho e na sociedade.

CAPÍTUL O 2

No segundo capítulo, DeYoung trata de três perigos que devemos evitar: Estar ocupado demais pode roubar nossa alegria;  Ocupação desenfreada pode roubar nosso coração; E o ativismo pode encobrir nossa podridão.

1) Estar ocupado demais pode roubar nossa alegria, pois quem quer fazer tudo, acaba não fazendo nada. Quem tudo quer, nada consegue. Geralmente acordamos tentando "sobreviver, e não servir". O autor utiliza-se do termo, "doença da pressa"[2],  para descrever o quão mal estamos. A frase de Tyler Durden , do filme Clube da Luta, retrata bem a nossa época: "Trabalhamos em empregos que odiamos para comprar porcarias que não precisamos". Trabalhar demais, para comprar coisas demais, não significa que estamos felizes. O único que pode, e deve ser nossa fonte de alegria é Cristo. Lembremo-nos da advertência de Cristo: "Porque, onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração" (Mt 6:21.

2) A ocupação desenfreada pode roubar nosso coração. Segundo Kevin, a ocupação mata os cristãos espiritualmente. Não temos limites em nossas vidas. Temos mais oportunidades do que qualquer outra época na história da humanidade. Não havia eletricidade na época de Lutero e Calvino. Jesus não tinha carro para ir de uma cidade para outra.  Nas palavras de Kevin, a ocupação desenfreada é como o pecado: "Mate-o ou ele vai matar você".

3) O ativismo, aliado a moralidade pode esconder a podridão do nosso coração. O moralismo é o pai da falsa santidade. O ativismo pode nos levar a ter reputação, porém, nas palavras do grande pregador Moody, "Caráter é o que você é na escuridão". Enganamo-nos a nós mesmos, se nos esconder atrás do ativismo, principalmente o "ativismo religioso". Deus conhece os nossos corações (Sl 139:23-24).  Ocupação, segundo Kevin, não significa que você "seja um cristão fiel e frutífero". Devemos buscar ser fiéis nas pequenas coisas. Se não somos fiéis nas pequenas coisas, como esperamos fazer grandes coisas? E mesmo que fossemos pastores, pregadores, seminaristas, obreiros ocupados na obra de Deus, é importante a advertência da Escritura: "Somos servos inúteis, pois fazemos apenas aquilo que o Senhor manda" (Lc 17:10). A verdade é que, muitos de nós, nem de inúteis podemos ser chamados, portanto, examinar nosso coração é crucial para não cairmos na armadilha do ativismo.

CAPÍTULO 3

No terceiro capítulo, Kevin trata das várias manifestações de orgulho (1º Diagnóstico) dos nossos corações: querer agradar os outros, a necessidade de aprovação, provar nossa capacidade,perfeccionismo, louvor dos homens entre outras coisas. Como Calvino afirmou, o coração humano "é uma floresta de espinhos". O orgulho é como um "vilão de mil caras". Temos que clamar pela graça de Deus, a fim de que o orgulho seja extirpado dos nossos corações. Segundo o autor, o orgulho se manifesta nos nossos corações, porque "estamos mais preocupados em parecer bem do que fazer o bem". A Escritura é bem enfática: "Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes". (Tg 4:6)

CAPÍTULO 4

Queremos fazer a diferença no mundo, às vezes, temos a síndrome do "super-crente" (2º Diagnóstico). Entretanto, Deus não te chamou para ser um super-crente, como foram Spurgeon, Edwards, entre outros. Deus te chamou para ser fiel, seja nas pequenas ou nas grandes coisas. Kevin diz que o "terror da obrigação total" pode trazer frustrações, decepções e angústia. Como remédio para este terror, ele mostra o exemplo de Jesus.  Nossa missão é servir a Deus servindo as pessoas, valorizando e servindo na Igreja. Orare e Labutare - orar e labutar; Deus dará os resultados conforme lhe aprouver, porém, temos de labutar, trabalhar, não ficar estagnados. Grande é a seara? Sim! Poucos são os obreiros? Sim! Contudo, você não pode fazer tudo. Temos diferentes dons e chamados. Deus usa cada um conforme seus dons, e nisto vemos a "multiforme sabedoria de Deus" (Ef 3:10).

CAPÍTULO 5

Para servir as pessoas, você precisa estabelecer prioridades, este é o terceiro diagnóstico. Kevin dá um conselho prático:

Você tem que estabelecer prioridades. Você não é o Superman. Você não pode ajudar todas as pessoas ao mesmo tempo. Você não pode fazer tudo nem conseguirá fazer tudo. Estabeleça prioridades, prefira as coisas excelentes às coisas boas. Entre servir sua família, ou algum irmão devemos escolher a família. Como disse Paul Washer: "Que proveito tem ao homem, ganhar o mundo, e perder sua família. Se estabelecermos prioridades, poderemos servir melhor- seja nossa família, igreja, amigos, etc.

CAPÍTULO 6

No sexto capítulo, DeYoung trata da puerigarquia, isto é, a noção de que os pais tem que dar tudo para seus filhos, como se o futuro dos filhos dependesse dos pais. O autor cita estudos de autores não cristãos que evidenciam que nos tempos modernos, a vida gira em torno dos filhos, e isto leva os pais a trabalharem demais, e viverem estressados. O futuro dos nossos filhos depende da providência divina. Kevin mostra que, segundo a Bíblia, nossa missão é ensinar nossos filhos sobre Deus (Dt 6:7; Pv 1-9) e discipliná-los (Pv 23:13; Hb 12:7-11).  Não existem pais perfeitos nem tampouco filhos perfeitos. O legalismo pode levar os pais provocar ira em seus filhos (Ef 6:4). O argumento de Kevin neste capítulo é que, o futuro dos nossos filhos depende de Deus. Falharemos, erraremos, pecaremos, porém, Deus é misericordioso e gracioso, tanto para nos dar graça na criação dos pequeninos, como para guiar a vida deles.

CAPÍTULO 7

No sétimo capítulo, Kevin trata dos perigos da internet. Ele diz que estamos deixando a tela estrangular nossa alma. Corremos o perigo de estar viciados, de maneira que a internet controla nossas vidas, e isto pode nos levar a acédia (indolência e esfriamento espiritual). Kevin aconselha que temos de utilizar a internet para nosso benefício, estabelecer limites. Não podemos viver em função da internet.  Ele nos encoraja a utilizar as "tecnologias antigas", isto é, existe vida fora da internet, e temos que viver. Ele encerra o capítulo mostrando que a internet trouxe-nos a falsa sensação de que "somos onicompetentes, oni-informados e onipresentes", porém, isto é uma grande ilusão.

CAPÍTULO 8

No oitavo capítulo, Kevin alerta algo que, muitas vezes, nos esquecemos, precisamos descansar. Deus estabeleceu um dia de descanso na criação. Ele brevemente trata a questão do sábado, dizendo que "a parte mais importante quanto ao mandamento do sábado é que devemos descansar somente em Cristo como nossa salvação". Não entrarei aqui no debate em relação à guarda do Dia do Senhor, uma vez que este assunto é profundo e um livro não seria suficiente para tratar sobre o mandamento. Pontuo aqui que é a tradição da igreja, desde os tempos dos pais da Igreja à guarda do Dia do Senhor. Para aqueles que querem se aprofundar no assunto, podem estudar o período da Patrística, a Reforma Protestante, o puritanismo, as grandes confissões e os catecismos reformados. Kevin diz que "se quisermos continuar correndo, temos de aprender a parar", pois, muitas vezes, "o descanso é o antídoto de que realmente necessitamos". Não podemos misturar trabalho e lazer, levar trabalho para casa. Precisamos relaxar, pois Deus nos deu o sono (Sl 127:2). Kevin cita um sermão de Don Carson: "Ás vezes, a coisa mais piedosa que você poderá fazer é conseguir dormir bem por uma noite - não é orar a noite toda, mas dormir".

CAPÍTULO 9

O nono capítulo é um chamado para abraçarmos o sofrimento. Tal capítulo é um antídoto contra à teologia da prosperidade, que leva as pessoas a pensarem que servir a Jesus é ter uma vida sem problemas, sem doenças, sem provações, sem frustrações entre outras coisas. A vida não é um conto de fadas, se quisermos servir a Jesus precisamos estar dispostos a tomar a nossa cruz  (Mt 10:38 ), ter bom ânimo ( Jo 16:33 ) para vencer o mundo. Se Jesus vestiu uma coroa de espinhos, por que você espera uma vida fácil na terra? Se Paulo e os apóstolos sofreram, por que esperamos uma vida de comodismo?  Como diz Lewis: "o sofrimento é o megafone de Deus". Deus fala por meio do sofrimento". A vida não é fácil para ninguém, passaremos por muitas tribulações e angústias, porém, nenhuma delas se compara ao peso da eternidade que nos aguarda.

CAPÍTULO 10

No último capítulo, Kevin fala da única coisa que precisamos, e temos que fazer. Temos que ter uma vida devocional. Orar e ler a Bíblia diariamente. Kevin diz que "não podemos ficar lendo livros ou escutar sermões o dia todo". E isto é verdade, além da nossa vida espiritual, temos uma vida nessa terra. Temos que trabalhar, levar o lixo para a fora, cuidar dos filhos, ir para a faculdade, entre outras coisas. Todos nós vivemos semanas de loucura, frenéticas, porém, lendo a Bíblia e orando diariamente, Deus cuidará de nós. A coisa mais importante da nossa vida é, segundo Jesus, que "nem só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do Senhor" (Mt 4:4). Precisamos desesperadamente correr para Jesus, pois num mundo onde todos vivem ocupados, cansados e fatigados, Ele é o único que pode nos dar descanso (Mt 11:28). Encerro esta resenha com as palavras de Agostinho:

"Já li, Sócrates, Platão e Aristóteles, mas em nenhum deles li: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei".


***

Notas

[1] Kevin DeYoung é o pastor da University Reformed Church em East Lansing, Michigan. Obteve sua graduação pelo Hope College e seu mestrado em Teologia pelo Gordon-Conwell Theological Seminary. É preletor em conferências teológicas e mantém um blog na página do ministério The Gospel Coalition. Ele é autor de vários livros, incluindo Qual a Missão da Igreja, Faça Alguma Coisa, Não quero um Pastor Bacana, Por que Amamos a Igreja e Brecha em nossa Santidade.

[2] "doença da pressa": Terminologia usada por Tim Chester, autor do livro The Busy Christian's Guide to Busyness, [Guia de ocupação do cristãos ocupado]. O autor é citado por Kevin, no segundo capítulo do seu livro, na página 21.

6 de jun. de 2016

O Apóstolo Paulo encontra Mário Sérgio Cortella

Por Alan Rennê Alexandrino

Certo dia o apóstolo Paulo, numa visita ao Brasil, resolveu participar de um congresso sobre Liderança promovido por uma igreja evangélica. Na propaganda do congresso constava a informação de que o principal palestrante seria o filósofo e educador brasileiro, Mário Sérgio Cortella. Paulo percebeu que dentre as qualificações de Cortella se destacava o seu doutorado em Educação, obtido em 1997, na PUC-SP, sob a orientação do patrono da educação brasileira, Paulo Freire. O apóstolo Paulo deveras ficou curioso e decidiu participar da programação.

Chegado o grande momento, Paulo ocupava um assento na primeira fileira, regalia obtida por ser um membro do verdadeiro colegiado apostólico. O palestrante, Mário Sérgio Cortella, abordava o tema A ARTE DE LIDERAR. A palestra caminhava para o seu final e, no geral, o apóstolo Paulo considerou a palestra interessante e com insights perspicazes. É verdade que muito do que Cortella afirmou era fundamentado no marxismo esposado por ele, mas, ainda assim, algumas colocações foram bastante úteis. No entanto, na conclusão da palestra, Cortella fez uma afirmação que, imediatamente, despertou sentimentos variados na mente do apóstolo Paulo. Cortella repetiu uma frase sua já bem conhecida: “Elogie em público e corrija em particular. Um líder corrige sem ofender e orienta sem humilhar”.

Imediatamente o público irrompeu em efusivos aplausos e ovacionou a sabedoria de Mário Sérgio Cortella. Ao testemunhar a aceitação irrestrita do ensinamento de Cortella, bem como a maneira acrítica como seminaristas e futuros pastores presentes receberam a frase sobre correção, Paulo não pôde fazer outra coisa senão se entristecer diante do estado da igreja evangélica. Ele percebeu que aquelas pessoas apoiavam a ideia do “Elogie em público e corrija em particular” como sendo verdadeira.

Foi aí que, discretamente, ele subiu ao palco do auditório e tomou em suas mãos o microfone. Ao ver a cena, o público, atônito, calou-se e ficou a observar. Paulo disse as seguintes palavras: “Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?” (Gálatas 3.1). Ele continou: “Não recordais? Não lembrais, de quando Cefas foi a Antioquia e foi necessário que eu lhe resistisse face a face porque se tornara repreensível? De como ele se envergonhou de comer com gentios como vocês e, quando os judeus chegaram, ele fez de conta que não tinha nenhuma relação com aqueles gentios? Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se tu, sendo judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gálatas 2.14).

Ouvindo isto, o público começou a se retirar do auditório. Alguns até vaiaram o apóstolo. A única reação de Paulo foi dar um suspiro de tristeza e dizer ao Pai: “Tende misericórdia, Senhor!”


Kyrie eleison!

27 de jan. de 2016

Três Razões para o Marido Amar a Sua Mulher

Por Luciana Barbosa

Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações.”

1 Pedro 3.7

Antes de adentrarmos no assunto propriamente dito, gostaria de deixar claro para o leitor que a intenção não é defender o feminismo, antes mostrar o que a Bíblia diz sobre esta. Este artigo é fruto de uma série de palestras em alusão a festividade dos homens (da igreja em que congrego) que teve por tema: Homens perseguindo a masculinidade bíblica. Vejamos agora estas três razões de o porquê que o homem deve honrar sua mulher:

1. Porque ela é a parte mais frágil

Quando Pedro diz que esta é a parte, isso mostra a figura de vaso, então devemos ter em mente que ambos, homem e mulher são vasos, no entanto, a mulher é o vaso mais frágil, no sentido de estrutura, sentimentalmente, etc. Por isso, a necessidade de proteção, cuidado, zelo.

2. Ela é herdeira da mesma graça da vida

Ambos desfrutam das mesmas bênçãos espirituais, isto é, espiritualmente são iguais; em Cristo são iguais em importância, pois tanto ele quanto ela, ambos necessitam da graça de Deus. Na economia do casamento homem e mulher são iguais, porém exercem funções diferentes.

3. Para que as orações não sejam impedidas

Perceba o quanto é importante a maneira como se trata a esposa, pois, a Bíblia nos diz que se o marido não agir assim com a mesma, Deus não houve suas orações. Veja isso no mesmo texto de Pedro no versículo doze:

Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua oração, mas o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal".

Deus se interessa em observar o relacionamento do homem e sua mulher e, quando uma liderança é autoritativa ao ponto de gerar conflito no lar, cortando a relação entre ambos, rompem-se as orações do homem para com Deus. Não adianta adorar a Deus estando em conflito com sua esposa, pois Deus não ouve suas orações, é a Bíblia que nos diz.

A vida no lar deve levar os outros a glorificar a Deus, pois o culto constante de louvor a Deus é a forma como o homem trata sua esposa. O que estou querendo dizer é: Não adianta querer ser espiritual se você grita ou maltrata sua esposa. Lembre-se que a figura do casamento entre o homem e a mulher é a representação de Cristo e a igreja, sendo assim, antes de fazer qualquer coisa para sua esposa pergunte a si mesmo: Cristo faria isso? Falaria isso? Agiria dessa forma?

O padrão para o homem não é outro se não Cristo. O homem bíblico imita a Cristo!

“Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável”.

Efésios 5:25-27

10 de abr. de 2015

Conheci as doutrinas da graça, mas, estou numa igreja herética: o que devo fazer?

Por Thomas Magnum

Para um cristão nascido de novo, é salutar estar numa igreja local, é bíblico que os crentes congreguem e tenham comunhão com outros irmãos. A igreja foi criada por Deus e sua existência não é algo restrito ao Novo Testamento, mas, no Antigo Testamento já vemos a igreja presente com o povo de Israel. No entanto o que estamos nos propondo a refletir nesse texto é se basta estar simplesmente numa igreja, isto é, qualquer igreja.

Há “ditos populares antigos” que defendem um ecumenismo evangelical que dizem, “temos o mesmo Deus”, “o que importa é que cremos em Deus”, “nossas diferenças são insignificantes”, “Deus é o Deus de todos”, “a letra mata”, “o mais importante é o amor”, “no céu não terá teologia”. Claro que tais afirmações têm algum fundo de verdade, mas, não podemos dizer hoje ao evangelizarmos alguém, que este procure uma igreja perto da sua casa. A igreja próxima da casa dessa pessoa pode provavelmente ser uma igreja herética ou uma seita, então, estaremos contribuindo negativamente para vida dessa pessoa. Até mesmo ao dizermos procure uma igreja que ensine a Bíblia, muitas igrejas heréticas ensinam a Bíblia, de forma distorcida, mas, ensinam. O que nos resta nesses dias é uma delimitação do que é igreja: o que é uma igreja saudável? O que é uma igreja Bíblica? O que é uma igreja verdadeira?

13 de mar. de 2015

Uma Resposta sobre o Culto Infantil

Por Filipe Fontes

Recebi, recentemente, uma pergunta de uma amiga de adolescência sobre o “culto infantil”. Foi uma oportunidade de pensar sobre o assunto, e sistematizar algumas ideias. Como pode ser útil a outras pessoas, resolvi publicar minha resposta.

Prezada amiga,

Receber sua pergunta alegrou meu coração. Dentre outras razões, ela me fez perceber o seu zelo na educação de filhos, bem como seu apreço pela igreja e a Palavra de Deus. Seja Ele louvado por isso!

Ao mesmo tempo, sua pergunta me encheu de temor. Pois, uma vez que parto do princípio de que esta não é uma questão normatizada claramente pela Escritura, o risco de falar mais da minha parte do que da parte do Senhor me traz algum receio. Por isso, eu gostaria de começar minha resposta com dois pedidos:

18 de dez. de 2014

Podemos comparar Pornografia com as drogas?

Por Thiago Azevedo

Antes de qualquer explicação, a resposta desta pergunta tema é: Sim. Isso mesmo, é sim! Talvez os especialistas na área em questão me questionem pelo fato de não haver nenhum princípio químico na pornografia que gere dependência. Mas, mesmo não encontrando o princípio químico, as semelhanças práticas entre uma coisa e outra são mais que reais. As duas se tratam de fenômenos sociais que tanto tem vitimado pessoas. Ambos destroem vidas, ambos destroem famílias, ambos põem fim em objetivos diversos, ambos trucidam e geram dependência, ambos carecem de tratamento e, por fim, ambos matam. Para chegar a uma conclusão iremos comparar os efeitos de uma das drogas mais devastadoras da atualidade, a saber, o craque, com a pornografia em si.

O craque é uma droga devastadora que deixa seus rastros. O usuário/dependente entra num verdadeiro processo de transfiguração de sua imagem. Logo sua aparência se torna característica de quem usa a referida droga, sendo possível assim reconhecer seu usuário de longe:

O usuário de crack apresenta mudanças evidentes de hábitos, comportamentos e aparência física. Um dos sintomas físicos mais comuns que ajudam a identificar o uso da droga é a redução drástica do apetite, que leva à perda de peso rápida e acentuada – em um mês de uso contínuo, o usuário pode emagrecer até 10 quilos. Fraqueza, desnutrição e aparência de cansaço físico também são sintomas relacionados à perda de apetite. É comum ainda que o usuário tenha insônia enquanto está sob o efeito do crack, assim como sonolência nos períodos sem a droga. Os períodos utilizando a droga prolongam-se e o usuário começa a ficar períodos maiores fora de casa, gastando, em média, três dias e noites inteiras destinados ao consumo do crack. Neste contexto, atividades como alimentação, higiene pessoal e sono são completamente abandonadas, comprometendo gravemente o estado físico do usuário”.[1]

Com tudo isso o usuário passa a ser conhecido com facilidade. O desejo da obtenção da droga a todo custo que é gerado pela dependência é outra marca dentre os usuários das mais diversas drogas. À medida que estes usuários desenvolvem eficácia para conseguir a droga – roubam, matam, extorquem etc. – eles também se desfiguram como um boneco de massa de modelar, isso tanto fisicamente quanto socialmente falando. Com isso ficam, ipsis litteris, à margem da sociedade.

Perceba que o usuário da devasta droga chamada craque possui características de seu uso que são vistas de forma externa e sua dependência acaba que se tornando uma evidência mais que notória. Esta evidência do uso da droga pode, em alguns casos, contribuir para que usuários se conscientizem de que precisam e necessitam de ajuda. Muitos ao se enxergarem no espelho tomam a decisão de mudar de vida e, evidentemente, o apoio da família é mais que importante neste processo. Há uma história muito conhecida passada no programa Câmera Record de Agosto deste ano, sobre um usuário que há anos não via sua própria imagem no espelho. Foi quando seu próprio pai resolveu mostrá-lo. O choque foi imediato. Esse jovem que morava nas ruas (Cracolândia) regressou aos cuidados da família e aceitou o tratamento. Esta técnica, de confrontar o usuário com sua imagem no espelho, passou a ser utilizada com mais frequência.

A pornografia por sua vez causa os mesmos efeitos, mas internamente. Ou seja, o dependente pornográfico não visualiza sua situação no espelho, mas sabe que também é viciado. Por mais que esteja necessitado de ajuda, por mais que esteja desfigurado internamente, por mais que esteja destruído internamente, por mais que sua alma esteja enferma, nada disso reflete no lado externo. Com isso, não há quem identifique que a mesma necessita de ajuda, apenas a própria pessoa sabe disso e, na maioria das vezes, não quer reconhecer nem pedir ajuda por vergonha. Aqui está o argumento principal para o sim na resposta inicial deste texto, pois não há quem se mobilize para ajudar um viciado em pornografias, uma vez que os indícios não são vistos externamente. Com isso a pessoa vai morrendo aos poucos, perdendo amizades, rompendo relações familiares, divórcio, isolamento, depressão... Estes poderiam figurar como indícios externos de quem é viciado ou usuário de pornografia, mas quando se chega a este nível, é muito comum que o dependente pornográfico ainda não assuma o seu real problema.

Por que o dependente pornográfico perde relacionamentos próximos?

Esta é uma boa pergunta que pode ser respondida da seguinte forma: o dependente pornográfico quer aplicar suas referências pagãs e pornográficas nos seus relacionamentos diversos - conjugal, profissional, social etc. Quando percebe que não terá êxito, sai fora. Geralmente a vida conjugal do dependente pornográfico é a mais afetada. O dependente quer usar sua esposa como marionete, quer colocar em prática tudo que assisti e absorve no mundo pornográfico e é neste ponto que muitas mulheres não aceitam e se posicionam. Logo, o divórcio é a saída. Mas, mesmo ocorrendo tal situação, o divórcio, a desculpa mais famosa para justificação da separação é que houve incompatibilidade de gênios. Infelizmente existem muitos homens que se dizem cristãos que possuem referências pagãs quanto ao casamento e quanto às suas respectivas esposas, e também quanto às suas amizades femininas, logo os resultados serão drásticos.

Dentro deste panorama a comparação da pornografia com as drogas vem a calhar, mas, em nossa opinião, entende-se que a pornografia ainda é bem pior pelo fato de não deixar indícios externos. Sabe-se que as mulheres, com o advento da internet, também têm mergulhado neste submundo, mas nossa ênfase maior aqui recai sobre os homens pelo fato das estatísticas mostrarem que estes são os que mais se deixam levar nas águas poluídas deste rio chamado Pornografia. Quantas famílias destruídas por este mal e que ninguém sabe o motivo da destruição? Quantos casais separados por este mal e que ninguém sabe o motivo da separação? Quantos ministérios arruinados por este mal e que ninguém sabe o motivo? Na realidade o motivo é a pornografia, mas ninguém tem coragem de dizer, como também os indícios não podem ser detectados com facilidade no âmbito externo. Assim é possível afirmar que este vício é silencioso ao mesmo tempo que devastador. Isso se dá também pela cultura cristã ocidental que demonizam alguns tipos de pecados e santificam outros. Por exemplo, adultério, pornografia, fornicação são pecados do diabo. Em contra partida fofocar, mentir, roubar, usar o nome de Deus em vão nas diversas profetadas trata-se de “pecados santos” que não tem tanto problema cometê-los. Pecado é pecado independentemente do que seja e precisa ser tratado como tal. O advento da internet contribuiu e muito para que o mal da pornografia se propagasse ajudando mais ainda o lado oculto de toda prática. Antigamente o dependente pornográfico se expunha mais na busca de sua droga predileta e da aventura, mas na atualidade basta um click no conforto de sua casa e pronto. Aqui a internet desempenha o papel do traficante que fornece a droga.

Conclui-se, portanto, que há tratamentos para ambos os casos, a saber, pornografia e drogas. Todavia, se faz mais que necessário uma mudança de mente seguida de uma limpeza da mente que só em Cristo o indivíduo consegue de fato tal transformação. Paulo em Romanos 12:2 atenta para a importância da renovação da mente, metanóia no grego. Esta palavra aponta para uma mudança do modo de vida em razão de uma total mudança de pensamento e de atitude quanto ao pecado e justiça. Ou seja, não se trata apenas da demonstração de tristeza ou contrição ao realizar determinado ato, e sim uma mudança total, tanto na forma de pensar como na forma de agir Lc 3:8 / At 26:20. Logo, o arrependimento possui obras dignas deste. Não se trata de uma forma mágica ou de um tratamento psicológico apenas, mas sim da intervenção divina para que a verdadeira mudança ocorra de fato.

Geralmente os dependentes químicos ou pornográficos não conseguirão êxito com fórmulas práticas, exercícios psicológicos, ou passos a serem seguidos, tudo isso não passa de pragmatismo dos “brabos”. Estas pessoas necessitam mais de uma relação próxima com Deus e a partir disso começaram a identificar os resultados desta aproximação, sem esta aproximação e entendimento correto da pessoa divina e de seu plano salvífico em direção a seu povo, tudo que for feito não passará de paliativo. O distanciamento cada vez maior na atualidade entre homem e pessoa divina é refletido cada vez mais, de forma negativa, no cotidiano dos homens. Uma maior Intimidade com Deus significa suportar de forma mais exitosa as flechas do pecado lançadas por seu arqueiro. Sua aljava está repleta de flechas e lá dentro existem duas com os seguintes nomes: pornografia e drogas!

[1] Disponível em <http://www.camaramateusleme.mg.gov.br/noticias_crack.html> Acessado em 10 de Dez de 2014.

15 de nov. de 2014

Onze Conselhos aos Pastores Iniciantes

Por Joel Beeke

1. Ore, ore, ore. Jamais tome sobre si mesmo nenhuma responsabilidade da igreja sem temperá-la com oração. Lembre-se do conselho de John Bunyan: “Você pode fazer mais do que orar depois de ter orado, mas você não pode fazer nada mais do que orar até ter orado”.

2. Estude, estude, estude. Mantenha-se nos pastos verdejantes da verdade em seus estudos. Conserve o seu hebraico e o seu grego. Prepare os seus sermões com muito cuidado. Escreva alguns artigos ou alguns livros para aprimoramento pessoal. Participe de algumas das conferências e seminários de que vale a pena participar, tão comuns em vários locais hoje. Volte ao seminário para estudar um pouco mais. Faça questão de trabalhar de forma que sua mente seja expandida.

3. Pregue, pregue, pregue. Empregue o melhor da sua energia e vida, como Paulo, pregando Jesus Cristo (1 Co 2.2). Pregue com frequência. E quando o fizer, pregue de forma bíblica, doutrinária, experimental e prática. Pregue com paixão, apresentando a Palavra da vida “como um moribundo falando com outros moribundos”.

4. Seja um modelo, seja um modelo, seja um modelo. Seja um modelo da verdade bíblica para com sua esposa, sua família, para com os que trabalham com você na igreja, sua congregação, e para com seus vizinhos. Decida-se, como Thomas Boston, a espalhar o perfume de Cristo onde quer que você vá. Como Robert Murray M’Cheyne, ore que o Espírito Santo possa torná-lo tão santo na terra quanto é possível que um pecador perdoado seja santo. Ore para que sua vida seja uma “carta viva”, seus sermões sejam escritos em sua vida prática.

5. Delegue, delegue, delegue. Não dê aulas a todas as classes na sua igreja. Não seja o responsável pelo boletim dominical. Não tente regular e supervisionar todas as atividades dos seus colegas de trabalho. Delegue tudo o que for possível, de forma que você possa concentrar-se na oração, na pregação, no ensino, e no cuidado espiritual do rebanho.

6. Treine, treine, treine. Treine o seu povo para as funções de liderança nos diversos ministérios da igreja. Gaste tempo extra com os jovens que podem servir como futuros presbíteros e diáconos, ou como líderes de diferentes atividades. Pela graça do Espírito, “desenvolva” futuros líderes. À medida que você os treina, dê-lhes liberdade para usar os dons e oriente a visão deles tanto quanto possível. Todo o tempo empregado nisso será muito bem gasto.

7. Visite, visite, visite. Visite o seu rebanho fielmente – no hospital, em casa, e em toda hora de necessidade. Esteja presente quando precisarem de você. Sempre leia a Palavra e fale algumas poucas palavras edificantes sobre o texto, e ore em cada visita. Se você falhar nesse assunto, falhará em tudo mais.

8. Ame, ame, ame. Muitos ministros falham porque negligenciam o amor às ovelhas. Ame e continue amando o seu povo por aquilo que são, e não pelo que você pensa que deveriam ser. Aceite-os como são e onde estão, e trabalhe com eles a partir desse ponto, sempre com paciência, lembrando que, se você não pode associar-se de forma amorosa com as pessoas onde elas estão, com o passar do tempo elas o rejeitarão. Considere-se como o tutor espiritual e o cuidador de uma grande família. Seja bondoso com cada um deles. Leve-os a sentir a sua preocupação por eles e por suas famílias. Faça perguntas que mostram o seu cuidado por eles. Regue-os com compaixão, quando estiverem em necessidade. À medida que o seu relacionamento cresce, sempre que for apropriado, não se acanhe de dizer-lhes que você os ama. E se você tiver inimigos na igreja, faça de tudo para amá-los também, como Jesus ordenou.

9. Desfrute, desfrute, desfrute. Considere como inacreditável honra e alegria o fato de ser embaixador de Deus. Edward Payson (1783-1827) disse que com frequência batia palmas de alegria durante seu estudo particular porque Deus o tinha chamado para o ministério sagrado da Sua Palavra. A obra do ministério é uma tarefa pesada, mas também é cheia de alegria. Aprenda a considerar como sua força a alegria do Senhor, em Cristo (Ne 8.10).

10. Renove, renove, renove. Preste atenção à sua saúde. Viva em intimidade com Deus, alimente-se de Cristo, beba intensamente do Espírito. Tire tempo para descansar, para deixar de lado todos os fardos, e para abrir-se à luz da Palavra e à direção do Espírito Santo. Lembre-se de que você é um mero receptáculo ou vaso, e não a fonte das águas vivas. Você não consegue dar aos outros aquilo que não apanhou primeiro para si mesmo.


11. Persevere, persevere, persevere. Quando chegarem as tribulações e os inimigos perseguirem, não seja um mercenário que abandona as ovelhas. Persevere no cuidado por elas. Fique firme. Confie em Eclesiastes 11.1: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás”.
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Fonte: Os Puritanos

6 de nov. de 2014

Princípios básicos para o aconselhamento cristão


Por Thiago Azevedo

Tendo em vista que a vida cristã é permeada de relações próximas e de pessoas que querem sempre ver o bem do próximo – é bem verdade que isso já não é mais uma regra – bem como a necessidade que alguns irmãos na fé sentem de sempre estarem aconselhando com palavras de apoio e encorajando outros irmãos na caminhada cristã, despertou-me o interesse de compor este mero texto. A partir deste prisma é notório que a maioria das pessoas que compõem o ambiente eclesiástico desenvolve, por inclinação, o hábito de aconselhar. Esta prática não está dentro apenas do ambiente eclesiástico, mas também nos mais diversos círculos. Quem nunca ouviu a seguinte expressão: “Se conselho fosse bom não se dava, se vendia”. Seria de fato algo arriscado fazer desta prática um comércio – sobretudo para o aconselhado. 

No contexto capitalista o ato de aconselhar poderia ser visto apenas como mais uma forma de oportunidade financeira/mercadológica. Suposições à parte, o fato é que muitos são os que se auto avaliam conselheiros e estão nos mais diversos âmbitos – pessoal, profissional, educacional, conjugal etc. Não teria como abordar todos estes âmbitos por completo e tecer algo a respeito de cada. É por isso que a proposta delimitadora deste conteúdo aponta para o ambiente eclesiástico. 

O sentimento de ajuda ao próximo que permeia a esfera eclesiástica é salutar, mas, infelizmente, nem sempre a boa intenção é tida como algo bom no reino de Deus. Por exemplo, o texto de I Sm 6: 7-8 relata a história do translado da devolução da arca da aliança que estava sob o poder dos filisteus em direção a Israel. Ou seja, os filisteus devolveram a arca do aliança em cima de bois. Em I Cr. 13 relata-se a alegria de Israel ao receber de volta a arca da aliança que tinha sido tomada pelos filisteus. A alegria era imensa pelo fato de ter de volta a arca. No versículo 7 do mesmo capítulo percebe-se a presença até de um carro novo para guiar a arca do Senhor. Os israelitas sob o domínio do rei Davi acreditaram que a arca devia mesmo estar em um carro de bois novo, pois o carro sobre o qual os filisteus devolveram a arca não era digno desta função. Após a troca do carro houve festa e muita alegria conforme o v 8. É notório que houve boa intenção em tudo, mas não houve obediência ao preceito divino. Ou seja, Ex 25:10-14 / Nm 4:15 / Nm 7: 8-9 / Nm 8:14 nos mostram que carregar a arca era um serviço específico dos levitas e não de bois. Assim, a forma que os filisteus devolveram a arca para Israel – sobre bois – fora mantida pelos próprios israelitas – aqueles que tinham o preceito. Estes, apenas trocaram o carro. 

Parece que Josué em outra ocasião entendeu bem o preceito divino (Js 3:3), ao passo que Davi não. O desfecho desta trágica história todos já sabem, Uzá é fulminado ao tentar segurar a arca na tentativa de impedir sua queda, pois os bois que a carregavam tropeçaram I Cr 13:9-10. Após esta experiência trágica Davi reconhece que errou e se lembra da forma correta de transportar a arca I Cr 15:2. Toda essa história vem à tona no presente conteúdo, para que possa ser percebido que boa intenção nas práticas cristãs nem sempre podem ser tidas como positivas. Ora, Uzá teve ou não teve boa intenção? Davi teve ou não teve boa intenção? Israel teve ou não teve boa intenção? As motivações dos envolvidos eram ou não eram boas? A resposta para estas perguntas é sim, mas o reino de Deus não é feito de boa intenção ou de boas motivações apenas, e sim de obediência. Há até um dito popular: “De boa intenção o inferno está cheio”. O inferno eu não sei, mas o ambiente que estamos analisando – a igreja – sim. Infelizmente, ou felizmente, as boas intenções, motivações, etc. não são tudo no reino de Deus. 

Esta mesma compreensão se faz necessária no que tange ao aconselhamento cristã. Este não pode ser baseado em outro lugar que não seja a bíblia. Aliás, não só o aconselhamento cristão, mas toda a praxis cristã deve ser permeada por esta. Deve-se observar os preceitos bíblicos que concernem a esta prática. Quando se entende isso, entende-se que em toda e quaisquer praticas cristãs não se fala de si mesmo, e sim de outro – este outro é Cristo. Logo, no aconselhamento cristão, esta verdade não foge à regra, ou seja, Cristo deve também ser o centro. Repousa aqui a principal característica do conselheiro cristão – anunciar a pessoa de Cristo e sua postura. Dentro desta linha é notório que na atualidade há muitos conselheiros, mas poucos conselheiros cristãos. 

Em certa ocasião procurei certo pastor para me aconselhar. O referido pastor me levou ao gabinete e lá me contou toda sua experiência de vida em seus quase 60 anos de idade. Ele contava-me sua história com as mãos em cima da bíblia e em nenhum momento abriu a bíblia para usá-la no aconselhamento. Mesmo que não abrisse, mas poderia citar alguma referência ou algo neste sentido para embasar seus pensamentos ou até mesmo suas experiências. Logo surge uma pergunta: Isso é aconselhamento cristão? Não! Isso não pode ser visto como aconselhamento cristão e sim, quando muito, como aconselhamento apenas. No aconselhamento cristão fala-se de Cristo, fala-se de outro e não de si próprio – falar de Cristo é a principal característica desta prática, pois Ele é o espelho tanto do aconselhado como do conselheiro. 

Outra característica de suma importância dentro desta prática recai sobre a irrepreensibilidade. Isto é, quem aconselha não deve ter nada que comprometa sua conduta moral e seu caráter. Em 1Tm 3 o texto mostra várias características daqueles que almejam o episcopado, mas as recomendações destinadas a este grupo específico se estendem também a outros, a saber, diáconos e as esposas. A característica da irrepreensibilidade recai também sobre as costas dos diáconos (v. 10). Assim, todos estes podem e devem atuar como conselheiros, realizando a prática de forma excelente. Curiosamente a primeira admoestação que surge no texto é que os bispos devem ser irrepreensíveis, mas não só estes, os diáconos também devem ser – como já se falou antes. Destaca-se esta ênfase na recomendação pelo fato da impossibilidade de um conselheiro cristão conseguir êxito no seu aconselhamento se o mesmo tiver falhas morais e desvios de conduta. Até no âmbito secular este principio é observado. Por exemplo: como poderá alguém que fuma, aconselhar alguém a não fumar? Como poderá alguém que adultera, aconselhar alguém sobre os perigos do adultério? Ou ainda, como poderá alguém que tem vários desafetos, aconselhar alguém sobre relacionamento pessoal? 

Alguns conselheiros cometem os mesmos deslizes de seus aconselhados e se portam como ditadores hipócritas para com tais. A própria bíblia nos traz a história de uma mulher que foi pega em adultério, naquela ocasião os homens eram adúlteros e queriam matar alguém que tinha cometido pecado semelhante ao deles, ou seja, cometiam o mesmo pecado da mulher e queriam apedrejá-la por tal Jo 8:7 – hipocrisia pura. Por posturas assim é que surgem frases no meio popular direcionada aos líderes religiosos: “Quem tem telhado de vidro não joga pedra na casa de ninguém”. É a pura política do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Esta política no aconselhamento cristão, graças a Deus, não funciona – ao menos até o aconselhado descobrir os fatos. Logo, deva ser por isso também que a recomendação de ser irrepreensível vem no texto encabeçando as principais características de quem almeja o episcopado. É por isso que não só a prática do aconselhamento, mas as mais diversas práticas no meio eclesiástico-cristão atual estão em perene descredibilidade. Ou seja, os conselheiros cristãos não utilizam à bíblia nos seus conselhos, não são irrepreensíveis e nem possuem caráter ilibado e ainda por cima, como se não bastasse, são hipócritas e fazem uso de técnicas psicológicas pueris. 

Estes males estão presentes no ambiente cristão como um todo – tanto no ambiente católico ou no ambiente evangélico a recíproca é verdadeira. Quer seja confessionário quer seja gabinete se tem visto pessoas reclamando da falta de confiança que deveria permear a relação entre conselheiro e aconselhado. Já se tem casos comprovados de católicos e evangélicos que procuram o líder da fé oposta para desabafar. Ou seja, há católicos procurando pastores para desabafar, pois não confiam nos seus respectivos padres. Como também há evangélicos procurando padres para o desabafo, pelo fato de não confiarem nos seus respectivos pastores. Logo, conclui-se, há escassez de irrepreensibilidade em ambos os credos. Com isso, há também a ausência da confiança, pois a confiança é proveniente da irrepreensibilidade. Jay Adams relata um dado interessante: 

“[...] A disciplina deve ocorrer de forma integral com o aconselhamento. Deve ocorrer com três pessoas no mínimo – pois onde há dois ou três em meu nome ali estou em meio deles – O verdadeiro aconselhamento bíblico é aquele que o conselheiro e o aconselhado se reúnem em nome de cristo. E há que se espere a presença de Jesus como conselheiro chefe” [1]

Este breve comentário de um dos maiores especialistas na área remete ao que foi afirmado anteriormente – no aconselhamento cristão não se fala de si mesmo e sim de Cristo. Adams reconhece a pessoa de Cristo como sendo a principal neste processo tão salutar, que é de aconselhar tendo Cristo como molde. O conselheiro deve ter uma sensibilidade para reconhecer que ele é um mero instrumento, pois a personagem principal em todo procedimento atende pelo nome de Jesus Cristo – daí a nomenclatura de aconselhamento cristão. É por isso que Adams remete à importância de se ter três pessoas no ato do aconselhamento, a saber, o conselheiro o aconselhado e Cristo. Com isso o autor enfatiza a importância de orar antes de começar o aconselhamento, assim o aconselhado entenderá que o conselheiro não é autodidata e nem independente da atuação divina. Com esta atitude os pedidos para que Cristo esteja e seja o centro da conversa e que isso tenha como resultados algo que aponte para honra e a glória do próprio Cristo e não do conselheiro. Neste breve texto de Adams é notória a importância da disciplina, por sinal, outra prática escassa no ambiente cristão, e quando não, esta é imposta de forma arbitrária e com requintes de ostracismo. O que inviabiliza a prática do aconselhamento cristão, pois são duas coisas que andam lado a lado – disciplina e aconselhamento cristão. 

Por fim, acredita-se que as principais características de um bom conselheiro cristão repousam na ênfase das Sagradas Escrituras e na pessoa de Cristo, além de não se pautar apenas pela boa vontade ou intenção, pois no reino de Deus boa intenção ou boa vontade nem sempre será suficiente. O bom conselheiro deve observar os preceitos divinos e não desobedecê-los (como Davi o fez acerca do translado da arca da aliança). Deve também ter sua vida pautada pela irrepreensibilidade o que gerará confiança na relação de conselheiro e aconselhado. E não deve fazer uso da política do faça o que digo, mas não faça o que faço. Também deve se afastar da hipocrisia e não deve fazer uso de práticas e conceitos psicológicos que não alcançam o caráter – quando muito, apenas costumes. Desta forma se poderá afirmar que o conselheiro é de fato um conselheiro cristão e não apenas um conselheiro qualquer. Logo, todo conselheiro cristão é um conselheiro, mas nem todo conselheiro é um conselheiro cristão.
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[1] ADAMS, Manual do conselheiro Cristão, p 18.