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19 de set. de 2016

A Analogia do Endividado

Por Thiago Oliveira


Um homem simples está devendo um valor xis a um homem proeminente. O credor então cobra-lhe a dívida dando-lhe um ultimato: Ou se paga ou o fim do devedor será trágico. Ao homem endividado só resta temer o seu destino, pois ele tem o número da conta do seu credor em mãos, todavia, não conseguirá fazer nenhum depósito, ele não possui e nunca possuirá tal quantia. Quando menos se espera, um outro homem, que não tinha nada a ver com aquela dívida, deliberadamente paga o valor exato para livrar o devedor da sua severa punição.

Ao ver todo aquele dinheiro depositado em sua conta, o credor não tem mais nada para cobrar. Foi pago tim-tim por tim-tim. E o homem que estava prestes a ser arruinado, agora folga por não ter mais aquele débito. Estava livre. Agora imagine você, caro leitor, que mesmo após ver a importância depositada em sua conta, o credor mandasse um encarregado seu ir atrás de quem lhe devia e perguntasse:

- Alguém pagou a dívida para você. Agora cabe a ti aceitá-la.

Neste momento você deve estar achando improvável tal pergunta. E de fato é. Agora, imagine que além disso, a resposta do endividado fosse:

- Não, eu não quero aceitar.

Absurdo. Não há uma outra palavra para adjetivar tal desfecho. No entanto, é assim que se baseia a teologia arminiana quando diz que a Graça é resistível e que o homem pode rejeitar a oferta da salvação. Para entendermos isso de uma maneira melhor, é necessário estar ciente de outros basilares conceitos da soteriologia (doutrina da salvação) reformada. A saber: Total Depravação e Expiação Limitada.

A depravação total consiste em dizer que todos os homens estão numa situação decaída. Eles estão em rebelião contra Deus e por isso estão espiritualmente mortos (Ef 2:3; Rm 3:12; Jo 8:34). Mas, Deus em Sua soberana vontade, para o louvor de Sua glória, escolheu alguns destes pecadores mortos e os vivificou em Cristo. Por que Ele fez isso? Efésios 1 nos diz que foi para “o louvor da Sua glória” (v. 6, 12 e 14).  Seus eleitos, não tiveram mérito algum, por isso não podem se vangloriar (Ef 2:8-9, Rm 3:27). Daí o questionamento: e quanto aqueles que não se convertem quando anunciamos o sacrifício do calvário? Não estariam eles resistindo?

Aparentemente eles estão rejeitando sim. Contudo voltemos a analogia do homem endividado. Porque ele não podia negar o pagamento feito por um terceiro elemento em seu favor? Porque aquele pagamento salvaria sua pele. Por isso não há como rejeitar o sacrifício de Cristo, a não ser que este não tenha morrido por aqueles que continuam mortos. A expiação limitada ensina justamente isto: A cruz não redimiu todos os homens, apenas os eleitos. Da mesma forma, o homem de nossa estória pagou a dívida de um devedor e não de todos os devedores. Por isso, os que aparentemente rejeitam a mensagem da cruz, na verdade não foram por ela alcançados. Em outras palavras, a dívida deles não foi paga por Jesus.

Quando a Bíblia diz que o sangue de Jesus é suficiente para nos purificar de todo o pecado (Tt 2:14, 1Pd 1:18-23 e Ap 1:5), não podemos conceber a ideia de que tais homens desprezariam sua morte, tornando-a em vão. Se estes continuam na sua condição pecaminosa, é porque não receberam a fé salvífica e não foram alcançados quando Cristo expirou no gólgota. Eles são espiritualmente cegos e não enxergam que são pecadores. Obstinados continuam devendo e acham que está tudo quite. A revelação de que devíamos um exorbitante valor, e que nossa dívida foi paga, chegou até nós. Regozijamos com esta boa-nova. Porém, alguns continuam com os olhos vendados para esta realidade (2Co 4:3-4). 

Dizer que Jesus morreu por todos os homens, porém muitos não serão salvos porque vão recusá-lo é tornar os sofrimentos do Senhor inúteis, sendo necessário fazer mais alguma coisa. Restringir a cruz a vontade humana é tão absurdo como acreditar que o devedor da nossa analogia escolheria continuar devendo um débito que já havia sido quitado.

16 de mai. de 2016

Sexo, poder e dinheiro: cuidado com quem domina você

Por Mark Jones

Se você quer saber quem domina você, descubra quem você está proibido de criticar” (Voltaire)

Se as três irmãs da graça são fé, esperança e amor, também podemos dizer que as três irmãs da carne são sexo, poder e dinheiro.

Anos atrás, eu fui alertado sobre essas irmãs da carne.

Todos nós somos constituídos de maneira diferente em corpo e alma. E nossas constituições naturais alimentam desejos particulares, pois o corpo e alma possuem um relacionamento orgânico entre si. Além disso, a posição social de uma pessoa também tem implicações para os tipos de pecado que ela comete: aqueles que são prósperos são inclinados a certos pecados, aqueles que são pobres a outros. Aqueles que têm grande intelecto são inclinados ao orgulho. Os pais devem ser cuidadosos antes de chamar seus filhos de o próximo Einstein.

Certos pecados são mais dominantes em diferentes estágios da vida. Uma criança possui um coração que será inclinado a certos pecados somente mais tarde. Além disso, os desejos pecaminosos dos indivíduos duram de acordo com suas variadas vocações. Judas roubou porque ele era pecador, e também porque, como tesoureiro, foi colocado diante de uma oportunidade fácil de roubar.

Para responder à objeção de que certos pecados são contrários a outros e que os homens não são dados a todos os tipos de cobiça, Thomas Goodwin explica que as pessoas são inclinadas a diferentes pecados em diferentes estágios de suas vidas. Assim, o jovem pródigo pode tornar-se cobiçoso quando for idoso. Também é verdade que algumas pessoas têm antipatia por certos pecados, mas essa antipatia não é moral, mas física, “ou porque seus corpos não suportam ou por algum outro incômodo que eles veem naquilo” (Goodwin). Um hipocondríaco pode não visitar uma prostituta por temor de ficar doente, em vez de temor de Deus.

A tentação para Davi ter Bate-Seba foi fortalecida pelo fato de que ele podia ter Bate-Seba. Essa tentação para a lascívia foi obviamente diferente para Davi quando ele era velho. Se nós pudéssemos ter qualquer mulher que quiséssemos, provavelmente lutaríamos muito mais com tentação sexual do que fazemos. O quaterback bonitão da universidade normalmente tem tentações maiores com mulheres que o capitão-assistente da equipe de xadrez.

Talvez nós devamos agradecer a Deus agora porque não somos particularmente atraentes ou bonitos; nós podemos agradecer a Deus porque não desfrutamos de muito sucesso; nós podemos descobrir um dia que ele nos manteve pobre (ou com a aparência relativamente mediana) para nos salvar e guardar de muitos pecados.

Nós podemos não achar que dinheiro é tentação até que a porta para o dinheiro se abra um pouquinho. Logo, como um leão provando sangue pela primeira vez, a porta se abre, nossos bolsos começam a ficar cheios daquilo que nos controla, e estamos indefesos contra a putrefação que se iniciou. Tudo isso para dizer que não sabemos o quanto amamos o dinheiro até que se torne realmente uma tentação real. Fique alerta: aqueles que lhe dão dinheiro provavelmente também controlam você de alguma forma. E, assim, você rapidamente é incapaz de criticá-los de qualquer maneira, forma ou jeito. Você se torna cada vez mais cego, como os ídolos a quem você serve (Sl 115). Eu fico feliz que meu empregador é a igreja local e nenhuma organização tem controle sobre mim porque me pagam um monte de dinheiro.

Nós podemos não achar que amamos o poder até que tenhamos um gosto do poder. Tudo o que eu tenho visto até agora em círculos reformados tem somente me convencido que não somente o dinheiro corrompe, mas o poder corrompe ainda mais. De fato, quanto mais dinheiro, mais poder. Aqueles que estão no poder podem rapidamente cultivar uma cultura do medo. Como Voltaire disse, “Se você quer saber quem domina você, descubra quem você está proibido de criticar”. Eu acho que alguns de nós poderiam achar esse exame bastante desconfortável.


M’Cheyne disse bem: “As sementes de todos os pecados estão em meu coração e talvez o mais perigoso é que eu não as vejo”. Imagine ter amigos que realmente desafiarão você e lhe dirão que você está sendo estúpido!

***

Fonte: Reforma21

15 de abr. de 2015

O Ego como um obstáculo para a comunhão

Por Thiago Oliveira

“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me”.

Lucas 9.23

O Ego é o nosso “eu”, a nossa essência. Levando em conta os efeitos do pecado de Adão em toda a espécie humana, podemos afirmar que o ego foi afetado e tornou-se corrompido, desfigurando a imagem de Deus que havia no homem original. Sendo assim, o ego naturalmente nos transmite uma ideia ensimesmada de nós mesmos. Ele encontra-se inchado e esse inchaço faz com que ele seja oco e delicado.

Por isso, a porta de entrada para salvação começa com a mortificação do ego (ler Gl 2.20, Rm 6.6). Quando Cristo nos diz que para segui-lo temos que carregar uma cruz - e isso diariamente - devemos lembrar que todo o homem que carregava o madeiro estava indo para a morte. Estar disposto a morrer todos os dias é justamente renunciar os caprichos do nosso ego. A renúncia da autossatisfação é necessária para todo aquele que recebeu a salvação mediante a graça e foi incluído no Corpo de Cristo, isto é, a Igreja. Se vivemos segundo os ditames do Evangelho e o nosso ego continua inflado, os resultados não serão nada bons para a vida em comunidade.

3 de nov. de 2014

Sou filho de Deus e irmão de Jesus, será que sou fraco?

Por Morgana Mendonça dos Santos

Quando estou dirigindo sempre me deparo com adesivos desse tipo estampados em carros. O engraçado é que a parte mais evidente - em letras maiúsculas - são essas: "SERÁ QUE SOU FRACO?" (exatamente assim). Não parece ser tão importante o fato de ser filho de Deus e irmão de Jesus. O que vemos nessa frase é mais uma vez a super valorização do homem acima de Deus e Sua obra.

Quando me refiro ao adesivo, crítico a forma como fica deturpado o ensino bíblico nesses movimentos "gospeis". A antropologia precisa ser analisada pelo crivo das Escrituras, e diante desse padrão nem todos são filhos de Deus e nem irmãos de Jesus, portanto o adesivo é de fato questionável. No entanto, meu objetivo está na ênfase dada ao que somos, quando somos filhos de Deus e irmãos de Jesus. A intenção do autor (desconhecido) nessa frase seria afirmar que somos "fortes", ou seja, se sou "isso" e "aquilo" sou o "cara". A ideia egocêntrica continua, por exemplo: "meu valor é outro", "meu nível é outro", "eu sou o bom".

Essa frase adesivada em vários carros, de cristãos e não cristãos, têm muito a dizer em relação ao que entendemos sobre o que somos antes e depois de Cristo. A doutrina da depravação total nos ensina e nos humilha perante o Criador, quando de fato conhecemos quem somos entendemos quem Deus é. Quando conhecemos quem somos compreendemos a obra de Cristo. Antes da regeneração somos conforme diz Romanos 3:

"como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." Romanos 3.10-12.

Como todos podem ser filhos de Deus e irmãos de Jesus? Está claro que não há ninguém que busque a Deus, ninguém que faça o bem, a situação é de extravio e inutilidade, não de filiação e irmandade. Sem a obra da regeneração somos como Paulo continua a dizer, pecadores e distantes completamente de Deus!

"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" Romanos 3.23.

Logo, nem todos são filhos de Deus e irmãos de Jesus, a razão é pelo fato de que isso não depende de nós, não é por obras e sim pela graça mediante a fé, que é dom de Deus. Paulo escrevendo para a igreja em Éfeso diz:

"Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais.Efésios 2.1-3. 

Aqui o sujeito que muda a situação de morte do homem é Deus (Ele). Nossa condição de morte impede qualquer atitude de ser alguma coisa sem que Cristo nos vivifique. Éramos por natureza filhos de Deus? Não! O texto diz: "filhos da ira". Aqui o texto diz que a nossa vida era "segundo o curso deste mundo", "segundo o príncipe das potestades do ar". Não segundo Deus, nem Cristo. Portanto, sem Cristo você e eu estamos mortos, sem vida, condenados a ira de Deus. (João 3.36) No entanto, pela graça de Deus mediante a fé, Deus nos vivifica, nos tornando membros de sua família.

"Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros, antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus". Efésios 2.19. 

Nos Evangelhos observamos um momento da vida de Cristo que Ele declara algo sobre ser membro da família de Deus. A questão é que somente a obra de Deus nos impeli a obediência da Sua palavra.

"Vieram, então, ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão. Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te. Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam." Lucas 8.19-21.

Deus nos reconcilia com Ele, em Cristo nossa situação não é mais a mesma, passamos da morte para a vida, fomos justificados por Cristo na Sua morte, selados por Ele e redimidos.

"A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis". Colossenses 1.21-22.

A grande questão desse adesivo é que se Deus nos escolheu para adoção, nos chamou como filhos amados, em obediência a palavra somos membros do seu corpo, sua família e seu povo, o que deveríamos declarar era: "Sou filho de Deus e irmão de Jesus, será que eu mereço?" Porque de fato, a questão não é "se sou fraco" no sentido "sou o cara", mas a verdadeira ênfase é no que Deus é e o que Ele faz.

Calvino, nas Institutas, no capítulo I.2 declara que o conhecimento de Deus nos conduz ao conhecimento de nós mesmo e vice-versa:

"Por outro lado, é notório que o homem jamais chega ao puro conhecimento de si mesmo até que haja antes contemplado a face de Deus, e da visão dele desça a examinar-se a si próprio. Ora, sendo-nos o orgulho a todos ingênito, sempre a nós mesmos nos parecemos justos, e íntegros, e sábios, e santos, a menos que, em virtude de provas evidentes, sejamos convencidos de nossa injustiça, indignidade, insipiência e depravação. Não somos, porém, assim convencidos, se atentamos apenas para nós mesmos e não também para o Senhor, que é o único parâmetro pelo qual se deve aferir este juízo. Pois, uma vez que somos todos por natureza propensos à hipocrisia, por isso qualquer vã aparência de justiça nos satisfaz amplamente em lugar da real justiça. E porque dentro de nós ou a nosso derredor nada se vê que não seja contaminado de crassa impureza, por todo tempo que confinamos nossa mente aos limites da depravação humana, aquilo que é um pouco menos torpe a nós nos sorri como coisa da mais refinada pureza. Exatamente como se dá com um olho diante do qual nada se põe de outras cores senão o preto: julga-se alvíssimo o que, entretanto, é de brancura um tanto esfumada, ou até mesmo tisnado de certa tonalidade fosca".

Em suma, devemos conhecer a Deus e seremos confrontados com quem realmente nós somos, agradecidos por não merecer tal filiação e menos ensoberbecidos de nos considerar acima Dele ou de alguém, não somos merecedores, no entanto Ele nos escolheu. Por isso, devemos ser santos e irrepreensíveis, pois, somos membros de Sua família!

A Deus toda glória, Rm 11.36.

27 de out. de 2014

Depravação Total

Por Morgana Mendonça dos Santos

A Total Depravação antes de ser o primeiro ponto da TULIP, é um ensinamento bíblico, uma verdade que contrasta efusivamente com a visão que a grande maioria tem do ser humano. A visão influenciada pela ideia (Pelagiana) de que o homem precisa de uma receita apenas, pois o problema dele é temporário ou remediável vem nos forçar a ir contra as Escrituras. Uma enfermidade moral resultando uma parcialidade corrompida, isto é, podendo ainda ser “ele” responsável pelas suas escolhas e decisões. Estamos convictos que esse pensamento é uma heresia, não pós-moderna, pelo contrário, bem antiga.

“A expressão ‘pecado original’ não significa que o pecado faça parte da natureza humana como tal, pois ‘Deus fez o homem reto’ (Ec 7.29). Mais exatamente, ‘pecado original’ significa que a pecaminosidade marca a cada um desde o nascimento, na forma de um coração inclinado para o pecado, antes de quaisquer pecados de fato cometidos. Essa pecaminosidade íntima é a raiz e a fonte desses pecados atuais. Ela nos foi transmitida por Adão, nosso primeiro representante diante de Deus. A doutrina de pecado original nos diz que nós não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores, nascidos com uma natureza escravizada ao pecado.” [1]

Segundo o autor Gise Van Baren [2]:

"O que nós devemos entender por 'depravação total'? 'Depravação' significa perversidade, corrupção, o mal inato do homem não regenerado. Adicionar a palavra 'total' a depravação, é enfatizar sem nenhuma sombra de dúvida, a verdade que não há absolutamente nenhuma bondade no homem natural, no homem que é nascido do Adão caído."

As Escrituras Sagradas afirmam com clareza a condição humana caída.

Efésios 2.1 "Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”.

Colossenses 2.13 "e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos”.

O Apóstolo Paulo é claro, oferecendo a realidade do nosso estado antes da regeneração ou novo nascimento. Estávamos mortos, isto é, mortos por conta dos nossos pecados, corrompidos totalmente, de fato, depravados. Todavia, esse homem foi criado à imagem (Ec 7.29) e semelhança de Deus (Gn 1.26-27). Deus deu uma ordem (Gn 2.16-17) ao homem e através dessa obediência o homem poderia obter vida. De forma consciente o homem falhou desobedecendo a Deus (Gn 3.6), rebelando-se contra o seu Criador. Pecado esse conhecido como a "Queda do Homem", trazendo uma trágica realidade: o homem está morto espiritualmente e sofreu uma ruptura na ligação da sua alma com Deus o que mais adiante resultou em morte física.

Romanos 5.12 "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.

Adão como representante de toda a raça humana, afetado pelo pecado e pelo pecado a morte, condicionando assim toda a humanidade a um estado de destituição para com o Criador. Com isso tornando o homem objeto da justa ira de Deus, e por conta desse pecado a morte passa a todos os homens. A humanidade recebeu essa herança da culpa do pecado e por isso todos nascem totalmente depravados e espiritualmente mortos. Significando uma natureza má, não de forma intensiva e sim extensiva, no que se define todo o nosso ser, isto é, intelecto, emoções e vontades, no qual, estão corrompidos pelo pecado.

Romanos 3.10-18 "Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos".

Eclesiastes 7.20 "Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque”.

Salmos 14.1-3 “Diz o néscio no seu coração: Não há Deus. Os homens têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras; não há quem faça o bem. O Senhor olhou do céu para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento, que buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um”.

Compare com o salmo 53 e perceba que é o único Salmo que se repete, gerando uma inabilidade total para reconciliar-se com o Seu Criador, esse homem depravado, por si só, é completamente incapaz de crer em Cristo verdadeiramente. Vejamos o que mais uma vez Paulo diz:

Romanos 3.23 "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus".

Esse estado "destituído" do homem para com Deus o torna eternamente morto, se Deus não tomar a iniciativa de salvá-lo, ele continuará assim. Impossível ao homem fazer algo de si mesmo que contribua para a sua salvação. Essa doutrina chamada por alguns da incapacidade humana ensina que de fato, torna-se impossível que um pecador escolha a Deus. Devendo isso preceder a obra vivificadora e regeneradora do Espírito Santo. O próprio Cristo afirma que a eleição é incondicional, a graça é irresistível.

João 6.44 “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia”.

Essa obra chamada "regeneração" antecede o arrependimento, confissão e crença genuína no Evangelho. O próprio Espírito Santo cumpre a sua função de convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. (João 16.8)

Na Confissão de Fé de Westminster [3], encontramos a seguinte afirmação:

"O homem, por sua queda em um estado de pecado, perdeu completamente toda a capacidade de desejar qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; portanto como homem natural inteiramente contrário ao bem e morto em pecado, ele não é capaz, por sua própria força, de converter-se ou mesmo preparar- se para isso”.

"Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, Ele o liberta de sua natural escravidão ao pecado, e somente por Sua graça, Ele permite que ele livremente deseje e faça o que é espiritualmente bom [...]".

No Catecismo de Heidelberg [4] observamos:

“Somos então tão corruptos ao ponto de sermos totalmente incapazes de fazer qualquer bem que seja, e inclinados para todas as perversidades?

 Resposta: Certamente nós somos, exceto se formos regenerados pelo Espírito de Deus”.

Na Confissão Belga [5] há uma declaração:

"Tornando- se ímpio, perverso e corrupto em todas as suas práticas, ele perdeu todos os dons excelentes, que tinha recebido de Deus. Nada lhe sobrou destes dons, senão pequenos traços, que são suficientes para deixar o homem sem desculpa."

As Escrituras Sagradas, inerrante e suficiente, afirma fazendo assim das confissões e catecismo relevante:

Tito 3.3-5 "Porque também nós éramos outrora insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e deleites, vivendo em malícia e inveja odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu amor para com os homens, não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo."
Ao declarar a depravação em sua totalidade, queremos afirmar três coisas:

 Primeiro, todos os homens, exceto Cristo, são depravados e transgressores (Sl 142.3; Sl 53.2-3)

Segundo, em cada parte, são depravados. Seus atos, emoções, vontades, corações, pensamentos são comprometidos pela sua condição diante de Deus.

Terceiro, de forma completa em cada parte, os homens são depravados. Não há uma parcialidade, cada parte do homem é totalmente depravada e não há nenhum bem em parte alguma.

Com isso veremos a necessidade da Cruz, revelação da Sua Graça, que impossibilita o homem a fazer qualquer coisa para concertar sua real situação para com o Criador de todas as coisas, para a Sua Glória.
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NOTAS:

[1] Bíblia de Estudo de Genebra, Editora: Cultura Cristã.
[2] BAREN, Gise Van. Depravação Total. Fireland Missions: janeiro de 2013
[3] Confissão de Fé de Westminster - Capítulo IX: III-IV.
[4] As três formas de Unidade das Igrejas Refromadas – A Confissão Belga, O catecismo de Heidelberg e Os Canones de Dort. Editora: Puritanos, 2009. (Parte 1, Dia do Senhor 3, Pergunta 8. Ref.: Gn 6.5; Jó 14.4; Is 53.6; Jó 3.3-5.)
[5] As três formas de Unidade das Igrejas Refromadas – A Confissão Belga, O catecismo de Heidelberg e Os Canones de Dort. Editora: Puritanos, 2009. (Confissão Belga - artigo XIV.)