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3 de ago. de 2016

Stranger Things e a Amizade Cristã

Por Pedro Pamplona

Se existe um valor nítido e marcante na série Stranger Things, esse é a amizade. E uma bela amizade, daquelas bonitas de acompanhar. Daquelas que faz você lembrar dos seus amigos e das coisas que já passaram juntos. Daquelas que nos faz lembrar que a amizade é um dos grandes presentes que Deus nos deu, principalmente (não somente) as amizades cristãs. Fora ser amigo de Deus, poderíamos tranquilamente cantar que "não existe nada melhor do que ter amigos de Deus".

Falando nesse tipo de amizade, creio que alguns conceitos errados podem surgir de vez em quando. O primeiro deles é achar que o fato de termos a Jesus substitui nossas amizades terrenas. O segundo é achar que o cristianismo é contra a ideia de termos melhores amigos (isso não seria exclusivismo?). Nenhuma das duas é verdadeira. Eu poderia citar alguns textos bíblicos, mas para isso aqui não virar um textão ainda maior fiquemos apenas com Jesus. Ele tem um relacionamento perfeito entre o Pai e o Espírito na Trindade e mesmo assim teve amigos na terra. Em segundo lugar, Jesus teve amigos mais próximos, como os 12 apóstolos, e dentro desses teve ainda aqueles melhores amigos, João, Pedro e Tiago. Problema resolvido.

Agora vamos pensar em três características fundamentais de uma amizade cristã. Meu objetivo é diferenciar essa amizade das outras e mostrar porque nossos melhores amigos (não os únicos) devem ser companheiros da fé. Stranger Things nos ajudará com as ilustrações.

1. A amizade cristã é construída em torno de Cristo: Isso significa que nossas amizades tem um propósito especial. Assim como o grupo de amigos em Stranger Things se reúne para salvar o quinto amigo desaparecido, nós temos um propósito em comum. Exaltar a Cristo. Esse é um elemento que não está presente em outros tipos de amizade. John Piper falou sobre isso de uma maneira excepcional: "Cristo sempre pretendeu que o seu relacionamento com Ele fosse o pulsar da sua amizade com outros".[1]

2. A amizade cristã tem um código: Nossa amizade é dirigida por um código de honra. Todas as amizades são, ou de forma implícita ou explícita. Alguns amigos deixam claro as regras de convivência, o que acho muito bacana. Nosso grupo de amigos de Stranger Things também faz isso. Durante uma briga esse código é citado. Aquele que começou a briga deveria estender a mão e se desculpar primeiro. E o mais interessante, aquele que desobedecesse o código seria afastado do grupo. Nós temos um código de honra chamado Bíblia. E é esse código que permite a amizade ser construída para exaltar a Cristo. Portanto, se o código leva a amizade até o seu propósito supremo, temos que concluir que ele é mais importante do que os participantes da amizade. A amizade cristã não pode existir fora do código. E esse é o principal erro que cometemos.

3. A amizade cristã custa caro: Não estamos fazendo amigos apenas em busca de prazer e satisfação própria. Aqueles amigos de Stranger Things colocaram a vida em risco pela amizade. Cristo fez ainda mais quando entregou a si mesmo para a morte pela vida dos seus amigos. Jen Thorn escreveu um pequeno texto sobre os custos da verdadeira amizade[2]. Ele enumerou 6: custará sua conveniência pessoal, seu tempo, sua intimidade, seu conforto, suas orações e seu amor. Tudo isso deverá ser derramado em sacrifício na vida dos seus verdadeiros amigos. Parece lindo na teoria, mas poucos estarão dispostos a gastar tudo isso com você. Identifique-os e retribua.

A imagem que ilustra o post, com os três amigos num único abraço, não foi usada por acaso. A amizade trina e eterna entre o Pai, Filho e Espírito Santo é o grande padrão para nossas amizades. Estude sobre isso!

"Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós..." (Jo 17:21)

Quero encerrar dizendo que Cristo morreu para reunir um povo, sua igreja. E é nesse povo que encontraremos esse tipo de amizade. O melhor lugar para encontrar e cultivar suas melhores amizades é na sua igreja local. Não existe elo de amizade mais forte do que entre dois ou mais eleitos do Senhor, pois são unidos pelo agir soberano, salvífico e cristológico de Deus através do seu Espírito.

Aos meus grandes amigos.

Soli Deo Gloria!

***

27 de jun. de 2016

Amor Seguro Amor (1 Jo 4.7-21)

Por Thiago Oliveira

Texto Base: 1 João 4.7-21

7. Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 8. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 9. Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. 10. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. 11. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros. 12. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós. 13. Sabemos que permanecemos nele, e ele em nós, porque ele nos deu do seu Espírito. 14. E vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho para ser o Salvador do mundo. 15. Se alguém confessa publicamente que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus. 16. Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. 17. Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo somos como ele. 18. No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. 19. Nós amamos porque ele nos amou primeiro. 20. Se alguém afirmar: "Eu amo a Deus", mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. 21. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão.

Introdução

Hoje concluiremos o 4º capítulo da primeira carta joanina. Veremos que o apóstolo retoma a pauta do amor ao próximo. “A Primeira Epístola de João é, predominantemente, um livro sobre o amor. Nessa epístola, o verbo amar aparece 28 vezes e seu substantivo correspondente, amor, é usado 18 vezes” (Simon Kistemaker). Aqui ele fundamenta o amor no atributo divino e conclama a sua igreja a servir a Deus amando as pessoas. No mundo em que vivemos, de tamanho egoísmo e hostilidade, resultado no pecado, os cristãos têm a responsabilidade de fazer diferente e exalar o perfume do amor pelos quatro cantos da terra.

Que o Espírito Santo nos faça compreender isso e nos mover na direção de ações concretas que resultem no amar prático.

O Fundamento do Amor (7-10)

O apóstolo conclama os seus leitores e diz que deve existir um amor fraternal entre eles. E a razão disso é que o amor é um atributo divino, faz parte do que Deus é. Deus tem outros atributos, sem os quais ele deixaria de ser Deus. Por exemplo: santidade, justiça, onisciência, onipresença, etc. Mas dentre todos, João escolhe falar sobre o amor para fundamentar o mandamento que temos recebido de Deus, que é amar ao próximo. Se amar é algo que está presente no nosso Senhor, também deve existir em nós. Por isso que se diz que quem não ama não conhece à Deus. Não se trata aqui do conhecimento intelectual. A palavra tem enfoque relacional e sintetiza uma verdade absoluta. Daí, se até então não havia ficado entendido, agora não resta a menor dúvida do porque que o amor é assunto central da vida cristã. Amar nos dá credencial de pertencimento, sendo assim, pode-se afirmar que apenas os que amam, de fato, os seus semelhantes, tem comunhão com o Pai. Isso parece refutar os gnósticos que apontavam para uma experiência de “iluminação” com o objetivo de conhecer a Deus.

Apelando para a obra de Cristo, nosso redentor, João exemplifica o amor através do ato vicário que Jesus realizou. Como disse Agostinho: “A cruz foi o púlpito onde Deus pregou o amor”. Esse ato foi um ato de amor. Os homens, por se rebelarem em pecado, apenas merecem a ira de Deus. Como registrado na carta aos efésios, éramos merecedores da ira (Ef 2.3). Sujeitos destinados ao inferno, pois, Deus odeia o pecado e também quem o pratica. Precisamos ser claros: Deus odeia o pecado e o pecador, contrariando uma famosa frase de efeito que circula entre as igrejas. Se formos para as Escrituras veremos que Deus abomina os pecadores (vide Salmo 5. 5, 11.5). Essa ira é santa, pois santidade e justiça também são atributos divinos. Por amar a santidade e a justiça, Deus odeia os que praticam o inverso e sua ira está fundamentada em seus atributos.

Mas então, se Deus abomina o pecado e odeia os que o praticam, onde o amor se enquadraria? Para respondermos isso é necessário olhar para cruz. Em Cristo vemos o amor, pois, ele resgatou parte dessa massa pecadora ao morrer no lugar deles. Esse amor é gracioso: “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos” (Efésios 2.4,5). Se temos vida, temos por meio de Cristo, devemos isso a ele, louvado seja o cordeiro de Deus que nos vivificou!

O termo propiciação não está nesse texto à toa. Ele significa “desvio da ira”. Toda ira, santa e justa, do Pai recaiu sobre o Filho ao invés de ter caído sobre nós. É como se Cristo fosse um para-raio que atrai para si a carga energética e mortal do relâmpago. Ele foi castigado em nosso lugar, como diz o profeta Isaías no capítulo 53 de seu livro. Jesus é aquele homem de dores transpassado, moído no lugar daqueles que por seu sangue foram comprados. Nós não o amávamos, mesmo assim ele nos amou e nos salvou. É graça, maravilhosa graça que não somos capazes de mensurar o seu tamanho. Ela extrapola toda e qualquer noção de espaço que temos. Em Cristo, fomos e somos assombrosamente amados pelo Pai!

O Desdobramento do Amor (11-16)

É por ter o fundamento do amor de Deus em nossas vidas, que devemos amar as pessoas. João atenta para o fato da proximidade com que temos das pessoas em nossa volta. Podemos vê-las, tocá-las, senti-las. Deus, por mais que se relacione conosco de uma maneira real, é um relacionamento que não podemos ver a olho nu, muito menos sentir de maneira tangível. Deus é imanente, mas é ao mesmo tempo transcendente, ficando muito além da nossa total compreensão. Nessa proximidade com os nossos semelhantes, somos aperfeiçoados pelo próprio Senhor que em nós atua por meio do seu Santo Espírito. Da mesma forma que o Pai demonstrou seu amor de maneira visível, ao enviar seu Filho ao mundo, sendo o próprio Deus encarnado, nosso amor também precisa ter esse viés “encarnacional”, ou seja, deve se concretizar nas nossas relações para com nossos semelhantes.

O Espírito Santo é um presente que nos foi dado e é Ele quem nos conduz em amor e nos dá a segurança da salvação. É nesse relacionamento íntimo com o Espírito que sabemos que pertencemos a Deus. Também é Ele quem nos dá a compreensão da graciosa obra salvífica, da relação do Pai com o Filho, que arquitetaram o plano para redimir os que amaram desde a eternidade (Ef 1.3-6). O mesmo Espírito nos direciona a confessarmos a Cristo como sendo nosso salvador.

Tal condução é uma benção. Ela nos dá confiança de que graças à atuação poderosa do Espírito Santo através de nós, perseveraremos até ouvirmos a chamada celestial. Temos que se confiantes no amor de Deus para conosco e lembrarmos, como povo dEle, que Deus é amor! Esses são os desdobramentos de quem tem Cristo por fundamento.

A Plenitude do Amor (17-21)

O amor aperfeiçoado é o amor pleno. Todos que foram comprados por Cristo e receberam dele o Espírito Santo caminham neste pleno amor e por isso não temerão o juízo vindouro. Não devemos temer castigo algum, pois, o que Jesus conquistou por nós foi o perdão dos pecados e a garantia de que habitaremos na presença do Deus que é santo, e para isso ele tem nos santificado. Devemos ter a noção de que estamos seguros não pela forma que o amamos, mas por causa de como Cristo nos amou. Ele nos amou primeiro, sendo o nosso amar, um ato secundário e em resposta a sua atuação em nossas vidas. Por isso um velho hino cristão diz: “Que segurança, sou de Jesus, e já desfruto o gozo da luz, sou por Jesus herdeiro de Deus, ele nos leva a glória dos céus”. O músico e poeta brasileiro Stenio Marcius descreve na canção “O Sonho” a confiança inabalável que o crente deve possuir:

Sonhei que eu tinha morrido, não lembro direito do quê. Me vi frente a um alto e belo portão com uma placa escrito "Céu". Bati com um certo receio, um anjo saiu pra atender. Me disse "Pois não?”, eu falei "Quero entrar, pois aí é o meu lugar". O anjo me disse: "Curioso, eu não acho seu nome em nossos registros". Eu disse: "Procure num livro antigo, escrito antes que houvesse mundo, e ali achará com a letra do Rei meu nome em tinta vermelha". Alguém entregou para o anjo registros que eu reconheci. Compêndio de todas as leis que eu quebrei e os pecados que cometi. O anjo olhava os registros visivelmente assutado, e me perguntou: "Foi assim que viveu?" Eu então respondi que sim. "Então como é que você tem coragem de vir nessa porta bater?". Eu disse: "Olhe bem no final dessa lista, você reconhece esta letra?"E o anjo sorrindo me disse "É verdade, o Rei escreveu PERDOADO". E ao som dessa bela palavra aquele portão se abriu. Então eu entrava cantando um hino. Que pena que o sonho acabou! Ficaram comigo aquelas palavras. Primeiro eu quero ver meu Salvador”.

Agora o capítulo termina com uma ressalva que fará os hipócritas temerem: Quem diz amar a Deus e odeia seu irmão, é mentiroso. Ora, o mentiroso não é amado, pois o provérbio diz que: “O Senhor odeia os lábios mentirosos (Pv 1. 22)”. Assim, na nossa confiança no amor que recebemos, temos que cumprir o mandamento de amamos uns aos outros.

Aplicação

- Reconheço que recebi amor do Senhor sem que tenha merecido, e por isso devo amar o meu semelhante de maneira graciosa?

- Tenho procurado imitar a Cristo, amando de maneira concreta, colocando-me no lugar do outro para compartilhar de suas alegrias e dores?

- Estou seguro de que Deus me ama em Cristo e que seu amor me conduz em segurança para o céu?

13 de jun. de 2016

Desfrutando da Vitalidade do Amor (1 João 3:11-24)

Por Thiago Oliveira

Texto Base: 1 João 3:11-24

11. Esta é a mensagem que vocês ouviram desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. 12. Não sejamos como Caim, que pertencia ao Maligno e matou seu irmão. E por que o matou? Porque suas obras eram más e as de seu irmão eram justas. 13. Meus irmãos, não se admirem se o mundo os odeia. 14. Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. 15. Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo. 16. Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. 17. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? 18. Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. 19. Assim saberemos que somos da verdade; e tranquilizaremos o nosso coração diante dele 20. quando o nosso coração nos condenar. Porque Deus é maior do que o nosso coração e sabe todas as coisas. 21. Amados, se o nosso coração não nos condenar, temos confiança diante de Deus 22. e recebemos dele tudo o que pedimos, porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que lhe agrada. 23. E este é o seu mandamento: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e que nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou. 24. Os que obedecem aos seus mandamentos permanecem nele, e ele neles. Deste modo sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu.


Introdução

Após falar sobre as bênçãos e os deveres dos filhos de Deus para com o seu Senhor, o apóstolo João fala acerca do amor para com o próximo. Isso nos remete aos dois maiores mandamentos, ensinados por Cristo (Mt 22:36-40), que por sua vez, remetem as duas tábuas da lei, uma que representa nosso dever para com Deus e a outra o nosso dever para com os nossos semelhantes.  Passaremos então a focalizar o amor ao próximo e deste tema discorreremos cientes de que é um assunto que não pode ser fixado em nossas mentes sem que desça até o coração e do coração faça com que as nossas mãos se disponham a auxiliar nossos irmãos.

O Amor e a Vida (11-15)

João relata que a mensagem do amor é antiga, sendo revelada desde o princípio. O próprio já havia tocado na questão e parece querer que seus leitores se lembrem disso (ver cap. 2. V 7). Em seguida, passa a comparar os que não amam com aquele que foi o primeiro assassino na história humana, a saber, Caim, que matou seu próprio irmão. Este homicídio, retratado logo após o relato da Queda, demonstra que o ódio que Caim sentiu por seu irmão o levou a cometer uma violência que ceifou a vida de Abel. João interpreta a motivação do crime: Caim odiou a Abel porque o segundo era justo, i. é., reto. A retidão do seu irmão lhe causava um sentimento repugnante, pois, ela desvelava toda a perversidade que Caim não queria que ficasse tão nítida. Vem então o verso 13 e diz que os crentes não devem se surpreender se o mundo também os odiar, pois, os santos deste mundo se assemelham a Abel e chamam para si as atenções do mundo que é mau e jaz em trevas, e por isso deseja eliminar os que iluminam e deixam à mostra sua podridão. A palavra epistolar está de acordo com o evangelho de mesma autoria: “Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas”. João 3:20

Os portadores do ódio, que contrasta com o amor, estão mortos espiritualmente. Logo, quem ama tem vida. O cristão não pode pagar mal com mal. Está escrito: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” Romanos 12:21. João chama todo aquele que não ama o seu próximo de assassino e lembra que este que tira a vida, também não a tem. São verdadeiras as palavras do escritor Mark Twain: “O homem não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar”. Por isso que o amor e a vida andam de mãos dadas e não podem se divorciar. Como legítimos filhos de Deus, precisamos ter amor perante os nossos semelhantes.

O Amor e a Verdade (16-20)

Estamos acostumados a lidar com o amor de maneira romântica, sentimentalista, talvez isto seja resultado dos artefatos culturais tais como livros, filmes, novelas. Mas, para o Cristianismo o amor ultrapassa a esfera sentimental. O amor bíblico não é abstrato, mas sim, concreto. Foi o amor que fez com que Cristo se entregasse na cruz pelos que são seus. O amor deriva em ação. Por isso o exemplo é acerca do irmão que está passando por necessidade. Ora, se temos recursos para prover o próximo e não o disponibilizamos, não podemos ser hipócritas e dizer que o amamos, pois, se amássemos, agiríamos de uma forma que supriria as suas necessidades.

Amar de verdade é permanecer na presença da Verdade, e sabemos que Jesus Cristo é a verdade (Jo 14.6). O trecho que diz para nós tranquilizarmos o coração diante dEle é uma referência ao divino. A frase quer dizer que se nós amamos verdadeiramente, estaremos conectados a Cristo e isso tranquiliza o coração pelo fato de que essa conexão nos garante a vida eterna. Quando nosso coração nos acusa, isso revela mudança que advém do Santo Espírito. Deus sonda corações e sabe o que se passa em nosso íntimo. Logo, ele saberá distinguir quando o amor é da boca para fora de quando o amor flui do mais fundo recôndito do coração humano, seguindo o altruísmo encarnado de Cristo, que amava por meio de ações concretas.

O Amor e as Bênçãos (21-24)

Ainda tratando sobre a consciência, João demonstra o alento dos que possuem a consciência tranquila, e por isso, podem desfrutar de bênçãos que advém do próprio Deus. O apóstolo estimula a nos aproximarmos do SENHOR com confiança. Simon Kistemaker ao comentar o verso 21 deste texto diz o seguinte: “Se sua consciência está tranquila, a avenida para o trono da graça está aberta”. E por isso João nos brinda com a preciosa promessa de termos as nossas orações respondidas. Atentemos que aqui não há uma doutrina que estabelece que Deus nos dará tudo aquilo que pedimos. De maneira alguma Ele faria isso, pois, como nosso Pai, e nosso Senhor, sabe que nem tudo o que pedimos é bom, tanto na essência quanto na motivação. João diz que “já recebemos” e não que “receberemos”. Aquele que está em conformidade com a Palavra do Senhor é por Ele abençoado com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais (Ef 1.3).

Obedecer aos mandamentos não faz com que tenhamos acesso as bênçãos celestiais como se as alcançássemos por mérito. A obediência é resultante do amor e da gratidão que temos para com Deus. Dos mandamentos que devemos observar, o apóstolo João frisa duas coisas essenciais que são marcas indeléveis dos cristãos: Fé em Cristo e amor o próximo. Sem fé, é impossível agradar a Deus (Hb 11.6), mas não é apenas isso. Paulo em I Coríntios (Cap. 13) nos lembra também que sem amor, a fé não tem valor. Que cumpramos os seus estatutos sem peso, mas com júbilo. Assim procedendo, temos uma certeza: “sabemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu”. E não existe benção maior que esta!

Aplicações

Exerço uma fé vívida que me faz amar ao meu próximo, ao ponto de sacrificar-me em prol dele?

E o meu amor tem saído da esfera abstrata, tomando forma e resultando em fazer o bem para o meu semelhante?

Tenho desfrutado do amor e da bondade do Pai celestial, ciente de que sou muito abençoado por tê-lo comigo e obedecer aos seus mandamentos?