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15 de jul. de 2016

Deus Transmite Conhecimento de Si Próprio ao Homem

Por Louis Berkhof

Kuyper chama a atenção para o fato de que a teologia, como conhecimento de Deus, difere num importante ponto de todos os demais tipos de conhecimento. No estudo de todas as outras ciências, o homem se coloca acima do objeto de sua investigação e ativamente extrai dele o seu conhecimento pelo método que lhe pareça mais apropriado, mas, na teologia, ele não pode colocar-se acima, e, sim, sob o objeto do seu conhecimento. Noutras palavras, o homem só pode conhecer a Deus na medida em que Este ativamente se faz conhecido. 

Deus é, antes de tudo, o sujeito que transmite conhecimento ao homem, e só pode tornar-se objeto de estudo do homem na medida em que este assimila e reflete o conhecimento a ele transmitido pela revelação. Sem a revelação, o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. E, mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Deus que se descerra aos olhos da fé. Contudo, pela aplicação da razão humana santificada ao estudo da palavra de Deus, o homem pode, sob a direção do Espírito Santo, obter um sempre crescente conhecimento de Deus. Barth também salienta o fato de que o homem só pode conhecer a Deus quando Deus vem a ele num ato de revelação. Ele afirma que não existe nenhum caminho do homem para Deus, mas somente de Deus para o homem, e diz repetidamente que Deus é sempre o sujeito, e nunca um objeto de conhecimento. A revelação é sempre algo puramente subjetivo e jamais poderá transformar-se em algo objetivo como apalavra escrita da Bíblia e, como tal, vir a ser um objeto de estudo. A revelação foi dada, de uma vez por todas, em Jesus Cristo, e em Cristo chega aos homens no momento existencial das suas vidas. Apesar de haver elementos de verdade no que Barth diz, a sua construção da doutrina da revelação é alheia à teologia reformada. 

Todavia, deve-se manter a posição que afirma que a teologia seria totalmente impossível, sem uma auto-revelação de Deus. E quando falamos de revelação, empregamos o termo no sentido estrito da palavra. Não se trata de uma coisa na qual Deus é passivo, um mero “tornar-se manifesto”, mas uma coisa na qual Ele ativamente se faz conhecido. Não é, como muitos pensadores modernos o vêem, um aprofundamento discernimento espiritual que leva a um sempre crescente descobrimento de Deus por parte do homem; mas sim, um ato sobrenatural de auto-comunicação, um ato prenhe de propósito, da parte o Deus Vivente. Não há nada surpreendente no fato de que Deus só pode ser conhecido se Ele se revela, e na medida em que o faz. Até certo ponto isso é verdade também quanto ao homem. Mesmo depois que a psicologia fez um estudo particularmente exaustivo do homem, Alexis Carrel pôde escrever um livro muito persuasivo sobre, O Homem, Esse Desconhecido, “Porque”, diz Paulo, “qual dos homens sabe cousas do homem, senão o seu próprio espírito que está nele? Assim também as cousas de Deus ninguém conhece, senão o Espírito de Deus”. (1 Co 2.11). 

O Espírito Santo perscruta todas as cousas. Até mesmo as profundezas de Deus, e as revela ao homem. Deus tem-se dado a conhecer. Ao lado do conhecimento arquetípico de Deus, que se acha no próprio Deus, há também um conhecimento ectípico dele, dado ao homem por meio da revelação. Este último relaciona-se com o primeiro como uma cópia com o seu original e, portanto, não tem as mesmas proporções de clareza e perfeição. Todo o nosso conhecimento de Deus é derivado da Sua autorevelação na natureza e na Escritura. 

Consequentemente, o nosso conhecimento é, de um lado, ectípico e analógico, mas, de outro, é também verdadeiro e preciso, visto que é uma cópia do conhecimento arquetípico que Deus tem em Si mesmo. 
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Fonte: Teologia Sistemática, p. 33-34. 

25 de nov. de 2015

Lendo o jornal com Habacuque

Por Erik Raymond  

Estou pregando no livro de Habacuque, e isso tem sido muito instrutivo para mim. Uma área de muito encorajamento tem sido a relação entre os eventos correntes e o plano redentivo de Deus. Penso que isso pode ser particularmente útil quando pensamos nos eventos dos dias de hoje.

Se você não está familiarizado com o livro, deixe-me te ajudar. Israel está em uma posição complicada no Século 7 a.C. A Assíria havia lhe dado alguns chutes, deportando muitos dos seus e dominando quem restou. Por conta da rebelião do povo contra a Palavra de Deus, eles estão sofrendo sob o domínio sufocante de uma nação pagã. Habacuque olha ao redor e vê as coisas piorando, ao invés de melhorarem. Ele clama a Deus no capítulo 1, declarando que está fatigado e um tanto frustrado com o que ele vê. Ele quer respostas, tanto quanto quer salvação.

14 de mai. de 2015

O Argumento Moral Para a Existência de Deus

Por W.L. Craig

Embora William Lane Craig represente a apologética evidencialista, e nós seguimos a pressuposicionalista, este vídeo contendo o argumento moral para a existência de Deus é coerente e não choca com nenhum dos argumentos pressuposicionalistas. A própria Escritura afirma que Deus é bom e que Ele, com sua Lei, nos obriga a seguirmos por caminhos bons. Certo e Errado são noções que só fazem sentido num mundo criado e governado por uma divindade absoluta e soberana. E essas são proposições bíblicas.

17 de abr. de 2015

O Contraste entre Deus e o Homem

Por Luciana Barbosa

"No ano em que o rei Uzias morreu, eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado, e a aba de sua veste enchia o templo. Acima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés, e com duas voavam. E proclamavam uns aos outros: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória. Ao som das suas vozes os batentes das portas tremeram, e o templo ficou cheio de fumaça. Então gritei: Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Então um dos serafins voou até mim trazendo uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma tenaz.Com ela tocou a minha boca e disse: Veja, isto tocou os seus lábios; por isso, a sua culpa será removida, e o seu pecado será perdoado. Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: Quem enviarei? Quem irá por nós? E eu respondi: "Eis-me aqui. Envia-me!"

Is.6:1-8

Estudando essa passagem de Isaías, extraí duas lições importantíssimas para nós cristãos genuínos, e que serve também para aqueles que ainda não tem a verdadeira compreensão da doutrina da antropologia (doutrina do homem). Algo que ultimamente tem me incomodado ao conversar com crentes e que também escuto dentro da igreja, é um ensino antibíblico, onde o homem acha-se a última bolacha do pacote, colocando-se no lugar de Deus, ou seja, invertendo os padrões bíblicos, colocando Deus na posição de servo e o homem de Senhor. Dividiremos esse trecho de Isaías em duas partes: O conhecimento de Deus (versículos de 1-4) e o de nós mesmos (versículos de 5-8). 

17 de nov. de 2014

Deus se arrepende?

Por Kevin DeYoung

Não era para Israel ter desejado um rei, mas pediram por um mesmo assim. Assim, Deus deu a eles o que queriam: um impressionante rei humano, assim como as outras nações tinham. Seu nome era Saul, e ele não durou muito. Ele desobedeceu a ordem divina, enfurecendo o profeta-juiz Samuel e entristecendo o Senhor Deus.

Veio a palavra do SENHOR a Samuel, dizendo: “Arrependo-me de haver constituído Saul rei, porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras” (1 Samuel 15.10-11).

Em 1 Samuel 15.35, nós vemos uma declaração semelhante:

“Nunca mais viu Samuel a Saul até ao dia da sua morte; porém tinha pena de Saul. O SENHOR se arrependeu de haver constituído Saul rei sobre Israel”.

Fortes palavras, e surpreendentes também. O que significa Deus dizer “Eu me arrependo”? Deus pode mudar de opinião? Deus é ignorante quanto ao futuro? Deus é como nós, em cometer erros honestos e, às vezes, olhar para suas decisões passadas e dizer: “Puxa, queria poder voltar e fazer isso diferente”? Parece que o nosso Deus comete erros e é forçado a mudar de curso.

Ainda assim, sabemos que essa não é a maneira correta de entender o arrependimento de Deus por causa do que lemos alguns versos antes em 1 Samuel 15:

Então, Samuel lhe disse: “O SENHOR rasgou, hoje, de ti o reino de Israel e o deu ao teu próximo, que é melhor do que tu. Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa” (28-29).

Devemos ter em mente um dos grandes princípios da interpretação bíblica: o autor não era completamente estúpido. Não temos razões (além das nossas próprias inclinações) para pensar que o versículo 29 foi inserido por um escriba posterior, nem qualquer razão para pensar que o versículo 29 não está em concordância com os versículos 11 e 35. Claramente, se queremos ser sábios e consistentes estudantes da Escritura, temos que admitir que, em certo sentido, Deus possa se arrepender, enquanto que em outro sentido, Deus não seria Deus se ele se arrependesse.

O autor de 1 Samuel — sem falar do Autor por trás de 1 Samuel — está tentando nos ensinar algo a respeito de Deus. Por um lado, nosso Deus não é estático, monótono e sem vida. Como um Ser pessoal e relacional, a atividade de Deus no mundo está sujeita à mudança, dando espaço para todo o dinamismo que temos em nossos relacionamentos pessoais. A tendência sempre foi haver conflito na história pactual entre Deus e seres humanos, mas isso não significa que que haja conflito dentro do ser interior de Deus (veja Horton, The Christian Faith, 240-241). Conforme os caminhos de Deus aparecem para nós, haverá mudança e variação, mas como Deus é, em seu caráter e sua essência, não pode haver variação ou sombra de mudança (Tiago 1.17; cf. Malaquias 3.6; Hebreus 13.8; 2 Timóteo 2.13).

Quando Deus reflete sobre a desobediência de Saul, ele usa um termo que faz sentido para nós: o termo “arrependimento”. Mas isso não significa que Deus era ignorante quanto ao pecado de Saul ou tenha sido pego de surpresa por sua rebelião. Como John Piper salienta, Deus é bem capaz de lamentar uma situação que ele próprio já sabia de antemão e fez acontecer. Em outras palavras, o arrependimento de Deus não é análogo de todos os ângulos ao nosso arrependimento. Esse parece ser o ponto que o versículo 29 está explicitamente argumentando. Deus pode olhar para Saul e dizer: “Entristeço-me por ele ter pecado; é hora de encontrar outro rei” mantendo, ainda assim: “Eu nunca mudo de ideia”.

É natureza do nosso relacionamento pactual com Deus conhecê-lo como alguém que responde e reage, o que deve parecer para nós muito mais incrível, visto que é natureza do nosso Deus Fiel nunca mentir, arrepender-se ou mudar de ideia (Números 23.19).

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16 de out. de 2014

Desde a Eternidade Deus Tem Um Plano Imutável

Por A.A. Hodge

Como Criador e Governador infinitamente inteligente e providente, Deus certamente teve um propósito definido com referência à existência e destino de tudo quanto criou, compreendendo em um só sistema todo-perfeito seu fim principal nesse particular e todos os fins e meios subordinados em referência a esse fim principal. E já que ele é um Ser eterno e imutável, seu plano certamente existiu em todos os seus elementos, perfeito e imutável, desde a eternidade. Visto ser Deus uma Pessoa infinita, eterna, imutável e absolutamente sábia, poderosa e soberana, certamente que seu propósito participa dos atributos essenciais de seu próprio ser. E visto que a inteligência de Deus é absolutamente perfeita e seu plano eterno; visto que seu fim último é revelado como que almejando unicamente sua própria glória, e toda a obra da criação e da providência é observada como a formar um sistema único, segue-se que seu plano é também único — uma intenção todo-compreensiva, provida de todos os meios e condições, bem como dos fins predestinados.

O plano de Deus compreende e determina todas as coisas e eventos de todo gênero que venham suceder.

Isso se faz infalível à luz do fato de que todas as obras de Deus, da criação e da providência, se constituem num sistema.

Nenhum evento é isolado, quer no mundo físico quer no mundo moral, quer no céu quer na terra. Todas as revelações super-naturais de Deus, e cada avanço da ciência humana, corroboram para tornar esta verdade conspicuamente luminosa. Daí a intenção original que determina um evento deve também determinar todos os outros eventos relacionados a ela, como causa, condição, ou conseqüente, direto e indireto, imediato ou remoto. Por isso, o plano que determina os fins gerais deve também determinar até mesmo o elemento mais minúsculo compreendido no sistema do qual esses fins são partes. As ações livres de agentes livres constituem um elemento eminentemente importante e efetivo no sistema de coisas. Se o plano de Deus não determinou eventos dessa classe, ele não poderia ter feito nada certo, e seu governo do mundo seria feito contingente e dependente, e todos os seus propósitos, falíveis e mutáveis.

As Escrituras expressamente declaram essa verdade:

a. De todo o sistema em geral. Ele "opera todas as coisas segundo o conselho de sua própria vontade". Ef 1.11.

b. Dos eventos fortuitos. Pv 16.33; Mt 10.29,30.

c. Das livres ações dos homens. "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor, que o inclina a todo o seu querer." Pv 21.1. "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas." Ef 2.10. "Porque Deus é quem opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo sua boa vontade." Fp 2.13.

d. Das ações pecaminosas dos homens. "A este que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos." At 2.23. "Porque verdadeiramente contra o teu Santo Filho Jesus, que tu ungiste, se juntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que tua mão e teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer." At 4.27-28. Compare-se Gn 37.28 com Gn 45.7-8; Is 10.5.

Deve lembrar-se, contudo, que o propósito de Deus com respeito aos atos pecaminosos dos homens e anjos réprobos, em nenhum aspecto causa o mal nem o aprova, mas apenas permite que o agente mau o realize, e então o administra para seus próprios sapientíssimos e santíssimos fins. O mesmo decreto infinitamente perfeito e autoconsistente ordena a lei moral que proíbe e condena todo o pecado, e ao mesmo tempo permite sua ocorrência, limitando e determinando o canal preciso ao qual ele se confinará, o fim preciso ao qual se dirigirá e governando suas conseqüências para o bem. "Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para o bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida." Gn 50.20.

Esse propósito todo-compreensivo não é condicional, nem no todo nem em qualquer de seus elementos constituintes. Em nenhum aspecto sua presciência depende de eventos não compreendidos em e determinados por seu propósito. Ele é absolutamente soberano, dependendo somente do "sábio e santo conselho de sua própria vontade".

Uma distinção bastante óbvia deve sempre ser mantida em mente entre um evento ser condicionado a outros eventos, e o decreto de Deus, com referência a esse evento, ser condicionado. Os calvinistas crêem, como todos os homens deveriam, que todos os eventos no sistema de coisas dependem de suas causas e são pendentes de condições. Isto é, se um homem não semeou, também não colherá; se semeou, e todas as influências climáticas favoráveis agem, ele colherá. Se um homem crê, ele será salvo; se não crê, também não será salvo. Mas o propósito todo-compreensivo de Deus abarca e determina a causa e as condições, tanto quanto o evento interrompido nelas. O decreto, em vez de alterar, determina a natureza dos eventos e suas relações mútuas. Ele faz as ações livres, livres em relação aos seus agentes; e os eventos contingentes, contingentes em relação às suas condições. Enquanto que, ao mesmo tempo, ele faz todo o sistema de eventos, e muitos elementos envolvidos nele, infalivelmente futuros. Decreto absoluto é aquele que, enquanto pode determinar muitos eventos condicio-nais, determinando suas condições, ele mesmo não é interrompido em nenhuma condição. Decreto condicional é aquele que determina que certo evento acontecerá sob a condição que algum outro evento não decretado aconteça, a que evento não decretado o próprio decreto, tanto quanto o evento decretado, se acha pendente.

Os decretos de Deus são incondicionais.

Todos quantos crêem num governo divino concordam com os calvinistas em que os decretos de Deus relativos aos eventos produzidos por causas necessárias são incondicionais. O único debate se relaciona aos decretos que são concernentes às livres ações dos homens e dos anjos. Os socinianos e racionalistas mantêm que Deus não pode infalivelmente prever as livres ações, porque à luz de sua própria natureza elas são incertas até que sejam realizadas. Os arminianos admitem que ele infalivelmente as prevê, mas negam que ele as determine. Os calvinistas afirmam que ele as prevê como infalivelmente futuras, porque ele determinou que elas assim o fossem.

A veracidade do ponto de vista calvinista prova-se:

À luz do fato de que, como demonstrado supra, os decretos de Deus determinam todas as classes de eventos. Se cada evento que vem a lume é preordenado, é evidente que não há nada indeterminado sobre o qual o decreto pudesse ser condicionado.

Porque os decretos de Deus são soberanos. Isso é evidente — (a) Porque Deus é o eterno e absoluto Criador de todas as coisas. Todas as criaturas existem, e são o que são, e possuem as propriedades peculiares a elas, e agem sob as próprias condições em que agem, em obediência ao plano divino, (b) É diretamente afirmado na Escritura. Dn 4.35; Is 40.13-14; Rm 9.15-18; Ef 1.5.

O decreto de Deus inclui e determina os meios e condições dos quais os eventos dependem, tanto quanto dos eventos propriamente ditos: "Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis." Ef 1.4. "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é o dom de Deus." Ef 2.8. "Deus desde o princípio vos elegeu para a salvação, pela santificação do Espírito e fé da verdade." 2 Ts 2.13. No caso do naufrágio de Paulo, Deus primeiramente prometeu a Paulo que absolutamente nenhuma vida se perderia. At 27.24. Paulo, porém, disse, no versículo 31: "Se estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos."

As Escrituras declaram que a salvação de indivíduos está condicionada ao ato pessoal de fé, e ao mesmo tempo que o decreto de Deus com respeito à salvação dos indivíduos repousa tão-só em "o conselho de sua própria vontade", "seu próprio beneplácito". "Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)." Rm 9.11. "Sendo predestinados segundo o propósito daquele que opera todas as coisas segundo o conselho de sua própria vontade." Ef 1.11; 1.5; Mt 11.25-26.

29 de set. de 2014

O Deleite de Deus na Redenção

Por Jhonatan Edwards


"Deus se deleita na obra salvífica de Cristo como um fim supremo da criação"

A obra da redenção realizada por Jesus Cristo é de tal maneira referida como conseqüência da graça e do amor de Deus pelos homens que não pode ser coerente com a ideia de que ele procura lhes comunicar o bem apenas de modo subordinado. Expressões como as de João 3.16 ("Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"). 1 João 4.9,10: ("Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados"). Bem como Efésios 2.4: ("Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou"), apresentam outra ideia. Caso, porém, isso se desse apenas em razão de um fim ulterior, inteiramente distinto do nosso bem, todo amor seria concretizado e manifestado nesse objeto supremo, estritamente falando, e não no fato de que ele nos amou, ou que teve por nós a mais alta consideração. Se o nosso bem ou interesse não é considerado de modo supremo, mas apenas subordinado, é, em si mesmo, tido como nada para Deus.

As Escrituras sempre mostram que as grandes coisas que Cristo fez e sofreu foram, no sentido mais direto e estrito, decorrentes do seu imenso amor por nós. O apóstolo Paulo expressa esse fato da seguinte maneira em Gálatas 2.20: "Vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim". Efésios 5.25: "Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela". O próprio Cristo diz em João 17.19: "E a favor deles eu me santifico a mim mesmo". E as Escrituras mostram Cristo descansando na salvação e na glória do seu povo, quando estas são obtidas depois de terem sido buscadas acima de todas as coisas, como tendo alcançado o seu objetivo, recebido o prêmio pretendido e desfrutado o trabalho da sua alma no qual ele se satisfaz, como recompensa desse labor e das agonias extremas. Isaías 53.10,11: "Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si". Ele vê o trabalho da sua alma ao ver sua descendência, os filhos gerados por esse trabalho. Isso implica que Cristo se deleita, de modo absolutamente verdadeiro e próprio, em obter a salvação da sua igreja não apenas como um meio, mas como aquilo no que ele se regozija e se satisfaz, mais direta e particularmente.

Esse fato pode ser comprovado pelas passagens das Escrituras de acordo com as quais Cristo se regozija ao obter esse fruto de seu trabalho e aquisição, como o noivo quando recebe sua noiva. Isaías 62.5: "Como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus". E quão enfáticas e veementes quanto ao seu propósito são as expressões em Sofonias 3.17: "O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo". Pode-se dizer o mesmo de Provérbios 8.30,31 ("Então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia, eu era as suas delícias, folgando perante ele em todo o tempo; regozijando-me no seu mundo habitável e achando as minhas delícias com os filhos dos homens") e das passagens que falam dos santos como a herança de Deus, suas jóias e propriedade peculiar, afirmações amplamente corroboradas em João 12.23-32:

Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preserva-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará. Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei. A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: Foi um anjo que lhe falou. Então, explicou Jesus: Não foi por mim que veio esta voz, e sim por vossa causa. Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo".