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20 de abr. de 2016

Estamos na Última Hora: Cuidado com os Enganadores

Por Thiago Oliveira

Texto Base: 1 João 2:18-29

18. Filhinhos, esta é a última hora; e, assim como vocês ouviram que o anticristo está vindo, já agora muitos anticristos têm surgido. Por isso sabemos que esta é a última hora.

19. Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos.

20. Mas vocês têm uma unção que procede do Santo, e todos vocês têm conhecimento.

21. Não lhes escrevo porque não conhecem a verdade, mas porque vocês a conhecem e porque nenhuma mentira procede da verdade.

22. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo: aquele que nega o Pai e o Filho.

23. Todo o que nega o Filho também não tem o Pai; quem confessa publicamente o Filho tem também o Pai.

24. Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai.

25. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.

26. Escrevo-lhes estas coisas a respeito daqueles que os querem enganar.

27. Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele como ele os ensinou.

28. Filhinhos, agora permaneçam nele para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos envergonhados diante dele na sua vinda.

29. Se vocês sabem que ele é justo, saibam também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.

Introdução

Algo que não foi dito ainda durante estas exposições da primeira epístola de João é que o gnosticismo era uma heresia que vinha sido combatida pelos apóstolos e mestres da igreja primitiva. Os adeptos desta “religião de mistério” criam que através do conhecimento chegariam a Deus. Todavia era um conhecimento advindo não do estudo, mas sim de experiências místicas e imersões no campo do sobrenatural. Deixei para falar neste momento em que o apóstolo João trata dos falsos mestres. João não diz em seu texto que eles são gnósticos, mas é possível presumir isso ao olhar o contexto histórico que compreende o período em que a carta foi escrita.

Soma-se aos gnósticos os judeus que negavam a divindade de Jesus e que não o reconheciam como o Messias enviado por Deus. Estas eram as ameaças a sã doutrina, as duas correntes que mais traziam prejuízo a Igreja. Aqui veremos que a Igreja precisa se manter fiel no ensino da Escritura e se preparar para enfrentar os falsos mestres e os que têm o espírito do anticristo. Eles serão vencidos desde que os santos que integram o Corpo de Cristo retenham o conhecimento da verdade.

Vivendo na última hora (18-19)

Na linguagem do apóstolo, a igreja primitiva já estava vivendo a “última hora”, sendo assim, não seria exagero afirmar que vivemos no “último minuto”. Esta cronologia regressiva aponta para o momento culminante da história, o evento que encerrará o tempo presente e dará início a eternidade. Tudo que Deus revelou por meio de sua Palavra foi cumprido em Cristo. A esperança final e expectativa da Igreja é que se cumpra o retorno daquele que já veio e há de vir novamente, mas dessa vez virá entronizado e julgará os vivos e os mortos (At 10.42 e 2Tm 4.1). A segunda vinda de Cristo é o evento que deve ser aguardado por toda geração de cristãos. É salutar vivermos na perspectiva de sermos a geração que verá o “grande dia” chegar.

O anticristo é um termo presente apenas nos escritos joaninos, todavia, levando em consideração outras nomenclaturas, temos registros sobre ele em outras passagens da Escritura (Dn 11.36-37, MT 24.15 e 2Ts 2.3). Este representa não apenas um oponente do Senhor Jesus, mas alguém que deseja ocupar o seu lugar. Por isso, podemos presumir que sua oposição pode de início não ser aberta, e sim velada. O anticristo pode seduzir a muitos, pois ele tem o espírito do Enganador, e se colocar como alguém que está dando continuidade ao que Cristo iniciou. Ele será manifesto próximo ao retorno do Senhor, e terá obtido prestígio e veneração entre os que são do mundo. Será adorado como uma divindade e quando estiver estabelecido seu trono na terra, realizará uma ferrenha perseguição a Igreja, o que culminará em martírio dos crentes e apostasia, pois aqueles que são apenas cristãos nominais, diante da perseguição vão demonstrar sua verdadeira faceta de ímpios.

Só que antes que este anticristo final apareça, seu espírito já opera no mundo por meio de seus representantes infiltrados dentro da Igreja. João adverte que nas fileiras da própria Igreja encontramos alguns de seus algozes. Os falsos mestres e enganadores, os homens que desejam controlar o rebanho do Senhor por jactância e ambição estão entre estes anticristos. Estes vão se revelar com o tempo e voluntariamente abandonarão a Igreja para trilhar o que pensam ser seu próprio caminho, mas na verdade é o caminho de Satanás. João diz que mesmo eles tendo saídos do meio da congregação, nunca pertenceram a Jesus, de fato. Aqui fica um alerta: Ser membro de uma igreja não é sinal de pertencer a Cristo, muitos estão no lado oposto da batalha, são agentes do anticristo fingindo ser cristãos.

Unção e Conhecimento (20-23)

A Igreja é portadora da unção do Cristo. Ele é o ungido e foi ele quem nos ungiu com seu “óleo precioso da unção”. Este é um termo que é mal empregado em muitos arraiais evangélicos. Há quem fale em diversas “unções”. Lembro-me de uma música que falava assim “recebe a cura, recebe a unção. Unção de ousadia, unção de conquista, unção de multiplicação”. Isto é fruto de desconhecimento bíblico. A unção aqui é ter o Espírito Santo e com isso a clara distinção entre os que são separados por Cristo e os que são do mundo. Jesus foi ungido pelo Espírito Santo (At 10.38) e nos ungiu com o mesmo Espírito (At 1.8 e 2.4). Este Espírito é nosso selo, a marca que demonstra de quem somos propriedade (Ef 1.13).

Os mestres gnósticos afirmavam ter recebido uma unção especial, se achavam diferenciados. De acordo com a heresia da gnosis, existiam dois tipos de cristãos: os incipientes e os iluminados por um conhecimento que estava encoberto para os demais cristãos. Isso vai de encontro à ortodoxia bíblica. A única distinção visível nas Escrituras é entre crentes e incrédulos, eleitos e não eleitos, salvos e não salvos. Dentre os crentes não existe divisão. Todos estão sob a tutela do mesmo Espírito, n’Ele batizados na mesma fé (1Co 12:13 e Ef 4:4). Por isso, João afirma que o conhecimento da verdade está atrelado a verdadeira unção no Espírito, marca de todo o cristão. É o Espírito Santo quem livra o crente do engano, fazendo com que ele não abrace o conteúdo herético dos falsos mestres.

A heresia se manifesta na negação do senhorio de Jesus Cristo. Não existe nenhum caminho para se chegar a Deus que não seja Cristo, ele é a única via (Jo 14.6), o único mediador entre o Pai celeste e os homens (1Tm 2.5). Quando algum ensino se desvia do que diz o Evangelho em busca de outras alternativas de crescimento espiritual ou salvação, ele deve ser prontamente rejeitado pelos que têm o Espírito Santo. Como afirma o apóstolo, a mentira não procede da verdade, sendo assim, os que estão firmes nas verdades reveladas na Palavra de Deus, inspiradas pelo Espírito, não irão sucumbir aos falsos ensinamentos e não negarão o senhorio de Jesus.

Firmeza no que já se conhece (24-27)

Para que se permaneça unido com Deus, o cristão deve se apegar aquilo que já foi transmitido e que ele já conhece como sendo palavra divina. A inovação doutrinária é um câncer que tem matado a comunhão de muitas igrejas com o Senhor. O apóstolo João afirma que não devemos buscar novidades, mas sim ter um alicerce na pregação apostólica (o que foi ouvido desde o princípio), pois esta é o fundamento da Igreja, que tem em Cristo a sua pedra angular (Ef 2.20). Não é à toa quando se diz que a pregação expositiva é uma marca distintiva de uma igreja saudável. E quando a Igreja permanece firme na Palavra, ela tem a garantia que veio do próprio Senhor e que está presente na Escritura. Jesus prometeu vida eterna para os membros do seu Corpo.

Diante daquilo que já é conhecido e tendo a unção do Espírito, a igreja está apta para enxotar de seu meio os enganadores. Não é necessário que alguém traga ensinamento novo. O apóstolo Paulo adverte que qualquer outra revelação que não se enquadre com o conteúdo da pregação apostólica deve ser considerada maldita (Gl 1.8). Diante da ameaça dos que querem enganar a Igreja com palavras persuasivas que estão em desacordo com a Escritura, sejamos intransigentes, isto é, não toleremos os falsos ensinamentos fazendo concessões. Quando se trata de ortodoxia - o correto ensino doutrinário - não pode haver espaço para a flexibilidade. Para erva-daninha não se coloca remédio, se coloca veneno. Nesse caso, a Palavra da Verdade mata a erva-daninha chamada heresia.

Aptos para o dia do Juízo (28-29)

Finalizando o capítulo 2, João associa a firmeza doutrinária a aptidão para comparecer disnte do SENHOR no dia do juízo. Aqueles que titubearam na ortodoxia serão envergonhados perante aquele que é Justo. Justiça aqui é equivalente à retidão ou santidade.  Podemos afirmar que todo aquele que tem consciência de quem Deus é, irá procurar viver de modo que O agrade. Por isso, os que demonstram frutos de justiça, isto é, andam de maneira íntegra, seguindo retamente os preceitos do Senhor sem adulterá-los com falsos ensinamentos, dão prova de que são nascidos de Deus.

O cristão precisa ter confiança e não medo do juízo vindouro, pois, está seguro em Cristo. Este nos justificou para que andemos como Ele andou, fazendo a vontade do Pai e recebendo a dádiva da vida eterna quando Ele voltar.

Aplicações

1. Preciso viver na expectativa da volta de Cristo, ansiando estar com ele no Reino dos céus. Não há nenhum prazer neste mundo que se compare ao gozo de desfrutar das bênçãos celestiais no lugar que Jesus tem preparado para os seus.

2. Não posso dar ouvidos aos falsos ensinamentos, e devo confrontar todo e qualquer ensino com a Palavra da Verdade. Conhecimento de Deus e da palavra revelada é marca indelével de um cristão.

3. Não devo temer o dia do juízo, mas sim confiar de que meus passos andarão por caminhos retos, não por algo de bom que exista em mim, mas porque Aquele que me guia é a luz que me faz enxergar o chão em que piso e a cidade celestial que já desponta no horizonte.

Louvado seja Deus!  

24 de fev. de 2015

A serpente no poste e a cruz de Cristo

Por Nick Batzig

Quando Jesus explicou a natureza de sua morte expiatória na cruz para os israelitas de seus dias, Ele apelou para o que é, indiscutivelmente, um dos símbolos redentivos mais fascinantes da história da peregrinação de Israel pelo deserto: a serpente de bronze no poste (Números 21.4-9; João 3.14).

A serpente de bronze é o tipo mais claro da obra salvífica de Jesus no Calvário. De todos os tipos e sombras, não houve outro que tenha predito melhor a grande obra do Salvador do que esse. Jesus podia ter apontado para a páscoa ou para qualquer tipo de sacrifício que demonstrasse sua futura morte expiatória. Mas ele escolheu apontar para esse tipo em sua discussão com Nicodemos.

Aqui há 14 pontos retirados do livro “The Mystical Brazen Serpent with the Magnetical Virtue Therefore, or Christ Exalted Upon the Cross”, escrito por John Brinselym; do sermão “Moses and the Bronze Serpent”, feito por Tim Keller e do livro “Brief Exposition of the Epistles to the Seven Churches in Asia”, de Robert Murray M’Cheyne. Todos eles nos ensinam como Números 21.4-9 serve para nos aprofundarmos no entendimento do Evangelho:

1. A serpente de bronze foi o meio de salvação usado por Deus para os Israelitas que foram mordidos pelas serpentes no deserto. Jesus crucificado é o meio de salvação de Deus para todos aqueles que foram infectados mortalmente pelo veneno do pecado no deserto desse mundo caído.

2. A serpente de bronze era a única forma de salvação para os Israelitas. Jesus crucificado é o único meio de salvação para o judeu e para o gentio (considere a leitura histórico-redentiva de João 3.16 à luz de João 3.15. No Antigo Testamento, os israelitas eram amados por Deus, por isso receberam uma forma tipológica de cura; no Novo Testamento nos é dito que “Deus ama o mundo”, o que inclui judeus e gentios, de tal forma que ele deu Seu Filho para a redenção do Seu povo, que inclui pessoas de toda língua, tribo, nação e linguagem).

3. A serpente de bronze era uma representação visual da ira de Deus contra o povo murmurador. Cristo crucificado é uma representação visual da ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça humana.

4. A serpente de bronze representava a propiciação da ira de Deus. Quem olhasse para a serpente saberia que a ira de Deus seria afastada. A cruz de Cristo demonstra a ira de Deus, assim como a afasta. A misericórdia e a verdade se encontram na cruz; justiça e paz se beijam na morte de Jesus.

5. A serpente de bronze era uma representação simbólica das serpentes venenosas que morderam o povo e trouxeram consequências mortais por conta do pecado. Cristo representa aqueles que foram arruinados pelo pecado, tomando para si um corpo em semelhança da carne pecaminosa – embora sem pecado – para que Ele pudesse, por meio de sua morte, salvar aqueles que foram envenenados pelos seus próprios pecados até a morte. Ele se fez maldição para que nós recebêssemos as bênçãos de Deus.

6. A serpente de bronze servia para lembrar os Israelitas da causa de seus pecados. Ela tinha por finalidade levar à memória deles para o Jardim do Éden, onde Satanás veio em forma de serpente para tentar seus primeiros pais. A punição para o pecado, trazido ao mundo por meio da tentação daquela antiga Serpente, foi colocada sobre Jesus na cruz. A penalidade do nosso pecado recaiu sobre Ele. Ele se tornou pecado por nós, para que, Nele, nos tornássemos justiça de Deus.

7. A respeito da serpente no deserto, a cura dependia da palavra de Deus a respeito de seu meio de salvação. Com Cristo crucificado, a salvação é dependente da palavra de Deus a respeito de seu meio de Salvação.

8. Assim como os israelitas envenenados foram chamados a crer no comando de Deus – e a serpente de bronze foi o objeto desse comando -, nós vemos que tanto o meio quanto o instrumento da salvação de Deus são tipificados. No relato da interação de Jesus com Nicodemos, tanto o meio quanto o instrumento de Deus para a salvação são apontados. O Salvador crucificado é o meio da salvação de Deus. A fé (ou “olhar para Ele”) é o instrumento da salvação.

9. Os israelitas infectado foram chamados externamente a olharem para a serpente de bronze para serem curados. Os pecadores são chamados externamente a olharem para o Filho de Deus crucificado para serem salvos.

10. A serpente foi levantada na frente dos Israelitas, no meio do campo, para que todos aqueles que fossem mordidos olhassem para ela e fossem curados. Cristo foi levantado – primeiro na cruz, depois em sua ressurreição, então em sua ascensão e, por fim, na pregação do Evangelho – para que os pecadores olhem para Ele e sejam salvos.

11. A serpente de bronze era o central e totalmente suficiente meio de cura dos Israelitas. A cruz é o central e totalmente suficiente meio da obra salvífica de Cristo para curar todo aquele que nele crer.

12. Assim como Deus escolheu um homem, Moisés, para levantar a serpente de bronze no poste para que as pessoas olhassem e fossem curadas, Deus escolheu ministros para proclamarem Jesus por meio da pregação de Cristo crucificado, para que todo homem possa contemplá-lo e ser salvo.

13. Assim como olhar para a serpente de bronze era um meio tolo de cura para os israelitas envenenados, olhar para o Salvador crucificado (um homem executado publicamente) é um meio tolo, aos olhos do mundo, para a salvação de pecadores condenados à morte.

14. A serpente de bronze foi levantada em favor de muitos, para a salvação da ira de Deus e das consequências mortais do pecado. Cristo foi levantado em favor de muitos, para a salvação da humanidade da ira de Deus e das consequências mortais do pecado. Somente aqueles que olham, em fé, para Cristo, são redimidos da mordida mortal do pecado.
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Fonte: Reforma21

30 de jan. de 2015

Palavra de Deus: Amo, logo medito

Por Fred Lins

Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia.
Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos; pois estão sempre comigo.
 Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação.
Sou mais prudente que os antigos; porque guardo os teus preceitos.
Desviei os meus pés de todo caminho mau, para guardar a tua palavra.
 Não me apartei dos teus juízos, pois tu me ensinaste.
 Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca.
Pelos teus mandamentos alcancei entendimento; por isso odeio todo falso caminho.

Sl 119.97-104

Em tempos que o nominalismo, perde-se a capacidade de perceber a ação de Deus por meio da sua essência, pois, o homem a ofusca pela necessidade arrogante de si mesmo. Falar da Palavra de Deus torna-se desagradável, provoca coceira nos ouvidos (I Tm 4.3b) e reduz a Igreja a um balcão medíocre de pedidos, onde, Deus atende e simplesmente peço o que quero (fast-food da fé). Apesar de todo contexto desfavorável que constatamos na Igreja contemporânea é possível perceber a ação de Deus preservando a sua Palavra e movendo o coração de homens e mulheres em favor de amar e meditar todos os dias de maneira contínua em seus decretos e juízos.

O salmo 119 é o maior capítulo da Bíblia: Possui 176 versículos, divididos em 22 grupos, grupos estes iniciados pelas letras do alfabeto hebraico (um salmo acróstico), cada grupo possuindo assim 8 versículos. Em uma métrica perfeita, não percebida em nossas versões e traduções. Este maravilhoso texto é exemplo de profunda celebração e exaltação aos decretos divinos (Bíblia). Em todo capítulo - das mais variadas maneiras - o salmista usa diversos sinônimos e os emprega de maneira muito peculiar deixando assim o exemplo de amor e dedicação ao livro que revela quem é Deus e os seus propósitos.

A porção acima destacada (versículos 97-104) mostra pelo menos cinco razões pelas quais vale a pena amar e meditar nas sagradas letras. O salmista inicia o seu poema fazendo uma declaração de amor ao texto sagrado, deixando muito claro que é impossível amar essa palavra sem que isso redunde em meditação, haja vista, que Aquele que tem os mandamentos de Deus e os guarda este é o que o ama (Jo 14.21). Amar a Deus tem como resultado amor e devoção a sua palavra que, por conseguinte modo leva-nos a meditar (extrair verdades espirituais). Esta é maravilhosa equação:

Meditação = Amar a Deus + Amar a sua Palavra

A meditação, produz em nós, segundo o texto, cinco reações, vejamos cada uma delas:

1.    Mais sabedoria - Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos; pois estão sempre comigo (v.98).

É inquestionável pensar em sabedoria e rapidamente não vir a nossa mente Salomão. A sabedoria que foi uma característica notadamente dada por Deus a Salomão (II Cr 9.23) surtiu maravilhosos efeitos nele e em parte dos seus 40 anos de reinado. A evidência dessa maravilhosa sabedoria consegue ser percebida em todas as atitudes de uma vida aliançada a Deus e tem como início o temor a Deus (Pv 9.10a).

2.    Mais entendimento - Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação (v.99).

A origem deste termo tem uma relação direta com o uso da razão, da mente, da consciência, da inteligência... Existe uma relação menos conflituosa do que a maneira como este conflito é pintado e que há muito tempo, desde idade média, vem sendo debatido: Fé x Razão. Na realidade há menos conflitos entre estas duas realidades e há mais similaridades que possamos imaginar. O entendimento da Escritura passa pela mente, mas necessita de fé para ser compreendida, não consiste na eliminação de uma destas verdades para validação da outra, mas uma relação de profunda cumplicidade entre dois termos que se harmonizam para uma compreensão correta e sadia das sagradas letras.

3.    Mais prudênciaSou mais prudente que os velhos; pois guardo os teus preceitos (v.100).

O termo que traduz de maneira mais aproximada a palavra prudência seria percepção correta. E na realidade é isso que a palavra de Deus tem a capacidade de nos oferecer. Ela nos empresta o olhar divino e nos ensina a andar sobre uma nova percepção, um novo olhar, uma nova capacidade de entendimento (além da razão, mas sem excluí-la). Traduz a mesma ideia que Jesus deixa aos seus discípulos quando na grande missão expõe o seguinte: Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudente como as serpentes e inofensivos como as pombas. (Mt 10.16).

4.    Livramento - Desviei os meus pés de todo caminho mau, para guardar a tua palavra (v.101).

Quando Jesus está ensinando os seus discípulos orar e os ensina a oração do Pai Nosso, trabalha a ideia de livramento na mesma perspectiva deste salmo, que tem o sentido de empurrar, puxar, tirar a força. O nosso desejo enquanto natureza é pecaminoso, o que pensamos e fazemos é contaminado pelo pecado e por nossas concupiscências, ou seja, não há bem em nós, mas o livramento de Deus nos condiciona a andar em seus preceitos e obedecer a sua Lei, não por nós, mas pela manifestação da sua bondade, Graça e misericórdia.

5.    Firmeza através do ensinamento - Não me apartei dos teus juízos, pois tu me ensinaste (v.102).

Uma das melhores coisas que Deus nos permite experimentar é o conhecimento, e me refiro a conhecimento macro, geral, científico. O conhecimento é libertador, é edificante, é envolvente, tal como o conhecimento de Deus que também é libertador. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8.32). Grande parte do contexto de fé que vivenciamos tem abdicado do ensino, negligenciado a doutrina e cedido aos pressupostos da pós-modernidade, do conhecimento pessoal e intuitivo.
O salmista encerra esta série com duas maravilhosas declarações: declarando que o sabor da palavra de Deus é doce, é agradável, é palatável. De fato só é possível dizer isso quando por essa palavra se é transformado, liberto. Somente assim tais verdades fazem sentido e tornam-se doces como mel e não amargos como fel. A segunda declaração está com o afastamento do caminho mal que vem também como resultado do conhecimento e entendimento adquirido por essa palavra.
Que o nosso Deus conceda a sua Igreja - por meio do seu Santo Espírito - a preservação e direção que são providenciados por meio da sua verdade e seus estatutos e que ela seja a nossa luz e lâmpada em meio ao mundo enegrecido pelo pecado e turvado pelas transgressões.

28 de jan. de 2015

Uma paixão pela aversão à vontade de Deus


Por Morgana Mendonça

Encontramos em apenas quatro capítulos do livro de Jonas um ensino absoluto da soberania de Deus sobre toda a Sua criação, a revelação do seu caráter e providência. O livro de Jonas que narra suas experiências na grande comissão aos gentios tem muito a dizer a nós, que somos cristãos dos dias atuais. O texto onde estaremos meditando traz preciosas lições, juntamente como o livro todo. O aspecto missiológico está de forma bem clara introduzida na mensagem central do livro: a salvação dos gentios. Por hora, veremos a questão de forma exortativa sobre a conduta de Jonas e doutrinaria sobre o ensinamento de Deus.

A comissão dada por Deus a Jonas afetou as suas emoções, a ponto de fugir do único Deus verdadeiro que é onipresente (Jn 1.3). Que contradição! A presunção e desobediência de Jonas levou um navio com uma razoável quantidade de homens a viverem entre a vida e a morte (Jn 1.4), enquanto ele apenas dormia um sono profundo (Jn 1.5). Que endurecimento de coração! Ou seja, o conhecimento que Jonas tinha sobre Deus não significava piedade, isto é, vida em obediência as Suas ordens, uma prática. Notamos um cristão, que conhece o Deus que serve, porém a sua paixão pela aversão a Sua vontade o leva a uma decadência espiritual, que começa com a desobediência interior (Jn 1.12).

O navio quase chega a pique e Jonas é acordado pelo capitão (Jn 1.6), ao falar sobre a realidade e sobre a verdade dos acontecimentos, ele é jogado ao mar (Jn 1.15), seu coração está endurecido, que difere dos pagãos no navio, que fazem uma aliança com o Senhor (Jn 1.16).

A experiência de Jonas no ventre do peixe é incrível, ele ora ao Senhor (Jn 2.1), Deus livra Jonas, e mais uma vez da à ordem de ir pregar em Nínive (Jn 3.1-2). Jonas levanta e prega contra Nínive, "quarentas dias e a cidade será subvertida" (Jn 3.4). Uma mensagem de pura condenação, no entanto, para a grande insatisfação do profeta, a cidade é poupada por haver se arrependido e por ter confessado seus pecados (Jn 3.10). O profeta ora ao Senhor com muita indignação pedindo a morte (Jn 4.3), a correção do Senhor vem trazendo uma grande lição ao profeta (Jn 4.10-11).

Jonas vive uma ortodoxia, isto é, conhecimento teológico, uma doutrina certa. Mas a sua ortopraxia deixa muito a desejar. Podemos mencionar até a ausência dos sentimentos certos, no qual chamamos de ortopatia. Um bom cristão (ortodoxo) deve praticar uma ortopatia (sentimento certo) e ortopraxia (uma pratica correta e coerente), caso contrário será um fariseu. Um coração endurecido e recalcitrante, sua intrigante indignação contra a misericórdia de Deus sobre os pagãos, desembocou em uma insensibilidade na sua conduta prática.

Devemos avaliar isso em partes, o texto que avaliaremos está em Jonas 4.1-5. No verso primeiro é dito sobre como Jonas estava. "Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado" (Jonas 4.1). Jonas ressente por conta da misericórdia de Deus sobre os ninivitas. No segundo verso, Jonas justifica sua desobediência mesmo com tal conhecimento de Deus e faz isso em oração. "E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal" (Jonas 4.2). Jonas comprova nessa oração a sua teologia, sua doutrina, seu conhecimento sobre os atributos de Deus. No entanto, esse conhecimento não provoca em Jonas uma piedade para a Glória de Deus.

No terceiro verso Jonas faz um pedido a Deus, por tamanha indignação, ele diz: "Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver" (Jonas 4.3). No capítulo dois, Deus concede a Jonas livramento, ele deseja viver, contemplar o templo santo do Senhor, ele clama a Deus, e agora no capitulo quatro pede duas vezes a morte (Jn 4.3 e 4.8), pois a misericórdia oferecida por Deus para poupar Nínive não parece ser justo aos olhos do profeta. Eis aqui o que a paixão pela aversão a vontade de Deus pode causar na vida de um cristão. A falta de piedade, ou seja, a desobediência, produz um endurecimento no coração. O conhecimento que Jonas tem sobre Deus não o leva a uma conduta cristã, resultando, todavia, em vida vazia, farisaica, apenas religiosa ou fanática denominacionalmente.

No quarto verso, Deus questiona o profeta, "E disse o Senhor: Fazes bem que assim te ires?" (Jonas 4.4). Nesse dialogo, Jonas é questionado por conta do seu tamanho ressentimento. Seria por conta da sua reputação como um possível falso profeta? Pois o que havia sido proclamado não havia acontecido. Ou será que ele estava preocupado com a honra de Deus, o seu nome? Pois Deus não fizera aquilo que tinha dito. Ou, Jonas realmente estava aborrecido com o fato de Deus ter poupado o povo, inimigo de Israel?

Vemos que no quinto verso o profeta não responde a pergunta, e procura um lugar para ver o que haveria de acontecer à cidade. "Então Jonas saiu da cidade, e sentou-se ao oriente dela; e ali fez uma cabana, e sentou-se debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade" (Jonas 4.5). Sabemos que o dialogo continua, e Jonas é corrigido por Deus por tamanha falta de piedade, "E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?" (Jonas 4.11).

De que adianta tanto conhecimento, ser reconhecido pelos cargos, ser ativo no ministério, se isso não provoca transformação de vida e uma conduta piedosa? A obediência de Jonas no capitulo três mostra que foi com motivações erradas no seu coração. Jonas, não admite que Deus possa salvar quem merecia morrer. Jonas, não percebe que a sua vida também deveria ser julgada por Deus, ele foi tratado com a misericórdia que alcançou também os ninivitas. Devemos perguntar: é possível um homem mesmo com uma confissão de fé (Jn 1.9) querer viver uma vida avessa a vontade de Deus?

Uma grande lição para os cristãos contemporâneos, pós-modernos e secularizados. Conhecimento sem prática gera religiosidade sem vida. Conhecimento que não transforma, deforma. É necessário conhecimento das Escrituras para não errar (Mt 22.29), Deus deseja que prossigamos em conhecê-lo (Os 6.3), é isso que Deus quer de nós – conhecimento (Os 6.6). O principio para tal conhecimento é o temor a Deus (Pv 1.7), sobretudo esse conhecimento deve gerar vida em nós (1Tm 1.5), prática bíblica. Precisamos viver para a glória de Deus, quer façamos qualquer coisa (1Co 10.31) devemos ser ouvintes e praticantes da Palavra (Tg 1.22-25).

E Deus mesmo sabendo que temos um coração obstinado como o de Jonas, cumprirá seus decretos e propósitos, independente da nossa paixão pela aversão a Sua vontade. Por Cristo, Jonas foi lembrado, o único sinal que deveria ser dado era o de Jonas (Mt 12.38-41), logo, devemos entender que Cristo é o nosso exemplo e não Jonas, no quesito obediência a missão. Cristo é a verdadeira ortodoxia e ortopraxia, em sua ultima tentação foi levado a orar pedindo que a vontade de Deus fosse feita e não a Dele (Mt 26.39).

Éramos os seus inimigos, mas por nós Cristo sofreu a ira de Deus, com compaixão e graça nos concedeu perdão para os nossos pecados. Os ninivitas foram poupados, nós fomos poupados! E quando formos chamados para ir, que o nosso conhecimento humilhado provoque uma vida piedosa em obediência. Jonas foi o único profeta que ficou indignado por vê seu ministério frutificando, Jonas desejava o fracasso da missão. Que ao olhar para Jonas possamos nos identificar com Cristo, Aquele que suportou tudo ate a morte, e conforme o apostolo Paulo disse: "E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz" (Fp 2.8).

"É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios? Também dos gentios, certamente". Romanos 3.29.

Somente a Deus toda a Glória.

7 de out. de 2014

O Precioso Salmo 119


Por Morgana Mendonça dos Santos


Fico a meditar em que situação, com que sentimentos, por quais motivos o autor desse salmo entrega-se em oração ao Senhor. Um resumo ou uma compilação não seria tão simples, um exame minucioso dessa pérola nos faria refletir melhor sobre as emoções e sentimentos inspirados que nos trouxe a essa revelação tão sublime sobre o Ser de Deus e Sua Palavra. Questiono a falta de pessoas com um coração tão obstinado em desejar obedecer a Deus, em amar a Sua lei, em mergulhar no Seu conhecimento, em envolver-se tão inteiramente nos Seus mandamentos.


Um salmo, que em 176 versos, é repetido diversas vezes as palavras: lei, obedecer, mandamentos, meditar, ensinar, estatutos, decretos, promessas. O seu clamor para aprender seus mandamentos e por eles viver é uma verdadeira súplica pelo conhecimento divino. A sua exortação para que possamos viver uma vida piedosa e santa, a indicação de uma vida devota aos estudos da lei, a maneira como devemos cultuar ao Senhor, a incansável petição para viver em obediência aos seus mandamentos. Chamado por alguns do salmo octonário, porque, em cada oito versículos sucessivos, as palavras iniciais de cada linha começa com a mesma letra, na ordem do alfabeto hebraico. Um poema em acróstico com 22 estrofes, um cântico mencionando a cada verso os atributos da palavra de Deus.

De forma repetitiva e bem peculiar, o autor desse salmo introduz sistematicamente de forma inspirada a doutrina revelada por Deus, a estrutura do salmo revela a possibilidade de ensino sobre cada doutrina que é apresentada em cada estrofe. O maior capítulo da Bíblia concentra-se em fazer uma bela apologia sobre a Palavra de Deus. Abraçar o salmo 119, faz arder o coração numa devoção cristã autêntica, uma verdadeira exposição de como orar, glorificar e agradecer a esse Deus tríuno.

Salmos 119.1 "Bem-aventurados os que trilham com integridade o seu caminho, os que andam na lei do Senhor!"

Do início ao fim, o salmista não se desvia do seu objetivo de vida, isto é, viver em obediência ao Senhor.

Salmos 119.176 "Desgarrei-me como ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueço dos teus mandamentos."

Uma pérola, que precisa ser escavacada, quanto mais meditado mais encontrado seu profundo tesouro, suas características diversas, onde encontramos exortação, gratidão, exaltação ao único que é digno e devoção cristã. As Escrituras Sagradas, nossa biblioteca inspirada, inerrante e infalível, deve nos levar a uma vida cativa em obediência. O salmista nos adverte a obediência: Salmos 119.30 "Escolhi o caminho da fidelidade; diante de mim pus as tuas ordenanças". O salmista clama por sabedoria e conhecimento: Salmos 119.33-34 "Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos teus estatutos, e eu o guardarei até o fim. Dá-me entendimento, para que eu guarde a tua lei, e a observe de todo o meu coração".

Durante séculos, o livro de salmos foi modelo de oração, cânticos e petições ao Senhor, nosso Deus. O salmo 119 exemplifica as várias atitudes do salmista em render-se ao senhorio divino: Salmos 119.58; 62; 132; 137; 142; 145; 146 "De todo o meu coração imploro o teu favor; tem piedade de mim, segundo a tua palavra. A meia-noite me levanto para dar-te graças, por causa dos teus retos juízos. Volta-te para mim, e compadece-te de mim, conforme usas para com os que amam o teu nome. Justo és, ó Senhor, e retos são os teus juízos. A tua justiça é justiça eterna, e a tua lei é a verdade. Clamo de todo o meu coração; atende-me, Senhor! Eu guardarei os teus estatutos. A ti clamo; salva-me, para que guarde os teus testemunhos".

O entendimento do Sola Scriptura e Tota Scriptura permeia esse salmo, o salmista descreve quão valioso é os Seus estatutos, testemunhos, mandamentos, ordenanças, lei, promessas. Discorre em amor e zelo pela verdade, em cada verso expõe a sede por viver uma vida cativa a palavra de Deus. Salmos 119.174 "Anelo por tua salvação, ó Senhor; a tua lei é o meu prazer". Salmos 119.167 "A minha alma observa os teus testemunhos; amo-os extremamente".

Salmos 119.97; 111; 113; 127; 139; 140; 159; 163 "Oh! quanto amo a tua lei! ela é a minha meditação o dia todo. Os teus testemunhos são a minha herança para sempre, pois são eles o gozo do meu coração. Aborreço a duplicidade, mas amo a tua lei. Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro, sim, mais do que o ouro fino. O meu zelo me consome, porque os meus inimigos se esquecem da tua palavra. A tua palavra é fiel a toda prova, por isso o teu servo a ama. Considera como amo os teus preceitos; vivifica-me, Senhor, segundo a tua benignidade. Odeio e abomino a falsidade; amo, porém, a tua lei".

O que questiono e ao mesmo tempo reflito, acerca do livro dos Salmos é sobre como vivemos distantes dessa essência voltada a devoção que ardia o coração do salmista de tanto fervor e amor pelas Escrituras Sagradas. Algumas palavras de Lutero [1] sobre o livro dos Salmos: “não coloca diante de nós somente a palavra dos santos, (...) mas também nos desvenda o seu coração e o tesouro íntimo de suas almas”, onde aprendemos a “falar com seriedade em meio a todos os tipos de vendavais”, e que o saltério “faz promessa tão clara acerca da morte e ressurreição de Cristo e prefigura o seu Reino, condição e essência de toda a cristandade – e isso de tal modo que bem poderia ser chamado de uma ‘pequena Bíblia’”. Ele também afirmou: “É muito benéfico ter palavras prescritas pelo Espírito Santo, que homens piedosos podem usar em suas aflições”. Em seu leito de morte, ele recitava continuamente: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito; tu me remiste, SENHOR, Deus da verdade” (Sl 31.5).

João Calvino [2], que comentou todo o livro de Salmos, escreveu: "Tenho por costume denominar este livro – e creio não de forma incorreta – de ‘Uma anatomia de todas as partes da alma’, pois não há sequer uma emoção da qual alguém porventura tenha participado que não esteja aí representada como num espelho. Ou melhor, o Espírito Santo, aqui, extirpa da vida todas as tristezas, as dores, os temores, as dúvidas, as expectativas, as preocupações, as perplexidades, enfim, todas as emoções perturbadas com que a mente humana se agita. (...) A genuína e fervorosa oração provém, antes de tudo, de um real senso de nossa necessidade, e, em seguida, da fé nas promessas de Deus. É através de uma atenta leitura dessas composições inspiradas que os homens serão mais eficazmente despertados para a consciência de suas enfermidades, e, ao mesmo tempo, instruídos a buscar o antídoto para sua cura. Numa palavra, tudo quanto nos serve de encorajamento, ao nos pormos a buscar a Deus em oração, nos é ensinado neste livro".

Mesmo que de forma generalizada, esse dois reformadores, comentou a respeito do saltério, portanto, de forma simples e direta, convido meu caro leitor a meditação e exame desse salmo, que Deus em Sua eficácia e poder nos ajude, nos ensine a guardar os Seus mandamentos! Se nunca leu o salmo 119, deleite-se na palavra de Deus com o mesmo fervor que o salmista assim o faz.

A Deus toda Glória, Rm 11.36.
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[1] “Prefácio ao Livro dos Salmos 1545”, “Sumários sobre os Salmos e razões da tradução”, “Trabalhos do Frei Martinho Lutero nos Salmos apresentados aos estudantes de teologia de Wittenberg” e “Os sete Salmos de Penitência”, Martinho Lutero – Obras selecionadas, v. 8: interpretação bíblica, princípios (São Leopoldo: Sinodal & Porto Alegre: Concórdia, 2003), p. 33-37, 224-233, 331-492, 493-548.
[2] João Calvino, O livro dos Salmos, v. 1 (São José dos Campos: Fiel, 2009), p. 26-27.