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14 de mar. de 2016

Luz ou Trevas: O Amor é quem Indica Onde Estamos (1 João 2. 7-11)

Por Thiago Oliveira

Texto base

1 João 2:7-11

7. Amados, não lhes escrevo um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que vocês têm desde o princípio: a mensagem que ouviram.

8. No entanto, eu lhes escrevo um mandamento novo, o qual é verdadeiro nele e em vocês, pois as trevas estão se dissipando e já brilha a verdadeira luz.

9. Quem afirma estar na luz mas odeia seu irmão, continua nas trevas.

10. Quem ama seu irmão permanece na luz, e nele não há causa de tropeço.

11. Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas; não sabe para onde vai, porque as trevas o cegaram.

Introdução

Na exposição anterior ficou claro que Cristo opera em nós a santificação. Ser santificado é ter a imagem moldada à imagem do nosso Senhor e Salvador. É um processo que evolui de degrau em degrau até que na Glória possamos desfrutar de uma vida integralmente santa, ao ponto de não mais haver uma possibilidade de pecarmos.

Uma pessoa santa é aquela que tem uma busca incansável por agradar a Deus, servindo-O diligentemente. Daí a importância de guardar os preceitos divinos. Quem é santificado ama a Lei do Senhor, anela e suspira ao ouvir a Palavra de Deus. Quem é santificado não busca cumprir os mandamentos para obter a salvação, esta já foi alcançada. Cumprir os mandamentos, para o santo, é uma doxologia. Louvamos a Cristo quando cumprimos com a Palavra de sua graça. A partir de agora, veremos que o apóstolo João irá tratar sobre aquilo que chamamos de o resumo da lei, os dois mandamentos mais importantes.

O Velho e o Novo (7-8)

João ao dirigir-se a igreja enfatiza que suas palavras não constituem em um novo mandamento, pois, o que fala já está registrado na Escritura. Um mandamento que era transmitido também via tradição oral.  Todavia, um pouco mais adiante, ele fala que sim, o mandamento é novo. O porquê disso?

Aqui é interessante frisarmos que a Bíblia é um livro que apresenta unidade de conteúdo entre o velho e o novo testamento. Muitas vezes é dito que o novo fez do velho algo sem valor doutrinário ou prático para a igreja. Isto é um equívoco. João começa a tratar do resumo da Lei, que é o mandamento do amor. Em Levítico 19.18, ou seja, na lei mosaica, já temos este mandamento. Logo, desde o princípio da igreja (entendamos que Israel era a congregação do SENHOR no Antigo Testamento), amar ao próximo estava entre os deveres do povo de Deus como sendo um povo santo.

Então porque em seguida João trata este mandamento como novo? O apóstolo faz isso por entender que embora exista uma continuidade entre os testamentos que não podemos desprezar, pois, o novo é gerado pelo que o precede, existe um alargamento do mandamento na administração da nova aliança. No contexto do Antigo Testamento, havia a lei escrita externamente. Na nova aliança o Senhor faz o seguinte, conforme Jeremias 31.33: Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Este é um texto que fala sobre o novo pacto que Deus faria com Israel. Sabemos que tal pacto se aplica a igreja e que Cristo é o seu mediador, selando a aliança com seu próprio sangue (Lucas 22.20). Assim, o mandamento, conforme o apóstolo João nos fala é verdadeiro em nós, “pois as trevas estão se dissipando”. Ele enfatiza que aqueles irmãos estavam cumprindo tal mandamento ao ponto de evidenciar que andavam como Jesus andou. Isto era um indício de que eles estavam saindo das trevas, ou seja, um indício da sua salvação e santificação.

Para finalizar esta parte, vale lembrar que o próprio Cristo fez com que o amor tivesse um novo significado. O mandamento diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Na última ceia com os doze, Jesus diz o seguinte: "Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” João 13:34. Aqui vemos que devemos amar tendo como referência o amor de Cristo e não o amor-próprio. Eis um grande desafio para igreja, amar de maneira sacrificial e incondicional. Todavia, sabemos que não estamos sozinhos, o nosso consolador nos auxilia e gera em nosso íntimo tal amor. E precisamos dele, pois, “todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” João 13:35. Obviamente, queremos ser reconhecidos como discípulos fieis de nosso amado Mestre e Senhor.

As Trevas do Desamor (9-11)

Nos versos que se seguem, novamente encontramos uma linguagem de contrastes. Luz e trevas são lados antagônicos onde não existe neutralidade. Ou estamos numa, ou estamos noutra. Iluminados ou obscurecidos. Para saber onde nos enquadramos, devemos analisar se estamos amando ou não o nosso próximo. O desamor é descrito aqui como ódio. Esta palavra parece ser muito forte, mas João a usa para demonstrar que a falta de amor é o mesmo que odiar alguém. Por isso, se alguém, mesmo no seio da igreja, não ama o próximo, está mergulhado em trevas, mesmo quando afirma que anda na luz.

Para permanecer na luz, o amor é condição sine qua non.  Quem permanece na luz está firme e não serve de escândalo, ou melhor, tropeço. Tropeça e cai quem está nas trevas do desamor, pois, sua visão não pode livrá-lo dos perigos a sua frente, afinal, nada consegue enxergar.

Amar é o âmago da vida cristã. Quando falta amor, falta o essencial para termos uma identificação com o Deus de amor a quem servimos. Infelizmente, no seio da igreja, existem irmãos que não se toleram. A questão é: são servos de Cristo? Nasceram de novo? Pois, todo aquele que é nascido de novo deve amar e perdoar qualquer ofensa. Amar custa um preço, às vezes, nos deixa no prejuízo, mas devemos amar, isso independe de ter razão ou não ter. O samaritano da parábola de Jesus amou o seu próximo (um inimigo étnico) e pagou uma estalagem até que aquele judeu ferido fosse sarado e pudesse voltar para a sua família.

Uma igreja que não ama não pode nem ser chamada de igreja. Um cristão que não ama também não pode se apropriar do formoso nome de Jesus. Quem odeia seu irmão está cego e não sabe para onde vai, assim diz a Palavra no verso 11. Diferente destes, o crente teve as escamas dos seus olhos removidas e sabe muito bem qual é o seu destino final.

Aplicações

1. Será que tenho amado o meu próximo como Cristo demonstra o seu amor por mim? Não devo esquecer que o Seu amor é o padrão que devo imitar.

2. Tenho consciência de que amar é manifestar o caráter de Cristo? Será que tenho exalado o bom perfume do Senhor entre aqueles que me cercam?

3. Preciso estar alerta que não é o tempo de igreja que faz de mim um cristão. Posso ter anos de congregado e até batizado, mas se não tenho amado o meu irmão, a Palavra é categórica em afirmar que estou em trevas. Logo, se existe ódio ou rancor no meu coração, preciso pedir a Deus que arranque-o para fora de mim e me ensine a amar como Ele ama.

29 de fev. de 2016

Cristo: Nosso Formoso Ajudador

Por Thiago Oliveira

Texto Base

1 João 2:1-6

1. Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.

2. Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo.

3. Sabemos que o conhecemos, se obedecemos aos seus mandamentos.

4. Aquele que diz: "Eu o conheço", mas não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele.

5. Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele:

6. aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou.

Introdução

João, provavelmente era muito idoso ao escrever esta epístola. Ele usa um tom muito terno para falar com a igreja. O termo “meus filhinhos” demonstra o amor e o afeto que este homem nutria pela igreja do Senhor. E após demonstrar a universalidade do pecado e seus efeitos nocivos (Capítulo 1), diz que seu objetivo é fazer com que os irmãos não pequem. A pergunta que surge é: Mas como? Se todos somos pecadores e se dissermos que não temos pecado estaremos mentindo, como não pecar?

Aqui veremos a nossa incapacidade de vencermos sozinhos e de uma maneira bastante clara, entenderemos qual o papel de Cristo e como ele atua em nós depois que o conhecemos e nos convertemos a sua pessoa. A singularidade do Evangelho, uma religião da graça, fica evidente nos versículos que se seguem.

O Papel de Cristo (1-2)

Alguns cristãos não entendem a graça. Vivem uma vida de legalismo e incerteza, pois, acham que por terem pecado, perdem a salvação e precisam fazer algo por conta própria afim de reverter esta situação e não serem pegos de surpresa quando Cristo voltar para apanhar os que são seus. Não é isto que diz a Escritura. A salvação pertence ao Senhor (Jn 2.9). Se Cristo nos resgatou e nos salvou por sua graça, não há nada que nos tire de suas mãos. Você só perde aquilo que está sob a sua responsabilidade, não é o caso da salvação. Jesus quando verteu seu sangue na cruz, cobriu nossos pecados passados, presentes e futuros. O que você fez de errado e o que ainda fará repousa no perdão de um salvador que é misericordioso e que não deixou a sua obra expiatória , isto é, quando tomou para a si a punição que nós deveríamos cumprir, incompleta.

Todavia, também a quem não compreenda a graça e aja de uma forma leviana, achando que por termos o perdão dos nossos pecados, a nossa consciência não deve pesar ao infligirmos às leis de Deus. Quem assim procede não compreendeu o evangelho e possivelmente é alguém que não foi regenerado pelo Espírito Santo. Temendo esse entendimento errôneo, o apóstolo João diz “escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem”. Mas e se pecarmos? Evidente que pecaremos, e quando isto acontecer, o nosso Salvador entra em ação na função de parakletos.

O que em algumas versões leva o termo de “advogado” e em outras “intercessor” é a palavra grega parakletos. Em seu uso comum, ela indica alguém que se coloca do lado de outrem com a finalidade de ajudar. Essa ajuda pode vir em forma de consolo ou sustento, mas aqui, a ideia é de alguém que se lança em defesa de uma pessoa. Por isso que os tradutores em língua portuguesa traduziram esta palavra como “advogado”. Ora, este é o papel de quem advoga, defender a causa do seu cliente. Nesse caso, Jesus comparece diante de Deus Pai e fala em nosso favor, para que assim, o Supremo Juiz tenha misericórdia de nós, pobres pecadores. Mas Cristo só defenderá os pecadores arrependidos que vão até ele implorando para que ele tome nosso caso em suas mãos e interceda em favor de nós. O Messias não é do tipo “advogado de porta de cadeia”. Precisamos ir até a sua presença e rogar pelo perdão. Se nosso coração não estiver contrito e o pecado não nos entristece, não teremos a mediação do nosso Parakletos diante d’Aquele que é Senhor e Juiz. Mas se nos arrependermos e confessarmos, o Salmista nos diz: “um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” Salmos 51:17. Assim temos a certeza de que o Senhor será conosco.

E qual o argumento de Cristo ao interceder ao nosso favor? Ele apela para a sua própria justiça. Como ele é justo e foi obediente em todas as coisas, ele tem as credenciais para nos conferir justiça. Se somos absorvidos no tribunal celestial, é graças a Jesus Cristo, o justo. Por isso ele deve ser magnificado e exaltado em nossas vidas. Se passarmos 24 horas do dia, sete dias por semana, agradecendo ao nosso Salvador, ainda seria muito pouco se comparado a grande obra que ele fez pelos que são seus. O Evangelho não é uma religião de obras, pois, “Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus, não vem de obras para que ninguém se glorie”. Efésios 2.8-9. Toda glória seja dada ao Cordeiro Santo, Filho de Deus, nosso SENHOR!

A outra função de Cristo é a de aplacar a Ira de Deus e nos reconciliar com Ele. Por isso que o apóstolo João nos diz que ele é a nossa propiciação. Este termo remete ao sacrifício feito no Templo. O sumo-sacerdote sacrificava um animal que tomava o lugar do homem pecador e o sangue do sacrificado era aspergido no propiciatório. Ali a Ira de Deus era apaziguada, ou para ser mais literal, desviada. E porque motivo Deus se ira? Pelo pecado! Uma coisa que deve ficar muito clara para todo cristão é que um Deus Santo não pode conviver com o pecado. Sua ira não é uma cólera sem motivo, mas sim, algo que visa à preservação de sua santidade. A santidade divina jamais deverá ser maculada, e por isso todo o pecador seria fulminado diante de Deus. E por que não somos? Porque Jesus desviou para si a Ira de Deus. Ele sentiu na pele e fez isso por amor. Cristo torna vívido aquele versículo que diz “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim” Lamentações 3:22.

E o sacrifício de Cristo é universal. Não ficou restrito aos judeus. Ele é a propiciação “pelos pecados de todo o mundo”. Como diz em Apocalipse 5:9: "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação”.

A Santificação que Opera em Nós (3-6)

Após tratar sobre a remissão, João falará daquilo que a sucede, a saber, a santificação. Se Cristo nos perdoa, intercede ao nosso favor e apazigua a ira divina, nos reconciliando com o Pai, ele também faz brotar em nós santidade, moldando o nosso caráter ao dele. Por isso que a obediência aos mandamentos do Senhor é uma clara evidência da nossa salvação. Não somos salvos por termos realizado boas obras, mas a Escritura é clara quando afirma que somos salvos para tal (vide Efésios 2:10). Se os mandamentos são um reflexo do caráter santo de Deus, nós só cumpriremos estes mandamentos se este divino caráter estiver sendo formado em nós. Por isso, aquele que conhece a Deus deve ser alguém marcado com o zelo pela obediência a Palavra de Deus.

A fé cristã não se resume a um assentimento teórico. Precisamos vivenciar a nossa fé e com um bom testemunho a graça de Deus vai sendo manifesta através de nossas vidas. Quem se diz conhecedor da Palavra e não a pratica, está mentindo, e não possui a verdade. Quem obedece a Palavra tem o amor de Deus aperfeiçoado em si e demonstra que é alguém que faz parte do rebanho do Supremo Pastor.

“Aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou”. A força dessas palavras deve nos impelir a olharmos para nós mesmos e fazer uma avaliação. Será que temos levado o evangelho a sério? Trazemos conosco o nome de cristãos e nos damos conta da responsabilidade que esta nomenclatura representa? Um cristão é um “pequeno Cristo”, um seguidor que caminha na direção em que seu Mestre aponta. Mas e o pecado? Ele não nos impede de seguir a Cristo? Sim! Contudo, somos o que Lutero sabiamente chamou de “pecadores e justos”. Embora ainda tenhamos a nossa natureza carnal, os que Cristo comprou com seu sangue foram declarados justos e herdaram a sua justiça. Assim, não teremos mais uma vida desregrada, pecando de maneira indiscriminada e sem pesar. O pecado irá nos rondar, vez ou outra cairemos, mas diferente do tempo em que não conhecíamos a Cristo, estamos sob processo de santificação.

Certa feita, determinado pregador ilustrou da seguinte maneira a santificação: Imaginemos um carro que corta diversos lugares pela estrada. Com frequência, seus pneus estouram e precisam ser trocados, mas o motorista apenas remenda-os. Digamos que isso ocorre a cada 2 mil quilômetros. Este seria o carro do pecador que não se arrependeu de seus atos e não se entregou a Cristo. Já o convertido, que está sendo santificado dia após dia, este tem um percurso mais tranquilo. Seu pneu será trocado a cada 40 mil quilômetros, pois, quando estourar, será trocado por um novo. A troca de pneus é uma ilustração do ato de pecar. Alguém santificado é alguém que peca, mas com uma menor intensidade e gravidade que um incrédulo. Perfeição? Esta será obtida apenas na Glória, quando de fato nos tornaremos santos de uma maneira que nos será impossível pecar.

Nosso anseio é vislumbrar uma Igreja em que os santos valorizem o nome que carregam. Que saibam lidar com a graça, não tendendo para o legalismo e nem para a libertinagem. Que sejam seguros do que fez por ela o seu Formoso Ajudador. Entregando-se voluntariamente “para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável”. Efésios 5:26,27

Aplicações

Compreendo que a graça não pode ser barateada e nem acrescida por obra alguma? Quando se acrescenta algo ao evangelho, mesmo tendo uma boa intenção, o evangelho acaba se corrompendo. Focalizemos a pessoa e a obra de Cristo e tenhamos total confiança nele.

Estou ciente de que como cristão preciso ostentar uma conduta que evidencie que passo por um processo de santificação? Tenho me portado como um santo neste mundo?

Será que ainda trago comigo pecados da minha vida pregressa? Por que não consigo deixa-los e vez ou outra eles voltam à tona? Talvez o que falta seja uma fé que repousa naquele que é o nosso parakletos, único capaz de nos tornar justos. Que hoje seja um tempo de contrição e confissão. 

15 de fev. de 2016

1 João 1 - Uma Breve Exposição

Por Thiago Oliveira

1 João 1
1.O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida.2.A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada.3. Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.4.Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa.5.Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma.6.Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.7.Se, porém, andamos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.8.Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.9.Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.10. Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
Prefácio (1-4)

Em concordância com o evangelho de sua autoria, o apóstolo João endossa a pré-existência de Cristo. “O que era desde o princípio” soa semelhante ao “No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Jesus é novamente apresentado como a Palavra viva de Deus, criadora de todas as coisas. Ele é a própria vida, e nele está toda a plenitude para que o homem, através dele, viva completamente preenchido de sentido. João se coloca como testemunha ocular, alguém que sabe do que está falando porque viu, ouviu, apalpou... Os anos em que conviveu com o Senhor, e dele aprendeu, sendo comissionado pelo próprio Jesus para o ofício apostólico faz com que João seja uma autoridade ao falar a respeito do evangelho.

Esta carta é endereçada a Igreja para reforçar a comunhão que foi conferida ao corpo de Cristo. Todos os que fazem parte da Igreja tem um relacionamento íntimo e verdadeiro com Deus Pai, Deus Filho, e mesmo não citado aqui, com o Santo Espírito. Esta comunhão enche o apóstolo João e os demais (reparem que ele fala no plural) de alegria. Mas, para que haja verdadeira comunhão entre Deus e os homens é necessário que Cristo ilumine todo aquele que está em trevas.

Luz e Trevas (5-7)

João passa a transmitir um resumo da mensagem que ele e os demais apóstolos anunciam pelo mundo. O versículo 5 deixa claro que a mensagem não é uma invenção humana, mas é vinda do próprio Cristo. “Deus é luz” é uma sentença curta, todavia, expressa muitas verdades. Ela fala dos atributos divinos e descreve o SENHOR como um ente majestoso e santo que se revelou aos homens. Usando a sua peculiar linguagem de contraste, o apóstolo dá ênfase ao fato de Deus ser luz dizendo logo em seguida que “nele não há treva alguma”. A luz representa a verdade, enquanto que as trevas são o engano. Ademais, podemos tratar dessa questão no campo moral:

LUZ = PUREZA
TREVAS = INIQUIDADE

Por isso, aqueles que pertencem as trevas não podem dizer que tem comunhão com Deus. Eles estão mentindo ao fazer tal afirmação. Não importa se mentem para eles mesmos, estão fora da verdade, sendo assim, destituídos estão da presença do Altíssimo. Sendo assim, a forma de se conectar ao Criador é através do “sangue de Jesus, seu Filho”. Pois, Jesus é a luz dos homens e se seguirmos os seus passos andaremos na luz (ver João 8.12). Como sua palavra é verdadeira e sua conduta foi sem pecado algum, ele é capaz de nos dar acesso ao Santo dos Santos. E através de seu sangue temos a purificação dos nossos pecados.

Quem nós somos (8-10)

O que precisamos entender é que nossa natureza é pecaminosa. Isaías profetizando ao povo de Israel diz o seguinte: “Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá”. (Is 59:2). O apóstolo Paulo na carta aos Romanos é enfático: “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3:23). João segue o que é o ensino bíblico e adverte aqueles que dizem que não pecam. A verdadeira conduta do cristão é reconhecer sua natureza caída que herdou de Adão. Não existe super-crente! O que precisamos é de humildade e colocar nossas vidas nas mãos daquele que é o único capaz de vencer o pecado: Jesus Cristo!

Se nos achegarmos até ele, com confissão e contrição, encontraremos perdão. João diz que ele nos dá esta dádiva por ser fiel e justo. Não é uma fidelidade a nós, mas sim fidelidade a sua palavra. Cristo prometeu nos dar vida e isto só é possível quando estamos conectados com Deus. Esta conexão só é viável quando os nossos pecados são purificados e uma vez puros podemos participar da pureza de Deus. Cristo é justo e só ele pode nos conceder justiça, eliminando a injustiça que há em nós. Caso alguém insista que não tem pecados, faz de Deus mentiroso, pois, é a Sua palavra que nos acusa de sermos pecadores. Isto é blasfemo e resultará num severo castigo pela ofensa dirigida ao SENHOR.

Aplicações

Compreendemos que a Palavra de Deus é verdade, e que aquilo que anunciamos, o Evangelho, são palavras de vida eterna? Se sim, então que possamos anunciar com ousadia e contentamento. Pregar é um dever, uma responsabilidade do cristão, todavia, é também um privilégio e neste anúncio podemos encontrar satisfação.

Entendemos que Deus é um ser puríssimo e que ele não comunga com o pecado? Sigamos a Cristo que nos purifica e nos possibilita termos comunhão com Deus. Apenas nele temos este acesso e esta vida plena. Abandonemos o caminho de mentira e de impureza. Sigamos a verdade que liberta e santifica.

Reconheço minha condição de pecador e vivo clamando pela graça divina? Todo aquele que chora pelo seu pecado e vai correndo aos pés da cruz arrependido clamando por misericórdia será perdoado, purificado, guardado naquele que é refúgio e fortaleza. Quando caímos, um Deus fiel e justo é capaz de nos levantar e nos fazer andar novamente, com passos cada vez mais firmes.  

25 de jan. de 2016

Graça Numa Sociedade Corrompida

Por Thomas Magnum*

Ao declinarmo-nos sobre a literatura do Antigo Testamento veremos que suas lições são preciosas para a vida comum e que não somente a lei foi importante para a religião judaica, mas, para o desenvolvimento da cultura ocidental que foi muito influenciada pela cosmovisão judaico-cristã. Ao partirmos do primeiro livro de Moisés – o Gênesis – notamos a magnífica construção teológica, literária e histórica desse livro que encabeça o grande tomo da revelação de Deus para os homens.

O valor dos ensinos bíblicos para o desenvolvimento da humanidade tanto nos âmbitos sociais, culturais; no que concerne ao estabelecimento de leis cívicas, sociais e políticas, também em outras esferas como a adoração do povo de Deus e a instituição da família como célula mater da sociedade nos fornecem um espectro que serve como compêndio instrutivo para entendermos o que Deus disse em sua revelação e qual é a sua vontade para a sociedade. Ao lermos Gênesis 1.26-31 temos então o que chamamos em teologia de mandatos da criação, são eles – cultural, social e espiritual.  Com base nesses mandatos dados ao primeiro casal no paraíso e compreendendo a grande linha interpretativa da Bíblia que podemos dizer que transcorre partindo da criação, depois a queda, redenção e consumação de todas as coisas.

Ao lermos que o pecado entrou no mundo e com isso a degeneração moral e espiritual do primeiro casal como representantes da raça servem como o ponto inicial para compreendermos o que o livro procura mostrar: que Deus criou o homem, que o homem pecou e foi destituído da glória de Deus, que Deus providenciou a redenção do homem e que Deus é quem guia a história com seu plano da promessa até culminar em Cristo no Novo Testamento, é importante saber que, em Gênesis 3.15 temos o proto-evangelho, a promessa da semente da mulher que seria a salvação prometida por Deus – Cristo Jesus.

Então ao lermos a narrativa bíblica nos capítulos seguintes, temos a descendência de Adão e Eva em seus filhos Caim e Sete (Pois Abel foi morto por seu irmão), vemos que o pecado continuou a multiplicar-se na semente de Caim. Ao chegarmos ao sexto capítulo do Gênesis lemos que [...] viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente[i]. E aqui propriamente chegaremos ao ponto de nossa reflexão, lemos neste capítulo a história de Noé e sua família obedecendo à ordem de Deus em construírem uma arca porque viria um grande dilúvio. Evidentemente meu ponto aqui caro leitor não é discutir sobre as possibilidades cientificas do dilúvio ou se ele foi territorial ou mundial, tomo por linha interpretativa que o dilúvio de fato aconteceu, é um fato. Com isso partimos para as manifestações da graça divina nesse capítulo da história humana. Comumente somos levados a acreditar que a graça de Deus só foi demonstrada no Novo Testamento, isso não procede, a graça é demonstrada ativamente desde a queda do primeiro casal. Ao chegarmos à história de Noé lemos que Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor [ii]Noé achou graça não só a despeito do pecado, mas também por causa de sua integridade (v.9) [iii]. Bruce K. Waltke nos diz que

Esta afirmação aparece em forma de clímax no final do relato dos descendentes de Adão. Noé representa um novo começo, uma inversão que foi antecipada em 5.29. Noé acha graça diante de Deus, não a despeito do seu pecado, mas em virtude da sua retidão (ver 6.9). O narrador deixa o seu auditório compreender que a retidão de Noé não é propriamente sua, mas um dom da graça de Deus, justamente como foi o dom da soberana graça que no coração de Eva foi posta a inimizade contra a serpente. Deus opera em Noé, como faz em todos os santos, tanto o querer quanto o realizar, segundo o seu beneplácito (Fp 2.13) [iv]

Notemos que a causa do juízo de Deus enviando o dilúvio era o pecado dos homem como vimos descrito no capítulo 6 e versículo 5 de Gênesis, no entanto encontramos em meio a essa manifestação da ira santa de Deus para com o pecado e consequentemente com pecadores a graça sendo manifestada através de Noé. Por Noé ter achado graça diante de Deus, agora foi alcançado por esse favor divino sua família seria preservada do juízo de Deus sobre a terra. Deus agraciou a família de Noé, não porque eram dignos, mas, porque a misericórdia divina assim o quis.

Ao lermos com atenção toda a narrativa de Gênesis veremos que há um contraste entre a queda do homem, sua degradação moral que desemboca nas instituições que ele está envolvido, na sociedade, na família, em seus negócios, e a graça de Deus que o beneficia, que o restaura, que o levanta para cumprir a promessa descrita no início do livro como vimos acima. Noé era um tipo de Cristo, a tipologia aqui é clara, como sua família foi salva por meio dele, os homens são salvos por meio de Cristo. Cristo é o cabeça da família, do seu povo que salvou dos seus pecados (Mt 1.21; Ef 5.25).

Ao lermos Gênesis, o texto nos diz com clareza a situação do mundo – A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.

E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra [v]. Temos um caos moral devastador instalado, será que nos lembra algo? Será que nosso tempo é totalmente distante dessa realidade de pecado? Será que somos diferentes daqueles que viviam no tempo de Noé? Nos diz o apóstolo Pedro

Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo[vi].

O anúncio da graça ainda é ouvido, através de Cristo e somente dele o homem pode sair do caos espiritual, a ressurreição de Jesus nos proporciona esse batismo com água, nos dá graça, vida, paz e misericórdia. Em Noé temos a figura, em Cristo temos a manifestação perfeita e cabal da graça, Cristo é a pura manifestação da graça, o verbo feito carne, a porta. Cristo é a arca de Deus. Sua vida nos é comunicada na cruz e na ressurreição. Por isso a igreja é a comunidade da cruz, porque na cruz e no túmulo vazio recebemos redenção e justificação. Graça para uma sociedade corrompida somente em Cristo, a proclamação continua vindo agora da igreja semelhante a Noé que pregou a justiça de Deus, proclamamos a salvação e o juízo vindouro sobre toda carne que se volta contra o altíssimo:

E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, a oitava pessoa, o pregoeiro da justiça, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios[vii].
            
Diante da emergente situação de nosso país, diante da imensa problemática em vários setores da sociedade, diante da crise econômica, educacional, na saúde e até na religião a mensagem ainda é proclamada aos ouvidos do mundo caído, nos disse o Senhor no Santo Evangelho de Mateus:

O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai. E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.

Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem [viii].

Nos vale a advertência das Escrituras Sagradas, Cristo é nossa arca, há graça, há vida, há ressurreição.
______
[i] Bíblia Sagrada Corrigida Fiel, Gênesis 6.5.
[ii] Ibd. 6.8.
[iii] Bíblia de Genebra, cit. Comentário. Ed. Cultura Cristã, p.21.
[iv] Waltke, Bruce K. Gênesis. Ed. Cultura Cristã, 2010, p.143.
[v] Gênesis 6.11,12.
[vi] 1 Pedro 3.20,21.
[vii] 2 Pedro 2.5
[viii]  Mateus 24.35-39



* Publicado Originalmente na Revista Olhar Cristão.

18 de jul. de 2015

Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram...o céu?

Por Alan Rennê Alexandrino

Comumente, quando as pessoas estão falando a respeito do céu, pensando a respeito da sua beleza, da sua glória, das ruas de ouro e dos muros adornados com toda sorte de pedras preciosas, elas costumam utilizar a passagem de 1Coríntios 2.9: “mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”.

16 de abr. de 2015

Cuidado ao se referir a Deus utilizando termos humanos

Por Thiago Azevedo

Sabemos que a bíblia está repleta de trechos que possuem uma linguagem antropomórfica e antropopática. Ou seja, respectivamente falando, textos que visam dar a pessoa divina um atributo físico (mãos, olhos, pés) ou um sentimental (zelo, amor, raiva) próprio do homem. Antropomorfismo é a junção de duas palavras gregas ANTROPOS = HOMEM E MORFÊ = FORMA, logo, se tem o significado de forma de homem. Antropopatismo segue neste mesmo vácuo, a saber; ANTROPOS = HOMEM E PATHOS = SENTIMENTOS, logo, se tem o significado de sentimento do homem. Estes textos são de caráter pedagógico para que a compreensão da Bíblia se torne mais acessível, pois se não houvesse estes recursos literários no bojo das Sagradas Escrituras, sua compreensão seria muito mais complexa do que já é. Imaginemos a possibilidade de Deus – um ser perfeito e puro – nos comunicar sua revelação na sua linguajem restrita. Se isso ocorresse de fato, o homem jamais o compreenderia.

13 de abr. de 2015

Porque, segundo a Teologia Bíblica, o Teonomismo é errado?

Por Lane Keister

Nas linhas seguintes apresentarei alguns pontos com relação aos motivos pelos quais penso que o teonomismo não faz jus à teologia bíblica das Escrituras. De semelhante modo, incluirei alguns comentários exegéticos sobre várias passagens bem como diretrizes bíblico-teológicas mais abrangentes.

Primeiramente, esclareçamos os termos aqui abordados. O teonomismo pode ser definido como uma perspectiva teológica que crê que as leis civis do Antigo Testamento são aplicáveis aos governos atuais. NÃO É uma perspectiva que acredita que as leis cerimoniais ou o sistema de sacrifícios ainda estejam em vigor. As pessoas geralmente confundem essa diferenciação. O termo “teonomismo”, em si, se origina da junção de duas palavras gregas: theos, que significa “Deus”, e nomos, que quer dizer “lei”. Os teonomistas se opõem completamente a qualquer tentativa por parte do homem de determinar a lei por si mesmo. Desse modo, contestam a autonomia (a lei própria). Da mesma forma, também se contrapõem à abordagem dos “dois reinos” [1] que vários reformados adotam atualmente.Agora, contudo, devo apontar primeiramente uma reserva, a saber, a minha concordância com os teonomistas em vários pontos.