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29 de jun. de 2016

O Espírito Santo e as Missões

Por Ronaldo Lidório

Neste artigo pensaremos juntos sobre a relação do Espírito Santo com a obra missionária, a clara ligação entre Sua manifestação em Atos 2 e Atos 13 e a promoção da evangelização aos de perto e aos de longe.

Se olharmos o panorama mundial da Igreja evangélica perceberemos que o crescimento evangélico foi 1.5 % maior que o Islã na ultima década. O Evangelho já alcançou 22.000 povos nestes últimos 2 milênios. Temos a Bíblia traduzida hoje em 2.212 idiomas. As grandes nações que resistiam o Evangelho estão sendo fortemente atingidas pela Palavra, como é o caso da Índia e China, que em breve deverão hospedar a maior Igreja nacional sobre a terra. Um movimento missionário apoiado pela Dawn Ministry plantou mais de 10.000 igrejas-lares no Norte da Índia na última década, em uma das áreas tradicionalmente mais fechadas para a evangelização. No Brasil menos evangelizado como o sertão nordestino, o norte ribeirinho e indígena, e o sul católico e espírita, vemos grandes mudanças na última década, com nascimento de novas igrejas, crescimento da liderança local e um contínuo despertar pela evangelização. No Brasil urbano a Igreja cresceu 267% nos últimos 10 anos. Apesar dos diversos problemas relativos ao crescimento e algumas questões de sincretismo que são preocupantes no panorama geral, vemos que o Evangelho tem entrado nos condomínios de luxo de São Paulo e nos vilarejos mais distantes do sertão, colocando a Palavra frente a frente com aquele que jamais a ouvira antes. Há um forte e crescente processo de evangelização no Brasil.

Duas perguntas poderiam surgir perante este quadro: qual a relação entre a expansão do Evangelho e a pessoa do Espírito Santo? E quais os critérios para uma Igreja, cheia do Espírito, envolver-se com a expansão do Evangelho do Reino?

Em uma macro-visão creio que esta relação poderia ser observada em três áreas distintas, porém, inter-relacionadas: a essência da pessoa do Espírito e Sua função na Igreja de Cristo; a essência da pessoa do Espírito e Sua função na conversão dos perdidos; e por fim a clara ligação entre os avivamentos históricos e o avanço missionário.

A essência da pessoa do Espírito e sua função na Igreja de Cristo

Em Lucas 24 Jesus promete enviar-nos um consolador, que é o Espírito Santo, e que viria sobre a Igreja em Atos 2 de forma mais permanente. Ali a Igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para 'consolador' é 'parakletos' e literalmente significa 'estar ao lado'. É um termo composto por duas partículas: a preposição 'para' - ao lado de - e 'kletos' do verbo 'kaleo' que significa chamar. Portanto vemos aqui a pessoa do Espírito, cumprimento da promessa, habitando a Igreja, estando ao seu lado para o propósito de Deus.

Segundo John Knox a essência da função do Espírito Santo é estar ao lado da Igreja de Cristo, fazê-la possuir a Face de Cristo e espalhar o Nome de Cristo. Nesta percepção, O Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais parecida com seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido na terra.

A essência da pessoa do Espírito e sua função na conversão dos perdidos

Cremos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado.

O homem natural sabe que é pecador porém apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir perdido. Há uma clara, e funcional, diferença entre sentir-se pecador e sentir-se perdido. Nem todo homem convicto de seu pecado possui consciência de que está perdido, portanto, necessitado de redenção. Se o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.

A Igreja plantada mais rapidamente em todo o Novo Testamento foi plantada por Paulo em Tessalônica. Ali o apóstolo pregava a Palavra aos sábados nas sinagogas e durante a semana na praça e o fez durante 3 semanas, nascendo ali uma Igreja. Em 1º Tess. 1:5 Paulo nos diz que o nosso evangelho não chegou até vos tão somente em palavra (logia, palavra humana) mas sobretudo em poder (dinamis, poder de Deus), no Espírito Santo e em plena convicção (pleroforia, convicção de que lidamos com a verdade).

O Espírito Santo é destacado aqui como um dos três elementos que propiciou o plantio da igreja em Tessalônica. Sua função na conversão dos perdidos, em conduzir o homem à convicção de que é pecador e está perdido, sem Deus, em despertar neste homem a sede pelo Evangelho e atraí-lo a Jesus é clara. Sem a ação do Espírito Santo a evangelização não passaria de apologia humana, de explicações espirituais, de palavras lançadas ao vento, sem público, sem conversões, sem transformação.

Os avivamentos históricos e os movimentos missionários

Se observarmos os ciclos de avivamentos perceberemos que a proclamação da Palavra torna-se uma consequência natural desta ação do Espírito. Vejamos.

Fruto de um avivamento, a partir de 1730 John Wesley durante 50 anos pregou cerca de 3 sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175.000 km a cavalo pregando 40.000 sermões ao longo de sua vida.

Fruto de um avivamento, em 1727 a Igreja moraviana passa a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época, chegando ao longo de 100 anos enviar mais de 3.600 missionários para diversos países.

Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para alcançar os Indianos. Após uma vida de trabalho conseguiu traduzir a Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais e sua influência permanece ainda hoje.

Fruto de um avivamento, em 1806, Adoniram Judson tem uma forte experiência com Deus e se propõe a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia, onde é encarcerado e perseguido durante décadas, mas deixa aquele país com 300 igrejas plantadas e mais de 70 pastores. Hoje, Myamar, a antiga Birmânia, possui mais de 2 milhões de cristãos.

Fruto de um avivamento, em 1882 Moody pregou na Universidade de Cambridge e 7 homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados "os 7 de Cambridge", que incluía Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil chama-se "O homem que obedecia"). Foi para a África, percorreu 17 países e pregou a mais de meio milhão de pessoas. Fundou A Missão de Evangelização Mundial (WEC International) que conta hoje com mais de 2.000 missionários no mundo.

Fruto de um avivamento, em 1855 Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável para se dispor ao trabalho transcultural em um país idólatra e selvagem. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadi-lo dizendo: "para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer?" Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton (1833-1867) que veio ao nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil.

Fruto de um avivamento, em 1950, no Wheaton College cerca de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E obedeceram. Dentre eles estava Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a tribo Auca na Amazônia em 1956. A partir de seu martírio houve um grande avanço missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador. Outro que ali também se dispôes para a obra missionária foi o Dr Russel Shedd que é tremendamente usado por Deus em nosso país até o dia de hoje.

Tendo em mente, nesta macroestrutura, os três níveis de relação entre o Espírito Santo e as Missões, podemos observar alguns valores bíblicos sobre este tema, revelados em Atos 2, durante o Pentecoste.

O Pentecoste e as Missões

O Espírito Santo é a pessoa central no capítulo 2 de Atos e Lucas é justamente o autor sinóptico que mais fala sobre Ele utilizando expressões como "ungido" pelo Espírito, ou "poder" do Espírito ou ainda "dirigido" pelo Espírito (Lc 3:21; 4:1, 14, 18) demonstrado que na teologia Lucana o Espírito Santo era realmente o 'Parakletos' que viria.

O Pentecoste, dentre todas as festas judaicas, era, segundo Julius, o evento mais frequentado e acontecia sob clima de reencontros já que judeus que moravam em terras distantes empreendiam nesta época do ano longas jornadas para ali estar no quinquagésimo dia após a páscoa.

Chegamos ao momento do Pentecoste. Fenômenos estranhos aos de fora e incomuns à Igreja aconteceram neste momento e a Palavra os resume falando sobre um som como "vento impetuoso" (no grego 'echos', usado para o estrondo do mar); "línguas como de fogo" que pousavam sobre cada um, "ficaram cheios do Espírito Santo" e começaram a falar "em outras línguas". Lucas fecha a descrição do cenário com a expressão no verso 4: "segundo o Espírito lhes concedia".

Outras línguas. O texto no versículo 4 utiliza o termos eterais glossais para afirmar que eles falaram em outras glosse, línguas, expressão usada para línguas humanas, idiomas. Mas, a fim de não deixar dúvidas, no versículo 8, o texto nos diz que cada um ouviu em sua "própria língua" usando aqui o termo dialekto que se refere aos dialetos ali presentes. As línguas faladas, e ouvidas, portanto eram línguas humanas e não línguas angelicais, neste texto em particular, no Pentecoste. Mas onde ocorreu o milagre? Naquele que falou ou nos ouvidos dos que ouviram? É possivel que tenha sido nos ouvidos dos que ouviram pois a mensagem, pregada, foi compreendida idia dialekto - no próprio dialeto de cada um. O certo, porém, é que Deus atuou sobrenaturalmente a fim de que a mensagem do Cristo vivo fosse compreendida, clara e nitidamente, por todos os ouvintes.

Em meio a este momento atordoante (vento, fogo, som, línguas) o improvável acontece. Aquilo que seria apenas uma festa espiritual interna para 120 pessoas chega até as ruas. O caráter missiológico do evangelho é exposto. O Senhor com certeza já queria demonstrar desde os primeiros minutos da chegada definitiva do Espírito sobre a Igreja que este poder ? dinamis de Deus - não havia sido derramado apenas para um culto cristão restrito, a alegria íntima dos salvos ou confirmação da fé dos mártires.

O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações vindouras e nada melhor do que aquele momento do Pentecoste quando 14 nações, ali presentes e, no meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada uma - miraculosamente - passou a ouvir o Evangelho em sua própria língua.

Era o Espírito Santo mostrando já na sua chegada para o que viria: conduzir a Igreja a fazer Cristo conhecido na terra. Em um só momento Deus fez cumprir não apenas o "recebereis poder" mas também o "sereis minhas testemunhas". A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar de Jesus.

Daí muitos se convertem e a Igreja passa de 120 crentes para 3.000, e depois 5.000. Não sabemos o resultado daqueles representantes de 14 povos voltando para suas terras com o Evangelho vivo e claro, em sua própria língua, mas podemos imaginar o quanto o Evangelho se espalhou pelo mundo a partir deste episódio. Certamente o primeiro grande movimento de impacto transcultural da Igreja revestida.

No verso 37 lemos que, após o sermão de Pedro, em que anuncia Cristo, "ouvindo eles estas coisas, compugiu-se-lhes o coração" e o termo usado aqui para compungir vem de katanusso, usado para uma "forte ferroada" ou ainda uma dor profunda que faz a alma chorar". A Palavra afirma que "naquele dia foram acrescentadas quase três mil almas". O Espírito Santo usando o cenário do Pentecoste para alcançar homens de perto e de longe.

Podemos retirar daqui algumas conclusões bem claras. Uma delas é que a presença do Espírito Santo leva a mensagem para as ruas, para fora do salão e alcança apenas pelos quais o sangue de Cristo foi derramado. Desta forma é questionável a maturidade espiritual de qualquer comunidade cristã que se contente tão somente em contemplar a presença do Senhor. A presença do Espírito, de forma genuína, incomoda a Igreja a sair de seus templos e bancos. A Não se contentar tão somente com uma experiência cúltica aos domingos. A procurar, com testemunho Santo e uso da Palavra de Deus, fazer Cristo conhecido aos que estão ao seu redor.

Havia naquele lugar, ouvindo a Palavra de Deus através de uma Igreja revestida de Poder pelo Espírito Santo, homens de várias nações distantes, judaizantes, além de judeus de perto, que moravam do outro lado da rua. De terras distantes, o texto, Atos 2: 9 a 11, registra que havia "nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes-ouvímo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus". Uma Igreja revestida do Espírito deve abrir seus olhos também para os que estão longe, além-barreiras, além-fronteiras, nos lugares improváveis, onde Cristo gostaria que fôssemos.

Que efeitos objetivos na construção do caráter da Igreja produziu a presença marcante e transformadora do Espírito?

A ação do Espirito Santo não produz uma Igreja enclausurada

Esta Igreja cheia do Espírito Santo passa a crescer onde está e em Atos 8 o Senhor a dispersa por todos os cantos da terra. E diz a Palavra que, "os que eram dispersos iam por toda parte pregando a Palavra". Vicedon nos ensina que uma Igreja cheia do Espírito é uma igreja missionária, proclamadora do Evangelho, conduzida para as ruas.

A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja segmentada

Após a ação do Espírito sobre os 120, depois 3.000, depois 5.000, não houve segmentação, divisão, grupinhos na comunidade. Certamente eles eram diferentes. Alguns preferiam adorar a Deus no templo, outros de casa em casa. Alguns mais formais, judeus e judaizantes, outros bem informais, gentios. Alguns haviam caminhado com Jesus. Outros não o conheceram tão de perto. Mas esta Igreja possuía um só coração e alma, como resultado direto do Espírito Santo. Competições, segmentações, grupinhos, portanto, são uma clara demonstração de carnalidade e necessidade de busca de quebrantamento e entrega a ação do Espírito na vida da Igreja.

A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja autocentrada

Certamente uma Igreja que havia experimentado o poder de Deus, de forma tão próxima e visível, seria impactada pelo sobrenatural. Porém, quando a ação sobrenatural é conduzida pelo Espírito Santo a única pessoa que se destaca é Jesus, a única pessoa exaltada é Jesus, a única que aparece com louvores é Jesus. Esta Igreja que experimentou o Espírito no Pentecoste passa, de forma paradoxal, a falar menos de sua própria experiência e mais da pessoa de Cristo. O egocentrismo eclesiástico não é compatível com as marcas do Espírito.

Creio, assim, que nossa herança provinda do Pentecoste precisa nos levar a sermos uma Igreja nas ruas (não enclausurada), uma Igreja Cristocêntrica com amor e tolerância entre os irmãos (não segmentada ou partidária), uma Igreja cuja bandeira é Cristo, não ela mesma (não egocêntrica), e por fim uma Igreja proclamadora, que fala de Cristo perto e longe. Que as marcas do Pentecostes continuem a se manifestar entre nós.

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Fonte: guiame.com.br

17 de dez. de 2014

O Espírito Santo e a evangelização

Por Ronaldo Lidório

Escrevo este artigo como um reconhecimento de que, sem a ação do Espírito Santo, a compreensão teológica bem como as estratégias missionárias serão insuficientes na dinâmica da propagação do evangelho e da multiplicação de igrejas. Dependemos do Espírito para converter o coração do povo, uni-lo, levá-lo a adoração a Cristo e inflamá-lo a pregar o evangelho. E o vento sopra onde quer.

Se olharmos o crescimento da Igreja em um panorama mundial, perceberemos que o crescimento evangélico foi 1.5 % maior que o Islã na ultima década1. O evangelho já alcançou 22.000 povos nestes últimos 2 milênios. Temos já a Bíblia traduzida hoje em 2.220 idiomas. As grandes nações que resistiam ao evangelho estão sendo fortemente atingidas pela Palavra, como é o caso da Índia e China, que em breve deverão hospedar a maior Igreja nacional (e informal) sobre a terra. Um movimento missionário apoiado pela Dawn Ministry plantou mais de 10.000 igrejas-lares no Norte da Índia na última década, em uma das áreas tradicionalmente mais fechadas para a evangelização. No Brasil, em lugares menos evangelizados como o sertão nordestino, o norte ribeirinho e indígena, e o sul católico e espírita, vemos grandes mudanças na última década, com o nascimento de novas igrejas, a multiplicação de movimentos evangelísticos e o crescimento da liderança local. Patrick Johnstone nos informa que jamais tivemos um crescimento tão expressivo da Igreja como em nossos dias2 .

Duas perguntas poderiam surgir perante este quadro: Qual a relação entre a expansão do evangelho e a pessoa do Espírito Santo? E quais os critérios para uma Igreja, cheia do Espírito, envolver-se com a expansão do evangelho do Reino?

Em uma macrovisão, percebemos que essa relação poderia ser observada em três áreas distintas, porém, inter-relacionadas: 1. através da essência da pessoa do Espírito e de sua função na Igreja de Cristo; 2. pela essência da pessoa do Espírito e de sua função na conversão dos perdidos; 3. pela clara ligação entre os avivamentos históricos e o avanço missionário.

A essência da pessoa do Espírito e de sua função na Igreja de Cristo

Em Lucas 24, Jesus promete enviar-nos um consolador, que é o Espírito Santo. Este viria sobre a Igreja em Atos 2 de forma mais permanente. Ali a Igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para “consolador” é “parakletos” e literalmente significa “estar ao lado3 . É um termo composto por duas partículas: a preposição “para”, que indica “ao lado de”, e “kletos”, do verbo “kaleo” que significa “chamar”. Portanto, vemos aqui a pessoa do Espírito, o cumprimento da promessa, o chamado para habitar a Igreja, permanecendo ao lado dela para o propósito de Deus.

Segundo John Knox a essência da função do Espírito Santo é estar ao lado da Igreja de Cristo, fazê-la possuir a face de Cristo e espalhar o nome de Cristo4. Nessa percepção, O Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais parecida com seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido na terra.

A essência da pessoa do Espírito e de sua função na conversão dos perdidos

Cremos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado. O homem natural sabe que é pecador, porém apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir perdido. Portanto em toda a apresentação do evangelho, se o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juízo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de uma apologia humana (1Ts 1.5).

Francis Shaeffer em seu L’abri ensinava a diferença entre a consciência de pecado e a consciência de resgate. Todo ser humano possui uma consciência moral de erro. Ele expõe que a consciência de imperfeição é inerente ao homem, e aceita pelo mesmo. Isto, por outro lado, não o leva a se sentir perdido e necessitado de ser resgatado. Sem a intervenção e o trabalho do Espírito, o homem natural não busca Deus e não sente a necessidade de salvação ou perdão.

Todos já passamos por uma experiência evangelística em que apresentamos Cristo a alguém com o coração endurecido. Às vezes até este alguém observava o que dizíamos sobre o Cristianismo de forma crítica e com zombarias. Mas mesmo assim lhe apresentamos o mesmo evangelho uma, duas, cinco vezes. Na sexta, nada novo é falado. O mesmo evangelho é apresentado, porém nesse momento a Palavra entra em sua mente, desce ao coração e gera quebrantamento, consciência de que está perdido e precisa de Deus. Há ali uma entrega pessoal ao Senhor Jesus. A pessoa do Espírito Santo, sua natureza e missão, é quem faz a diferença entre um ouvir acomodado do evangelho e um possuir sede de Deus. 

A clara ligação entre os avivamentos históricos e os movimentos missionários

Se observarmos os ciclos de avivamentos perceberemos que a proclamação da Palavra se torna uma consequência natural dessa ação do Espírito5 .

Como resultado de um avivamento, a partir de 1730, John Wesley durante 50 nos pregou cerca de 3 sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175.000km a cavalo pregando 40.000 sermões ao longo de sua vida.

Como resultado de um avivamento, em 1727, a Igreja moraviana passa a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época, chegando a enviar, ao longo de 100 anos, mais de 3.600 missionários.

Como resultado de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do missionário David Brainerd, o estudante William Carey foi chamado por Deus para evangelizar os indianos. Após uma vida de trabalho conseguiu traduzir a Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais

Como resultado de um avivamento, em 1806, Adoniran Judson teve uma forte experiência com Deus e se propôs a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia, onde foi encarcerado e perseguido durante décadas, mas deixou aquele país com 300 igrejas plantadas e mais de 70 pastores.

Como resultado de um avivamento, em 1882, Moody pregou na Universidade de Cambridge e 7 homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os 7 de Cambridge”, que incluía Charles Studd6 . Este foi para a África, percorreu 17 países e pregou a mais de meio milhão de pessoas. Fundou A Missão de Evangelização Mundial, que conta hoje com mais de 4.000 missionários no mundo.

Como resultado de um avivamento, em 1855 Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável para se dispor ao trabalho transcultural em um país idólatra e selvagem. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadi-lo, mas ele preferiu ouvir Deus e foi. Assim, Ashbel Green Simonton que veio e atuou no Brasil na segunda metade do século XIX, sendo o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Como resultado de um avivamento, em 1950, no Wheaton College 500, jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo a partir da pregação da Palavra. E obedeceram. Dentre eles estavam Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a tribo Auca, na Amazônia, em 1956. A partir de seu martírio, houve um grande avanço missionário em todo o trabalho indígena e não indígena. Um destes jovens é o Dr Russel Shedd que abençoa o nosso país com fidelidade e integridade ao longo dos anos. Seu ministério e intensa atuação na Igreja brasileira são fruto de um avivamento que despertou jovens e os levou a desenvolverem ministérios de transformação e impacto em todo o mundo.

Tendo em mente os três níveis de relação entre o Espírito Santo e as Missões nessa macroestrutura, podemos observar alguns valores bíblicos sobre esse tema, revelados em Atos 2, durante o Pentecoste. 

O Pentecoste e a proclamação

O Espírito Santo é a pessoa central no capítulo 2 de Atos, e Lucas é justamente o autor sinóptico que mais fala sobre ele utilizando expressões como “ungido” pelo Espírito, ou “poder” do Espírito ou ainda “dirigido”pelo Espírito. Isso demonstra que, na teologia Lucana, o Espírito Santo era realmente o “Parakletos” que viria.

O Pentecoste, dentre todas as festas judaicas, era, segundo Julius, o evento mais frequentado e acontecia sob clima de reencontros, já que judeus que moravam em terras distantes empreendiam, nessa época do ano, longas jornadas para ali estar no quinquagésimo dia após a páscoa.

Chegamos ao momento do Pentecoste. Fenômenos estranhos aos de fora e incomuns à Igreja aconteceram nesse momento, e a Palavra resume-os falando sobre um som como “vento impetuoso” (no grego “echos”, usado para o estrondo do mar). E “línguas como de fogo” que pousavam sobre cada um. Diz a Palavra que “ficaram cheios do Espírito Santo” e começaram a falar “em outras línguas”. E Lucas fecha o versículo 4 com a expressão “segundo o Espírito lhes concedia”.

No versículo 4, o texto utiliza os termos “eterais glossais” para afirmar que eles falaram em outras “glosse”, línguas, expressão usada para línguas humanas, idiomas. Mas, a fim de não deixar dúvidas, no versículo 8, o texto nos diz que cada um ouviu em sua “própria língua” usando aqui o termo “dialekto”, que se refere aos dialetos ali presentes. As línguas faladas, e ouvidas no Pentecoste, portanto, eram humanas. Mas onde ocorreu o milagre? Naquele que falou ou nos ouvidos dos que ouviram? É possível que tenha sido nos ouvidos dos que ouviram, pois a mensagem, pregada foi compreendida “idia dialekto” — no próprio dialeto de cada um. O certo, porém, é que Deus atuou sobrenaturalmente a fim de que a mensagem do Cristo vivo fosse compreendida, de forma nítida e clara, por todos os ouvintes.

Em meio a esse momento atordoante (vento, fogo, som e línguas), o improvável acontece. Aquilo que seria apenas uma festa espiritual interna para 120 pessoas chega até as ruas. O caráter missiológico do evangelho é exposto. Com certeza, o Senhor já queria demonstrar desde os primeiros minutos da chegada definitiva do Espírito sobre a Igreja que este poder — “dinamis” de Deus — não havia sido derramado apenas para um culto cristão restrito, para a alegria íntima dos salvos ou para a confirmação da fé dos mártires.

O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações vindouras. E nada melhor do que o Pentecoste para demonstrar tal amplitude. Ali 14 nações estavam presentes e, no meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada uma — milagrosamente — passou a ouvir o evangelho em sua própria língua.

Era o Espírito Santo mostrando já na sua chegada para o que viria. Em um só momento, Deus fez cumprir não apenas o “recebereis poder”, mas também o “sereis minhas testemunhas”. A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar sobre Jesus.

Daí muitos se convertem e a Igreja passa de 120 crentes para 3.000, e depois 5.000. Não sabemos o resultado daqueles representantes de 14 povos voltando para suas terras com o evangelho vivo e claro “em sua própria língua”, mas podemos imaginar que o nome de Jesus passou a ser repetido com intensidade tanto em Jerusalém quanto além fronteiras.

Após o sermão de Pedro, em que anuncia Cristo, no verso 37, registra-se que “ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração (ARA)”, e o termo usado aqui para “compungir” vem de “katanusso”, que segundo Meyer é usado para uma “forte ferroada”, ou ainda para “uma dor profunda que faz a alma chorar”. A Palavra afirma que “naquele dia juntaram-se a eles quase três mil pessoas”. Era o Espírito Santo usando o cenário do Pentecoste para alcançar homens de perto e de longe.

Uma conclusão clara no texto é que a presença do Espírito Santo leva a mensagem para as ruas, para fora do salão, e alcança pessoas de perto e de longe.

Havia naquele lugar, ouvindo a Palavra de Deus através de uma Igreja revestida de Poder pelo Espírito Santo, homens de várias nações distantes, judaizantes, além de judeus de perto, que moravam do outro lado da rua. De terras distantes, o texto registra que havia “Partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia próximas a Cirene, e romanos aqui residentes, tanto judeus como convertidos ao judaísmo, cretenses e árabes” e que todos ouviram falar “das grandezas de Deus”.

A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja enclausurada

Esta Igreja cheia do Espírito Santo passa a crescer onde está e em Atos 8 o Senhor a dispersa por todos os cantos da terra. E diz a Palavra que “os que eram dispersos iam por toda parte pregando a Palavra”.

Uma Igreja cheia do Espírito é uma igreja missionária, proclamadora do evangelho e conduzida para as ruas, jamais enclausurada.

A ação do Espírto Santo não produz uma Igreja segmentada

Após a ação do Espírito sobre os 120, depois 3.000, e depois 5.000, não houve segmentação, divisão, grupinhos na Igreja.

Eles eram diferentes. Alguns gostavam de adorar a Deus no templo, outros de casa em casa. Alguns eram judeus, outros judaizantes, e ainda outros gentios. Alguns haviam caminhado com Jesus, outros jamais o viram pessoalmente. Mas a Igreja possuía “um só coração e uma só alma” como resultado direto da ação do Espírito Santo em Atos 2.

A diversidade não conduzia a Igreja a segmentações. A unidade em Cristo era mais forte do que a diversidade humana, e assim a Igreja caminhava a um só passo.

A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja autocentrada

Certamente uma Igreja que havia experimentado o poder de Deus, de forma tão próxima e visível, seria impactada pelo sobrenatural.

Porém, quando a ação sobrenatural é conduzida pelo Espírito Santo, a única pessoa que se destaca é Jesus. A única pessoa exaltada é Jesus. A única pessoa que aparece é Jesus. E o resultado é que outros passam a amar mais Jesus.

A ação evangelizadora jamais foi resultado de habilidade humana ou metodologia certeira, mas, sim fruto da ação do Espírito que convence o homem do pecado e do juízo. A dependência da ação do Espírito é, portanto, condição necessária e fundamental para sonharmos com igrejas nascendo e se multiplicando, em Cristo, para a glória do Pai.

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Notas
1 Há um progressivo avanço do Cristianismo sobre o Islamismo a partir da forte entrada missionária em países islâmicos bem como de um fortalecimento do islamismo radical que tem enfraquecido o apelo do Islã no mundo
2 JOHNSTONE, Patrick. The church is bigger than you think. Fearn, UK, Christian Focus, 1998.
3 Ou permanecer ao lado de alguém. O “parakletos” era um ajudador, colaborador para que alguma missão ou propósito pudesse acontecer
4 MURRAY, Stuart. Church planting: Laying foundations. Carlisle, Cumbria, Paternoster, 1998.
5 Stott, John, op. cit., p. 54
6 Um dos maiores desportistas do final do século XIX, e milionário, abandonou fortuna e fama para se entregar à obra missionária na África. Fundador da WEC International — Missão AMEM no Brasil

25 de out. de 2014

A Reforma e a Missão

Por Ronaldo Lidório

Após participar de um encontro de igrejas no nordeste da França tive a oportunidade de dar uma palavra também aos adolescentes de uma escola cristã. Na entrada da escola a réplica de um mapa de 1573 chamou a minha atenção. Era o mapa do império francês do fim do século 16 com centenas e centenas de marcas, em forma de uma cruz, espalhadas por toda a sua extensão. O diretor da escola se aproximou explicando que as marcas indicavam a localização de cada escola cristã na França da época, cerca de duas mil! Com voz melancólica completou que “hoje não passam de vinte”. A forte presença de escolas cristãs era um resultado direto da Reforma Protestante sob a influência de Lutero, Calvino, Zwínglio, Farel e Knox que defendiam a pregação da Palavra, uma escola cristã em cada igreja cristã e um culto centrado em Cristo e não na Igreja.

A Reforma Protestante - desencadeada com as 95 teses de Lutero divulgadas em 31 de outubro de 1517 – foi, sobretudo, eclesiástica em um momento que todos os olhares se voltavam para a reestruturação daquilo que a Igreja cria e vivia. Renasceram assim os dogmas evangélicos.

A Sola Scriptura defendia uma Igreja centrada nas Escrituras, Palavra de Deus; a Sola Gratia reconhecia a salvação e vida cristã fundamentadas na Graça do Senhor e não nas obras humanas; a Sola Fide evocava a fé e o compromisso de fidelidade com o Senhor Jesus; a Solus Christus anunciava que o próprio Cristo estava construindo Sua Igreja na terra sendo seu único Senhor e a Soli Deo Gloria enfatizava que a finalidade maior da Igreja era glorificar a Deus.

A missão da Igreja, sua Vox Clamantis, não fez parte dos temas defendidos e pregados na Reforma Protestante de forma direta. Isso por um motivo óbvio: os reformadores possuíam em suas mãos o grande desafio de reconduzir a Igreja à Palavra de Deus e, assim, todos os escritos e esforços foram revestidos por uma forte convicção eclesiológica e sem preocupação imediata com a missiologia. Isso não dilui, entretanto, a profunda ligação entre a reforma e a missão como veremos a seguir.

A Reforma e as Escrituras na língua do povo

A Reforma levou a Igreja a crer que o curso de sua vida e razão de existir deveriam ser conduzidos pela Palavra de Deus, submetendo o próprio sacerdócio a esse crivo bíblico. Foi justamente essa ênfase escriturística que despertou Lutero para a tradução da Palavra na língua do povo e inspirou posteriormente centenas de traduções populares em diversos idiomas, fomentando movimentos como a WycliffeBibleTranslators com a visão da tradução das Escrituras para todas as línguas entre todos os povos da terra.

Hoje contamos com a Palavra do Senhor traduzida para mais de duas mil línguas vivas. João Calvino enfatizava que “... onde quer que vejamos a Palavra de Deus pregada e ouvida em toda a sua pureza... não há dúvida de que existe uma igreja de Deus”. O grande esforço missionário para a tradução bíblica resulta diretamente deste conceito resgatado na Reforma Protestante.

A Reforma e o culto participativo

A Reforma reavivou o culto em que todos os salvos, e não apenas o sacerdote, podem louvar e buscar a Deus. E Lutero, como uma de suas primeiras atitudes, colocou em linguagem comum os hinos entoados nos cultos. Esta convicção de que é possível ao homem comum louvar a Deus incorporou na Igreja pós-reforma o pensamento multiétnico através do qual “o desejo de levar o culto a todos os homens”, como disse Zuínglio, não demorou a ressoar na Igreja, culminando com o envio de missionários para o Ceilão pela igreja Reformada holandesa no século 17. Isso, então, disparou um progressivo envio missionário e expansão da fé Cristã nos séculos que viriam.

Um culto vivo ao Deus vivo foi um dos pressupostos reformados que induziu a obra missionária a levar esse culto a todos os homens transpondo barreiras linguísticas, culturais e geográficas.

A Reforma e a expansão da fé cristã

A Reforma destacou a Glória de Deus como motivo de existência da Igreja e isso definiu o curso de todo o movimento missionário pós-reforma no qual o estandarte de Cristo, e não da Igreja, era levado com a Palavra proclamada entre outros povos. Os morávios já testificavam sobre isto, no século 18, quando o conde Zinzendorf, ao ser questionado sobre seu real motivo para tão expressivo e sacrificial movimento missionário, respondeu: “estamos indo buscar para o Cordeiro o galardão do Seu sacrifício”. John Knox, na segunda metade do século 16, escreveu que, como resultado da Reforma, o Evangelho era exposto em toda parte, perto e longe. O centro das atenções, portanto, era Cristo e nascia ali um modelo cristocêntrico de pregação do Evangelho que marcaria o curso da história missionária nos séculos posteriores.

A Reforma Protestante passou a Igreja pelo crivo da Palavra e isto revelou a nossa identidade bíblica segundo o coração de Deus. Seguindo o esboço da eclesiologia reformada, poderemos concluir que somos uma comunidade chamada e salva pelo Senhor e com uma finalidade na terra. Zwínglio, logo após manifestar sua intenção de passar a pregar apenas sermões expositivos, em janeiro de 1519 afirmou em sua primeira prédica que “a salvação põe sobre nós a responsabilidade de obediência”. Não era suficiente apenas ouvir e compreender. Era preciso obedecer e seguir.

A Reforma e a motivação para o serviço e a missão

A Reforma também destacou o assunto do nosso propósito de vida e elucidou que a finalidade maior da nossa existência não é servir à Igreja ou a nós mesmos. A exposição de Calvino da carta aos Romanos, com especial destaque no último capítulo, deixa bem clara a evidência bíblica e convicção reformada de que vivemos e trabalhamos para a glória de Deus. A obra missionária, assim, passou a ser realizada não para expandir uma instituição, uma ideia ou um clero, mas para glorificar ao Supremo Criador e esta foi uma das grandes contribuições da Reforma para a missiologia protestante e para as ações missionárias.

Em Romanos16, versos 25 a 27, lemos: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu Evangelho” (fala de Deus), “conforme a revelação do mistério” (o “mistério” é o Messias prometido a todos os povos), "e foi dado a conhecer por meio das Escrituras Proféticas" (aponta para o meio de revelação), "segundo o mandamento do Deus eterno" (aponta para o desejo fomentador da nossa salvação), "para a obediência por fé"(aponta para o meio de salvação), "entre todas as nações” (esta é a extensão do plano salvífico de Deus).

Que lindo texto! Nele, Paulo resume a teologia da missão e expõe o propósito de Deus em resgatar pessoas de perto e de longe, em Cristo Jesus.

Mas qual o motivo maior para esse plano divino que visa a redenção de todos os povos? Ele completa no verso 27: “Ao Deus único e sábio seja dada glória ...”. É a glória de Deus! E esse é também o maior e mais importante motivo para nos envolvermos com o propósito de fazer Jesus conhecido até a última fronteira do país mais distante, ou da família na casa vizinha.

Martinho Lutero, em um sermão expositivo em 1513, baseado no Salmo 91, afirmou que “a glória de Deus precede a glória da igreja”. É momento de renovar nosso compromisso com as Escrituras, reconhecer que existimos como Igreja pela graça de Deus, orar ardentemente por fidelidade de vidas e entender que o próprio Jesus está construindo a Sua igreja na terra.

A Reforma e a busca por um coração pronto e sincero

O símbolo de Calvino passou a ser um coração seguro por uma mão e apresentado bem alto. Ao redor, escrito em latim, se lia Cor Meum Tibi Offero Domine Prompte et Sincere – “meu coração a ti ofereço Senhor, pronto e sincero”. Calvino, usado por Deus em sua geração e tantas outras entendia que, além de todo o conhecimento teológico e humano, havia a grave necessidade de um coração quebrantado e pronto.

John Knox, na busca por um coração aquecido e avivado no Senhor Jesus proclamava que a ponte entre o conhecimento e a transformação era o quebrantamento. Dizia em outras palavras que, sem um coração quebrantado, nenhum conhecimento teológico ou humano produziria uma vida transformada.

Concluo citando uma vez mais as palavras do reformador Lutero no livro GlorytoGlory em que ele nos ensina a dar passos e nos mostra que nossa vida em Cristo, como também a nossa missão na terra, são uma caminhada.

“Esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas”.

Que o Senhor nos quebrante, converta, abençoe e use para a Sua glória.
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Fonte: Revista Ultimato