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10 de jun. de 2016

Evangelismo e Apologética

Por Greg L. Bahnsen

O motivo pelo qual os cristãos são colocados na posição de apresentar a razão da esperança que neles há é que nem todos os homens têm fé. Porque há um mundo a ser evangelizado (homens que não são convertidos), há a necessidade de que o crente defenda sua fé: evangelismo conduz naturalmente à apologética. Isso indica que apologética não é mera questão de “duelo intelectual”; é uma séria questão de vida e morte — vida e morte eterna. O apologeta que falha em perceber a natureza evangelística de sua argumentação é cruel e arrogante. Cruel porque ignora a principal carência de seu oponente, e arrogante porque está mais preocupado em demonstrar que ele não é um tolo acadêmico do que em mostrar que toda glória pertence ao gracioso Deus de toda a verdade. Evangelismo nos faz lembrar quem somos (pecadores salvos pela graça) e do que carecem nossos oponentes (conversão de coração, não apenas modificação proposições modificadas). Acredito, portanto, que a natureza evangelística da apologética nos indica a necessidade de adotar uma defesa pressuposicional da fé. Em contraste a essa abordagem se colocam os vários sistemas de argumentação autônoma neutra.

Algumas vezes ouve-se, na área da erudição cristã (seja no campo da história, da ciência, da literatura, da filosofia ou em qualquer outro), a demanda por uma postura neutra, uma atitude não comprometida com a veracidade das Escrituras. Com freqüência, professores, pesquisadores e escritores são levados a pensar que, para serem honestos, devem pôr de lado todo comprometimento distintamente cristão quando estudam uma área que não esteja relacionada diretamente aos assuntos da adoração dominical. Eles raciocinam que, visto que a verdade é verdade onde quer que possa ser encontrada, as pessoas devem ser capazes de buscar a verdade pela orientação dos grandes pensadores de cada área, ainda que esses tenham uma perspectiva secular. “É realmente necessário considerar os ensinamentos bíblicos se você quer entender corretamente a guerra de 1812, a composição química da água, as peças de Shakespeare ou as regras da lógica?” Esse é o questionamento retórico deles. Daí surge a demanda por neutralidade no reino da apologética. Alguns apologetas dizem que deixariam de ser escutados pelo mundo descrente se abordassem a questão da veracidade das Escrituras com uma resposta preconcebida. De acordo com essa perspectiva, devemos estar dispostos a abordar o debate com descrentes com uma atitude comum de neutralidade — uma atitude “ninguém sabe até agora”. Inicialmente, devemos assumir o mínimo possível, é o que nos dizem; e isso significa que não podemos assumir premissas cristãs ou ensinamentos bíblicos. Assim, o cristão é chamado a abrir mão de suas crenças religiosas distintivas, a “deixá-las na estante” temporariamente, a assumir uma atitude neutra em seu pensamento. Satanás adoraria que isso acontecesse. Mais do que qualquer outra coisa, isso evitaria a conquista do mundo para crer em Jesus Cristo como Senhor. Mais do que qualquer outra coisa, isso faria dos cristãos professos impotentes em seu testemunho, ineficazes em seu evangelismo e incapazes em sua apologética.

O apologeta neutralista deveria refletir sobre a natureza do evangelismo; tal reflexão demonstra que (pelo menos) nas seis seguintes formas, o evangelismo requer uma apologética pressuposicional.

Na tentativa de levar boas novas ao mundo descrente, o neutralista é privado de seu tesouro.  Contrária à demanda por neutralidade, a palavra de Deus demanda lealdade sem reservas a Deus e sua verdade em todo o nosso pensamento e busca por instrução. E o faz por uma boa razão.

Paulo declara infalivelmente em Colossenses 2.3-8 que “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” em Cristo. Note que ele diz estarem depositados na pessoa de Cristo toda sabedoria e conhecimento — seja sobre a guerra de 1812, a composição química da água, a literatura de Shakespeare ou as leis da lógica! Toda atividade acadêmica e todo pensamento devem ser relacionados a Jesus Cristo, porque Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo. 14.6). Assim, evitar Cristo em seu pensamento, em qualquer ponto, é estar enganado, entregue à falsidade e morto espiritualmente.

Pôr de lado seus comprometimentos cristãos ao defender a fé é desviar-se voluntariamente do único caminho para a sabedoria e a verdade encontradas em Cristo. Temer o Senhor não é o fim ou o resultado do conhecimento; é o princípio do conhecimento reverenciá-lo (Pv. 1.7, 9.10). Paulo chama nossa atenção para a impossibilidade da neutralidade, a fim de que ninguém nos “engane com raciocínios falazes”. Ao contrário, devemos, como exorta Paulo, ser firmes, confirmados, radicados e edificados na fé, como fomos instruídos (v. 7). Uma pessoa deve estar pressuposicionalmente comprometida com Cristo na esfera do pensamento (e não neutra) e firmemente ligada à fé que recebeu por instrução, ou a argumentação persuasiva do pensamento secular irá enganá-la. Por isso o cristão é obrigado a pressupor a palavra de Cristo em toda área do conhecimento; a alternativa é o engano. No versículo 8 de Colossenses 2, Paulo diz: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas”. Ao tentar ser neutro em seu pensamento, você se torna um alvo fácil para ser enredado — privado por vãs filosofias de “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” que estão depositados somente em Cristo (v. 3). A mente obscurecida do descrente é uma expressão de sua carência de ser evangelizado.

Paulo nos diz em Efésios 4 que seguir os métodos ditados pela perspectiva intelectual daqueles que estão fora de uma relação salvadora com Deus é ter pensamentos vãos e entendimento obscurecido (vv. 17-18). O pensamento neutralista, então, é caracterizado por futilidade e ignorância intelectual. Na luz de Deus, vemos a luz (cf. Sl 36.9). Afastar-se da dependência intelectual da luz de Deus, da verdade de Deus e sobre Deus, é afastar-se do conhecimento para a escuridão da ignorância. Dessa forma, se um cristão deseja iniciar sua busca por instrução a partir de uma posição de neutralidade, ele estará, na verdade, disposto a iniciar seu pensar nas trevas. Ele não permitirá que a palavra de Deus seja luz para o seu caminho (cf. Sl 119.105). Ao caminhar pela neutralidade, tropeçaria pela escuridão. Tal pensamento certamente não honra a Deus como deve, e, conseqüentemente, Ele o torna nulo (Rm 1.21b). Neutralidade equivale à nulidade na visão de Deus.

Essa “filosofia” que não tem seu ponto de início e nem sua direção em Cristo é mais detalhadamente descrita por Paulo em Colossenses 2.8. Paulo não é contrário ao “amor pelo conhecimento” (isto é, “filosofia”, do grego) per se. Filosofia é admirável se a pessoa encontra sabedoria genuína — o que significa, para Paulo, encontrá-la em Cristo (Cl 2.3). No entanto, há um tipo de “filosofia” que não começa com a verdade de Deus, com o ensinamento de Cristo. Essa filosofia tem sua direção e origem nos princípios dos intelectuais do mundo — na tradição dos homens. Tal filosofia é alvo da reprovação de Paulo em Colossenses 2.8. É, para nós, esclarecedor, especialmente se somos propensos a aceitar a demanda por neutralidade em nosso pensamento, investigar sua caracterização desse tipo de filosofia.

Paulo diz que é “vã sutileza”. Que tipo de pensamento é esse que pode ser caracterizado como “vão”? Encontramos uma resposta ao comparar e contrastar passagens das Escrituras que falam de vaidade (por exemplo, Dt 32.47, Fp 2.16, At 4.25, 1Co 3.20, 1Tm 1.6 [loquacidade frívola], 6.20 [falatórios inúteis], 2Tm 2.15-18, Tt 1.9-10). Pensamento vão é aquele que não está de acordo com a palavra de Deus. Um estudo similar demonstrará que “sutileza” [engano, cf. Gn 27.35 ARC] é aquilo que está em oposição à palavra de Deus (cf. Hb 3.12-15; Ef 4.22; 2Ts 2.10-12; 2Pe 2.13 [mistificações]). A “vã sutileza” sobre a qual Paulo previne, então, é a filosofia que opera contra a verdade de Cristo e longe dela. Note a ordenança de Efésios 5.6, “Ninguém vos engane com palavras vãs”. Colossenses 2.8 nos diz que tomemos cuidado para não sermos enredados com “vãs sutilezas”. Paulo caracteriza ainda esse tipo de filosofia como “de acordo com a tradição dos homens, segundo os princípios fundamentais do mundo”. Essa filosofia põe de lado a palavra de Deus e a torna inválida (cf. Mc 7.8-13), e o faz ao basear-se nos elementos de aprendizagem ditados pelo mundo (isto é, os preceitos dos homens; cf. Cl 2.20,22). A filosofia que Paulo rejeita é aquele pensamento que segue as pressuposições (as hipóteses elementares) do mundo e, por essa razão, não está de acordo com Cristo.

O neutralista negligencia a antítese entre o cristão e o não-cristão que explica por que o crente está em posição de auxiliar o descrente Em Efésios 4.17-18, Paulo ordena que os seguidores de Cristo não mais andem “como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração”. Cristãos não devem andar, agir ou viver de uma maneira que imite o comportamento daqueles que não são redimidos; especificamente, Paulo proíbe que o cristão imite a vaidade dos pensamentos do descrente. Cristãos devem se recusar a pensar ou raciocinar de acordo com uma perspectiva ou mentalidade mundana. O agnosticismo condenável dos intelectuais do mundo não deve ser reproduzido nos cristãos como suposta neutralidade; essa perspectiva, essa abordagem à verdade, esse método intelectual evidencia um entendimento obscurecido e um coração endurecido. Ele se recusa a curvar-se perante o senhorio de Jesus Cristo sobre todas as áreas da vida, incluindo a erudição e o mundo. Todo homem, seja antagonista ou apologeta do Evangelho, distinguirá seu pensamento e a si mesmo pelo contraste com o mundo ou pelo contraste com a palavra de Deus. O contraste, a antítese, a escolha é clara: ser distinguido pela palavra de Deus (que é verdade) ou estar alheio à vida de Deus. Ou ter “a mente de Cristo” (1Co 2.16) ou a mente vã dos gentios (Ef 4.17). Levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2Co 10.5) ou continuar como “inimigos em suas mentes” (Cl 1.21). Aquele que segue o princípio intelectual de neutralidade e o método epistemológico da erudição descrente não honra o soberano senhorio de Deus como deve; como resultado, seu pensamento se torna nulo (Rm 1.21b). Em Efésios 4, como vimos, Paulo proíbe que o cristão siga essa mentalidade vã. Paulo prossegue ensinando que o pensamento do crente é diametralmente contrário ao pensamento ignorante e obscurecido dos gentios. “Mas não foi assim que aprendestes a Cristo” (v. 20). Enquanto os gentios são ignorantes, a verdade está em Jesus (v. 21). Ao contrário dos gentios, que estão alheios à vida de Deus, o cristão se despojou do velho homem e tem se renovado no espírito do seu entendimento (vv. 22-23). Esse “novo homem” é diferente em virtude da “justiça e retidão procedentes da verdade” (v. 24). O cristão é completamente diferente do mundo quanto ao intelecto e à erudição; ele não segue os métodos neutros de descrença, mas, pela graça de Deus, tem novos compromissos, novas pressuposições em seu pensamento.

Tentar ser neutro nos esforços intelectuais (seja pesquisa, argumentação, raciocínio ou ensino) equivale a se esforçar para apagar a antítese entre o cristão e o descrente. Cristo declarou que um foi separado do outro [santificado] pela verdade, que é a palavra (Jo 17.17). Quem tenta obter dignidade aos olhos dos intelectuais do mundo usando a insígnia da “neutralidade” somente o faz à custa de recusar ser santificado pela verdade de Deus. No reino intelectual, eles são absorvidos pelo mundo, de forma que ninguém pode dizer a diferença entre seus pensamentos e concepções e os pensamentos e concepções apóstatas. A linha entre o crente e o descrente é desvanecida.

Esse tipo de concessão nem é possível. “Nenhum homem pode servir a dois senhores” (Mt 6.24). “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).

A natureza da conversão não é de neutralidade e autonomia contínua, mas de fé e submissão ao senhorio de Cristo. A fé da pessoa que se torna cristã não foi gerada pelos padrões de pensamento da sabedoria mundana. O mundo, por sua própria sabedoria, não conhece a Deus (1Co 1.21), mas considera loucura a palavra da cruz (1Co 1.18, 21b). Se alguém adota a perspectiva do mundo, então ele nunca verá a sabedoria de Deus verdadeiramente; assim, nunca estará “em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria” (1Co 1.30). Logo, fé (e não observação auto-suficiente) faz de você um cristão, e essa confiança é posta em Cristo, não em seu próprio intelecto. Isso é o mesmo que dizer que o modo pelo qual se recebe Cristo é se desviar da sabedoria dos homens (a perspectiva do pensamento secular com suas pressuposições) e obter, pela iluminação do Espírito Santo, a mente de Cristo (1Co 2.12-16). Quando uma pessoa se torna cristã, sua fé não se baseia na sabedoria dos homens, mas na poderosa demonstração do Espírito (1Co 2.4-5).

E mais, o que o Espírito Santo causa é que todos os crentes digam “Senhor Jesus” (1Co 12.3). Jesus foi crucificado, ressurreto e assunto para que pudesse ser confessado como Senhor (cf. Rm 14.9, Fp 2.11). Dessa forma, Paulo pode resumir essa mensagem, que deve ser confessada se formos salvos, em “Jesus é o Senhor” (Rm 10.9). Para se tornar cristã, uma pessoa deve se submeter ao senhorio de Cristo, deve renunciar autonomia e pôr-se sob a autoridade do Filho de Deus. Aquele que Paulo diz que recebemos, de acordo com Colossenses 2.6, é Cristo Jesus, o Senhor. Como Senhor sobre o crente, Cristo requer que o cristão o ame com cada faculdade que tem (incluindo o entendimento, Mt 22.37); todo pensamento deve ser levado cativo à obediência de Cristo (2Co 10.5).

Logo, o apologeta evangelístico deve vir e arrazoar como um novo homem se quiser atingir o descrente; sua argumentação deve ser consistente com o objetivo para o qual mira. Vimos que a precondição absoluta da genuína erudição cristã é que o crente (e seu pensamento) deve estar radicado em Cristo (Cl 2.7). Paulo ordena que estejamos radicados em Cristo e que evitemos as pressuposições do secularismo. No versículo 6 de Colossenses 2, ele explica de forma simples como devemos ter nossas vidas (incluindo nossa busca por erudição) fundamentadas em Cristo e, daí, garantir que nosso raciocínio seja guiado pelas pressuposições cristãs. Ele diz “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele”; isto é, ande nele da mesma forma em que o recebeu. Se fizer isso, você será confirmado na fé, tal como foi instruído. Como, então, você se tornou cristão? Desse mesmo modo você deve crescer e amadurecer em sua caminhada cristã. Vimos acima que nossa caminhada não honra o padrão de pensamento da sabedoria mundana, mas se submete ao senhorio epistêmico de Cristo (isto é, sua autoridade na área do pensamento e do conhecimento). Dessa maneira uma pessoa alcança fé, e nessa maneira o crente deve continuar a viver e a aplicar seu chamado — mesmo quando se trata de erudição, apologética ou ensino.

Logo, o novo homem, o crente com uma mente renovada que foi ensinada por Cristo não anda mais na vaidade e escuridão intelectual que caracteriza o mundo descrente (cf. Ef 4.17-21). O cristão tem novos compromissos, novas pressuposições, um novo Senhor, uma nova direção e meta — ele é um novo homem; e essa novidade é expressa em seu pensamento e erudição, pois (como em todas as outras áreas) Cristo deve ter primazia no reino da apologética e do evangelismo (Cl 1.18b).

Se o evangelista quer que seu testemunho seja convincente, ele deve colocar-se em um firme fundamento de conhecimento. Deus nos diz que apliquemos nosso coração ao seu conhecimento para conhecermos a certeza das palavras da verdade (Pv 22.17-21). É característico dos filósofos atuais negarem a existência da verdade absoluta ou negar que alguém possa ter certeza sobre conhecer a verdade: ou ela não existe ou é inalcançável. No entanto, o que Deus escreveu para nós (ou seja, as Escrituras) pode mostrar-nos “a certeza das palavras da verdade” (vv. 20-21). A verdade é acessível! Contudo, para a compreendermos firmemente, devemos estar atentos à ordenança do versículo 17b: “aplica o coração ao meu conhecimento”. Conhecimento de Deus é primário, e o que quer que o homem deseje conhecer só pode ser baseado na recepção do que Deus tem conhecido desde a origem até ao fim. O homem deve pensar os pensamentos de Deus segundo Ele, pois “na tua luz, vemos a luz” (Sl 36.9).

O testemunho de Davi foi que “o Senhor meu Deus ilumina minha escuridão” (Sl 18.28). Na escuridão da ignorância humana, a ignorância que resulta da suposta auto-suficiência, surgem às palavras de Deus, trazendo luz e entendimento (Sl 119.130). Assim, Agostinho diz corretamente, “Creio para que possa entender”. Entendimento e conhecimento da verdade são os frutos prometidos quando o homem faz da palavra de Deus seu ponto de partida pressuposicional para todo pensamento. “Atende a minha sabedoria; à minha inteligência inclina os ouvidos para que conserves a discrição, e os teus lábios guardem o conhecimento” (Pv 5.1-2).

O neutralista se esquece da natureza graciosa de sua salvação Fazer da palavra de Deus sua pressuposição, sua norma, seu guia e instrutor, contudo, requer renunciar a auto-suficiência intelectual — a posição na qual você é autônomo, capaz de atingir conhecimento independentemente da direção e dos padrões de Deus. O homem que afirma ter (ou buscar) neutralidade em seu pensamento não reconhece sua completa dependência do Deus de todo o conhecimento para qualquer coisa que queira entender sobre o mundo. Tais homens (geralmente) dão a impressão de que são cristãos somente porque, como intelectos superiores, entenderam ou confirmaram (em quantidade grande ou significativa) os ensinos das Escrituras. Em vez de começar com a palavra certa de Deus por fundamento em seus estudos, querem que pensemos que começam com auto-suficiência intelectual e (usando isso como ponto de partida) chegam a uma aceitação “racional” das Escrituras. Embora cristãos possam cair em um espírito de autonomia ao seguir na busca por erudição, ainda assim, essa atitude não é consistente com a profissão e o caráter cristãos. “O temor do SENHOR é o princípio do saber” (Pv 1.7). Todo conhecimento começa em Deus e, assim, os que buscam conhecimento devem pressupor a palavra de Deus e renunciar a autonomia intelectual. “Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da sabedoria” (1Sm 2.3).

O SENHOR é aquele que aos homens dá conhecimento (Sl 94.10). Então, o quer que tenhamos, mesmo o conhecimento que temos sobre o mundo, isso nos foi dado por Deus. “E que tens tu que não tenhas recebido?” (1Co 4.7). Por que, então, se orgulhariam os homens em auto-suficiência intelectual? “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1Co 1.31). Humilde submissão à palavra de Deus deve preceder toda busca intelectual do homem.

Apologética é evangelística por natureza. O apologeta lida com pessoas que têm mentes obscurecidas, fugindo da luz de Deus, se recusando a se submeter ao Senhor. O apologeta não deve demonstrar essa mesma mentalidade ao se esforçar por uma neutralidade que, no fim, o coloca no mesmo lamaçal. Ele deve ter como objetivo a conversão do descrente antagonista e, assim, deve desencorajar autonomia e encorajar fé submissa. O apologeta deve evidenciar, mesmo em seu método de argumentação, que ele é um novo homem em Cristo; ele usa pressuposições que estão em oposição às do mundo. Ele faz da palavra de Deus seu ponto de partida, sabendo que somente ela dá o conhecimento seguro que o descrente não pode ter enquanto rebelde a Cristo. O pensamento do não-cristão não tem fundamento firme, mas o cristão declara a confiável palavra de Deus. Se não o fizesse, não poderia de modo algum evangelizar: só compartilharia sua ignorância e especulação com o descrente. O cristão seria privado de todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento que estão depositados em Cristo somente. Além disso, o apologeta que tenta mostrar sua auto-suficiência intelectual movendo-se para uma posição de neutralidade para que possa “provar” certas verdades isoladas no sistema cristão se esquece de que somente a graça o fez o cristão que é; ele deveria, ao invés, continuar a pensar e se comportar da mesma maneira que recebeu Cristo (pela fé, submetendo-se ao Senhorio de Cristo).

Portanto, à luz do caráter do evangelismo, da natureza do descrente, da natureza do apologeta regenerado, da natureza da conversão, da natureza do pensamento e da salvação genuínos, convém que o apologeta cristão use uma abordagem pressuposicional em sua defesa da fé. O caráter evangelístico da apologética requer nada menos que santificarmos a Cristo, como Senhor, em nosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor (1Pe 3.15-16); “as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.4-5).

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Tradução: Sávio Ornelas Almeida
Fonte: Monergismo

27 de jun. de 2015

Ponto de contato

Por John Frame

A expressão “ponto de contato” é bastante ambígua. Alguns leitores poderão assumir que ela simplesmente se refira a algum interesse em comum que o apologeta compartilhe com o inquiridor em nome da amizade ou da conversa; um interesse que eventualmente leve a uma oportunidade para apresentar o evangelho. No entanto, na teologia (principalmente com Barth e Van Til) a frase tem um sentido técnico especial.

11 de mai. de 2015

Lógica Pressuposicional

Por Ian Hodge
Preciso dizer isso de novo. Sou um aprendiz lerdo. Dãr!
Ora, após 30 anos pensando que era pressuposicionalista, o Dr. Greg Bahnsen mudou a minha mente. Eu estava perto, mas não o suficiente.
Há duas coisas que desafiam todo pensamento: infalibilidade e onisciência.
Exemplo:
Premissa 1: A mente grega (humanista) gostar de fazer conclusões, achar respostas.
Premissa 2: A mente hebraica (não humanista) está interessa no processo, não em conclusões.
Conclusão: Você deve ler as Escrituras com a mente hebraica, não com a mente humanista e, portanto, você não deve fazer conclusões.

13 de jan. de 2015

A questão do método Pressuposicionalista

Por Morgana Mendonça dos Santos

No livro Apologética Cristã do Cornelius Van Til, traduzido pelo Dr. Davi Charles Gomes, tem um capítulo específico sobre a questão do método. Esse pequeno texto é um resumo do capítulo. Devo dizer que tudo escrito aqui é apenas uma pequena repetição do texto do Van Til. O autor nesse capítulo leva o leitor a investigar a forma pela qual devemos levar alguém ao conhecimento da verdade. Indicar a natureza de uma apologética verdadeiramente protestante, isto é, uma apologética reformada, com a busca para a defesa de uma cosmovisão reformada de acordo como o cristianismo é. O autor afirma que a visão do católico romano e do arminiano sobre a questão do método e ponto de partida é um assunto neutro, a fim de juntar-se legitimamente ao cientista ou filósofo incrédulo, quando, através de seus métodos reconhecidos, investiga certas dimensões da realidade.

O apologeta reformado acredita que toda realidade criada, incluindo os campos da pesquisa com a qual as várias ciências lidam, revela o mesmo Deus acerca do qual as Escrituras falam. A própria essência da realidade criada é seu caráter revelacional. Já os apologetas católicos e arminianos acreditam que devem usar o método do homem natural, crendo até certo ponto na autonomia e supremacia da personalidade humana. O arminianismo pode, de certa forma, concordar, na questão do ponto de partida, com aqueles que consideram o homem o ponto de referência final de toda predicação humana. Assim também, crendo até certo ponto na existência de fatos que não são totalmente controlados e dirigidos pelo conselho de Deus, é possível ao arminianismo concordar, na questão do método, com aqueles para quem o objeto do conhecimento não tem ligação alguma com o plano de Deus.

Em contraste com católicos romanos e arminianos, entretanto, o apologeta reformado, de forma nenhuma, pode concordar com a metodologia do homem natural. O apologeta reformado deve buscar seu ponto de contato com o homem natural naquilo que está abaixo do limiar de sua consciência ativa, isto é, no senso de divindade que ele busca suprimir, discordando assim da ideia que o homem natural faz de si mesmo, como ponto de referência último. A forma como o apologeta reformado faz isso é conforme uma busca do ponto de contato com os sistemas construídos pelo homem natural. Deve haver uma colisão frontal com os sistemas do homem natural, para que exista o ponto de contato por meio do senso de divindade no homem natural.

Van Til entende que de acordo com a doutrina da fé reformada, todos os fatos da natureza e da história são o que são, fazem o que fazem e sofrem o que sofrem em conformidade com o conselho único e abrangente de Deus. Tudo o que deve ser conhecido pelo homem já é conhecido por Deus. E já é conhecido por Deus porque é controlado por Deus, chama-se isso de antítese.

1. Argumentando por pressuposição

O método vantiliano significa unificar a cosmovisão e o método, pois são intercambiáveis. Argumentar por pressuposições é ressaltar os princípios epistemológicos e metafísicos que sustentam e controlam cada método. Não pode deixar sua cosmovisão cristã de lado a fim de ganhar credibilidade com um incrédulo. A metodologia do apologeta reformado tem como pressuposição a verdade do teísmo cristão. Os apologistas reformados irão apelar para o conhecimento do verdadeiro Deus que o homem natural conhece porém suprime. Em seu âmago o homem natural sabe que é criatura de Deus, sabe também que é responsável diante de Deus, como sabe que deve viver para a Sua glória. Contudo, ele suprime o conhecimento de si mesmo, tal como ele é. Ele é o homem da máscara de ferro, um método verdadeiro deverá ser aplicado para buscar destruir essa máscara.

2. Escrituras

Assim, a Bíblia, como revelação inspirada infalível de Deus ao homem pecador, figura diante de nós como aquela luz pela qual todos os fatos do universo criado devem ser interpretados. Devemos afirmar que um protestante aceita a Escritura como o que a própria Escritura diz ser, em sua própria autoridade. A Escritura se apresenta como a única luz através da qual a verdade sobre os fatos e suas relações podem ser descobertas. Não podemos sujeitar os pronunciamentos normativos da Escritura sobre a realidade ao escrutínio da razão, pois é a própria razão que descobre sua função a partir da Escritura. O método com respeito à Escritura (cristianismo) e com respeito à existência de Deus (teísmo) deve ser o método indireto de raciocínio por pressuposição.

3. Metodologia de Blocos

Tendo em vista que o método apropriado para a apologética protestante é o método pressuposicional, em vez do método da aproximação direta, discordando assim a teologia arminiana e católica romana, podemos entender que: o método pressuposicional requer apresentar o teísmo cristão como uma unidade. Sem a pressuposição da verdade do teísmo cristão, nenhum fato pode ser distinguido de qualquer outro fato. Associando o princípio cristão de continuidade com o princípio cristão de descontinuidade, obtemos o princípio cristão de argumentação por pressuposições. A existência real do Deus do teísmo cristão e a autoridade infalível da Escritura que fala aos pecadores acerca deste Deus, é o que deve ser tomado como pressuposto para inteligibilidade de qualquer fato no mundo.

É parte da essência do método de argumentação tanto romanista como arminiana concordar com o incrédulo que proposições individuais acerca de diversas dimensões da realidade sejam verdadeiras, independentemente da veracidade do cristianismo. Nem o apologeta católico romano nem o arminiano se encontram em posição adequada para desafiar o procedimento atomista do homem natural. Suas próprias teológias são atomistas; não são construídas de forma consistente com o sistema cristão. Suas doutrinas individuais não, são, portanto, apresentadas como sendo aquilo que são, exclusivamente em virtude de sua relação com os princípios centrais da posição cristã.

O argumento do apologeta católico romano e do arminiano de que a fé reformada esteja errada em considerar todas as coisas no mundo como sendo o que são, basicamente em virtude do plano de Deus com respeito a elas, os compele a admitir a precisão essencial do atomismo não cristão. Com isso, eles perdem todo poder de desafiar a metodologia não cristã desde o início de sua jornada.

Recomendo a leitura do livro todo, pois o que foi escrito aqui são apenas partes pequenas do que a obra tem a dizer e ensinar. Nenhum mérito tenho aqui, pois lendo o livro fiz minhas anotações e organizei nesse simples resumo. Concordo com esse método pois entendo que seja o mais apropriado, qualquer discordância, será Van Til o questionado e nesse livro você pode encontrar quem sabe, as respostas.

"O pregador reformado descansa no poder do Espírito Santo quando fala aos homens que eles estão perdidos em pecado e necessitam de um Salvador. O pregador reformado não reduz sua mensagem para que ela tenha a aceitação do homem natural. Ele não diz que sua mensagem é menos verdadeira por ser rejeitada pelo homem natural. O homem natural está, em virtude de ter sido criado à imagem de Deus, sempre acessível à verdade; acessível à penetração da verdade pelo Espírito Santo"


Apologética Cristã, Van Til, p.102. 

10 de dez. de 2014

Van Til e Gordon Clark: Uma comparação

 
Por Phil Fernandes

Ao comparar os pensamentos de Cornelius Van Til e Gordon Clark, descobrimos vários pontos de concordância, bem como várias áreas de discordância. Em primeiro lugar serão examinados alguns pontos de concordância entre estes dois homens.

Ambos eram calvinistas sérios e consistentes. Como ambos acreditavam que, à parte da obra regeneradora do Espírito Santo, ninguém poderia livremente se decidir por Cristo, as tentativas diretas de persuadir os incrédulos eram consideradas contraproducentes.

Ambos concordavam que o evangelho deveria ser pressuposto, e não provado. Van Til e Clark sentiam que defender a verdade do evangelho era negar a doutrina calvinista da depravação total do homem. Ambos acreditavam que a razão do homem estava danificada devido à Queda e que seria inútil uma argumentação direta pela verdade do cristianismo. Ainda assim, ambos estavam dispostos a refutar as crenças dos incrédulos e fornecer uma confirmação indireta da verdade do cristianismo.

Ambos concordavam que a filosofia secular era um completo fracasso. Clark ensinava que todas as filosofias não cristãs reduziam-se eventualmente ao ceticismo. Van Til acreditava que a filosofia secular era fútil, posto que a razão humana encontrava-se num estado caído. Na sua visão, se a pessoa não pressupõe o Deus da Bíblia, nenhum conhecimento é possível. Contudo, Van Til acreditava que até mesmo os incrédulos pressupõem a existência de Deus (embora suprimam esta verdade) para encontrar a verdade.

Ambos concordavam que a apologética tradicional é antibíblica e inútil. Ao longo de seus escritos, Clark e Van Til depreciavam o método tradicional de defesa da fé. Eles acreditavam que entre o crente e o incrédulo não havia campo de batalha neutro onde o cristianismo poderia ser defendido. O evangelho deveria ser pressuposto em vez de defendido. Eles não viam qualquer utilidade aos argumentos clássicos para a existência de Deus ou para o uso tradicional de evidências históricas para a fé cristã.

A despeito desses pontos de concordância entre Clark e Van Til, havia áreas de discordância. Os exemplos a seguir ilustrarão isso.

Eles discordavam sobre o raciocínio circular. Van Til acreditava que todo raciocínio é circular. A conclusão dos argumentos de uma pessoa pode sempre ser encontrada nas premissas dos seus argumentos. No entanto, Clark era mais racionalista em seu pensamento. Considerava o raciocínio circular uma falácia lógica. Por causa disso, Clark pressupôs de forma dogmática seu princípio primeiro (A existência do Deus da Bíblia [1]) e então deduziu as suas crenças a partir deste princípio primeiro.

Eles discordavam sobre o status e uso da lei da contradição. Clark acreditava que a lei da contradição fluía da natureza de Deus. Ele ensinava que Deus é lógica. Portanto, ao pressupor o Deus trino que se revelou na Bíblia, ele também pressupôs a lei da contradição. Ele então usaria essa lei para destruir os sistemas de crenças dos incrédulos.

Van Til, no entanto, acreditava que essa lei era uma limitação humana que Clark tinha forçado sobre Deus. Van Til acreditava que Clark sujeitara Deus a essa lei. Embora Van Til usasse esta lei para refutar os demais sistemas de crenças, isto somente assim se dava porque ele escolhera usar “a própria munição do inimigo para derrotá-lo na batalha”. De fato, a visão clarkiana da lei da não contradição é provavelmente o que produziu a maior lacuna entre o pensamento destes dois homens. Clark assumia a lei da não contradição como pressuposto ao fazer apologética. Van Til recusava-se a fazê-lo.
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NOTAS:
[1] É comum ver esta afirmação nas análises que são feitas sobre o pensamento de Clark. Contudo, quem lê todos os seus escritos e está mais familiarizado com seu método, percebe que o seu princípio primeiro era na verdade o seguinte: “A Bíblia é a Palavra de Deus”. “A existência do Deus da Bíblia” é uma crença extraída desse princípio primeiro, e não o próprio princípio primeiro. Na verdade, esta é outra diferença entre Clark e Van Til. Van Til começa com a existência do Deus trino, e Clark começa com a divina inspiração da Bíblia. [N. do T.]

Fonte: Monergismo

9 de dez. de 2014

Problemas na Apologética Clássica

Por Cornelius Van Til

1. O método tradicional de apologética cede demais em relação ao próprio Deus, por defender que sua existência só é ‘possível’, embora seja ‘bastante provável’, ao invés de defender que ela é ontológica e ‘racionalmente’ necessária.
2. Este método cede demais em relação ao conselho de Deus, por não entendê-lo como a ‘causa’ última, completamente abrangente, de tudo aquilo que acontece.
3. Este método cede demais em relação à revelação de Deus nos seguintes pontos:
(a) Fazendo concessões a respeito de sua necessidade. Isso acontece por não reconhecer que mesmo no Paraíso o homem tinha que interpretar a revelação geral (isto é, natural) de Deus em termos das obrigações pactuais impostas por Deus via revelação especial. A revelação natural, na abordagem tradicional, poderia ser interpretada ‘por conta própria’.
(b) Fazendo concessões a respeito de sua clareza. A revelação de Deus, tanto geral como especial, são tidas por obscuras [na visão tradicional], a ponto de o homem poder dizer somente que a existência de Deus é ‘provável’.
(c) Fazendo concessões a respeito de sua suficiência. Isso ocorre quando se abre espaço [na abordagem tradicional] para uma absolutização do ‘acaso’ ou ‘chance’, vindo daí alguns ‘fatos’ que são completamente novos para Deus e para o homem. Tais ‘fatos’ seriam ‘brutos’ (não interpretados) e inexplicáveis em termos da revelação de Deus, seja ela geral ou especial.
(d) Fazendo concessões a respeito de sua autoridade. Na posição tradicional, a característica auto-autenticadora da Palavra de Deus (e, portanto, sua autoridade) é secundária à autoridade da razão e da experiência. As Escrituras não identificam a si próprias: é o homem quem as identifica e reconhece em ‘autoridade’, em termos da autoridade do próprio homem.
4. O método clássico ainda cede sobremaneira em relação à criação do homem à imagem de Deus, ao postular a criação do homem e seu conhecimento como independentes do Ser e do conhecimento de Deus. Nessa abordagem, o homem não precisa de “pensar os pensamentos de Deus como Ele pensa” [think God's thoughts after him].
5. Este método cede demais a respeito da relação pactual com Deus, ao ignorar o ato representativo de Adão como absolutamente determinativo acerca do futuro.
6. Mais ainda, este método faz pouco caso da pecaminosidade da humanidade resultante do pecado de Adão ao ignorar a depravação ética do homem como algo que se estende a todos os aspectos da vida, incluindo o raciocínio e a atitude.
7. Por fim, este método faz pouco caso da graça de Deus ao ignorá-la como o pré-requisito necessário à “renovação da mente”. Afinal, na visão clássica o homem pode e deve renovar a mente pelo “uso correto da razão”.

“My Credo”, in: Jerusalem and Athens.
Traduzido por: Lucas G. Freire (Nov. 2011)
Fonte: Monergismo