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6 de abr. de 2016

Conversão Cristã e Marxismo

Por David F. Wells
O marxismo já foi considerado por alguns uma heresia cristã. Ele tem a forma da fé, mas o conteúdo do humanismo ateu. O marxismo tem fortes semelhanças com a fé cristã e divergências importantes. A teologia cristã concorda com a análise inicial de Marx, isto é, a avaliação da discrepância fundamental do ser humano entre ser e dever ser. Ele concorda com a percepção da necessidade da mudança moral básica e constante, como de constante consciência autocrítica. A fé cristã, baseada na Bíblia, lida com essa tarefa moral socialmente relevante; ela não consiste apenas em um sistema de cosmologia ou um conjunto peculiar de costumes étnicos. Na verdade, ela insiste na centralidade da mudança moral e não permite seu desaparecimento periódico em ondas alternadas de dogmatismo e pragmatismo.
Jesus, depois de alimentar as multidões, não permitiu que o considerassem apenas um fornecedor estimado de provisões materiais (Jo 6.15). O cristianismo, também, se importa que todos tenham as necessidades da vida providas. Mas também sustenta que “nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4) – versículo algumas vezes citado por líderes marxistas, embora apenas a primeira parte! Do ponto de vista cristão, viver consiste em realizar a vontade divina, não buscar o próprio bem-estar. O materialismo inato aplica um truque sujo no marxismo nesse ponto, por meio de uma meia-verdade que muitas vezes se apresenta como a plenitude do evangelho. Na verdade, precisamos de pão, mas não podemos nos contentar quando o temos. Meios materiais não resolvem problemas morais, certamente não quando os problemas são vistos sob o domínio do ego.
Além disso, a fé cristã concorda com Marx a respeito da necessidade de mudança na vida, no trabalho e nos relacionamentos entre os seres humanos (ou seja, na aplicação individual). Embora o cristianismo contemple a necessidade de mudanças nas instruções sociais e na legislação, enfatize o indivíduo principalmente, acima das alterações apenas nos métodos, estruturas, nas leis ou nos oficiais – e que os marxistas tantas vezes parecem propagar. O cristianismo é completamente cético em relação a esquemas globais de salvação social, esquemas que os seres humanos são notoriamente incapazes de pôr em prática.
Por fim, a teologia cristã concorda com Marx que essa mudança nos seres humanos deve ocorrer no sentido de que todos se importem com as outras pessoas e com a humanidade. Marx aqui está bastante certo ao identificar o enigma da alienação moral da humanidade: a falta de consideração para com o próximo. Não pode haver lugar no cristianismo para o cinismo que finge tentar estabelecer uma sociedade mais justa e fraterna. Os problemas morais envolvidos na manutenção da vida humana e na associação humana não desaparecem se forem ignorados, mas precisam de constante atenção, não menos no Ocidente que no Oriente. Como engendrar um comportamento socialmente responsável é de fato um problema de relevância imediata em países cuja cultura é dominada pela filosofia da “geração do eu”.
Em suma, a teologia cristã apoia o conceito da conversão concreta. No entanto, a fé bíblica também chama à conversão completa no sentido de a pessoa se voltar não apenas para o próximo, mas para Deus. Isso é fundamental quanto à motivação. A menos que Deus seja o objetivo e o penhor, não há razão para a manutenção de padrões morais absolutos. Quando Deus é ignorado, e as mudanças se baseiam apenas na autoridade humana, o relativismo moral é inevitável porque o poder da determinação moral é dado a indivíduos ou grupos seletos que facilmente confundem padrões morais com seus interesses. Mesmo no mais elevado dos casos, a desonestidade, pelo bem da causa, pode tornar-se desonestidade por causa de algum objetivo pessoal sem possibilidade de correção. O relativismo moral também significa o fim do discurso moral entre todos os envolvidos. Ele não pode ser contido, e acaba se voltando contra seus primeiros defensores mais bem-intencionados. Nesse ponto, o compromisso do cristianismo com a justiça logicamente exige padrões morais absolutos, e eles são impensáveis sem a autoridade de Deus.
O mesmo é verdadeiro no campo da motivação. O grupo, o coletivo, a sociedade e o Estado são fundamentalmente incapazes como motivadores do altruísmo. A vontade individual sem dúvida questiona as exigências morais alheias. Lidamos aqui com o problema da possibilidade da existência da moralidade sem a religião. Parece haver profunda sabedoria nas cláusulas do Antigo Testamento que apoiam exigências éticas na autoridade divina: “Não explorem um ao outro […]. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês” (Lv 25.17; cf. Gn 50.9).
Outro problema é como as exigências morais objetivas podem ser subjetivadas ou internalizadas. A teologia cristã duvida da capacidade da educação, ou da mera apresentação de ideias, para produzir a mudança moral. O marxismo prossegue com esse discurso, e deve ser visto como idealista. Às vezes se tem a impressão, em países socialistas, que as fortes forças do nacionalismo são empregadas como motivadores em direção à meta moral pretendida. Mas isso, como a reintrodução periódica dos princípios capitalistas no caminho para o socialismo, parece apenas mais uma tentativa de “atravessar o rio nas costas do crocodilo”; o nacionalismo sem dúvida não cria o “homem novo” da “irmandade humana”, mas pode facilmente se tornar uma das mais potentes e desagradáveis encarnações do “velho homem”.
“Medidas administrativas”, ou que pressionem as pessoas para que se comportem com correção, provaram-se ineficientes. A aplicação da força – onde, lembremos, busca-se a mudança moral fundamental – produz apenas hipocrisia, falta de confiança e, de maneira generalizada, reconstitui com exatidão o que se considerava o problema, no início. Educação e acompanhamento são medidas externas que não penetram no coração. É inútil pensar que o pecador pode realizar a própria conversão, ou pior, a dos outros. Não ocorrerá a conversão do próximo sem a conversão de Deus. A redescoberta do próximo sem a redescoberta de Deus e vã; o ateísmo marxista causa estragos com suas próprias metas elevadas.
Por isso o jovem Marx, depois de ter esboçado o problema do homem como o único ser na criação que não cumpre seu objetivo, continuou a afirmar que o cristianismo é necessário para o desenvolvimento moral completo. O cristianismo, acima de tudo, ressalta a questão da internalização do bem, de modo que ele se torne uma expressão espontânea do crente. Onde as pessoas encontraram Jesus, a mudança moral (como na história de Zaqueu, o cobrador de impostos) não surgiu como consequência de uma ordem, mas apareceu de modo espontâneo, a evolução de uma necessidade, não de coerção. Também por isso Agostinho, Bernardo e Calvino se referem ao “testemunho interno” do Espírito de Deus, que autoriza a mensagem objetiva anunciada e se torna a propriedade mais íntima da pessoa. Isso efetua a mudança no “coração”, no centro de motivação, e ultrapassa a mudança moral como postulado. Fala do amor como dom divino, derramado em nosso coração (Rm 5.5). Sem ele, procuraremos em vão pela mudança moral que combine autocrítica e a dedicação inabalável aos padrões absolutos do que é certo.
O idealismo dos marxistas muitas vezes é admirável, mas a sua visão e programa são fatalmente falhos pela avaliação do egoísmo e da injustiça, e do perdão e da mudança. No entanto, por mais triste que a história da fé cristã às vezes seja, ela gerou no mundo homens e mulheres criativos e de coragem que mudaram profundamente o curso da vida. E isso pode acontecer de novo! Pois o mesmo Deus que sustenta a vida, governa nosso mundo, regula a ordem moral e dirige o curso da história ainda está chamando pessoas, da mesma maneira, por meio do mesmo evangelho, na mesma vida baseada na ressurreição de Jesus para servi-lo e preservar o que é bom, reto e honroso no mundo. As ondas de materialismo, prático ou teórico, parecem montanhas imponentes, com enorme poder e apelo irresistível, mas sempre elas, também, batem contra a dura realidade da vida. Homens e mulheres foram feitos por Deus. Apesar do alardeado idealismo, de um lado, e dos artigos de consumo e Porsches, de outro, o coração humano está sempre inquieto, até encontrar seu descanso em Deus.
***
Trecho extraído da obra “Volte-se para Deus – A conversão cristã como única, necessária e sobrenatural”, de David F. Wells, publicado por Shedd Publicações: São Paulo, 2016, p. 182-187. Traduzido por Vivian do Amaral Nunes. Publicado com permissão. Via: Tuporém

22 de jul. de 2015

O problema em "aceitar" Jesus

Por Luciana Barbosa

“Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.”

Romanos 8.29,30

Certa tarde escutando uma rádio evangélica, o locutor abriu oportunidade para seus ouvintes que estavam desviados voltarem pra Jesus. Uma mulher ligou pedindo oração, pois, já tinha “aceitado” Jesus três vezes e não conseguia se firmar. O locutor disse que era normal, pois, quando “aceitamos” Jesus o mundo se volta contra nós... Oi? O quê? Como assim? O que a Bíblia fala sobre a conversão? Será que da base para isso que o locutor disse?

10 de jul. de 2015

A Verdadeira Conversão

Por Thiago Azevedo

A experiência da conversão é algo que fica marcado na vida de um cristão. É o dia mais feliz de sua vida terrena, pois é o dia em que o próprio Deus o chamou para segui-lo.  Geralmente as pessoas mantêm gravadas na mente a data que ocorreu tamanha experiência. Porém, muitos têm confundido e não sabem o que é uma verdadeira experiência de conversão. É por isso que distingo neste texto as palavras convertido e convencido.

9 de jan. de 2015

Autoconversão: Um sedativo que leva ao Inferno


Por Fernando Carvalho

Dia após dia nos deparamos com notícias a respeito de pessoas que “se converteram” ao Senhor Jesus demonstrando terem entendido essa atitude como um bom caminho a ser seguido. Essas pessoas atribuem sua conversão à vários motivos: uma situação financeira complicada, enfermidades, remorso e talvez o que seria mais comum hoje, pertencer a um grupo de pessoas que pensam igualmente sobre um mesmo conceito religioso.

Antes de me aprofundar na reflexão, permita-me esclarecer uma posição. Talvez um ou outro motivo descrito acima possa apontar um caminho para que determinada pessoa se depare com o próprio fracasso e incapacidade de prosseguir a vida sem uma esperança maior e assim compreender a necessidade de um redentor que possa oferecer alívio às cargas que o próprio pecado gera no homem. Porém acho arriscado que apenas isso seja um sinal genuíno de conversão a Cristo.

Pois bem, o que vemos hoje na grande maioria dos casos é o que intitulo: autoconversão, que nada mais é do que o engano de pessoas que acreditam serem convertidas a Cristo até por alguns motivos e intenções certas, mas na verdade elas nunca tiveram um real encontro com o Salvador mediante uma regeneração no espírito morto pelo pecado (Efésios 2:1) acompanhado de arrependimento e nojo pela vida que antes levavam sem o conhecimento da salvação. Logo, esse indivíduo que se autoconverteu continua levando a mesma vida de antes com um selo gospel, após ter repetido uma oração ou levantado a mão na frente da igreja e assim se intitula salvo. 

Entenda que enfrentaremos lutas terríveis contra o pecado mesmo depois de salvos, chegando à compreensão que antes o que gerava deleite na alma agora causa terríveis dores em nós, pois foi esclarecido pela verdadeira conversão, que o pecado entristece o Espírito Santo de Deus. 

Essas pessoas autoconvertidas são um caso muito diferente, pois continuam exatamente os mesmos com uma nova roupagem religiosa. Não há frutos de mudanças consequentes de uma nova vida no Senhor e geralmente existe pouca ou nenhuma renuncia daquilo que os prendem ao pecado. Pessoas convertidas genuinamente ao Senhor apresentam como primeiro indício o tomar a cruz e seguir ao mestre, experimentando através do padecer, as mudanças provocadas pelo encontro com Aquele que agora é o Senhor e governador de suas ações a partir de uma real entrega de vida.

O pior desta autoconversão, onde o próprio indivíduo continua sendo a voz diretiva de sua vida é que isto o cega para o verdadeiro evangelho, pois julga já ser seguidor de Cristo por reduzir essa “conversão” a apenas algumas falsas mudanças morais e tratá-la como um dos setores da vida - no caso o religioso - a serem mudados. Errado! 

Isso é um terrível engano que o impede de reconhecer a sua rebelião e a real necessidade de justificação dos pecados pelo sangue de Cristo, já que o mesmo se justificou pela suposta mudança, tornando-o agora um feitor de boas obras separado de Deus.

Há pouco tempo foi anunciado pela mídia que um cantor de funk havia se convertido através de outro cantor gospel. Bem, você pode até estar pensando a seguinte máxima: Quem sabe se realmente houve conversão é Deus! Sabemos que isto é verdade, mas a conversão vem acompanhada de todo o fruto do Espírito que conhecemos (Gálatas 5: 16) e não de apenas uma simples declaração pública e logo mais, uma possibilidade de carreira gospel.

Talvez possam existir pessoas moralmente melhores que eu e você que jamais provarão a salvação em Cristo Jesus, por não conhecerem através da revelação do Evangelho a necessidade de arrependimento e de terem suas vidas assenhoreadas por Cristo. 

A autoconversão funciona como um sedativo que engana os seus adeptos sobre a morte e o real estrago que a queda gerou ao homem, maquiando a degeneração na alma causada pelo pecado. A conversão genuína a Jesus Cristo de imediato gera no salvo o desejo de imediatamente separar-se de todas as ações antes cometidas, que afrontam e zombam da pureza do sacrifício de Cristo pelos pecados.

Oremos para que o Evangelho possa ser pregado fielmente revelando o real estado pecador do homem e assim promover uma real conversão ao Senhor Jesus Cristo. Para meditação de todos deixo o texto de Atos 19: 18-20 que relatam as consequências de verdadeiras conversões muitos raras em nosso tempo.

“Muitos dos que creram vieram confessando e denunciado publicamente as suas próprias obras. Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários. Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente.”

Na paz de Jesus Cristo.

10 de nov. de 2014

Recuperando o Evangelho

Paul Washer

O evangelho de Jesus Cristo é o maior de todos os tesouros dados à igreja e ao cristão como indivíduo. Não é uma mensagem entre muitas, mas a mensagem acima de todas as outras. É o poder de Deus para a salvação e a maior revelação da multiforme sabedoria de Deus aos homens e aos anjos. É por essa razão que o apóstolo Paulo deu primazia ao evangelho em sua pregação, esforçando-se com tudo que tinha para proclamá-lo com clareza, pronunciando até mesmo uma maldição sobre todos que pervertessem sua verdade.

Cada geração de cristãos, pelo poder do Espírito Santo, é responsável pela mensagem do evangelho. Deus nos chama a guardar este tesouro que nos foi confiado. Se quisermos ser fiéis mordomos, teremos de estar absorvidos no estudo do evangelho, tomando grande cuidado para compreender as suas verdades, comprometendo-nos a guardar o seu conteúdo. Ao fazê-lo, garantimos nossa salvação, bem como a salvação daqueles que nos ouvem.

Como sabemos comumente, a palavra Evangelho vem do vocábulo grego euangélion, que é traduzida como “boas novas”. Num sentido, toda página da Escritura contém o evangelho, mas em outro sentido, ele se refere a uma mensagem muito específica — a salvação realizada para um povo caído, por meio da vida, morte, ressurreição e ascensão de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Conforme o bom prazer do Pai, o Filho eterno, que é um com o Pai e a exata representação de sua natureza, deixou voluntariamente a glória do céu, foi concebido pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem, e nasceu o homem-Deus: Jesus de Nazaré. Como homem, ele andou sobre a terra em perfeita obediência à lei de Deus. Na plenitude do tempo, os homens rejeitaram-no e o crucificaram. Sobre a cruz, ele carregou o pecado do homem, sofreu a ira de Deus, e morreu no lugar do homem. Ao terceiro dia, Deus o ressuscitou da morte. Esta ressurreição é a declaração divina de que o Pai aceitou a morte de seu Filho como sacrifício pelo pecado. Jesus pagou a penalidade pela desobediência do homem, satisfez as demandas da justiça e aplacou a ira de Deus. Quarenta dias após a ressurreição, o Filho de Deus ascendeu ao céu e se assentou à destra do Pai, e foi-lhe dada glória honra, e domínio sobre todas as coisas. Ali, na presença de Deus, ele representa seu povo e intercede junto a Deus em seu favor. Deus perdoará plenamente a todos quantos reconhecem seu estado de pecado e incapacidade, e se lançam sobre Cristo, sendo por ele declarados justos e reconciliados a ele. Este é o evangelho de Deus e de Jesus Cristo, seu Filho.

Um dos maiores crimes cometidos pela presente geração de cristãos é a negligência do evangelho, e é devido a essa negligência que nascem todos os nossos outros males. O mundo perdido não é tão endurecido quanto é ignorante do evangelho, porque muitos que proclamam sua mensagem também ignoram suas verdades mais básicas. Os temas essenciais que compõem o próprio cerne do evangelho — justiça de Deus, depravação total do homem, expiação pelo sangue, a natureza da verdadeira conversão, e a base bíblica para a segurança da salvação — estão demasiadamente ausentes dos púlpitos atuais. As igrejas reduzem a mensagem do evangelho a algumas declarações do credo, ensinam que a conversão é apenas uma decisão humana e pronunciam a segurança da salvação para qualquer um que tenha feito a “oração do pecador”.

O resultado desse reducionismo evangélico tem sido de longo alcance. Primeiro, endurece ainda mais o coração dos não convertidos. Poucos “convertidos” dos dias modernos entram na comunhão da igreja, e os que o fazem, muitas vezes, se desviam ou têm as vidas marcadas pela carnalidade habitual. Milhões sem conta andam por nossas ruas e se assentam, não transformados pelo verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. No entanto, estão convencidos de sua salvação, porque em dado momento de sua vida levantaram a mão em uma campanha evangelística ou repetiram uma oração aceitando Jesus. Esse falso senso de segurança cria uma grande barreira que, frequentemente, isola estes indivíduos de ouvir o verdadeiro evangelho.

Em segundo lugar, tal evangelho deforma a igreja, fazendo com que, em vez de ser um corpo espiritual de crentes regenerados, seja um ajuntamento de homens carnais, que professam conhecer a Deus, mas o negam por suas obras. Com a pregação do verdadeiro evangelho, os homens chegam à igreja, sem o entretenimento evangélico, atividades especiais ou promessas de benefícios além daqueles realmente oferecidos pelo evangelho. Aqueles que vêm o fazem porque desejam a Cristo e tem fome da verdade bíblica, adoração de coração e oportunidades de servir. Quando a igreja proclama um evangelho menor que isso, ela se enche de homens carnais, que compartilham pouco interesse pelas coisas de Deus. Manter tais pessoas é um fardo pesado para a igreja. A igreja então diminui o nível das demandas radicais do evangelho para uma moralidade conveniente, e a verdadeira dedicação a Cristo cede a atividades projetadas para suprir as necessidades sentidas pelos seus membros. A igreja torna-se dirigida por atividades ao invés de ser centrada em Cristo, e cuidadosamente filtra ou faz novo pacote da verdade, a fim de não ofender a maioria carnal. A igreja deixa de lado as grandes verdades da Escritura e do cristianismo ortodoxo, e o pragmatismo (ou seja, aquilo que mantém a igreja em movimento e crescimento) se torna a regra do dia.

Em terceiro lugar, um evangelho desse tipo reduz o evangelismo a pouco mais que um esforço humanista dirigido por estratégias de marketing sagazes, baseadas nas últimas tendências da cultura. Após anos testemunhando a impotência de um evangelho não bíblico, muitos evangélicos parecem convencidos de que ele não vai dar certo, e que o homem de alguma maneira tornou-se um ser complexo demais para ser salvo e transformado por mensagem tão simples e escandalosa. Hoje em dia há maior ênfase em entender nossa cultura decaída e seus modismos do que compreender e proclamar a única mensagem que tem o poder de salvá-la. Como resultado, o evangelho é constantemente reapresentado, de forma a caber na caixinha do que a cultura contemporânea considera mais relevante. Esquecemos que o verdadeiro evangelho sempre é relevante a toda cultura porque é a palavra eterna de Deus para todo homem.

Em quarto lugar, um evangelho assim traz repreensão ao nome de Deus. Uma proclamação diluída do evangelho faz com que os carnais e não convertidos entrem na comunhão da igreja, e pela negligência quase que total do que seja uma igreja bíblica, é permitido que eles permaneçam sem correção ou repreensão. Isso mancha a pureza e reputação da igreja e é blasfêmia ao nome de Deus entre os incrédulos. No final, Deus não é glorificado, a igreja não é edificada, os membros não convertidos na igreja não são salvos, e a igreja tem pouco ou nenhum testemunho ao mundo descrente.

Não fica bem a nós, ministros ou leigos, estarmos tão próximos, vendo “o glorioso evangelho de nosso bendito Deus” substituído por um evangelho de menor glória, e não fazermos nada sobre isso. Como mordomos desta verdade, temos o dever de recuperar o único evangelho verdadeiro e proclamá-lo com ousadia e clareza a todos. Faríamos bem em atender as palavras de Charles Haddon Spurgeon:

Nestes dias, sinto-me impelido a voltar repetidamente às verdades elementares do evangelho. Em tempos de paz, talvez sintamos liberdade de fazer excursões aos interessantes distritos da verdade que se encontram em campos distantes; mas agora precisamos manter-nos em casa, guardando os corações e lares da igreja, defendendo os primeiros princípios da fé. Na era presente, tem surgido na própria igreja, homens que falam coisas perversas. Há muitos que nos perturbam com suas filosofias e novas interpretações, com as quais negam as doutrinas que professam ensinar, solapando a fé que têm compromisso de manter. É bom que alguns de nós, que sabemos no que cremos, e não forjamos significados secretos para nossas palavras, simplesmente batamos o pé e nos recusemos a tanto, apresentando a palavra da vida, e declarando claramente as verdades fundamentais do evangelho de Jesus Cristo.
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Fonte: Trecho do Livro “Chamado ao Evangelho e a Verdadeira Conversão”, do autor Paul Washer, lançamento da Editora Fiel de março.