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15 de jul. de 2016

Deus Transmite Conhecimento de Si Próprio ao Homem

Por Louis Berkhof

Kuyper chama a atenção para o fato de que a teologia, como conhecimento de Deus, difere num importante ponto de todos os demais tipos de conhecimento. No estudo de todas as outras ciências, o homem se coloca acima do objeto de sua investigação e ativamente extrai dele o seu conhecimento pelo método que lhe pareça mais apropriado, mas, na teologia, ele não pode colocar-se acima, e, sim, sob o objeto do seu conhecimento. Noutras palavras, o homem só pode conhecer a Deus na medida em que Este ativamente se faz conhecido. 

Deus é, antes de tudo, o sujeito que transmite conhecimento ao homem, e só pode tornar-se objeto de estudo do homem na medida em que este assimila e reflete o conhecimento a ele transmitido pela revelação. Sem a revelação, o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. E, mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Deus que se descerra aos olhos da fé. Contudo, pela aplicação da razão humana santificada ao estudo da palavra de Deus, o homem pode, sob a direção do Espírito Santo, obter um sempre crescente conhecimento de Deus. Barth também salienta o fato de que o homem só pode conhecer a Deus quando Deus vem a ele num ato de revelação. Ele afirma que não existe nenhum caminho do homem para Deus, mas somente de Deus para o homem, e diz repetidamente que Deus é sempre o sujeito, e nunca um objeto de conhecimento. A revelação é sempre algo puramente subjetivo e jamais poderá transformar-se em algo objetivo como apalavra escrita da Bíblia e, como tal, vir a ser um objeto de estudo. A revelação foi dada, de uma vez por todas, em Jesus Cristo, e em Cristo chega aos homens no momento existencial das suas vidas. Apesar de haver elementos de verdade no que Barth diz, a sua construção da doutrina da revelação é alheia à teologia reformada. 

Todavia, deve-se manter a posição que afirma que a teologia seria totalmente impossível, sem uma auto-revelação de Deus. E quando falamos de revelação, empregamos o termo no sentido estrito da palavra. Não se trata de uma coisa na qual Deus é passivo, um mero “tornar-se manifesto”, mas uma coisa na qual Ele ativamente se faz conhecido. Não é, como muitos pensadores modernos o vêem, um aprofundamento discernimento espiritual que leva a um sempre crescente descobrimento de Deus por parte do homem; mas sim, um ato sobrenatural de auto-comunicação, um ato prenhe de propósito, da parte o Deus Vivente. Não há nada surpreendente no fato de que Deus só pode ser conhecido se Ele se revela, e na medida em que o faz. Até certo ponto isso é verdade também quanto ao homem. Mesmo depois que a psicologia fez um estudo particularmente exaustivo do homem, Alexis Carrel pôde escrever um livro muito persuasivo sobre, O Homem, Esse Desconhecido, “Porque”, diz Paulo, “qual dos homens sabe cousas do homem, senão o seu próprio espírito que está nele? Assim também as cousas de Deus ninguém conhece, senão o Espírito de Deus”. (1 Co 2.11). 

O Espírito Santo perscruta todas as cousas. Até mesmo as profundezas de Deus, e as revela ao homem. Deus tem-se dado a conhecer. Ao lado do conhecimento arquetípico de Deus, que se acha no próprio Deus, há também um conhecimento ectípico dele, dado ao homem por meio da revelação. Este último relaciona-se com o primeiro como uma cópia com o seu original e, portanto, não tem as mesmas proporções de clareza e perfeição. Todo o nosso conhecimento de Deus é derivado da Sua autorevelação na natureza e na Escritura. 

Consequentemente, o nosso conhecimento é, de um lado, ectípico e analógico, mas, de outro, é também verdadeiro e preciso, visto que é uma cópia do conhecimento arquetípico que Deus tem em Si mesmo. 
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Fonte: Teologia Sistemática, p. 33-34. 

24 de out. de 2015

Três ideias equivocadas sobre conhecer Deus

Por J.I. Packer

O que queremos dizer quando falamos de conhecer Deus? Vamos tomar o conceito, colocá-lo sob o microscópio e procurar analisá-lo. E para melhor esclarecer o seu significado, começarei declarando quatro aspectos que visam preparar o caminho para a afirmação que farei ao final.

1. Conhecer Deus é mais do que ter consciência de Deus

Em primeiro lugar, precisamos deixar muito claro que conhecer Deus vai além da consciência que o homem natural tem de Deus  De fato, essa consciência existe, por isso se os homens dizem que não reconhecem Deus, não significa que nenhuma noção de Deus tenha chegado até eles. Ao contrário, isso expressa que negaram qualquer noção de Deus que tenha se aproximado deles. É o que Paulo diz no capítulo 1 de Romanos, e assim também diz Calvino, que estudou esse capítulo e deu atenção à sua afirmação.

24 de set. de 2015

30 conselhos para Jovens Teólogos

Por John Frame

1. Considere que você pode realmente não ser chamado para o trabalho teológico. Tiago 3:1 nos diz que muitos de nós não devem tornar-se mestres e que os mestres serão julgados com maior rigor. A quem muito (conhecimento bíblico) é dado, muito exigido.

2. Valorize seu relacionamento com Cristo, sua família, e com a igreja acima de suas ambições de carreira. Você vai influenciar mais pessoas por sua vida do que por sua teologia. E deficiências em sua vida podem negar a influência de suas ideias, mesmo que essas ideias sejam verdadeiras.

12 de ago. de 2015

Crescendo no Conhecimento de Deus


Por  Thomas Magnum

Calvino dizia que Colossenses é uma joia preciosa dentre os livros do Novo Testamento. A centralidade de Cristo é retratada de forma maravilhosa, demonstrando sua supremacia e suficiência sobre todas as esferas da vida e do cosmos. A glória de Cristo é demonstrada na epístola de forma profunda e suas aplicações na segunda parte do ensino de Paulo, como eram costumeiras, nos deixa claro que o que ali estava descrito não tinha a intensão de permanecer no mundo das ideias, mas sim na prática. Cristo é supremo sobre a salvação (cap. 1.12-14), no cosmos e natureza (cap. 1.15-17) e na igreja (v.18). No segundo capítulo temos uma defesa, uma abordagem apologética da divindade de Cristo, que na verdade começa ainda no capítulo um. Paulo adverte a igreja dos falsos ensinos que circundavam a igreja na cidade de Colossos. O legalismo judaizante, os ensinos gnósticos sobre conhecimentos ocultos, religião de mistérios e culto aos anjos.  Essa abordagem de Paulo se alarga na segunda parte e podemos perceber pelo teor da epístola que essa centralidade, suficiência e supremacia de Cristo, se estendem a nossa comunhão diária com o Senhor (cap 3.1-15); ao culto (cap.3.16); aos relacionamentos familiares (cap. 3. 18-21); nos relacionamentos sociais (cap. 3.22-25); ao nosso proceder ou testemunho para com os não cristãos (cap. 4.4-6).

23 de fev. de 2015

O Conhecimento do Deus que se Auto-Revela

Por Albert Mohler Jr.

A cosmovisão cristã se estrutura, antes de tudo, no conhecimento revelado de Deus. Não há outro ponto de partida para uma cosmovisão cristã autêntica – e não há nenhum substituto.

Um dos princípios mais importantes do pensamento cristão é o reconhecimento de que não há uma postura de neutralidade intelectual. Nenhum ser humano é capaz de atingir um processo de pensamento que não exige suposições, conjecturas ou componentes intelectuais herdados. Todo pensamento humano exige estruturas pressupostas que definem a realidade e explicam, em primeiro lugar, como é possível sabermos alguma coisa.

O processo de cogitação e atividade intelectual humana tem sido, em si mesmo, o foco de grande interesse intelectual. Na filosofia, o campo de estudo dirigido à possibilidade do conhecimento humano é a epistemologia. Os filósofos antigos se preocuparam com o problema do conhecimento, mas esse problema se torna mais complexo e agudo num mundo de diversidade intelectual. Por conseqüência do iluminismo, o problema da epistemologia se moveu para o próprio centro do pensamento filosófico.

Somos capazes de conhecer a verdade? A verdade, no sentido objetivo, está acessível a nós? Por que diferentes povos, diferentes culturas  e diferentes crenças se apegam a entendimentos tão diversos e fazem afirmações irreconciliáveis da verdade? A verdade existe realmente? Se existe, como podemos conhecê-la?

Quando a era moderna deu lugar à era pós-moderna, o problema do conhecimento se tornou mais complexo. Muitos filósofos pós-modernos rejeitam a possibilidade da verdade objetiva e sugerem que toda a verdade é nada mais do que construção social e aplicação de poder político. Entre alguns, o relativismo é o entendimento predominante quanto à verdade. Entre outros, o reconhecimento do pluralismo intelectual leva à afirmação de que todas as afirmações da verdade estão presas em conjecturas culturais e só podem ser conhecidas com as lentes de perspectiva distorcida.

Em outras palavras, o problema do conhecimento é fundamental quando pensamos sobre a responsabilidade de formar uma cosmovisão cristã e de amar a Deus com a nossa mente. As boas notícias são estas: assim como somos salvos tão-somente por graça, reconhecemos que o ponto de partida para todo pensamento cristão, na graça de Deus, é-nos demonstrado por meio da auto-revelação de Deus.

O Deus que se revela na Bíblia

O ponto de partida para todo pensamento verdadeiramente cristão é a existência do Deus que se revela na Bíblia. O fundamento da cosmovisão cristã é o conhecimento do único Deus vivo e verdadeiro. O fato de que Deus existe separa a cosmovisão cristã de todas as outras – e temos de afirmar, desde o início, que nosso conhecimento de Deus depende totalmente do dom da revelação divina.

O pensamento cristão não é redutível a mero teísmo – a crença na existência de um Deus pessoal. Ao contrário, o pensamento cristão autêntico começa com o conhecimento de que o único Deus verdadeiro é o Deus que se revelou a nós na Bíblia.

Como nos recordou o falecido Carl F. Henry: “A revelação divina é a fonte de toda a verdade, inclusive a verdade do cristianismo; a razão é o instrumento para reconhecê-la; a Escritura é o seu princípio averiguador; a consistência lógica é um teste negativo para a verdade, e a coerência, um teste subordinado. A tarefa da teologia cristã é exibir o conteúdo da revelação bíblica como um todo ordenado”.

Essa mesma afirmação é verdadeira para todo o pensamento cristão. O cristianismo afirma a razão, mas a revelação divina é a fonte de toda a verdade. Fomos dotados da capacidade de conhecer, mas somos primeiramente conhecidos por nosso criador, antes de chegarmos a conhecê-lo por meio de seu dom de auto-revelação.

A total veracidade da Bíblia

Visto que a nossa dependência da Bíblia ficou evidente, precisamos afirmar a importância da inspiração e da veracidade total da Bíblia. Afirmar a inerrância e a infalibilidade da Bíblia não é apenas uma questão de articular um ponto de vista elevado das Escrituras. A afirmação da total veracidade da Bíblia é essencial para que os crentes tenham uma confiança adequada de que podem conhecer o que Deus deseja que conheçamos. Além disso, nossa afirmação da inerrância das Escrituras se baseia não somente na afirmações internas da Escritura, mas também no próprio caráter de Deus. O Deus que nos conheceu e nos amou antes de chegarmos a conhecê-lo é o Deus que nos dá uma revelação de si mesmo totalmente confiável.

No entanto, a ignorância das verdades bíblicas elementares é abundante. Evidentemente, esse é um problema que existe dentro e fora da igreja. Muitos membros de igreja parecem tão ignorantes a respeito do Deus vivo e verdadeiro quanto as demais pessoas. Inúmeros púlpitos estão em silêncio e comprometidos. O “deus vulgar” da crença popular é o único deus conhecido por muitos.

Como Christian Smith e seus colegas pesquisadores documentaram, a fé de muitas pessoas pode ser descrita como “deísmo terapêutico e moralista” – um sistema de crença que provê a imagem de uma deidade agradável e não ameaçadora que não está preocupada com nosso comportamento, mas deseja que sejamos felizes.

A deficiência da cosmovisão cristã na era moderna pode estar diretamente relacionada a uma mudança significativa na doutrina de Deus. O Deus adorado por milhões de pessoas modernas é uma deidade reduzida ao padrão pós-moderno.

O único Deus verdadeiro

O único Deus verdadeiro, o Deus que se revela na Bíblia, é um Deus que define sua própria existência, estabelece seus próprios termos e governa a sua própria criação. A superficialidade de maior parte da “espiritualidade” moderna é um monumento à tentativa humana de roubar de Deus a sua glória. A cosmovisão cristã não pode ser resgatada sem uma profunda redescoberta do conhecimento de Deus.

Inevitavelmente, nosso conceito de Deus determina nossa cosmovisão. A questão da existência ou inexistência de Deus é fundamental, assim como o são as questões do seu caráter e do seu poder. Os teólogos falam sobre os “atributos” de Deus, significando com isso as particularidades da natureza revelada de Deus. Se começamos com o conceito correto de Deus, nossa cosmovisão será apropriadamente harmoniosa. Se nosso conceito de Deus é sub-bíblico, nossa cosmovisão também será sub-bíblica.

Os atributos de Deus revelam seu poder e seu caráter. O Deus da Bíblia é onisciente e onipotente; é também fiel, bondoso, paciente, amável, misericordioso, gracioso, magnífico e justo.

Na base de todo os atributos de Deus descritos nas Escrituras, estão duas grandes verdades que formam os pilares centrais de todo pensamento cristão. O primeira desses pilares é a soberania total, final e perfeita de Deus. A soberania de Deus é o exercício de sua autoridade legítima. Sua onipotência, sua onisciência e sua onipresença são os instrumentos de sua soberania.

O segundo desses grandes pilares é a santidade de Deus. Assim como a soberania é o grande termo que inclui todos os atributos de poder de Deus, a santidade inclui todos os atributos morais de Deus referidos nas Escrituras. Em primeiro nível, a santidade define a Deus como a fonte de tudo que é bom, verdadeiro, belo, amável, justo, reto e misericordioso. Em outras palavras, a santidade estabelece que Deus não é apenas o possuidor desses distintivos morais – ele é, também, a fonte crucial deles. Em última análise, Deus não é meramente definido por esses atributos morais; ele os define pela exibição de seu caráter na Bíblia.

Em outras palavras, dizer que Deus é justo não significa que ele é aprovado quando testado sob a luz de nosso entendimento de justiça. Ao contrário, nós obtemos entendimento adequado de justiça somente por conhecermos o Deus que se revela a si mesmo como justo. Um dos problemas centrais do pensamento moderno é a tentativa dos seres humanos de julgarem a Deus por nossas próprias categorias de perfeição moral. Nossa responsabilidade consiste em colocar nossas categorias em submissão à realidade e à revelação de Deus.

A questão da existência ou inexistência de Deus é fundamental, assim como o são as questões do seu caráter e do seu poder. A cosmovisão cristã se estrutura, antes de tudo, no conhecimento revelado de Deus.  A cosmovisão cristã se estrutura, antes de tudo, no conhecimento revelado de Deus. E isso implica o conhecimento abrangente do Deus que se auto-revela, se auto-define e não aceita rivais. Não há outro ponto de partida para uma cosmovisão cristã autêntica – e não há nenhum substituto.
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Traduzido por: Wellington Ferreira
Do original em inglês: The Knowledge of the Self-Revealing God: Starting Point for the Christian Worldview publicado no site: www.albertmohler.com
Fonte: Ministério Fiel

27 de dez. de 2014

Thalles: A Personificação da Heresia

Por Thiago Oliveira

O cantor (e dito pastor) Thalles Roberto deu uma entrevista ao programa The Noite, apresentado por Danilo Gentili (veja aqui), no dia de Natal. Antes de qualquer coisa, gostaria de dizer que não tenho nada contra a sua pessoa, e desejo o seu sucesso. Porém, acima disto tenho apreço a Palavra de Deus e é por este apreço que eu escrevo tais palavras.  Até gostaria de falar algo que achei bacana na entrevista: No final, o Thalles disse que está revertendo o dinheiro do seu álbum para resgatar meninas que são vendidas – no Nepal – para que homens tenham relações sexuais com elas. Isto (se realmente acontece) é louvável, mas não apaga uma série de coisas negativas realizadas pelo mesmo. O Chico Xavier, por exemplo, nunca ficou com um centavo de suas obras, todo o dinheiro arrecadado era para a caridade. Só que tal ato não faz dele alguém ortodoxo.

EXPLICANDO O TÍTULO

O título deste texto faz uma alusão ao significado de heresia. Numa descrição bem direta, heresia é um ensino contrário ao que determinado sistema religioso ensina. Ao ensinamento correto, chamamos de ortodoxo. Para os católicos, tudo o que a Igreja estabelece como correto deve ser acatado como certo. Quando aconteceu a Reforma Protestante no século XVI, os reformados enfatizaram como lema a frase que dizia: “Somente a Escritura”. Essa mudança de pensamento fez da Bíblia a palavra final em matéria de credo. Para os católicos, a Bíblia também é uma autoridade, mas a tradição da Igreja está em pé de igualdade com o Texto Sagrado.

Pois bem, sabemos que o movimento evangelical é oriundo da Reforma, e por isso, os evangélicos devem manter o mesmo lema dos reformadores “Somente a Escritura”. Na prática, isto deveria funcionar da seguinte maneira: Se algo dito por determinado pastor ou outro irmão qualquer não estiver de acordo com a Bíblia, deve-se repudiar e fazer com que o determinado irmão entenda que o que ele diz é prejudicial, por se tratar de um desvio da Sã Doutrina. Só que no segmento evangélico, há espaço para muitas outras revelações questionáveis. Enquanto a Bíblia é infalível e isenta de erros, pessoas que se dizem profetas e tem as mais variadas visões e sonhos, devem ser questionadas à luz da Escritura. Algo que não ocorre muito. Geralmente, mesmo se uma profecia diz o oposto da Bíblia, o status quo do profeta faz com que as pessoas desconsiderem o texto bíblico e abracem uma profecia, ainda que herética.

Paulo, aos Gálatas disse: “Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.8). Este é um versículo que nos alerta sobre determinadas “inovações” doutrinárias que surgem aos montes. Mas, saibam que as heresias são velhas, só fazem trocar de roupa. A heresia, tida por coisa nova, na verdade é uma repetição de algo que já foi dito – e combatido pelos ortodoxos – anteriormente. Mas afinal, você pergunta, porque que o Thalles personifica a heresia?

A resposta é simples: O termo latino que deu origem a palavra heresia, significa “escolha”. Escolher trilhar um caminho autônomo é algo muito tentador. Para quê seguir normas? Do que servem estes padrões pré-estabelecidos? Estes são os questionamentos de boa parte dos que chutam o pau da barraca e mandam a ortodoxia para as cucuias. Por isso que a heresia parece ser algo bom. Pois, ela lhe dá a sensação de inovação, de liberdade. Faz você pensar que criou algo, que é revolucionário, que é singular. Assim sendo, os hereges sempre se apresentam como pessoas atraentes, bacanas, descoladas... Os hereges são populares, inspiradores, admiráveis. Tal como o Thalles constrói a sua imagem, a heresia ganhou terreno na cristandade utilizando-se da mesma metodologia.

Ao chegar no talk show, trajando uma roupa com os dizeres Ide 3 (que é o nome do seu álbum), o Thalles diz que foi uma estratégia que ele teve para falar sobre Deus. Logo no começo da entrevista ele fala o seguinte: “Eu acho que religião faz mal sempre, de verdade. A minha autenticidade de falar de Deus, vem do coração que não tá misturado com pessoas, não tá misturado com seguir ninguém. Eu sigo Deus cara”.  Daí o que se segue é o relato de sua conversão. Segundo o cantor, ele comprou uma Bíblia e sozinho, desvinculado de Igreja, a partir de suas experiências foi construindo as suas convicções sobre a Divindade.

Parece que foi essa falta de alguém para lhe discipular que fez com que o Thalles não só fosse apenas uma personificação da heresia, mas também um herege que ensina uma concepção errônea e confusa sobre Deus. Eis o preço que muitos pagam por querer a “autenticidade” ao invés da infalível revelação escriturística.

COMO ASSIM, SOU DOS TRÊS?

A controvérsia sobre a Trindade é algo combatido ao longo dos séculos em toda a Cristandade. Thalles, sem criar ou inovar coisa alguma, afirma pertencer aos 3 (Pai, Filho e Espírito Santo). O problema é que embora existam 3 pessoas distintas, Deus é um só. Quando falamos por aí que somos dos 3, isso redunda em uma confissão politeísta. Devemos refutar este conceito, pois Deus é um. Vejamos o que dizem dois credos, um do século IV e um do século V:

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis”.  (Credo Niceno)

Ora, a verdadeira fé cristã é esta: que honremos um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade. (...) Sem confundir as Pessoas ou dividir a substância. (...)Contudo não são três eternos, mas um só Eterno. (...) Contudo não são três todo-poderosos, mas um só Todo-poderoso. (...) Pois, assim como pela verdade cristã somos obrigados a confessar cada pessoa em particular como sendo Deus e Senhor, assim somos proibidos pela fé cristã de falar de três Deuses ou Senhores”. (Credo Atanasiano)

Se parássemos nestes dois estaria ótimo. Mas após a Reforma, outras confissões de fé foram elaboradas, e todas elas fazem coro com estes dois antigos credos. A Confissão Belga (1561) relata que Deus é um ser único, mas que contém 3 pessoas na sua essência una. Embora:

“Esta distinção não significa que Deus está dividido em três. Pois a Sagrada Escritura nos ensina que cada um destes três, o Pai e o Filho e o Espírito Santo, tem sua própria existência, distinta por seus atributos, de tal maneira, porém, que estas três pessoas são um só Deus”.

A Confissão Helvética (1566), também é trinitariana, e diz crer e ensinar sobre Deus imenso, uno e indiviso. A crença no Deus único é clara. E mesmo esse Deus distinto em pessoas “(...) não há três deuses, mas três pessoas, consubstanciais, co-eternas e co-iguais, distintas quanto às hipóstases e quanto à ordem, tendo uma precedência sobre a outra, mas sem qualquer desigualdade. Segundo a natureza ou essência, acham-se tão unidas que são um Deus, e a essência divina é comum ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”.

Para encerrar, utilizemos a Confissão de Fé de Westminster (1643). No primeiro artigo da segunda seção é dito que “Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições”. E o terceiro artigo diz mais: “Na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade”.

Portanto, na história da Cristandade, o conceito da Trindade está bem definido há séculos, embora seja atacado por diversos grupos heréticos que vez ou outra se levantam, acusando a doutrina trinitariana de ferir a lógica. A grande questão é que pela lógica não conseguiremos nunca compreender a Trindade. Pois, segundo nosso raciocínio lógico, 1 + 1 + 1 = 3. Já quando estamos falando sobre o ser de Deus, a conta é muito diferente: 1 + 1 + 1 = 1. Este mistério só é compreendido por fé, através da revelação vinda do próprio Deus. Trindade é unidade e a unidade de Deus é trina.

Thalles está errado em enumerar as pessoas da Trindade desta forma, pois elas não se somam entre si. Embora haja Pai, Filho e Espírito Santo, a essência não é compartilhada. Como vimos nos credos e confissões. A essência de Deus é una e não pode se dividir. Nenhuma das Confissões acima utiliza-se do plural em referência a Deidade. Todas estão de acordo em manifestar a unidade de Deus. Todas confessam e adoram a um Deus único e verdadeiro. Referir-se a Deus no plural é ferir um de seus atributos, que é a Sua indivisibilidade, e assim cometer blasfêmia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Torno a dizer que não tenho absolutamente nada contra a pessoa do Thalles e não gostaria de prejudicá-lo. Como sempre digo: quando se trata de Ortodoxia, não estamos falando sobre mim ou você, falamos sobre Deus e sobre a maneira que Ele se revelou na Palavra. Para mim seria ótimo que o Thalles tivesse acesso a este texto e parasse de utilizar o bordão “Sou dos 3”. Compreendo que isso lhe traria certo prejuízo financeiro, pois uma série de produtos com essa marca deixariam de ser vendidos. Mas, se ele é um servo autêntico de Deus, não se preocupará com esse prejuízo, se preocupará em fazer o que é certo.

Já para aqueles que sentiram falta das referências bíblicas que respaldem a doutrina da Trindade, nem se preocupem. Deixei elas para o final deste texto. Que Deus abençoe a todos. A Ele a glória!

Mt. 3:16-17; 28-19; João 1:14, 18 e 15:26; Gl. 4:6 I Jo. 5:7.

12 de nov. de 2014

Só Conhecimento não Basta

Por Jhonatan Edwards

Não importa quanto as pessoas possam saber sobre Deus e a Bíblia, isto não é um sinal certo de salvação. O diabo antes de sua queda, era uma das mais brilhantes estrelas da manhã, uma labareda de fogo, um que excedia em força e sabedoria. (Isaías 14:12, Ezequiel 28:12-19).

Aparentemente, como um dos principais anjos, Satanás conhecia muito sobre Deus. Agora que ele está caído, seu pecado não tem destruído suas memórias de antes. O pecado destrói a natureza espiritual, mas não as habilidades naturais, tais como a memória. Que os anjos caídos têm muitas habilidades naturais pode ser visto em muitos versos da Bíblia, por exemplo, Efésios 6:12. "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais". No mesmo modo, a Bíblia diz que Satanás é "mais astuto" do que os outros seres criados. (Gênesis 3:1, também 2 Coríntios 11:3, Atos 13:10) Portanto, podemos ver que o Diabo sempre teve grandes habilidades mentais e que é capaz de conhecer muito sobre Deus, sobre o mundo visível e invisível, e sobre muitas outras coisas.

Visto que sua ocupação no princípio era ser um anjo principal diante de Deus, é somente natural que compreender estas coisas sempre tenha sido de primeira importância para ele, e que todas suas atividades tenham a ver com estas áreas de pensamentos, sentimentos e conhecimento. Porque era sua ocupação original ser um dos anjos diante da própria face de Deus e porque o pecado não destrói a memória, é claro que Satanás conhece muito mais sobre Deus do que qualquer outro ser criado. Depois da queda, podemos ver de suas atividades como a tentação, etc., (Mateus 4:3) que ele tem gastado seu tempo para aumentar seu conhecimento e suas aplicações práticas. Que o seu conhecimento é grande pode ser visto em quão enganador ele é quando tenta as pessoas. A astúcia de suas mentiras mostra quão sagaz ele é. Certamente não poderia manejar tão bem suas ludibriações sem um conhecimento real e verdadeiro dos fatos.

Este conhecimento de Deus e de Suas obras é desde o princípio. Satanás existia desde a criação, como Jó 38:4-7 mostra: "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência... Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?" Assim, ele deve conhecer muito sobre a maneira como Deus criou o mundo, e como Ele governa todos os eventos do universo. Além do mais, Satanás viu como Deus desenvolveu Seu plano de redenção no mundo; e não como um inocente espectador, mas como um inimigo ativo da graça de Deus. Ele viu Deus trabalhar nas vidas de Adão e Eva, em Noé, Abraão, e Davi. Ele deve ter tomando um especial interesse na vida de Jesus Cristo, o Salvador dos homens, a Palavra de Deus encarnada. Quão próximo prestou atenção a Cristo? Quão cuidadosamente ele observou Seus milagres e ouviu Suas palavras? Isto é o porque Satanás se pôs contra a obra de Cristo, e foi para o seu tormento e angústia que Satanás assistiu a obra de Cristo desvelada com sucesso.

Satanás, então, conhece muito sobre Deus e sobre a obra de Deus. Ele conhece o céu em primeira mão. Ele conhece o inferno também, com conhecimento pessoal como sua principal residência, e tem experimentado seus tormentos por todos estes milhares de anos. Ele deve ter um grande conhecimento da Bíblia: pelo menos, podemos ver que ele conhecia o suficiente para ver se conseguia tentar nosso Salvador. Além do mais, ele tem tido anos de estudo dos corações dos homens, seus campo de batalha onde ele luta contra nosso Redentor. Quanto labores, esforços, e cuidados o Diabo usou através dos séculos a medida que ludibriava os homens. Somente um ser com seu conhecimento e experiência sobre a obra de Deus, e sobre o coração do homem, portanto, poderia imitar a verdadeira religião e transformar-se em um anjo de luz. (2 Coríntios 11:14) Portanto, podemos ver que não há nenhuma quantidade de conhecimento sobre Deus e religião que poderia provar que uma pessoa tem sido salva de seu pecado. Um homem pode falar sobre a Bíblia, Deus, e a Trindade.

Ele pode ser capaz de pregar um sermão sobre Jesus Cristo e tudo que Ele fez. Imaginem, alguns podem ser capazes de falar sobre o caminho da salvação e a obra do Espírito Santo nos corações dos pecadores, talvez até mesmo mostrar a outros como se tornarem Cristãos. Todas estas coisas podem edificar a igreja e iluminar o mundo, todavia, não é uma prova certa da graça de Deus no coração de uma pessoa.

Pode também ser visto que as pessoas meramente concordarem com a Bíblia não é um sinal certo de salvação. Tiago 2:19 mostra que os demônios realmente, verdadeiramente, creem na verdade. Da mesma forma que eles creem que há um só Deus, eles concordam com toda a verdade da Bíblia. O diabo não é um herético: todos os artigos de sua fé estão firmemente estabelecidos na verdade.


Deve ser entendido que, quando a Bíblia fala sobre crer que Jesus é o Filho de Deus, como uma prova da graça de Deus no coração, a Bíblia tenciona dizer não um mero concordar com a verdade, mas outro tipo de crença. "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido". (1 João 5:1) Este outro tipo de conhecimento é chamado "a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade". (Tito 1:1) Há um acreditar espiritual na verdade, o que será explicado mais tarde.