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25 de mai. de 2016

Mormonismo - uma seita norte-americana

Por Thiago Oliveira

O mormonismo é o nome popular de uma seita fundada por Joseph Smith Jr. em 1830 no estado de Nova Iorque. O nome oficial da igreja mórmon é “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Smith, segundo a história oficial da igreja, teve uma revelação aos 14 anos de idade ao perguntar a Deus, em oração, qual seria a igreja verdadeira, já que haviam tantas denominações. A resposta que alega ter recebido é a de que Deus abominara todas as igrejas até então e o levantaria para ser o fundador da religião verdadeira. Não apenas isso, Smith também seria agraciado com a revelação de um livro sagrado que complementaria a Bíblia.

Joseph Smith e seus seguidores realizaram uma marcha para o oeste dos EUA, sendo desbravadores de áreas não habitadas e fundando cidades. Os mórmons se envolveram em muitas disputas e Smith, junto com um de seus irmãos, acabou assassinado dentro de uma prisão em Illinois, no ano de 1844. Seu sucessor foi Brighanm Young, líder responsável pelo crescimento dos mórmons ao estabelecer o estado de Utah como o reduto da nova igreja. Na versão oficial da igreja, ocorreu algo miraculoso como confirmação da sucessão:

Os membros dos Doze convocaram uma reunião dos santos em 8 de agosto de 1844, na qual falou Brigham Young, o Presidente do Quórum dos Doze. Ao fazê-lo, ocorreu um evento extraordinário que foi testemunhado por muitos santos. O Presidente Young assumiu milagrosamente a aparência e a voz de Joseph Smith. “Se Joseph tivesse ressuscitado dos mortos e falado novamente para ser ouvido”, relembrou George Q. Cannon, “o efeito não teria sido mais espantoso do que foi para muitos dos presentes naquela reunião. Era a voz do próprio Joseph, e não foi apenas a voz de Joseph que se ouviu; mas parecia, aos olhos do povo, como se o próprio Joseph, em pessoa, estivesse diante deles. Nunca se ouviu falar de um evento mais maravilhoso e milagroso do que o que aconteceu naquele dia na presença daquela congregação. O Senhor deu a Seu povo um testemunho que não deixou espaço para dúvidas sobre quem era o homem que Ele havia escolhido para liderá-los”. [1]

Mas parece que o “milagre” não convenceu o filho de Smith, que junto com cerca de 5% dos seguidores de seu pai fundou uma outra igreja - hoje é conhecida como Comunidade de Cristo e sediada em Missouri, lugar que os mórmons acreditam ser a Nova Jerusalém.

HIERARQUIA DA IGREJA

A presidência da igreja é legada ao profeta e seus dois conselheiros chamados apóstolos. O profeta é auxiliado pelo quórum dos doze apóstolos. Quando morre, o membro mais antigo do quórum assume em seu lugar. Thomas S. Monson é o atual presidente. Congregações locais são lideradas sob o modelo de bispado. É tradição o presidente dar um testemunho acerca do fundador da igreja. Vejamos o que alguns ex-presidentes já falaram sobre Joseph Smith:

Joseph Smith foi escolhido para colocar-se à cabeça da obra do Senhor nos últimos dias e sua obra lhe foi atribuída por meio da presciência de nosso Pai Eterno nas eternidades, antes que ele nascesse. Ele veio no espírito de Elias a fim de preparar o caminho para a vinda de nosso Senhor. Nenhum profeta, desde a época de Adão, exceto, evidentemente, o nosso Redentor, recebeu uma missão maior que a dele”.

Presidente Joseph Fielding Smith

Quem foi Joseph Smith? O Livro de Mórmon conta que ele era da semente de José que foi vendido no Egito e foi escolhido como Abraão para cumprir uma obra na Terra. Deus escolheu aquele rapaz. Ele não era instruído, em termos do mundo, mas era o homem mais profundamente instruído e inteligente que já conheci na vida, e já viajei centenas de milhares de quilômetros, tendo estado em vários continentes e convivido com todas as classes e credos de pessoas, mas nunca conheci um homem tão inteligente quanto ele. Mas onde ele conseguiu a sua inteligência? Não foi dos livros; não foi da lógica, ciência ou filosofia de sua época, mas ele a obteve por meio de revelações de Deus que lhe foram dadas a conhecer por intermédio do evangelho eterno”.

Presidente John Taylor

A admiração à figura de Smith como o grande profeta é levada ao extremo, pois, há até mesmo hinos que são usados para louvar a sua pessoa. Caso do hino de número 14 que tem o seguinte título: “Hoje, ao Profeta Louvemos” (confira aqui).

LIVROS SAGRADOS

Além da Bíblia, os mórmons possuem outros livros que consideram sagrado. O mais importante deles seria O Livro de Mórmon – o outro testamento de Jesus Cristo. Segundo a história oficial da igreja, Joseph Smith recebeu os livros do filho de Mórmon, Moroni, um ser iluminado que indicou o local exato das placas de ouro com o conteúdo do livro. Smith, segundo seu próprio relato, foi agraciado com a capacidade de interpretar o conteúdo das placas. Vejamos o que diz na própria introdução do Livro de Mórmon:

O Livro de Mórmon é um volume de escrituras sagradas comparável à Bíblia. É um registro da comunicação de Deus com antigos habitantes das Américas e contém a plenitude do evangelho eterno. O livro foi escrito por muitos profetas antigos, pelo espírito de profecia e revelação. Suas palavras, escritas em placas de ouro, foram citadas e resumidas por um profeta-historiador chamado Mórmon. O registro contém um relato de duas grandes civilizações. Uma veio de Jerusalém no ano 600 a.C. e posteriormente se dividiu em duas nações, conhecidas como nefitas e lamanitas. A outra veio muito antes, quando o Senhor confundiu as línguas na Torre de Babel. Esse grupo é conhecido como jareditas. Milhares de anos depois, foram todos destruídos, exceto os lamanitas, que estão entre os antepassados dos índios americanos. O acontecimento de maior relevância registrado no Livro de Mórmon é o ministério pessoal do Senhor Jesus Cristo entre os nefitas, logo após a Sua ressurreição. O livro expõe as doutrinas do evangelho, delineia o plano de salvação e explica aos homens o que devem fazer para ganhar paz nesta vida e salvação eterna no mundo vindouro.”

Na mesma introdução há uma palavra de Joseph Smith na qual lemos:

Eu disse aos irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro” (grifo nosso).

Podemos notar que a Bíblia fica em segundo plano, servindo apenas como um documento que faz uma ponte para os acontecimentos da escritura mórmon, e também lhe conferindo um status de autenticidade. Todavia, diferente dos fatos narrados na Bíblia, não existe nenhum achado arqueológico ou nenhum elemento de tradição oral que confirme alguma narrativa do Livro de Mórmon. Não há nenhum nome ou resquício cultural-religioso nos povos pré-colombianos que possam ser ligados ao conteúdo do citado livro.As placas de ouro também sumiram. 

Além do Livro de Mórmon, são tidos como livros de revelação e doutrinários A Pérola de Grande Valor, que tem por conteúdo os livros de Moisés, Abraão, ambos livros revelados e traduzidos por Smith, além de trechos por ele traduzidos de Mateus. Nele também encontramos a história condensada de Joseph Smith e as 13 regras de fé. Doutrinas e Convênios, composto por 138 seções que contém as doutrinas essenciais do mormonismo, todas elas frutos de revelação direta. Neste livro estão as polêmicas doutrinas mórmons e duas declarações oficiais da igreja sobre manchas na sua história. 

DOUTRINAS POLÊMICAS

Dentre muitas doutrinas problemáticas do mormonismo, podemos destacar as seguintes:

Lúcifer irmão de Jesus – Hoje a igreja não admite essa possibilidade, mas já foi uma doutrina ensinada abertamente.

Batismo pelos mortos – Ordenança realizada para que pessoas que já morreram possam obter a salvação, desde que alguém os represente realizando um batismo vicário.

Casamento Eterno (Selamento) – Outra ordenança realizada nos templos para que casais continuem casados após a morte, no céu.

Os 3 céus – Segundo a doutrina mórmon, o céu é estratificado, possuindo três divisões.

Pré-existência – A crença de que já existíamos antes de nascermos.

Maldição dos negros – Os negros seriam descendentes de Lamã, amaldiçoado, de acordo com O Livro de Mórmon, com o escurecimento de sua pele. Há uma declaração oficial da igreja, hoje, que afirma a igualdade racial.

Poligamia – Segundo declaração oficial, os mórmons acreditam que a monogamia é o padrão de Deus, mas que isso pode ser alterado por revelação em determinado período. Joseph Smith possuiu mais de uma mulher. [2]

TEMPLOS

Os mórmons tem 150 templos espalhados pelo mundo. São tidos como os lugares mais sagrados da terra. Realiza-se a investidura, o selamento e as ordenanças pelos mortos. Diferem das capelas, que são os locais de reunião.

CONCLUSÃO

De acordo com este relato resumido do mormonismo, percebemos que se trata de uma seita herética, que desvaloriza a Escritura e acrescenta revelações que tem o mesmo peso do cânon. Como Paulo bem disse em Gálatas 1.8, devemos considerar maldita toda e qualquer revelação que pregue um evangelho diferente daquele que está resumido na doutrina apostólica. Na melhor das hipóteses, o que podemos dizer é que Joseph Smith tinha problemas neurológicos. Se não for esse o cado, o que resta é má intenção.  E uma religião baseada nas experiências fantasiosas (ou no charlatanismo) de um homem, possui uma base extremamente fraca. A ortodoxia cristã precisa estar alicerçada no princípio do sola scriptura.


[1] Todas as informações e citações diretas das fontes oficiais estão em http://www.lds.org.br/

[2] Leia as declarações oficiais sobre a questão racial e da poligamia disponíveis em https://www.lds.org/scriptures/dc-testament/od?lang=por

30 de set. de 2015

Refutando mais 5 argumentos contrários à denúncia de hereges

Por Thiago Oliveira

Já havia escrito um texto refutando 5 argumentos daqueles que são contra as denúncias feitas aos falsos mestres, isto é, os que são hereges (leia aqui). Geralmente, usa-se muito o “não julgueis” ou “não toque no ungido”, todavia, há outros que também são bastante usados. Alguns meses depois, notei que além dos que já tinha refutado, outros 5 se mostraram recorrentes, e, a eles volto a minha atenção neste breve texto.

14 de set. de 2015

Marxismo-Cristão: Uma contradição alarmante

Por Thiago Oliveira

1. Para Início de Conversa

Esse é o tipo de texto que me deixa feliz ao escrever, pois tratarei de campos do saber que muito me agradam discutir e que fazem parte da minha formação acadêmica. Com graduação em História e especializado em Ciência Política, conheço e estudei o marxismo sob a ótica de diversos teóricos favoráveis e contrários às ideias difundidas por Karl Marx - esta figura controversa. Sou da opinião de que algo da sua leitura acerca das relações entre empresários e trabalhadores (no contexto da Revolução Industrial) não pode ser totalmente desprezada, no entanto, creio que sua desgraça foi reduzir todo o fluxo da História apenas à questão econômica. Também acredito que ele não conseguiu escapar de algo que tanto atacou: a ideologia. O mais irônico é ter as suas ideias utilizadas como uma religião. A tragédia marxiana foi denunciar o ópio da religiosidade e acabar vendo seus seguidores produzindo uma droga sintética chamada marxismo-leninismo[1].

17 de jun. de 2015

Falso Profeta sim; Ai de quem achar ruim!

Por Thiago Oliveira

Nesse vídeo aqui, o Edir Macedo, que dispensa apresentações, diz com todas as letras que Deus tem a obrigação de abençoar aquele que oferta em "sua obra". Ele se orgulha deste ensino, diz que ninguém verá isso ser dito em outra igreja evangélica. Ele ainda fala que não é para a pessoa orar pelo favor divino, pois isto é falta de fé. O negócio é ofertar e colocar Deus contra a parede dizendo: "ta aqui a oferta agora me dá a resposta". Macedo chega a caçoar dos que oram pedindo pela "misericórdia de Deus". Realmente a sua teologia pode ser resumida na máxima "ou dá ou desce".

15 de mai. de 2015

O Dia que o Diabo Pregou

Por Daniel Rocha

Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens. (Mateus 16.23)

E se fosse concedida ao diabo a oportunidade de pregar um sermão? Como seria essa pregação? Obviamente ele não falaria que estava fundando uma nova “igreja” com o seu nome para arrebanhar gente, pois ele pode ser tudo, menos estúpido. É mais prático entrar na seara dos fiéis e pregar um “Deus” que não existe, expor um simulacro do Eterno e um Jesus que vai além das Escrituras, pois com isso ele semearia o joio em meio ao trigo e exporia meias-verdades valendo-se de textos piedosos, por saber muito bem que a mentira mais destrutiva é aquela que mais se parece com a verdade.

5 de mai. de 2015

Malafaia e Feliciano disputam quem é o mais herege

Por Thiago Oliveira

Quão triste é ter que escrever sobre tais coisas. Novamente sei que muitos que são adeptos do “não julguem” irão me julgar e dizer que eu não deveria criticar estes (pseudos) pastores. Mas como me calar quando a Sã Doutrina é vilipendiada grosseira e cinicamente? Primeiro, o Silas Malaia não satisfeito com os hereges que aqui estão, convida um dos Estados Unidos para mercadejar na cara dura uma “unção misteriosa”. Sábado, dia 02/05/2015, Morris Cerullo, apresentado como um homem de Deus e portador de bênçãos, diz que é necessário ter fé, ou seja, ofertar dinheiro para ver os milagres acontecerem. 

11 de abr. de 2015

7 Contradições e Mentiras do Thalles e Sua Bíblia

Por Pedro Pamplona
Acho que todo mundo já sabe do novo lançamento gospel no Brasil. A polêmica em torno da tal Bíblia do cantor Thalles Roberto já é grande pelas redes sociais, infelizmente. Digo infelizmente porque esse produto não deveria ser nem tema de discussão entre nós. Seríamos bem mais sensatos se todos recusassem esse tipo de coisa instantaneamente. Pena que não é assim. Muitos, milhares, gostam desse tipo de produto e discurso. Já que o cenário não é, nem de perto, o ideal, a polêmica se faz necessária pelo menos pra dizer que também existem milhares que não apoiam esse tipo de “auto promoção canonizada”. Talvez você ainda não tenha visto o vídeo em que Thalles divulga sua Bíblia, mas eu o encorajo a vê-lo (aqui). Sei que você tem a mente voltada para a palavra e não se deixará levar pelas contradições da fala do cantor. E se isso acontecer, leia o resto do texto abaixo. Rapidamente farei uma análise daquilo que foi dito. São dois minutos de contradições, mentiras e uma pitada de prepotência. Com vocês, Thalles Roberto: 

10 de abr. de 2015

Conheci as doutrinas da graça, mas, estou numa igreja herética: o que devo fazer?

Por Thomas Magnum

Para um cristão nascido de novo, é salutar estar numa igreja local, é bíblico que os crentes congreguem e tenham comunhão com outros irmãos. A igreja foi criada por Deus e sua existência não é algo restrito ao Novo Testamento, mas, no Antigo Testamento já vemos a igreja presente com o povo de Israel. No entanto o que estamos nos propondo a refletir nesse texto é se basta estar simplesmente numa igreja, isto é, qualquer igreja.

Há “ditos populares antigos” que defendem um ecumenismo evangelical que dizem, “temos o mesmo Deus”, “o que importa é que cremos em Deus”, “nossas diferenças são insignificantes”, “Deus é o Deus de todos”, “a letra mata”, “o mais importante é o amor”, “no céu não terá teologia”. Claro que tais afirmações têm algum fundo de verdade, mas, não podemos dizer hoje ao evangelizarmos alguém, que este procure uma igreja perto da sua casa. A igreja próxima da casa dessa pessoa pode provavelmente ser uma igreja herética ou uma seita, então, estaremos contribuindo negativamente para vida dessa pessoa. Até mesmo ao dizermos procure uma igreja que ensine a Bíblia, muitas igrejas heréticas ensinam a Bíblia, de forma distorcida, mas, ensinam. O que nos resta nesses dias é uma delimitação do que é igreja: o que é uma igreja saudável? O que é uma igreja Bíblica? O que é uma igreja verdadeira?

12 de mar. de 2015

Os Apóstolos Modernos e a Infalibilidade Papal


Por Samuel Alves

Ano passado o Dr. Augustus Nicodemus Lopes lançou o livro “Apóstolos – a verdade bíblica sobre o apostolado”, após ler esta grande obra comecei a refletir sobre o nosso contexto. É fácil combater essa heresia quando fazemos parte em uma igreja histórica! É só abrir a Bíblia! Mas, e o nosso vizinho? E nossos parentes que estão mergulhados em muitas seitas de nosso país? Pra quem não sabe nasci no meio pentecostal e tive a oportunidade de um dia fazer parte desta seita chamada igreja neopentecostal, e conheço a realidade vivida lá. Pra quem também não sabe, os apóstolos modernos gozam de uma autoridade absurda dentro de suas comunidades “apostólicas”. Eles ditam o tema do ano profético, consagram e desconsagram quem quer sem o conselho e autoridade das Escrituras, não permitem serem questionados, pois eles receberam uma revelação direta de seu ‘deus’. Quem nunca ouviu um sonoro “não mexa no ungido do Senhor?” quem nunca foi ameaçado pelas profecias opressoras desses pseudo apóstolos?

3 de mar. de 2015

Calvino, a Fé e a Confissão Positiva

Por Thomas Magnum


É claro que minha intensão nesse artigo não é trabalhar anacronicamente com relação ao reformador genebrino e a teologia da prosperidade. Mas não podemos negar que os reformadores no século dezesseis já tinham problemas com alguns hereges que gostavam de infiltrar certos tipos de heresias no meio da igreja Deus. O exemplo disso são os que defendiam revelações extrabíblicas nos dias de Lutero, afirmando que a bíblia não era suficiente [1].

Tenho por grande apreço ler as Institutas de Calvino, por esses dias meditando no que o reformador diz sobre a fé no terceiro livro, me debrucei sobre o trecho que diz:

Pois a fé certamente não promete nem longevidade nesta vida, nem honra, nem riquezas – uma vez que o Senhor não nos quis oferecer nenhuma dessas coisas –, mas se dá por satisfeita com a certeza de que, por mais que nos faltem muitas coisas que dizem respeito ao sustento desta vida, Deus não nos há de faltar jamais [2].

A fé defendida pelos pensadores da teologia da prosperidade tem por fundamento o pensamento positivo, a confissão positiva. Esse tipo de fé ou crença fundamenta-se no próprio homem, é uma fé psicologizada, humanista, que retorna a si num ciclo vicioso. Essa crença não tem nenhuma ligação com o que a Bíblia fala sobre a fé que repousa na vontade soberana de Deus. Nossa fé não é uma coleira posta em Deus, que lhe obriga fazer tudo que pedimos, como afirma a confissão positiva. Calvino refletia na fé como um dom de Deus (Ef 2.8), como sistema de doutrinas (I Tm 4.1), como o agarrar-se em Deus (Jo 3.16). A palavra fé e suas correlatas no Antigo Testamento equivalem à confiança e é encontrada mais de cento e cinquenta vezes. O Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento nos diz:

A fé em Deus significa, para Jesus, o estar aberto às possibilidades que Deus apresenta (cf. Mc 11.22: eehete pistin theouy “tende fé em Deus”). Inclui, também, o contar com Deus, que não se contenta apenas com a coisa dada e o evento acontecido. Expressões tais como: echein pistin theou (“ter fé em Deus, Mc 11.22) e prostithenai pistin (“aumentar a fé”, Lc 17.5) mostram como foi entendido o ensinamento de Jesus a respeito da fé. Havia um tipo especial de fé em Deus, ou seja, a fé em Jesus. A antítese entre pequeno e grande (Lc 17.6; Mt 17.20) apresenta um contraste entre a atitude humana e a grandeza da promessa. O que ocorre dentro do homem é pequeno em comparação com a grandeza que vem de Deus. Mesmo assim, Jesus falava de uma fé ilimitada como quem descreve algo novo. Não edificava sobre alguma coisa já existente: Sua base era uma coisa nova. Apesar disto, Seu ensino era bem diferente do entusiasmo desenfreado, porque não se divorciava do constante esforçar-se com Deus e do conversar com Ele. Ficava dentro do círculo da confiança (heb. bittahori) e do conhecimento (dalat). Jesus Se voltava para o indivíduo, porque Seu povo, como um todo, era conclamado à decisão da fé (Lc 19.42). As declarações que se fazem acerca da fé, na tradição sinótica, sempre são qualificadas. Aqui talvez se possa perceber influências posteriores (cf. o imperativo metanoeite, “arrependei-vos”, à luz do recebimento da mensagem da salvação). Não se deve, no entanto, esquecer-se de que toda conclamação e declaração da parte de Jesus continha os elementos da fé, da confiança, do conhecimento, da decisão, da obediência e da auto-direção. Não se pode entender a pregação de Jesus à parte dos aspectos multilaterais da fé (heb. *emunah) e confiança (heb. bittahori). A fé de Jesus era dirigida para a realidade. Estava profundamente envolvida no ato do viver, e estava num plano completamente diferente de abstrações hipotéticas. [3]

Portanto a fé em Deus não é uma mágica ocultista, não é uma abstração do poder interior ou a expressão de um sentimento mitológico de poder que provem do homem. A fé repousa em Deus que é o próprio autor dela (Hb 11.1), a fé é dada ao homem (Ef 2.8), embora essa fé precise ser posta em Deus por atitude do ser criado, ela provém do próprio Deus. Então, nossa fé não depende do que temos. Nossa felicidade não é proveniente do que Deus nos deu ou não, mas é equipada e sossegada no ser de Deus. Calvino continua:

Quaisquer que sejam as misérias e calamidades que atinjam na terra aos que Deus abraçou com seu amor, estas não podem, porém, impedir que sua benevolência seja para eles felicidade plena. Por isso, quando quisermos exprimir a suma felicidade, pusemos a graça de Deus como um manancial do qual brotam para nós bens de todos os tipos [4].

Esse manancial de bênçãos para o povo eleito de Deus é sua graça benevolente e soberana. Ao contrário do que os adeptos da teologia da prosperidade afirmam, lemos o que diz Habacuque:

Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas” [5].

Ainda continuamos a ler o que Calvino diz em seu comentário expositivo de Hebreus:

O Senhor prontamente e ao mesmo tempo encoraja nossa fé e subjuga nossa carne. Ele deseja que nossa fé permaneça serena e repouse como se estivesse em segurança, num sólido abrigo. Ele exercita nossa carne com várias provas a fim de que ela não se precipite na indolência [6]. 

Ao refletir sobre o repouso da fé na soberana vontade de Deus, entendemos que ele ouve nossas orações, mas, isso não é garantia que ele responderá positivamente a tudo que queremos, vide a passagem de I João:

E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.” I Jo 5.14,15

Lemos ainda no Antigo Testamento:

Tu, pois, não ores por este povo, nem levante por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque eu não te ouvirei.” Jeremias 7.16

Com isso, fica claro para nós que Deus é Senhor de nossas vidas, ele nos dirige os passos e nos concede graciosamente o dom da vida.

Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.” Atos 17.28

A vontade de Deus é tremenda e soberana como já dissemos, desejo finalizar com o Salmo 29, que nos convoca a tributar ao Senhor glória e força, pois sua voz se ouve sobre tudo e todos. Sua vontade majestosa reina para sempre:

DAI ao SENHOR, ó filhos dos poderosos, dai ao SENHOR glória e força. Dai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade. A voz do SENHOR ouve-se sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o SENHOR está sobre as muitas águas. A voz do SENHOR é poderosa; a voz do SENHOR é cheia de majestade. A voz do SENHOR quebra os cedros; sim, o SENHOR quebra os cedros do Líbano. Ele os faz saltar como um bezerro; ao Líbano e Siriom, como filhotes de bois selvagens. A voz do SENHOR separa as labaredas do fogo. A voz do SENHOR faz tremer o deserto; o SENHOR faz tremer o deserto de Cades. A voz do SENHOR faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória. O SENHOR se assentou sobre o dilúvio; o SENHOR se assenta como Rei, perpetuamente. O SENHOR dará força ao seu povo; o SENHOR abençoará o seu povo com paz.

_________
Notas:
[1] História da Igreja Cristã, Robert H. Nichors – Ed. Cultura Cristã
[2] As Institutas da Religião Cristã, João Calvino – Ed. Unesp
[3] Dicionário Internacional de Teologia do NT – Ed. Vida Nova
[4] As Institutas da Religião Cristã, João Calvino – Ed. Unesp
[5] Bíblia Sagrada, Almeida RA – Habacuque 3.17-19.
[6] Comentário Expositivo de Hebreus, João Calvino – Ed. Fiel.

25 de fev. de 2015

A Igreja Copta e O Concílio da Calcedônia

Por Kevin DeYoung

Em 14 de fevereiro, vinte e um cristãos egípcios foram brutalmente decapitados por radicais muçulmanos que trabalham para o Estado islâmico na Líbia. A Igreja Ortodoxa Copta anunciou ontem que as vinte e uma vítimas serão inseridas no Synaxarium (lista oficial da Igreja Oriental dos mártires) e serão celebrados no calendário da igreja como mártires e santos. Os cristãos de todos os matizes denominacionais e doutrinais expressaram indignação, tristeza e um sentimento de unidade com seus irmãos caídos.

O que leva a uma importante questão: como devemos ver a Igreja Ortodoxa Copta?

Esta não é uma pergunta ruim, desde que seja abordada corretamente. Deixemos de lado a questão do que os vinte e um mártires entendiam sobre monofisismo. Isso não é sem importância, mas, tanto quanto eu sei, é uma informação é inatingível. Além disso, o que é mais necessário neste momento é de oração pela igreja perseguida e simpatia para o sofrimento. Pensando sobre esses homens que morreram por causa de sua fidelidade a Cristo, os homens que pertenciam a uma das mais antigas igrejas do mundo.

No entanto, talvez agora seja o momento adequado para considerar de forma mais ampla e pensar com mais cuidado sobre o porquê de alguns consideram a Igreja Ortodoxa Copta de ser, digamos, bem pouco ortodoxa. Ao participar de um painel de discussão na Ligonier, na semana passada, uma das primeiras perguntas que foram feitas foi acerca dos vinte e um mártires coptas e a heresia do monofisismo. Então, vamos dar um passo para trás e tentar entender a história e teologia por trás do que pode ser a mais antiga cisão (formal) na igreja.

Duas naturezas, sem divisão

Para contar a história corretamente, temos que começar com um homem com o nome de Nestório. Nestório nasceu algum tempo depois de 351 e morreu pouco antes de 451. Ele era o patriarca de Constantinopla. Seu ensinamento foi condenado pelo terceiro Concílio Ecumênico de Éfeso em 431. Não está claro se Nestório foi realmente um Nestoriano. O que está claro é que Nestório não era muito cuidadoso em sua teologia e não se saiu muito bem quando foi colocado no local para defender seus pontos de vista.

Nestório, como a maioria dos hereges, tinha a intenção de preservar a verdade. A maioria dos hereges antigos não partiu para perturbar a igreja ou ensinar uma doutrina falsa. Eles não eram como Bart Ehrman com um machado para moer, ou como Richard Dawkins, com uma agenda anticristã. A maioria dos hereges na história da igreja estavam tentando ser bíblicos. Eles teriam sido os cristãos professos, com preocupações genuínas, que receberam as doutrinas fundamentais erradas e cujos seguidores tem coisas ainda mais erradas.

Nestório estava preocupado porque as pessoas estavam chamando Maria "a portadora de Deus" (Theotokos). Suas preocupações provavelmente não eram totalmente sem bases. Portadora de Deus é um título apropriado para Maria, mas somente se a ênfase é sobre o Filho e não Maria. Isso já aconteceu uma vez, e muito provavelmente estava acontecendo nos dias de Nestório também. Tanto que algumas pessoas tomaram o passo perigoso e a frase "Maria, a portadora de Deus" passou para "Maria, a Mãe divina de Deus." Theotokos é um termo apropriado, mas apenas com as qualificações adequadas.

Nestório contestou este título popular. Ele podia admitir que Maria deu à luz a alguém e que esse alguém era Jesus de Nazaré. Mas ele achava que ela deu à luz apenas a natureza humana de Cristo. Como poderia a natureza divina nascer? Divindade é eterna. Ele não pode ser “dado à luz”. Então, Maria, disse Nestório fundamentado, poderia ser a mãe de Jesus, mas não a mãe de Deus. Se ela foi mãe de Deus, logo o Filho de Deus nasceu, fazendo dele uma criatura com um princípio, e fazendo-nos em nossa adoração culpados de arianismo e de violar o segundo mandamento.

Solução: Nestório, ou pelo menos a solução teológica que se apegou ao seu nome, defendeu a existência de uma parede divisória entre as duas naturezas. Ele sabia que o filho era Deus, e ele sabia que o filho era um homem. Então Maria deve ser a mãe de uma metade de Jesus, mas não da outra. Ela deu à luz a um homem que estava acompanhado pelo Logos. As duas naturezas de Cristo coexistem, não numa união hipostática, mas em uma espécie de parceria relacional.

Nestório foi contestado por Cirilo de Alexandria (378-444), o apologista brilhante e seu inimigo implacável. Ele fez dois argumentos contra Nestorianismo:

1) Se Maria não é Theotokos , em seguida, em vez de a encarnação do próprio Deus, temos um ser humano que nasce com o Logos divino. Em outras palavras, se Maria não é a portadora de Deus, então devemos entender a encarnação como algo diferente do que Deus tornando-se homem. Temos Deus vindo ao lado de um homem. Já não temos o Deus-homem Cristo Jesus. Nós temos Jesus Cristo, um homem com Deus nele. Assim, no Nestorianismo, Deus está em Cristo quase do mesmo modo que Deus está em nós. A diferença não é ontológica; é apenas uma questão de grau. O Nestorianismo acaba fazendo muito pouco de Jesus e muito de nós.

2) Se Maria não é Theotokos , a relação de Cristo com a humanidade é alterada. Apenas a cristologia ortodoxa permite uma verdadeira redenção do homem caído. O problema do Nestorianismo não estava com as duas naturezas, mas com uma pessoa. Cristo é totalmente Deus e totalmente homem no Nestorianismo, mas ele não parece ser uma pessoa. Em vez de duas naturezas em uma só pessoa autoconsciente, as duas naturezas estão ao lado da outra numa união moral e simpática. A lógica de Romanos 5:19 -que nossa salvação é realizada através de "obediência de um só homem" - não se sustenta. É somente através de um só homem, Jesus Cristo, a união da humanidade e divindade, que somos feitos justos.

Duas naturezas, sem confusão

Isso nos leva até o Eutiquianismo e aos cristãos coptas. Eutiques foi um monge que viveu em um grande mosteiro de Constantinopla. Ele nasceu por volta de 378 e morreu em 454. Mais uma vez, é difícil determinar o que ele realmente ensinou. Eutiques era, para citar um autor, "um pensador de idade e de mente confusa."

Nós sabemos que Eutiques teve um viés antinestoriano forte. Ele o detestava para cair no erro de dividir a humanidade de Cristo de sua divindade. Assim em vez de divisão, encontramos mo Eutiquianismo uma confusão ou mistura das duas pessoas. Eutiques ensinou que houve apenas uma (mono) natureza ( physis ) em Cristo após a união de sua divindade e humanidade (daí, monofisismo).

Eutiques defendeu a absorção da natureza humana para o divino, a fusão das duas naturezas, resultando em ums terceira coisa (tertium quid) - como misturando amarelo e azul para obter verde. Ele disse que a humanidade de Cristo foi tão unida à sua divindade que a sua humanidade não era a mesma que a nossa (consubstancial). Cristo era "de uma substância com o Pai", mas não "de uma substância com a gente”.

Eutiques era teimoso e não muito cuidadoso na sua teologia. No entanto, ele não estava sem amigos no alto-escalão. Eutiques foi deposto em 448 por um Sínodo liderado pelo arcebispo Flaviano. Eutiques se queixou ao Papa Leão que ele foi tratado injustamente. Leão, depois de algumas idas e vindas, escreveu uma carta a Flaviano onde brilhantemente pesquisou todas as heresias cristológicas e concluiu que Eutiques estava errado. "Em Cristo Jesus", escreveu ele, " não existe humanidade sem verdadeira divindade, nem divindade sem verdadeira humanidade”.

Mas Eutíquio era amigo do imperador Teodósio II. Em um esforço para defender Eutiques, o imperador convocou um concílio em Éfeso, em 449. Os delegados foram muito pró-Eutiques e quando delegados do Papa Leão vieram apresentar seu lado, eles nem sequer foram autorizados a falar. Flaviano foi atacado e espancado, tanto que ele morreu poucos dias depois. O Eutiquianismo foi vindicado, mas toda a reunião foi uma farsa. É agora conhecido como o "Sínodo Ladrão".

Mais tarde, nesse mesmo ano, Teodósio morreu num acidente a cavalo. Sua irmã Pulquéria e seu marido Marciano (não confundir com o herege Marcião) assumiu o trono. Pulquéria concordou que o último sínodo foi uma farsa. Então, a pedido do Papa Leão ela convocou um novo sínodo em Calcedônia, em 451, no que mais tarde seria considerado o IV Concílio Ecumênico. O Primeiro Concílio Ecumênico em Nicéia (325) rejeitou o arianismo; O Segundo em Constantinopla (381) rejeitou o docetismo; o Terceiro em Éfeso (431) rejeitou nestorianismo; e o quarto em Calcedônia (451) rejeitou Eutiquianismo.

A barulheira valeu a pena?

Calcedônia não resolveu tudo. Alguns, no leste ainda não conseguiam engolir a doutrina das duas naturezas de Cristo. O que tornou as coisas mais confusas foi o legado impugnado de Cirilo de Alexandria. Cirilo era uma lenda já em sua própria época, era o porta-estandarte para a ortodoxia. Ele foi o herói que liderou a acusação contra Nestório, assegurando sua condenação em Éfeso em 431. Se você concordava com Cirilo, você era ortodoxo. Se você não concordava, você provavelmente não era. Infelizmente, Cirilo havia se afeiçoado a uma frase antinestoriana inútel: "Uma natureza do Deus encarnado, Verbo encarnado". Ele pensou que essa frase viera de Atanásio, mas a frase, na verdade, veio do herege Apolinário. Cirilo usou a frase como uma forma de salvaguardar a unidade de Cristo contra o nestorianismo. Nos anos posteriores, Cirilo foi muito claro ao dizer que afirmou uma natureza humana completa e aceitava a frase "duas naturezas", desde que não prejudicasse a união das duas naturezas.

Muitos no Oriente, no entanto, incluindo o Egito, terra natal de Cirilo, acreditaram que abraçar Calcedônia, e sua doutrina das duas naturezas de Cristo, era repudiar Cirilo e sua ortodoxia impecável. Isso levou a igreja a se dividir, um milênio antes de quaisquer divisões entre católicos e protestantes. Há seis igrejas conhecidas pela velha Ortodoxia Oriental (ou Igrejas não-calcedôniana): siríaca, copta, etíope, eritreia, malankara (indiana), e armênia. Estas seis igrejas têm uma hierarquia completamente diferente e não estão em comunhão com o resto da Ortodoxia Oriental (sob o Patriarca de Constantinopla) ou com a Roma (sob o Bispo de Roma).

Essas igrejas têm sido chamadas de monofisistas, mas rejeitam o rótulo, afirmando que também negam o Eutiquismo. Elas preferem ser chamadas miafisistas porque querem enfatizar a única (mia) natureza, sem rejeitar a doutrina das duas naturezas de Cristo.

Assim é a Igreja Ortodoxa Copta. É, de fato, ortodoxa? Isso depende de quem você perguntar, especialmente na Igreja Ortodoxa Oriental. Alguns querem sublinhar o fato de que a igreja da antiga ortodoxia oriental ainda repudiam diversos concílios ecumênicos e não adotaram formalmente a Definição de Calcedônia. Outros querem falar sobre o diálogo ecumênico dos últimos anos, em que os líderes da Ortodoxa Oriental e Oriental Ortodoxa concordaram que eles não discordam sobre a doutrina das duas naturezas, apenas na maneira de dizê-la. Pela minha parte, estou disposto a dizer que a não aceitação de Calcedônia não é grande coisa. E, no entanto, não parece nesta insistência, como se continuou afirmando, que a não aceitação é o mesmo que a rejeição pura e simples ou heresia condenável. Há razões históricas e nacionais que podem estar encobrindo uma grande quantidade de unidade no que é essencial nas questões cristológicas.

Não importa a confusão em torno da Igreja Copta, o que está claro é que um Cristo incompleto não pode salvar. Nós precisamos de um mediador que pode colocar a mão sobre nós. Não há espaço para o nestorianismo que ameaça a unidade da obra de Deus ou de um Eutiquianismo que ameaça a dimensão totalmente humana da obra de Cristo. No seu melhor, toda a nossa definição doutrinária e disputas teológicas se destinam a preservar a verdade simples, eminentemente bíblica de que Jesus Cristo é Deus e homem, e como tal, é único e exclusivamente capaz de salvar os escolhidos da raça adâmica perdida.

ESCLARECIMENTO

No meu comentário e por correspondência pessoal, alguns expressaram outras preocupações sérias com a Igreja Copta além de sua não-calcedônia cristologia. Meu post foi motivado pela pergunta que recebemos na conferência sobre a heresia monofisista. Assim, o foco deste post foi sobre a história por trás deste debate cristológico e da origem da divisão entre os ortodoxos orientais e a Igreja Ortodoxa Oriental. Eu não estou bastante familiarizado com o funcionamento interno do cristianismo copta para avaliar a igreja como um todo, nem era a minha intenção de fazê-lo.
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Fonte: TGC

31 de jan. de 2015

A triste marca de camisetas do Lucinho

Por Thiago Oliveira

Infelizmente, tem certo tipo de coisa que a gente precisa escrever. Diante de tanta apostasia e heresia, alguns nomes tornam-se repetitivos, pois se destacam no quesito falsos ensinamentos ou excessos em nome de Jesus. Não entrarei no mérito da intenção, pois, bem intencionado, a pessoa pode cair no erro e fazer algo equivocado, mesmo que esse algo seja em nome de Cristo. Acredito que boa parte dos evangélicos querem propagar o evangelho, querem fazer com que o nome de Jesus seja conhecido e professado, todavia, há um problema fundamental. Para se fazer o trabalho de Deus deve se fazer exatamente da forma dEle. Sobre essa problemática, Francis Shaeffer escreveu:

O problema verdadeiro é este: a Igreja do Senhor Jesus Cristo, individualmente ou corporativamente, tendendo a fazer a obra do Senhor no poder da carne em vez de no poder do Espírito. O problema central está sempre no meio do povo de Deus, não nas circunstâncias em volta.[1]

Lucinho Barreto, pastor de jovens da Igreja Batista da Lagoinha (MG) tem criado essa atmosfera carnal com o intuito nobre de evangelizar a juventude brasileira - ao menos é o que ele e seus seguidores dizem. Seus métodos não são bíblicos, são publicitários. Embora ele pregue, ministre em congressos e seminários pelo país utilizando a Bíblia, ele a usa de maneira superficial, apelando muito para a questão dos sentimentos, coisa comum entre pregadores em nosso tempo. Uma das formas que ele se utiliza para evangelizar é vendendo camisas com frases de efeito, tais como “Jesus está no controle”, “Louco por Jesus”, “Estou vivendo atos 29”, "Com Jesus venço até Chuck Norris" e “Não temos a mesma teologia, mas temos um mesmo pai”. Indo no site dele, você poderá ver todas as estampas, e perceber que ele é o principal modelo de sua grife (veja aqui).

O que há de errado nisso? Primeiro: Não consigo conceber a ideia de um ministério se transformar em artigos comerciais. Um pastor que cria uma marca com seu nome, demonstra (no mínimo) falta de humildade e um quê de egocentrismo. Segundo: Nenhuma das camisas realmente repassa a mensagem do Evangelho, pois o Evangelho é a mensagem que revela Deus como o Senhor e Salvador dos pecadores. Sim, o Evangelho é uma mensagem que leva a consciência do pecado para que os homens se arrependam e corram para Cristo se quiserem ser salvos da Ira vindoura. O apóstolo Paulo fala que pelo Evangelho do Senhor Jesus “a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça”.[2]

Uma espécie de Evangelismo que não fala acerca do pecado e não chama os ouvintes para o arrependimento não é o evangelismo do Cristo e nem dos seus apóstolos. Mas, sabemos que não há espaço em nossa cultura para esse tipo de abordagem. Há séculos atrás, o homem por mais devasso que fosse, tinha ideia do que era pecaminoso e em certa medida sabia que vivia na devassidão, desagradando a Deus por não levar em consideração os seus mandamentos. Hoje é diferente. O conceito de pecado foi relativizado e isso atenua a culpa. Certo e errado é relativo, segundo o mundo nos ensina. Diante disso, a Igreja ao invés de confrontar o mundo com o Evangelho que confronta o pecado, vem procurando ocultar esse ponto central da mensagem de Cristo e prega um amor indulgente que não está na Bíblia. Deus é amor? Lógico que sim, mas esta é uma meia verdade. A verdade completa é: Deus é amor e justiça. Ele é um Deus santo que não pode deixar o pecado impune, por isso os que não se arrependerem vão beber do cálice amargo da ira divina, enquanto os que responderem positivamente o convite do Evangelho, beberão do cálice da salvação preparado por Cristo, o Filho amado. E essa salvação se dá não pelos méritos de cada indivíduo, e sim pelo mérito do Nazareno que verteu seu sangue no madeiro. Aí está o amor: A salvação vem pela graça, pois Cristo se entregou para redimir pecadores culpados.

Precisamos ensinar essa verdade supracitada. Esconder isso do mundo é errado e Deus cobrará da sua Igreja. Devemos abrir mão dessa metodologia mundana e confiar que o Evangelho é poderoso para salvar. Não precisamos dar uma ajudinha ao Espírito Santo através de nossos métodos carnais. Sobre isso, Schaeffer adverte:

(...) Embora reconheçamos que o poder do Espírito Santo pode ser nosso, nós ainda copiamos a sabedoria do mundo, confiamos em sua forma de publicidade, seu barulho, e imitamos seus modos de manipular pessoas! Se tentarmos influenciar o mundo usando os métodos dele, estaremos fazendo o trabalho do Senhor na carne. Se colocarmos atividade no centro, até mesmo boa atividade, em vez de confiar em Deus, então poderá haver o poder do mundo, mas nos faltará o poder do Espírito Santo.[3]

O que o Lucinho promove é essencialmente mundano. Chegamos no mês de Fevereiro, época de Carnaval e a forma de tentar minar essa concorrência é realizar o “Espíritoval”, um evento que acontece na Igreja Batista da Lagoinha, sob a liderança do Lucinho e que até stand-up comedy já teve. Este ano, o lançamento de carnaval da loja do Lucinho é uma camisa com a seguinte frase: “Atrás desse trio elétrico eu vou: Pai, Filho e Espírito Santo”. Detalhe, o nome dos componentes da trindade está minúsculo, o destaque da estampa é a palavra Trio (veja).

A infelicidade da frase dessa camisa consiste em: a) banalizar o complexo conceito da Trindade, algo que só entendemos segundo Revelação e com exame minucioso da Escritura. b) traçar um comparativo da divindade com algo profano, e o pior, reduzir a deidade a uma ideia completamente desprovida de valor. A comparação que essa camisa faz chega a ser blasfemadora. O que o Deus trino tem a ver com a Timbalada, a Ivete ou a Cláudia Leitte? Qual o paralelo para essa comparação? Ah, mais Cristo não fez comparativos? Sim, ele fez. Mas todos eles tinham um propósito claro e traziam um ensinamento acerca de seu caráter e sua obra. Ele se comparou a água, a videira, ao pão, mas há clareza naquilo que ele queria transmitir com cada uma dessas ideias. O que não é nenhum pouco parecido com o que fez a equipe de marketing do Lucinho. Vender camisas não é errado e quem quiser que as venda e que as compre. Só não sacralize a venda colocando como motivação a evangelização e muito menos queria evangelizar utilizando-se desse dito infeliz, que gera prejuízos a fé ortodoxa que nos foi legada pelos apóstolos do SENHOR.

Citando novamente o Francis Schaeffer: “Em nome de Cristo, Cristo é tirado do trono. Quando isso ocorre, mesmo o que é certo fica errado”.[4] De maneira sutil isso está acontecendo em muitas congregações. O nome de Jesus está grafado nas paredes, nas camisas, em adesivos para carros, em canções dos mais variados ritmos, mas Cristo não é o centro de tudo isso que leva o seu nome. Oremos pela Igreja do Senhor, para que os remanescentes sejam sábios e pacientes, pois nessa geração, para ser um crente sincero, não basta andar apenas na contramão do mundo, é preciso também remar contra a maré do evangelicalismo. Que Deus se apiede de nós.
A Ele a glória!


[1] Não há gente sem importância, Ed. Cultura Cristã, p.59.
[2] Romanos 1.18.
[3] Não há gente sem importância, Ed. Cultura Cristã, p.63.
[4] Ibidem, p. 160.

29 de jan. de 2015

O Evangelho de Satanás

Por Fernando Carvalho
Ele está por todos os lados, sendo domingo após domingo pregado e reverenciado por muitos. Ele é atrativo, estremece a carne, emociona o coração e deixa a mente em êxtase! Faz o homem se sentir poderoso, faz pastores arruinarem a fé de vários (inclusive a própria). Faz nascer desastrados ministérios que desonram blasfemam do evangelho de Jesus Cristo, arrastando multidões de iludidos. Faz o movimento gospel faturar milhões de reais para honra, glória e poder dos ventres insaciáveis dos magnatas de púlpitos.
Sim esse é o evangelho de Satanás, um legado que seduziu o homem no Éden e quis seduzir a Cristo no deserto. Ele busca colocar no centro dessa maldita mensagem a satisfação própria dos que são enganados por ele. Me basearei no texto da tentação de Mateus capitulo 4 para descrever as ações dessa mentirosa mensagem proferida em alta voz hoje, no movimento evangélico mundial.

Primeiro ponto:  Unicamente Satisfazer as necessidades individuais.

"Se tu és filho de Deus mande que essas pedras se transformem em pães".
Mateus 4:3
A mensagem central desse falso evangelho e impulsionar as pessoas a buscá-lO para satisfazer unicamente a própria necessidade e de maneira apressada desobedecer a vontade de Deus, uma vez que se Jesus tivesse atendido essa proposta baseada em uma nescessidade de primeira ordem (fome), teria contrariado a ordem da missão do Pai, e seria um rebelde. Lógico que Jesus não faria isso jamais, porém é o que mais vemos dentro das igrejas: pessoas decretando por serem "filhos de Deus" uma enxurrada de vontades próprias como motivo de buscar a face de Deus, se rebelando contra a vontade do Senhor.

Segundo ponto: Usar textos isolados e distorcidos, tendo a pretensão de achar que Deus é obrigado a agir segundo os meus impulsos.

“Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra”.
Mateus 4:6
Faz-se preciso esclarecer algo a respeito desse versículo. Satanás tem agido nas pregações e orações da igreja, quando a palavra de Deus é citada para um fim próprio de quem ora, ou prega, mas na verdade é distorcida para essa finalidade e ainda por cima revela um coração arrogante e presunçoso. Deus jamais nos ensinou a reivindicar a sua autoridade, mas sim, pedirmos humildemente a Sua vontade (Seja feita a sua vontade assim na terra, como no céu - Mateus 6:10).
O versículo é distorcido por que o salmo 91, diz que essa guarda de Deus aconteceria em toda a caminhada de Cristo no propósito da missão e jamais tentando os poderes de Deus, quando jogar-se do penhasco não estavam nos decretos do Senhor. Na verdade Satanás queria que Jesus se revelasse o Cristo antes do Tempo e assim não haveria cruz para remissão dos pecados. Hoje o que vemos são pessoas interessadas em suas próprias vontades, querendo fundar ministérios particulares longe da vontade de Deus porém dentro da própria vontade, provando de uma glorificação corruptível.

Terceiro ponto: A adoração que promove a conquista.

“Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor e lhe disse: Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares”.
Mateus 4: 8,9
Esse é o ponto mais contundente do evangelho satânico. A adoração que promoverá as “bênçãos", conquistas, prestígios, sucesso e domínio. Essa foi a frase usada pelo Diabo queridos leitores. É a frase do momento na boca do movimento evangélico brasileiro. Buscar uma excelência de reinado que não foi ensinado pelo Senhor. Na verdade o Senhor em seu ministério foi SERVO e acredito não precisar biblicamente provar essa afirmação.
As adorações por interesse daquilo que Deus pode fazer, na verdade é a FALSA promessa do que o Diabo ofereceu a Cristo! Se ensina que você deve ser fiel na adoração financeira, assim Deus lhe abençoará transbordando os celeiros com carros, casas, casamento, empregos, poder. Não, caros leitores! Isso não é promessa bíblica para a igreja. Geralmente essa falsa promessa é avalizada com textos do antigo testamento levando em conta a prosperidade de Israel. Irmãos a consequência do Israel próspero financeiramente é um Israel desgraçado espiritualmente, onde é o caso das pessoas que querem adquirir os reinos deste mundo!
O Evangelho de Satanás tem sido utilizado por falsos profetas a fim de gerar impérios, promovendo falsas promessas no tempo presente, gerando bodes rebeldes e indiferentes à vontade do Senhor. As Igrejas viraram programas de auditórios, com palestrantes usados por Satanás, a prometerem conforto, vitória, prosperidade e isso tudo nos Reinos deste Mundo.
Fujam dessa farsa! O Senhor Jesus é quem porta as fiéis bênçãos para igreja, baseada em uma glória incorruptível, reservada aos eleitos santos no Senhor. Desfrutaremos de uma riqueza que nem temos ideia do que seja, para que o homem em sua presunção, não pudesse tentar imitá-la em suas falsas deduções.
Sim, ao único e sábio Deus seja dada Glória, por intermédio de Jesus Cristo, para todo o sempre. Amém! (Romanos 16:27)