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28 de jul. de 2015

Revolucione sua Leitura Bíblica: Deixe que a Mente Transforme o Coração

Por Jen Wilkin

A segunda coisa que deixei de trás para frente em minha abordagem bíblica foi a crença de que meu coração deveria guiar meu estudo. O coração, conforme é dito nas Escrituras, é a sede da vontade e das emoções. Ele é a nossa “antena” e o nosso “tomador de decisões”. Deixar meu coração guiar o meu estudo significava buscar a Bíblia para me fazer sentir de determinada maneira quando eu a lesse. Eu queria que ela me desse paz, conforto ou esperança. Queria que ela fizesse com que eu me sentisse mais perto de Deus. Queria que ela me desse garantias em relação a escolhas difíceis. Devido ao fato de eu querer que a Bíblia se comprometesse com as minhas emoções, gastava pouco tempo em livros como Levítico ou Números e muito tempo em livros como os Salmos e os Evangelhos.

14 de nov. de 2014

Acerte o Passo com Deus

Por Martyn Lloyd Jones


Antes que se possam resolver os problemas da vida e dos homens, precisamos, primeiramente, discernir a verdadeira natureza do problema. Devemos estar preparados para pensai com honestidade, fazendo exame e análise completos, o que; nos sondará no mais profundo, perscrutando tanto os nossos motivos como as nossas ações.

Onde se pode encontrar tal tipo de exame e de análise?... somente na Bíblia... Segundo o Livro, os problemas do homem resultam do fato que ele pecou e se rebelou contra Deus. Foi criado num estado de felicidade que dependia de seu relacionamento com Deus e de sua obediência às leis de Deus e à vontade de Deus.

No entanto, o homem rebelou-se contra a vontade de Deus, e, portanto, transgrediu contra a lei de sua própria natureza... a felicidade depende da saúde. Em nenhum lugar se vê melhor essa sucessão de fatos do que no campo espiritual e moral. O homem tornou-se doentio. Uma doença chamada pecado arruinou-lhe o ser. O homem recusa-se a reconhecer sua corrupção e recorre a vários expedientes... na tentativa de achar felicidade e paz. Invariavelmente falha, porém, porquanto a dificuldade não reside apenas no seu interior e em seu meio ambiente, mas também em seus relacionamentos com Deus.

O homem luta contra o único Ser que pode dar-lhe o que ele precisa e deseja. Deus já declarou: "Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz" (Isaías 57.21). Portanto, ao lutar contra Deus, em sua resistência e desobediência a Ele, o homem rouba de si mesmo o próprio prêmio que anela receber. E, sem importar o que venha a fazer, nunca conhecerá a saúde e a felicidade enquanto não for restabelecida a sua relação de obediência a Deus.

Poderá multiplicar suas posses e riquezas, poderá aperfeiçoar suas facilidades educacionais, poderá ganhar todo um mundo de riquezas e conhecimento; entretanto, nada disso lhe será de proveito, enquanto não for corrigido o seu relacionamento com Deus.


Truth Unchanged, Unchanging, p. 49-50.

11 de nov. de 2014

A diferença da ação do Espírito no Homem Natural e no Salvo

Por Jhonatan Edwards

As convicções que os homens naturais podem ter acerca do seu pecado e miséria não é esta luz espiritual e divina. Os homens em condição natural podem ter convicções da culpa que está sobre eles, da ira de Deus e do perigo da vingança divina. Tais convicções são provenientes da luz da verdade. O fato de alguns pecadores terem uma maior convicção da culpa e miséria que outros é porque alguns têm mais luz ou compreensão da verdade que outros. Esta luz e convicção podem ser do Espírito de Deus.

 O Espírito convence os homens do pecado, mas, não obstante, a natureza está muito mais envolvida nesse processo do que na comunicação da luz espiritual e divina que são mencionadas na doutrina. Somente através do Espírito de Deus como princípio natural auxiliar, e não como novo princípio inspirador. A graça comum difere da especial no ponto em que influencia só pela ajuda da natureza, e não pela doação da graça ou concessão de qualquer coisa acima da natureza. A luz que é obtida é completamente natural, ou de nenhum tipo superior a que a mera natureza atinge, por mais que esse modo seja ou seria obtido se os homens permanecessem completamente sozinhos; ou, em outras palavras, a graça comum só ajuda as faculdades da alma a fazer isso mais completamente do que fazem por natureza, assim como pela mera natureza a consciência ou a razão natural tornará o homem sensível da culpa, e o acusará e o condenará quando ele se desviar. A consciência é um princípio natural para os homens.

 O trabalho que o faz naturalmente ou por si mesmo é dar uma compreensão do certo e do errado, e sugerir à mente a relação em que há entre o certo e o errado e o castigo. O Espírito de Deus, nessas convicções que os homens não-regenerados às vezes têm, ajudam a consciência a fazer esta obra em maior medida do se a fizessem sós. Ele ajuda a consciência contra as coisas que tendem a entorpecer e obstruir seu exercício. Mas na obra renovadora e santificadora do Espírito Santo, essas coisas são feitas na alma que está acima da natureza, e na qual não há nada por natureza do tipo igual. Essas coisas são compelidas a existir habitualmente na alma, e de acordo com tal constituição ou lei declarada que põe tal fundamento para o exercício em um curso continuado como é chamado de princípio de natureza. Não só os princípios permanentes são ajudados a fazer o seu trabalho de forma mais livre e completa, mas os princípios que foram totalmente destruídos pela queda são restabelecidos. A partir daí, a mente manifesta habitualmente esses atos que o domínio do pecado a tinha tornado tão completamente desprovida quanto um corpo morto o é de atos vitais. 

O Espírito de Deus age em alguns casos de maneira muito diferente de como age em outros. Ele pode agir na mente do homem natural, mas age na mente do santo como princípio vital residente. Ele age na mente dos indivíduos não-regenerados como agente ocasional extrínseco, pois agindo neles, não se une a eles. Não obstante todas as influências divinas que eles possuam, ainda são sensuais "e não têm o Espírito" (Jd 19). Mas Ele se une com a mente de um santo, toma-o por seu templo, atua nele e o influencia como novo princípio sobrenatural de vida e ação. Há esta diferença, de que o Espírito de Deus, agindo na alma do homem pie doso, manifesta-se e comunica-se na sua natureza formal. A santidade é a natureza formal do Espírito de Deus. O Espírito Santo opera na mente do santo, unindo-se a ele, vivendo nele, manifestando sua natureza no exercício de suas faculdades. O Espírito de Deus pode agir numa criatura, e, contudo, não se comunicar agindo. O Espírito de Deus pode agir nas criaturas inanimadas como "o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas" no princípio da criação. Assim, o Espírito de Deus pode agir na mente dos homens de muitas maneiras e se comunicar não mais do que quando Ele age em uma criatura inanimada. Por exemplo, Ele pode instigar-lhes pensamentos, ajudar a razão e o entendimento natural, ou auxiliar outros princípios naturais — e isto sem qualquer união com a alma —, mas pode agir, por assim dizer, em um objeto externo. Mas assim como Ele age em suas influências santas e operações espirituais, Ele age de certo modo a comunicar-se peculiarmente, de forma que, por isso, o assunto é denominado espiritual. 

Esta luz espiritual e divina não consiste em impressão feita na imaginação. Não é impressão na mente, como se a pessoa visse algo com os olhos físicos. Não é imaginação ou ideia de uma luz ou glória externa, ou beleza de forma ou semblante, ou lustre ou brilho visível de um objeto. A imaginação pode ser fortemente impressionada por tais coisas, mas esta não é a luz espiritual. Na realidade, quando a mente faz uma descoberta vivida de coisas espirituais e é muito afetada pelo poder da luz divina, pode-se, e muito provável e comum, afetar em demasia a imaginação, de forma que a impressão de uma beleza ou brilho externo pode acompanhar essas descobertas espirituais. Mas a luz espiritual não é essa impressão na imaginação, mas algo sumamente diferente. Os homens naturais podem ter impressões vividas em sua imaginação, e não podemos determinar a não ser que o Diabo, que se transforma em anjo de luz, possa causar imaginações de uma beleza exterior ou glória visível, de sons e falas e outras coisas semelhantes. Mas estas coisas são de natureza imensamente inferior à luz espiritual. 

8 de nov. de 2014

A Oração

Por Thomas Magnum

Ao falarmos de vida cristã, piedade e uma vida que busca aquele a quem a alma anseia, é impossível não falarmos de oração. Tenho escrito uma série de textos sobre o devocional cristão, mas, ao chegarmos particularmente nesse ponto me sinto agraciado pelo Senhor. A oração é mais do que um rito, ela não é meramente o cumprimento de uma norma sacra, a oração não é meramente o falar com Deus, orar, é estar com Deus, à oração nos leva a experiência graciosa de sua doce presença. R.C. Sproul certa vez disse que Deus nunca nos prometeu sentirmos sempre sua presença, mas que estaríamos sempre em sua presença.

Inclinando-nos sobre o texto sagrado temos o exemplo de vários personagens bíblicos que foram grandes homens de oração. Ao começarmos com Enoque que diz a Escritura que ele andou com Deus, ninguém anda com Ele sem orar, porque orar nos leva a sua presença bendita e nos aniquila, limitando-nos a sua gloriosa vontade. Ao tratarmos aqui sobre o tema da oração, também não estamos somente falando da oração feita nas reuniões públicas da igreja, ou nos momentos que precisamos de socorro da parte de Deus, mas, falamos de uma vida de oração. Como Moisés, como Elias, como Jeremias, como Daniel, como Pedro e João e como não citar nosso amado Cristo, que nos legou grandes exemplos de uma vida de Oração. Certa vez perguntaram a A.W. Tozer o que era mais importante, o estudo das Escrituras ou uma vida de oração. Ele prontamente respondeu o que é mais importante para um pássaro a asa esquerda ou direita?

Temos hoje de forma assustadora uma obsessão por leitura, estamos sempre lendo e lendo. Estamos no trânsito, estamos lendo, estamos esperando um atendimento médico, estamos lendo, estamos em casa, estamos lendo. Quando não estamos lendo estamos fazendo alguma outra coisa, entenda-me não estou dizendo que essas coisas não são importantes, também leio bastante durante meu dia, até porque meu trabalho é ler e escrever sempre. Mas, contabilize o tempo que você passa lendo e o que você passa orando, veja quanto tempo você ora por semana, quando lemos os escritos do reformador João Calvino temos uma agradável surpresa, para muitos Calvino falou mais na doutrina da predestinação do que qualquer outra, certo? Errado. Ele falou mais sobre oração.
Vejamos

A fim de orarmos corretamente a Deus, deixemo-nos dirigir por essa regra: não distraiamos nossa mente com esperanças várias e incertas, nem dependamos do auxílio mundano, mais deixemos com Deus a honra de elevar nossos corações a ele em oração sincera e fervorosa. [1]

A genuína e fervorosa oração provém, antes de tudo, de um real senso de nossa necessidade, e, em seguida, da fé nas promessas de Deus. [2]

A oração era enfatizada para o reformador como uma das coisas mais importantes em nossa vida, é nosso estar com Ele, como dizia Paulo: Orai sem cessar.

Essas orações dirigidas ao Deus eterno não são vazias e sem respostas, Calvino diz:

Deus responde aos verdadeiros crentes quando mostra através de suas operações  que ele leva em conta suas súplicas. [3]

Além de tratar da oração como o elevar de nossa alma ao Deus redentor, Calvino ainda nos diz que a oração tem primazia na adoração e no serviço a Deus. [4]

A oração banha nosso culto, nossos afazeres, nosso serviço. Orar é vital para uma vida cristã saudável.

Uma das grandes obras de Calvino foi também o livro dos Salmos, esse livro o maravilhava, tanto por sua profundidade ímpar em demonstrar e descrever todos os estados de espírito do homem: tristeza, alegria, angústia, celebração, júbilo, louvor, terror, desespero. Falando do livro dos Salmos ele disse:

Tudo quanto nos serve de encorajamento, ao nos pormos a buscar a Deus em oração, nos é ensinado nesse livro.

A oração é refrigério para alma, não porque devemos orar por orar, mas, devemos orar porque orar é demonstrar dependência do divino, é ansiar e necessitar como terra seca e árida por chuva. Orar é migrar para a santa presença, é não titubear em desejar o alento de Deus e o amparo do Pai celeste, orar é desfrutar de momentos singulares com Ele, é apalpar nossa união com Cristo, é deleitar-se no noivo, é um antegozo das bodas. Orar é respirar Sua vida é desfrutar Seu poder, é viver abundantemente. Um dia os discípulos fizeram um pedido especial a Jesus ensina-nos a orar. Podemos orar assim também rogando que nos ensine a não dormir como Pedro, João e Thiago no monte da transfiguração e no Getsêmani. Oremos por seu ensino sobre orar, seu exemplo é o principal para nós, Ele orou, Jesus orou.

Que a oração dia a dia regue nossas decisões, nossa vida, nosso culto, nossos afazeres.

Orare et labutare
______________________________
[1]Comentário Livro dos Salmos 25.1
[2]Comentário Livro dos Salmos p.34
[3]Comentário Livro dos Salmos 28.1
[4]Comentário de Daniel 6.10

5 de nov. de 2014

As Aflições do Justo

Por Thomas Magnum

Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos, atentos à sua súplica; mas o rosto do Senhor está contra os que praticam o mal. I Pedro 3.12.

Ao meditarmos nesse trecho das Escrituras, nos deparamos com algo de tamanha beleza e ternura, vindo da parte de Deus para seu povo. O texto nos diz  que o Senhor põe seus olhos sobre os seus, Ele está a nos contemplar e guardar. O olhar de Deus para seu povo é um olhar amoroso, cuidadoso, paterno, acalentador. Diante de tamanha perseguição que os crentes na época de Pedro estavam sofrendo quando essa epístola foi escrita, a luta era ferrenha e opressora. Thiago diz em sua carta: Chamamos de felizes os que suportaram aflições. Ouvistes sobre a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu. Porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão (Thiago 5.11).  As perseguições e desventuras desse mundo, os desapontamentos e traições, o abandono, a decepção, são presentes na natureza decaída. Mas, temos conforto vindo de Deus. Felizes são os que suportam tamanhas afrontas dessa vida, porque tais aflições promovem a paciência no crente. O Apóstolo Paulo nos disse: Em razão disso, nós mesmos nos orgulhamos de vós diante das igrejas de Deus por causa da vossa perseverança e fé em todas as perseguições e aflições que suportais. 2 Tessalonicenses 1.4. A aflição também é promotora de perseverança, as lutas não afastam o crente de Deus, mas, ao contrário o trazem para mais perto de seu Senhor e Rei.

Portanto, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem obtivemos também acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isso, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz perseverança, e a perseverança, a aprovação, e a aprovação, a esperança; e a esperança não causa decepção, visto que o amor de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado. Romanos 5.1-5

O fato é que não podemos sondar a mente do Senhor, sua sabedoria e conhecimento excedem nossa compreensão. Resta-nos compreender o que a Palavra nos diz, que sua vontade é boa, perfeita e agradável (Romanos 12.2). Como dizia Edwards, nós só vemos parte do mosaico, nossa visão é limitada, Deus vê todo mosaico. Nosso sofrimento tem um bom propósito vindo de Deus. Como podemos ler em Romanos 8.28:

Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito.

 O Senhor tem bons propósitos mesmo na ascensão de calamidades e sofrimentos de nossas vidas, Ele tem o controle de tudo, Ele governa, Ele é o sustentador de todas as coisas. Ao estudarmos sobre a providência de Deus descobriremos isso. Vemos vários exemplos bíblicos dessa providência, no Antigo Testamento vemos o agir soberano de Deus na vida de José, vendido pelos irmãos, levado prisioneiro para o Egito, Deus usou todo seu sofrimento para um propósito. Vemos a história de Jó, Deus sabia quem era seu servo, seus limites, sua estrutura, mas, Deus tinha um bom propósito com seu sofrimento. Em muitos outros casos na Bíblia vemos revelados os planos de Deus para a vida do seu povo, mas, também encontramos casos que o sofrimento não é justificado como no caso de Hemã (Salmo 88). Esse homem sofreu desde sua mocidade. Padeceu muitas dores, privações emocionais, clamando ao Senhor por socorro, no entanto Deus não o tira do sofrimento, o salmo termina sem resposta divina. Vemos também o Apóstolo Paulo clamando para que Deus tirasse o espinho da carne, qual foi a resposta divina? Não. Deus lhe garantiu a suficiência da graça, era só o que bastava. Essa graça é  que sustenta.

O salmista nos diz:

Foi bom eu ter passado por aflição, para que aprendesse teus decretos (Salmos 119.71).

Deus tem sempre uma finalidade pedagógica com o sofrimento em nossas vidas. O sofrimento é o caminho do aprendizado e da formação do caráter cristão em nós. Essa condição de aflição trabalha em nós a humildade de espírito, a dependência, a carência da vida com Deus. O sofrimento é o caminho que nos leva às fontes de Deus, Ele faz brotar água da rocha na sequidão de nosso deserto. Ele rega nossa terra árida com vapor celestial. Ele aperfeiçoa em nós o caráter de Cristo. Ele emudece nossa soberba e humilha nosso ego, para nos ensinar um caminho mais excelente. O sofrimento nos sobrevém para nosso bem como diz a Escritura:

Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito. Romanos 8.28

Calvino nos diz acerca do sofrimento:

"O Bem dos filhos de Deus é que eles se tornem cada vez mais identificados com o seu Senhor (Rm 8.29,30). Nesse propósito, até mesmo as aflições cooperam para o bem: Os sofrimentos dessa vida longe estão de obstruir nossa salvação; antes, ao contrário são seus assistentes. [...] Embora os eleitos e os réprobos se vejam expostos, sem distinção, aos mesmos males, todavia existe uma enorme diferença entre eles, pois Deus instrui os crentes pela instrumentalidade das aflições e consolida sua salvação.¹ As aflições, portanto, não devem ser um motivo para nos sentirmos entristecidos, amargurados ou sobrecarregados, a menos que também reprovemos a eleição do Senhor, pelo qual fomos predestinados para vida, e vivamos relutantes em levar em nosso ser a imagem do Filho de Deus, por meio da qual somos preparados para a glória celestial". ²

Finalizamos com o celeste consolo do salmo 46:

Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Por isso, não temeremos, ainda que a terra trema e os montes afundem nas profundezas do mar; ainda que as águas venham a rugir e espumar, ainda que os montes estremeçam na sua fúria. Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o lugar santo das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela, e não será abalada; Deus a ajudará desde o amanhecer. As nações se enfurecem, os reinos se abalam; ele levanta sua voz, e a terra se dissolve. O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é nosso refúgio.

Vinde, contemplai as obras do SENHOR, que devastações fez na terra.  Ele acaba com as guerras até os confins do mundo; quebra o arco e despedaça a lança; destrói os carros com fogo.  Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.  O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é nosso refúgio.
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1 João Calvino, Comentário de Romanos, p. 293.
2 João Calvino, Comentário de Romanos, p. 295.

Pare de Murmurar!

Por Paul David Tripp
Qual foi a última vez que você reclamou?
Eu moro na Filadélfia, e este último inverno foi um dos piores que eu já vivi. De novembro a março, tudo o que eu ouvia era: “Está tão frio. Eu odeio a neve. Não posso esperar pelo verão”.
A Filadélfia também tem a tendência de ficar desconfortavelmente quente, e imagine o que eu já comecei a ouvir? “Está tão quente. Está tão úmido. Não posso esperar pelo outono”.
Talvez você seja anormal e não reclame do clima, mas você reclama de alguma coisa. Acaso você já ficou em frente ao seu guarda-roupa, repleto de roupas, e murmurou: “Eu não tenho nada para vestir…”? Acaso você já olhou a geladeira, repleta de comida, e suspirou: “Não há nada para comer…”?
Eis a realidade: onde quer que você viva, com quem quer que você esteja, não importa que momento do dia seja, e a despeito de qualquer circunstância, você tem a impressionante habilidade de reclamar de alguma coisa!

Filipenses 2.14

Em sua carta aos santos em Filipos, o apóstolo Paulo escreve: “FAZEI TODAS AS COISAS sem murmurações nem contendas” (Filipenses 2.14, ARC, ênfase acrescida).
Você pode imaginar um único dia eu não seja de algum modo arruinado por reclamações? Imagine acordar de madrugada e estar completamente livre de estresse e pressão. Imagine deitar à noite e dormir com um coração completamente satisfeito com cada situação do dia.
Imagine ser um pai e não reclamar do seu filho. Imagine ser um cônjuge e não reclamar de seu marido ou esposa. Imagine ser um cidadão e não reclamar do seu vizinho ou do governo. Imagine ser um trabalhador e não reclamar do seu chefe ou patrão.
Agora, não há dúvida de que o mundo e as pessoas nele irão devastar a sua vida. Haverá razões santas para gemer e orar por mudança (Romanos 8.23). Porém, com mais frequência do que o contrário, suas reclamações revelam o seu coração egoísta e as coisas que você deseja (Lucas 6.45).
Meu desejo é olhar para as duas palavras que Paulo usa – murmuração e contenda – e explorar o que elas dizem acerca do nosso coração.

Murmuração – “Eu mereço algo melhor”

Murmuração tem a ver com o lado emocional da reclamação. A tradução em português é onomatopeica, o que significa que a palavra representa de modo audível a sua definição. Talvez você deva esperar até estar sozinho para tentar isso, mas se você murmurar a palavra “murmurar” repetidas vezes, ela tem o zumbido da reclamação: “mmuurrmmmuraar, mmrrmm, mmrrmm, mmrrmm”.
A murmuração diz: “Eu mereço algo melhor!”. Quando nós murmuramos, nós nos inserimos no centro do nosso universo e achamos que tudo na vida é sobre nós. Quando não conseguimos o que queremos, imediatamente quando queremos e precisamente como queremos, nós murmuramos. É a representação audível de um coração capturado pelo reino claustrofóbico do eu.

Contenda – “Eu sei o que é melhor”

Contenda pode ser traduzida por “discussão” (Nova Versão Internacional) ou “questionamento” (Sociedade Bíblica Britânica). Ela simplesmente diz: “Eu sei o que é melhor! Se eu governasse o meu mundo, eu faria X, Y e Z de outra forma”. Você está questionando a soberania e a sabedoria de Deus.
É claro que você nunca iria comprometer publicamente a sua teologia, mas, nos momentos privados da sua vida, você verdadeiramente questiona quem deveria ser Deus. Talvez você não chegasse ao ponto de substituir Deus, mas você tentaria e acrescentaria um quarto assento na Santíssima Trindade!

Sete lembretes

O que você deve fazer quando se sente impelido a murmurar e contender? Eu sempre digo que você é o pregador mais influente da sua vida, porque ninguém prega a você tanto quanto você mesmo. Então, pregue a si mesmo!
Abaixo estão sete dos meus versículos favoritos que me lembram de por que eu não preciso murmurar ou contender. Há dúzias, talvez milhares além destes, então encontre alguns que você possa atar ao seu coração e pendurar ao pescoço (Provérbios 6.20):
  • MURMURAÇÃO: a única coisa que merecemos é a morte (Salmo 103.10), mas em vez disso nós recebemos vida (Romanos 3.24) e tudo o mais de que precisamos para viver (2Pedro 1.3), então não precisamos estar ansiosos (Mateus 6.25-32).
  • CONTENDA: Deus é desde o princípio (Gênesis 1.1), ele planejou por completo a história de sua vida (Atos 17.26) e o seu plano é para a glória dele e para o seu bem (Jeremias 29.11).
Pregar a si mesmo será útil, mas você (ou seu pastor) nunca será seu salvador. Sua única esperança é encontrada naquele que desceu de seu reino celestial para libertar você da escravidão ao reino do ego.
Achegue-se ao Rei do Reino de Deus e experimente a alegria e a paz que ele pode dar à sua alma!