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20 de nov. de 2015

4 Razões para Preparar o Manuscrito de seus Sermões

Por Jason Dees

Se você já leu alguns dos muitos livros e artigos sobre preparação de sermão, provavelmente já leu o adágio que diz: “Pense exaustivamente, leia abundantemente, escreva claramente, ore fervorosamente e entregue-se completamente”. Essa frase já foi atribuída a Alistair Begg, John MacArthur e outros, mas, de fato, teve origem com um anglicano galês chamado W.H. Grifith Thomas.[1] Embora eu concorde com todas as cinco exortações de Thomas, a que desejo enfatizar neste ensaio é a terceira: “Escreva claramente”.

17 de out. de 2015

Sem aplicação? Então você não pregou!

Por Michael Lawrence

Você já se sentou em uma sala de aula pensando qual era o objetivo? Eu distintamente me lembro de sentir isso enquanto sofria durante as aulas de cálculo na faculdade. O curso era ministrado como se a aplicação dos princípios fossem autoevidentes. E talvez para os amantes da matemática na classe fossem. Mas para esse estudante de literatura inglesa, era um exercício constante de reflexão puramente abstrata e uma derrota. Sem entender o verdadeiro mundo de aplicação, eu tinha dificuldade em entender porque precisava saber o valor de alguma coisa enquanto esta se aproximava do infinito, sem nunca realmente alcançar .

E se você foi um gênio em matemática, simplesmente se lembre de como você se sentia quando pediam para discutir o significado dos sonetos de Shakespeare.

12 de mai. de 2015

Um apelo para a intersecção entre a Teologia Sistemática e a Exposição das Escrituras

Por Alan Rennê Alexandrino

Meu último ponto aborda a necessidade de congruência entre exegese e teologia sistemática na atividade da pregação expositiva. Seria bom termos uma palestra apenas sobre este assunto. Como isso não é possível no momento, limitar-me-ei ao desenvolvimento de uma problemática e ao apontamento de algumas sugestões, a fim de expor a necessidade de que nossas pregações sejam teológicas. 

8 de mai. de 2015

Por que a Pregação Expositiva é necessária nos nossos dias?

Por Alan Rennê Alexandrino

É bem verdade que a necessidade da pregação expositiva é evidente, em virtude de que somos gerados pela palavra da verdade (Tiago 1.18), somos santificados pela verdade da Palavra de Deus (João 17.17), e somos alimentados com as palavras da fé e da boa doutrina que temos seguido (1Timóteo 4.6). Não obstante, creio que quando observamos o que as Escrituras nos mostram acerca do modo como Deus alimenta e edifica a sua Igreja e leva adiante a expansão do reino, outras razões que evidenciam a necessidade da exposição bíblica em nossos púlpitos se tornam também mais claras. 

28 de abr. de 2015

A doutrina da Inspiração como fundamento teológico da Pregação Expositiva

Por Alan Rennê Alexandrino

A pergunta a ser feita agora é: Por qual motivo a pregação expositiva se impõe sobre a pregação tópica? O que leva os defensores da exposição bíblica identificarem a mesma como sendo a “pregação bíblica”? Albert Mohler se expressa a este respeito com as seguintes palavras: “Quero argumentar que a pregação central à adoração cristã é a pregação expositiva. De fato, creio que a única forma de pregação cristã autêntica é a pregação expositiva”.[1] Ele diz mais: “De acordo com a Bíblia, exposição é pregação. E pregação é exposição”.[2] Sua argumentação parte do princípio de que, o padrão apresentado nas Escrituras é o da exposição, não meramente o de um simples compartilhar de um texto, muito menos de ideias ou tópicos amparados por passagens das Escrituras. Mohler entende que as Escrituras apresentam, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, que pregar significa “ler o texto e explicá-lo – reprovando, repreendendo, exortando e ensinando com paciência, diretamente do texto da Escritura”.[3] Ele parte de Neemias 8.8 e Deuteronômio 4, extraindo desta última passagem o tríplice princípio:

21 de abr. de 2015

O que é a Pregação Expositiva?

Por Alan Rennê Alexandrino

O antigo puritano William Perkins, no segundo capítulo da sua obra clássica sobre pregação The Art of Prophesying, ofereceu a seguinte instrução aos pregadores: “A Palavra de Deus, exclusivamente, deve ser pregada, em sua perfeição e consistência intrínseca. A Escritura é o objeto exclusivo da pregação, o único campo onde o pregador deve trabalhar”.[1] Isso está intrinsecamente relacionado com a natureza da pregação expositiva.

De forma simples e até tautológica, John A. Broadus afirma que a pregação expositiva “ocupa-se principalmente da exposição das Escrituras”.[2] Tudo flui do texto: as suas divisões e a exploração dessas divisões, todo o conteúdo de pensamento. De acordo com ele, a principal característica de um sermão expositivo é a unidade no discurso: “A unidade no discurso é necessária à instrução, à convicção e à persuasão. Sem ela, o gosto dos ouvintes cultos não será satisfeito; mesmo os incultos, embora talvez não saibam por que, se sentirão bem menos profundamente impressionados”.[3] Isso é interessante, visto que há muita pregação versículo por versículo em nossos dias, mas que nada mais é do uma série de observações desarticuladas e desconexas sobre versículos sucessivos. 

15 de abr. de 2015

A Crise na Pregação Contemporânea

Por Alan Rennê Alexandrino

Permitam-me apresentar algumas situações bastante complicadas, que giram em torno de como a pregação, a exposição das Escrituras tem sido vista nos dias de hoje. É bem verdade que atravessamos um incipiente e embrionário florescimento da exposição bíblica, mas a história recente mostra que uma crise quanto à pregação se instalou em nossos púlpitos e ainda resiste.

Em 20 de março de 1980, foram distribuídos alguns panfletos, que na verdade, eram convites de uma igreja recém-plantada na localidade de Saddleback, ao sul do distrito de Orange, no sul da Califórnia. Dentre as várias orações escritas no convite, gostaria de destacar as seguintes: “Está nascendo uma nova igreja, planejada para aqueles que desistiram dos cultos tradicionais. Vamos encarar a verdade: muitas pessoas hoje não têm mais participação ativa na igreja”.[1] De acordo com o panfleto, uma das razões para este estado de coisas é que, “quase sempre... os sermões são chatos e não se aplicam à nossa vida diária”.[2] Interessantemente, a igreja em questão se apresenta como “uma nova igreja, planejada para preencher as necessidades de nossa época”.[3] Além disso, no momento de apresentar os atrativos da nova igreja, o panfleto elenca os seguintes: “Na Igreja Saddleback você... fará novos amigos e conhecerá seus vizinhos/ouvirá música alegre e contemporânea/ouvirá mensagens positivas e práticas que o deixarão encorajado durante a semana/pode entregar sem medo seus filhos aos cuidados de nosso berçário”.[4]

29 de out. de 2014

Os Puritanos e a Primazia da Pregação

 
Por D.J. MacDonald

Os Puritanos entendiam por “primazia da pregação” que a pregação era a parte mais importante da vida de um ministro. Quaisquer dons, dotes ou conhecimentos que um ministro possuísse, eram para serem usados para o grande fim de fazer dele um pregador.

O Apóstolo diz, “Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar...” (I Co 1:17). Isso não significa que o batismo não seja importante, mas que a pregação é mais importante. O próprio Paulo assim afirma novamente, quando diz, “... ai de mim, se não pregar o evangelho!” (I Co 9:16). A importância da pregação e a preparação para tanto, como visto nos escritos e na prática dos Puritanos, é resumido sucintamente nas palavras de J. C. Ryle: “Alguns podem estar prontos a dizer, ‘Eu trabalhei para Deus durante a semana inteira. Eu fui à escola, visitei de casa em casa, distribuindo folhetos, e se meus sermões no dia do Senhor não são tudo o que poderiam ser, de maneira nenhuma tenho sido preguiçoso.’ Devemos nos lembrar que todas as obras nesta descrição, se interferem com a preparação dos nossos sermões, trata-se de trabalho em vão”.  Quantos de nós se contentaria em dizer, “Passamos a semana visitando de casa em casa distribuindo folhetos etc.”? Quão mundano é o que ocupa por demais a nossa mente durante a semana, como podemos fazer disso uma desculpa para a nossa falta de preparação de sermão?

Henry Smith (1550-1591), palestrante em St Clement Danes, em Londres, escreve, “Se você precisa tomar cuidado com o que ouve, então nós precisamos tomar cuidado com o que pregamos. Assim é que Paulo não apontou ninguém mais como pregadores, senão aqueles que ‘manejam bem a Palavra da verdade’ (II Timóteo 2:15), ou seja, em boas palavras e no método correto; e porque ninguém pode fazê-lo sem estudo e meditação, portanto ele ensinou a Timóteo a ‘apresentar-se à doutrina’, isto é, a fazer um estudo e batalhar por isso. Pois como Pedro disse que nas epístolas de Paulo há muitas coisas difíceis de serem entendidas, também nas epístolas de Pedro, de João e de Tiago há muitas coisas que Davi, antes, chamou de maravilhas da lei, e Paulo chamou de o mistério da salvação, e Cristo chamou de tesouro escondido no chão”. “O trigo é bom”, continua Smith, citando Amós 8:6, “mas aqueles que vendem o seu refugo são reprovados. Também a pregação é boa, mas esta recusa em pregar não passa de blasfêmia, pois um toma o nome de Deus em vão, o outro toma a Palavra de Deus em vão. Como nem todo som é música, assim nem todo sermão é pregação, mas pior do que quem o faz ler uma homilia. Pois se Tiago nos exorta a considerar o que pedimos antes de orarmos, muito mais deveríamos nós considerar antes que venhamos a pregar”.

Ao enfatizar a importância da pregação, diz Perkins, “O primeiro título de um ministro de Deus é mensageiro. Ele é o mensageiro do Senhor das multidões. Em Apocalipse os ministros de sete igrejas são chamados de anjos dessas igrejas; em outra passagem um ministro é um anjo do Senhor, e em outra, o anjo da igreja — isto é, um anjo ou mensageiro enviado por Deus à igreja. Este ponto tem ampla aplicação”:

Primeiramente, para os próprios ministros. Você deve compreender a sua tarefa. Ministros são mensageiros: esta é a própria natureza do seu chamado. Portanto você deve pregar a Palavra de Deus e entregá-la exatamente como a recebeu. Embaixadores não portam sua própria mensagem, mas a mensagem dos seus senhores e mestres, que os enviaram. Similarmente, ministros portam a mensagem do Senhor das multidões e são, portanto, obrigados a entregá-la como sendo a mensagem do Senhor, e não sua própria. A Palavra de Deus é pura. Deve ser, portanto, estudada e entregue de maneira pura. Que todos aqueles que são anjos de Deus — e desejam ser honrados como Seus anjos e Seus embaixadores — devem cumprir com a responsabilidade de um anjo de Deus, de forma que, como muitos homens desfiguram uma boa estória pela forma como a contam, eles não tirem o poder e a majestade da Palavra de Deus pela forma como a entregam!”.

“Em segundo lugar, se ministros são os anjos de Deus, eles devem pregar a Palavra de Deus de tal forma que ela expresse e demonstre o Espírito de Deus. Pregar na demonstração do Espírito de Deus é pregar com tal simplicidade, todavia com poder tal, que mesmo aquele menos dotado intelectualmente reconheça não ser um homem, mas Deus, quem o está ensinando. E ainda assim, a consciência do mais poderoso possa sentir que não um homem, mas Deus o está reprovando através do poder do Espírito. É tido com grande admiração aos olhos do mundo, quando dizem de um pregador: ‘Ele é um sábio de fato’, porque ele tem erudição, lê bastante, tem uma boa memória e uma boa exposição. Mas o que recomenda um homem ao Senhor seu Deus e à sua própria consciência é que ele prega com uma sinceridade adequada à habilidade, e tão poderosamente à consciência do pecador, que este percebe que Deus está presente no pregador”.

“Em terceiro lugar, há uma aplicação importante aos ouvintes. Eles são ensinados que se os seus ministros são anjos enviados a eles por Deus, então devem ouvi-los prazerosamente, de bom grado, reverentemente e obedientemente, porque eles são enviados por Deus, e é a Sua mensagem que eles entregam. Todos Cristãos devem fazê-lo, não somente quando a doutrina que é pregada os satisfaz, mas também quando ela corta de lado a lado nossa corrupção e é completamente contrária às nossas disposições. Pode ser altamente desagradável e ferir nossos desejos naturais, mas desde que seja uma mensagem do nosso Deus e Rei e o pregador seja o mensageiro daquele Deus, ambos, ele e a mensagem, devem ser recebidos com respeito e com uma obediência que venha dos nossos corações e almas. Esta é a razão porque respeito e honra devem ser prestados por todos Cristãos aos ministros de Deus, especialmente quando eles adornam o seu alto chamado com uma vida santa: eles são os anjos de Deus, entregando as mensagens e as cargas que eles receberam de Deus”.

“O ministro de Deus é também um intérprete. Ele é alguém que é capaz de entregar a reconciliação feita entre Deus e o homem; isto é, primeiro, ele é alguém que pode expandir e explicar o pacto da graça, e corretamente estabelecer como a reconciliação é alcançada. Segundo, ele é alguém que pode aplicar, precisa e apropriadamente, os meios do operar externo da reconciliação. Em Apocalipse, João recebe diretamente de Cristo. Ele deve tomar o livro — isto é, a Escritura — e comê-lo. Então, após tê-lo comido, ele deve ir e pregar aos povos, línguas e nações (Apocalipse 10:8 – 11). Através de João, Cristo ensina à Sua Igreja de forma permanente que ministros não são capazes de pregar a nações e a reis, até que tenham comido o Livro de Deus, ou seja, até acima e além de todo o aprendizado que o homem possa transmitir, eles também são ensinados pelo Próprio Espírito de Deus. É o seu ensino que faz de um homem um verdadeiro intérprete. Sem isso ele não pode ser um intérprete. Como pode alguém ser intérprete de Deus para o Seu povo, a menos que ele conheça a mente do Próprio Deus? E como pode ele conhecer a mente de Deus, exceto pelo ensinamento do Espírito de Deus?”.

“O que estou enfatizando é isto: um ministro deve ser um intérprete divino, um intérprete do que Deus tem a dizer. Portanto, ele não deve somente ler o livro, mas comê-lo. Ele deve não somente ter o conhecimento das coisas divinas fluindo em seu cérebro, mas gravado em seu coração e impresso em sua alma pelo dedo espiritual de Deus. Para tanto, além de todo o seu próprio estudo, meditação e uso de comentários e outros auxílios humanos, ele deve orar como Davi, “Abre tu os meus olhos, para que veja as maravilhas da Tua lei” (Salmo 119:18).

“Além disso, uma vez que ministros são intérpretes, eles devem aspirar santificação e santidade em suas próprias vidas. Na profecia de Isaías, o Reino da Assíria é dito ser santificado, ou separado, para destruir os inimigos de Deus. Se um certo tipo de santificação é necessário para a obra de destruição, quanto mais é a verdadeira santificação necessária para a grande e gloriosa obra de edificação da Igreja de Deus ”.

Fonte: Revista Puritanos

23 de out. de 2014

Dez Marcas Distintivas da Pregação de Calvino

Por Steven Lawson
1. A pregação de Calvino era bíblica em seu conteúdo.
“O reformador se manteve firme no principal fundamento da Reforma — sola Scriptura (somente a Escritura)… Calvino acreditava que o pregador não tinha nada a dizer além das Escrituras.” (pp. 96-97)
2. A pregação de Calvino seguia um padrão sequencial.
“Durante o ministério de Calvino, o seu procedimento era pregar sistematicamente sobre livros inteiros da Bíblia… Na manhã dos domingos, Calvino pregava o Novo Testamento; à tarde, o Novo Testamento e os Salmos; e, em semanas alternadas, pregava o Antigo Testamento todas as manhãs da semana. Servindo-se desse método consecutivo, Calvino pregou quase todos os livros da Bíblia.” (pp. 97-98)
3. A pregação de Calvino era direta em sua mensagem.
“Quando expunha as Escrituras, Calvino era notoriamente direto e centrado no ensino principal. Ele não iniciava sua mensagem com uma história cativante, uma citação estimulante ou uma anedota pessoal. Em vez disso, Calvino introduzia de imediato os seus ouvintes no texto bíblico. O foco da mensagem era sempre as Escrituras, e Calvino falava o que precisava ser dito com economia de palavras. Não havia frases desperdiçadas.” (p. 98)
4. A pregação de Calvino era extemporânea em sua apresentação.
“Quando subia ao púlpito, ele não levava consigo um rascunho escrito ou esboço do sermão. O reformador fez uma escolha consciente de pregar extempore, ou seja, espontaneamente. Ele queria que seus sermões tivessem uma desenvoltura natural e cheia de paixão, enérgica e envolvente; acreditava que a pregação espontânea era mais conveniente para cumprir esses objetivos.” (p. 99)
5. A pregação de Calvino era exegética em sua abordagem.
“Calvino insistia que as palavras da Escritura têm de ser interpretadas conforme o ambiente histórico específico, as línguas originais, as estruturas gramaticais e o contexto bíblico… Calvino insistiu no sensus literalis, o sentido literal do texto bíblico.” (p. 100)
6. A pregação de Calvino era acessível em sua simplicidade.
“Como pregador, o principal objetivo de Calvino não era comunicar-se com outros teólogos, e sim alcançar as pessoas comuns, assentadas no banco… Ocasionalmente, Calvino explicaria mais cuidadosamente o significado de uma palavra, sem citar o grego ou o hebraico original. Todavia, Calvino não hesitava em usar a linguagem da Bíblia.” (p. 101-102)
7. A pregação de Calvino possuía um tom pastoral.
“O reformador de Genebra nunca perdia de vista o fato de que ele era um pastor. Assim, ele aplicava calorosamente as Escrituras, com exortação amável a fim de pastorear o seu rebanho. Ele pregava com a intenção de estimular e encorajar suas ovelhas a seguirem a Palavra.” (p. 102)
8. A pregação de Calvino era polêmica em sua defesa da verdade.
“Para Calvino, a pregação necessitava de uma defesa apologética da verdade. Ele acreditava que os pregadores tinham de resguardar a verdade; por isso, a exposição sistemática exigia a confrontação das mentiras do Diabo em todas as suas formas enganosas.” (p. 103)
9. A pregação de Calvino era cheia de paixão em seu alcance.
“Em nossos dias, há uma noção errônea de que, por acreditar na predestinação, Calvino não era evangelístico. O mito persistente é que ele não tinha paixão por alcançar almas perdidas para trazê-las a Cristo. Nada pode estar mais distante da verdade. Calvino possuía uma grande paixão por alcançar as almas perdidas. Por essa razão, ele pregava o evangelho com uma persuasão que afetava o coração e com amor, apelava aos pecadores desgarrados a se renderem à misericórdia de Deus.” (p. 104)
10. A pregação de Calvino era doxológica em sua conclusão.
“Todos os sermões de Calvino eram completamente teocêntricos, mas seus apelos conclusivos eram sinceros e amorosos. Ele não podia descer do púlpito sem exaltar o Senhor e instar seus ouvintes a se rederem à absolutamente supremacia dEle. Os ouvintes tinham de se humilhar sob a poderosa mão de Deus. Quando concluía, Calvino exortava regularmente sua congregação: ‘Prostremo-nos todos ante a majestade do nosso grande Deus’. Não importando o texto bíblico sobre o qual ele pregava, essas palavras demandavam uma submissão incondicional de seus ouvintes.” (p. 105)
Fonte: Monergismo

21 de out. de 2014

Pregue ao descrente, ao crente e ao membro de igreja

Por Aaron Menikoff
Para quem os pregadores pregam? Eu recentemente tomei da estante alguns livros sobre pregação e descobri que essa questão raramente é abordada. Os pregadores parecem muito mais preocupados em refinar o seu estilo.
Ainda assim, alguns pastores estão dando atenção aos ouvintes, e eles tendem a focar em dois segmentos da população: os desigrejados e os pós-modernos. James Emery White, presidente do Gordon Conwell e pastor da Igreja Comunidade Mecklenburg em Charlotte, Carolina do Norte, afirmou certa vez que ele explicitamente tinha por alvo os descrentes. Ele pôs dessa forma em uma entrevista dada em 1999:
Mecklenburg é uma igreja direcionada para o visitante, que foi fundada [para] ... focar em pessoas desigrejadas. Por “direcionada ao visitante” eu obviamente quero dizer que os pontos básicos da igreja são planejados para pessoas desigrejadas. De alguma maneira ou forma, nós podemos dar-lhes um empurrãozinho quando eles estão em modo busca, ou nós tentamos ajudá-los a tornarem-se pessoas ativas nessa busca. Pois nem todos os que são desigrejados estão em busca de uma igreja. [1]
Uma vez que o sermão é um desses “pontos básicos”, White seguiu os passos de homens como Bill Hybels, Bob Russel e Rick Warren, os quais se destacam entre os demais pregadores por sua habilidade de falar aos desigrejados. [2]
Um outro grupo de escritores enfatiza a importância de pregar para a mente pós-moderna. O outrora pastor Brian McLaren disse que sua pregação começou a ser afetada, em 2001, ao refletir acerca da aversão pós-moderna à performance e à análise detalhada, juntamente com a sua inclinação para a autenticidade e a narrativa. Agora, narrativa e autenticidade são centrais em sua pregação. [3]
Esses dois exemplos deixam alguns de nós nervosos. Quando um pregador vai muito longe em adaptar-se à sua audiência, a própria mensagem fica comprometida, o que ocorreu tanto nas igrejas “sensíveis ao visitante” como nas igrejas emergentes. Ainda assim, pregadores pregam para pessoas reais, pessoas que são desigrejadas, pós-modernas, e tudo mais que pudermos pensar. O desafio é oferecer alguns pensamentos a todos os tipos de pessoas sentadas na congregação. Este artigo humildemente se esforça para fazê-lo.
Eu sugiro que os pastores preguem com três tipos de pessoas em mente.
Pregue aos não-convertidos
É sempre bom considerar os não-cristãos em um sermão na manhã de domingo, mesmo se sua igreja for pequena e não-cristãos não estiverem presentes. Minha igreja não é grande, porém, mesmo assim, eu presumo que algumas das pessoas sentadas nos bancos não conhecem a Cristo. Algumas delas são cristãos nominais, que podem ter professado Cristo e estar em igrejas por anos, mas ainda necessitam do novo nascimento para trazer-lhes vida verdadeira. Outros são não-cristãos professos que nossos membros convidaram. Ainda há outros que atravessaram a rua em resposta a um cartão de igreja, um boletim, o site, ou o próprio prédio. Em outras palavras, não-cristãos virão.
E daí?
Esclareça o Evangelho
É responsabilidade do pregador esclarecer o evangelho à medida que ele explica a Palavra de Deus. Paulo escreveu:
Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. (Romanos 10.9-10)
Nós somos, no fim das contas, ministros do evangelho.  O evangelho não precisa soar da mesma maneira em cada sermão. Mas, seja lá como for explicado, o pastor deve perguntar em face da passagem: “Como ela aponta para o evangelho?”. Mesmo os descrentes podem reconhecer a diferença entre um sermão centrado no evangelho e um sermão no qual o evangelho é apenas encaixado no final.
Minha igreja fica próxima a um seminário, e nós temos muitos homens que estão sendo treinados para ser pastores e que frequentemente perguntam: “O evangelho precisa mesmo estar em cada sermão?”. A resposta é “sim” por pelo menos duas razões. Primeiro, porque o evangelho compreende cada texto da Escritura de Gênesis a Apocalipse. Segundo, porque o não-convertido precisa saber o que significa “confessar Jesus como Senhor e crer no coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos”. (Cristãos necessitam ouvir isso de novo e de novo, também, a fim de crescer na fé!) Mesmo que o descrente tenha ouvido o evangelho dúzias de vezes, Deus o trouxe a mim como pregador – hoje. Então eu quero que o evangelho desafie mais uma vez o seu entendimento do mundo, do pecado e da salvação.
Esclarecer o evangelho é uma das coisas mais importantes que eu posso fazer como pastor.
Pregue expositivamente
Pastores que são sensíveis à presença de não-cristãos os servirão melhor ao pregarem expositivamente. Não-cristãos desejam saber por que nós cremos no que cremos. Uma vez que a nossa doutrina e vida são fundamentadas na Palavra de Deus, nós servimos melhor os desigrejados ao direcioná-los honesta, fiel e claramente para a Escritura, assim como nós fazemos com cristãos.
Um movimento de escritores e líderes de igreja hoje afirma que a mente pós-moderna – igrejada e desigrejada – responde melhor à “pregação narrativa”. Eles argumentam que as pessoas querem ouvir histórias. Tudo bem, eu gosto de histórias. Pregar expositivamente deveria prover aos desigrejados o enredo da Bíblia, o qual, por sua vez, provê um enredo da obra de Deus na humanidade, o qual, por sua vez, provê um enredo para as suas próprias vidas. Os pastores não apenas deveriam lidar com toda a Escritura à medida que pregam expositivamente; eles deveriam fazê-lo com o objetivo de dar aos seus ouvintes “um retrato mais amplo de Deus”. Isso é pregação amigável com o visitante. [4]
O mesmo movimento afirma que a mente pós-moderna valoriza autenticidade. Tudo bem, eu também gosto de autenticidade. É uma desculpa perfeita para pregar expositivamente. Vamos focar menos na forma e mais na mensagem: O que Jesus disse? O que Isaías profetizou? O que Paulo escreveu? E o que as respostas a essas perguntas têm a ver conosco hoje? Isto é o que desejam os não-convertidos que aparecem em nossas igrejas: a verdade bíblica sem penduricalhos.
Se elas irão finalmente concordar com aquela verdade é algo entre elas e Deus; mas o conteúdo do que pregamos é inegociável.
Alcance os não-convertidos
Há diversas coisas que nós podemos fazer para tornar os nossos sermões evangelísticos. Identificar os números grandes e pequenos como capítulos e versículos é útil para o desigrejado. Também é útil dizer-lhe para usar o sumário da Bíblia. Que palavra de conforto para um visitante não-convertido, quando todos ao seu redor parecem achar Obadias com tanta facilidade!
Introduções provocativas ao sermão também ajudam a construir uma ponte para o descrente ao explicar a relevância do texto que está para ser exposto. Por exemplo, no último Domingo de Páscoa, eu preguei em Lucas 5.33-39, no qual os fariseus ficam perplexos com o fato de que os discípulos de Jesus não estavam jejuando. Jesus responde observando que os convidados de um casamento não jejuam enquanto o noivo está presente, e então conta a parábola do vinho novo em odres velhos. Eu intitulei o sermão assim: “São os cristãos mais felizes?”. Aquela introdução foi uma oportunidade para explicar que a alegria verdadeira, duradoura e transformadora consiste em estar na presença do noivo ressurreto, Jesus Cristo. Foram os cristãos ajudados pela introdução? Eu espero que sim, mas eu vi aqueles dois ou três minutos como uma oportunidade especial para alcançar o não-convertido que poderia necessitar de alguma ajuda especial acerca do motivo pelo qual nós nos reunimos em torno da Palavra de Deus.
Todas essas “pequenas” práticas têm também um efeito cumulativo na congregação. Quando os crentes reconhecem que o púlpito é amigável com o não convertido, eles se tornam mais dispostos a trazer os seus amigos não-cristãos. É incorreto pensar que sermos centrado no evangelho signifique que não podemos ser sensíveis ao visitante.
Pregue aos convertidos
Por mais importante que seja pregar para o não-convertido, a tarefa principal do pregador no Dia do Senhor é dirigir-se aos cristãos. Ele deve edificar a igreja local; e a igreja deve ouvir, pronta e desejosamente, a fim de submeter-se a Cristo como o cabeça da igreja. Essa é a nossa principal “audiência”. Assim, na minha própria preparação para o sermão, eu tenho em mente sobretudo os convertidos.
Como então o pregador deve abordar os cristãos?
Repreenda e corrija os cristãos
Nós sabemos a partir de João que o pecado persiste na vida do crente: “Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1.10). Há uma espécie de alfinetada nesse versículo, como se João soubesse que os crentes são tentados a minimizar o seu pecado, elevar a sua santificação e negar ao Senhor. Além disso, Paulo escreveu: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16). Assim, quando um pastor está pregando para cristãos, a verdade da Palavra de Deus necessariamente há de repreender e corrigir.
Nenhum pastor quer ser conhecido por abater cristãos. Ainda assim, a fidelidade à Escritura requer que um homem esteja apto para repreender no devido tempo. Essa é uma razão pela qual o chamado para a pregação não deveria ser aceito levianamente. Ser fiel a essa tarefa requer que nos perguntemos em face de cada texto que pregamos: “Como esta passagem repreende ou desafia o cristão?”. Ela desafia a falta de oração, a fofoca, ou a idolatria? A resposta pode levar em consideração a igreja local do pastor ou aquilo que é aplicável a todos os cristãos. De todo modo, pregar sem repreensão e correção não pode ser considerado pregar de modo plenamente bíblico.
Sustente e encoraje os cristãos
Ainda bem, pregar ao convertido significa mais do que repreender e corrigir. Significa trabalhar para sustentar e encorajar os crentes com a Palavra de Deus. O crente é completamente dependente da Palavra. Como Jesus disse, “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4; Dt 8.3). Isso significa que, quando o cristão vem para ouvir o sermão, ele está vindo para ser nutrido pelas palavras da vida.
É claro que o crente pode ser alimentado pela Palavra de Deus durante outros períodos da semana, mas a pregação exerce um papel central em seu sustento. Considere Tito 1.1-3, em que Paulo descreve como a vida eterna se manifesta na Palavra de Deus, através da pregação. Cristãos são nutridos e sustentados por sermões. Uma pergunta para fazer em face de cada texto é: “Como isso sustenta, preserva ou encoraja o cristão?”.
Poucas coisas me encorajam mais no meu ministério de pregação do que isto: a igreja se reúne porque os crentes necessitam da vida que é concedida através da palavra pregada, não porque eles necessitam de mim! Essa é simplesmente a tarefa que eles me deram para executar, a refeição espiritual que eles me comissionaram para preparar. Que privilégio ser usado por Deus para sustentar, nutrir, construir e edificar o seu povo com a sua Palavra!
Santifique e fortaleça os cristãos
O Filho orou para que os filhos do Pai fossem santificados e tornados mais semelhantes a Cristo. Jesus sabia que os seus seguidores haveriam de suportar toda sorte de sofrimentos e escárnios por terem recebido a sua palavra (Jo 17.14), mas ele não orou para que eles fossem tirados do mundo. Ao invés disso, ele orou para que eles fossem santificados. Como os cristãos haveriam de se tornar mais santos? Jesus orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). A mensagem de Deus haveria de santificar os filhos de Deus. Cristãos são feitos santos ao apreender e aplicar as Boas Novas e toda a Escritura à sua vida (cf. 2Tm 3.17). Uma palavra santa torna um povo santo.
É claro que a santificação é principalmente uma obra de Deus. Ele é aquele que opera na vida do crente (Fp 2.13; Hb 13.20-21) e que assegura que os crentes terão tudo de que necessitam para dar a Ele glória e honra. Isso é exatamente o que acontece à medida que ele conduz os santos para se congregarem e para ouvirem as verdades da sua Palavra. Não é surpreendente que eles sejam estimulados “ao amor e às boas obras” (Hb 10.24).
Pregadores têm oportunidades gloriosas de serem usados na vida de pecadores a fim de fortalecê-los para a tarefa de prosseguirem na vida cristã. No Salmo 1, o homem bem-aventurado que se deleita na lei de Deus é assemelhado a uma árvore plantada junto às correntes de água, uma árvore que é frutífera e robusta. A analogia não é difícil de entender. O cristão é frutífero e robusto quando se alimenta e se deleita na lei do Senhor. Sermões exercem um papel em guiar o cristão para meditar na lei de Deus. Embora o pregador não possa produzir homens bem-aventurados (ainda bem que isso é tarefa de Deus e do Seu Espírito!), a ele é dado o grande privilégio de alimentar o povo de Deus com a Palavra de Deus. O pregador pode ser como aquelas correntes de água, entregando fielmente a Palavra de Deus e fortalecendo aquela árvore semana após semana, mês após mês, ano após ano.
Diferentemente do contador que confere os livros contábeis no final do mês, ou do diretor executivo que observa a empresa reerguer-se, quem sabe se o pregador jamais verá o fruto que nasce, as vidas que são transformadas, os corações que são tocados! O melhor trabalho de um pastor não pode ser medido deste lado do céu. Esse tipo de fruto não pode ser recolhido em cestos. Não obstante, o fruto está lá. A pregação da Palavra de Deus, por sua graça, santifica e fortalece o pecador e o prepara para as suas próprias obras de graça.
Desafie e edifique os cristãos
Discípulos precisam crescer no seu entendimento e interpretação da Escritura. Eles tendem a ser muito descuidados ao ingerirem os sermões, de modo bastante distinto daqueles bereanos de Atos 17, os quais examinavam o que ouviam a fim de verem se era verdade. Uma pregação expositiva sólida irá desafiar o discípulo dando-lhe algo em que pensar e examinar. Criticando a pregação rasa, James W. Alexander certa vez afirmou:
Nesses sermões, nós encontramos muitas verdades bíblicas valiosas, muitas ilustrações originais e comoventes, muitos argumentos sólidos, exortações pungentes e grande unção. Considerados em si mesmos, e vistos como orações de púlpito, eles não parecem dar margem a sequer uma objeção; ainda assim, como exposições da Escritura, eles são literalmente nada. Eles não esclarecem quaisquer dificuldades no argumento dos escritores inspirados; não fornecem perspectivas amplas do campo no qual o seu assunto se desenvolve; eles podem ser repetidos a vida inteira sem contribuírem no menor grau para educar a congregação em hábitos de sólida interpretação. [6]
Sermões que desafiam e edificam os cristãos não precisam ser ásperos ou difíceis de entender (tal pregação seria infiel e sem sentido, de todo modo!). Ainda assim, os sermões que desafiam e edificam os cristãos são sermões pregados por homens que se debruçaram sobre o texto. Um pastor que dedica o seu tempo à preparação do sermão praticamente não precisa perguntar em face do texto: “Como esta passagem desafia ou edifica o cristão?” – a Palavra de Deus está completamente engajada em alcançar o propósito para o qual Deus a designou (Is 54.10-11). O seu esforço dará fruto à medida que a congregação colhe a recompensa da sua diligência.
Na minha igreja, nós nos esforçamos para ser fiéis à Escritura, seja quando pregamos em uns poucos versos, seja quando pregamos um livro inteiro em poucos sermões, como eu recentemente fiz com o livro de Jó. Pela primeira vez em anos, estudantes universitários estão entrando na igreja porque a pregação os desafia a crescerem. Um casal mais velho recentemente me disse que eles gostam de vir porque os sermões os ajudam a terem discussões espirituais durante o almoço. Eu não acho que alguém diria que fazemos um trabalho maravilhoso de comunicação com o mundo, e certamente ninguém diria que minha pregação é empolgante. Há muito espaço para aperfeiçoar. Mas, pela graça de Deus, nós estamos abrindo a Palavra de Deus – e isso é empolgante e transformador!
Cristãos procuram pregações que são fiéis à Escritura, o que significa pregação que inclui repreensão e correção, sustento e encorajamento, santificação e força, desafio e edificação.
Agora que nós abordamos a pregação tanto para não cristãos como para cristãos, pode parecer um lugar natural para terminarmos. Mas os pregadores devem estar sensíveis a mais uma categoria: os membros de igreja.
Pregue aos membros de igreja como um corpo congregacional
Na maioria das igrejas, a maior parte da congregação é composta pelos homens e mulheres que assumiram um compromisso com aquele lugar, com aquele ministério, e com os demais membros. Isso deveria influenciar a sua pregação? Eu penso que sim.
Paulo descreveu a congregação dos santos em Colossos como “retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus” (Cl 2.19). Esses não eram simplesmente discípulos, eram discípulos arraigados na igreja Colossense os quais cresciam o crescimento que procede de Deus. Em Colossenses 3.15-16, Paulo continua: “Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos. Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração”. Observe que Paulo dirigiu-se a essa igreja local como um corpo e os lembrou de que eles deveriam estar unidos pela Palavra de Cristo. E isso aconteceria à medida que eles se reunissem juntos para cantar a Escritura e ouvir a Escritura sendo pregada.
Paulo não se dirige aos cristãos, aqui, como cristãos individuais, mas como membros de uma igreja em particular. A sua reunião trazia unidade não porque eles ficavam geograficamente mais próximos, mas porque a Palavra de Cristo vinha habitar neles à medida que eles compartilhavam do mesmo ensino e da mesma admoestação. Eles estavam sob a mesma autoridade porque eles reconheciam Cristo como a sua cabeça.
O mesmo é verdade em uma igreja local hoje, e um dos meios pelos quais a unidade é promovida é através da pregação da Palavra de Deus. João Calvino afirmou isso ao descrever o ofício do pregador. O pregador é aquele que traz unidade ao corpo. Comentando Efésios 4 e discorrendo acerca da unidade da igreja em torno de uma só esperança, Senhor, fé e batismo, Calvino escreveu:
Nestas palavras, Paulo mostra que o ministério dos homens a quem Deus usa para ordenar a Igreja é um elo vital para unir os crentes em um só corpo... O modo como ele [Deus] opera é este: ele distribui os seus dons para a Igreja através de seus ministros e assim demonstra que Ele mesmo está presente ali, ao empregar o poder do seu Espírito, impedindo-os de se tornarem inúteis e infrutíferos. Desse modo, os santos são renovados e o corpo de Cristo é edificado. Desse modo, nós crescemos em todas as coisas para aquele que é a Cabeça e nos vinculamos uns aos outros. Desse modo, nós somos todos trazidos à unidade de Cristo e, à medida que a profecia floresce, nós recebemos os seus servos e não desprezamos a sua doutrina. Quem quer que tente afastar-se deste padrão de ordem na Igreja, ou escarneça dele como se fosse de pequena importância, está conspirando para arruinar a Igreja. [7]
Por que enfatizar tanto os membros da igreja como um corpo coletivo, quando tantas igrejas estão crescendo ao enfatizar os não-membros? Porque a Bíblia enfatiza aqueles indivíduos que são parte da igreja local, como nós podemos ver nas epístolas do Novo Testamento. O cristianismo emergiu no contexto de pessoas de diferentes origens que, juntas, compartilhavam o evangelho – isso era a igreja. E isso tinha implicações radicais. Como Paulo escreveria, “se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1Co 12.26). Essa é uma comunidade que “arregaça as mangas” e se envolve na vida do outro.
A pregação bíblica deveria regularmente dirigir-se aos cristãos não apenas como indivíduos, mas como indivíduos que assumiram um compromisso uns com os outros como um corpo local específico. Pergunte em face de cada texto: “Como esta passagem se aplica à nossa vida como uma comunidade de fé?”. Pode parecer estranho dirigir-se apenas aos membros da igreja, mas que visão constrangedora da igreja isso provê, tanto para os desigrejados como para aqueles cristãos que escolhem flertar com a igreja ao invés de comprometerem-se de fato com ela! O pastor mostra a sua apreciação por aqueles cristãos que tornaram-se membros da igreja e, mais importante, o seu amor pela Palavra de Deus que une os membros de sua igreja quando ele se dirige a eles, diretamente e coletivamente, na pregação.
Conclusão
Enquanto eu meditava na questão “Para quem o pregador prega”, fui impactado com as palavras de Peter Adam, vigário da paróquia anglicana de St. Jude, em Carlton, na Austrália, que escreveu: “se nós somos servos de Deus e de Cristo, e servos da sua Palavra, então o chamado do pregador é também para ser um servo do povo de Deus”. [8] Sim, eu acho que o pregador deve estar sensível aos desigrejados. Mas, se nós focarmos apenas nos desigrejados, a mensagem pode se perder, ou ser de tal modo diluída que o povo de Deus termine ficando desnutrido. Essa não é uma bela visão. É importante pregar para o desigrejado, mas é mais importante focar primariamente nos cristãos e lembrar o valor de dirigir-se regularmente àqueles crentes que assumiram um compromisso com a igreja local.
Notas:
1. "Preaching to the Unchurched: An Interview with James Emery White" em Preaching with Power: Dynamic Insights from Twenty Top Communicators, ed. Michael Duduit (Grand Rapids, MI: Baker Books, 2006), 227.
2. Ibid., 230.
3. "Preaching to Postmoderns: An Interview with Brian McLaren" em Preaching with Power: Dynamic Insights from Twenty Top Communicators, ed. Michael Duduit (Grand Rapids, MI: Baker Books, 2006), 126-27.
4. A fim de ajudar na exposição desse enredo, pregadores expositivos considerarão estes pequenos livros úteis: The Symphony of Scripture: Making Sense of the Bible’s Many Themes (1990) por Mark Strom; God’s Big Picture: Tracing the Storyline of the Bible (2002) por Vaughan Roberts; e Gospel and Kingdom, agora disponível em The Goldsworthy Trilogy (2000). Essas introduções à teologia bíblica podem ajudar a comunicar a unidade da Escritura ao pregar ao longo da Bíblia.
5. Ver o capítulo de Mark Dever sobre pregação expositive em Nine Marks of a Healthy Church (Crossway, 2004).
6.  J.W. Alexander, Thoughts on Preaching (Carlisle, PA: Banner of Truth, Date), 239.
7. John Calvin, The Institutes of the Christian Religion, ed. Toney Lane and Hilary Osborne (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1986), 245.
8. Peter Adam, Speaking God’s Words: A Practical Theology of Expository Preaching (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1996), 130.
Fonte: Ministério Fiel

27 de set. de 2014

Vox Dei: A Teologia Reformada da Pregação

Por Paulo Anglada

A pregação, como uma forma distinta de comunicação da vontade de Deus revelada na sua Palavra, está em declínio. Em muitas igrejas ela tem sido substituída por um número cada vez maior de atividades.
Há 30 anos atrás, o Dr. Martyn Lloyd-Jones foi convidado a proferir uma série de conferências no Westminster Theological Seminary, em Filadélfia. Nessas palestras, publicadas em 1971 com o título Pregação e Pregadores, ele enfatizou que a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro, e explicou que estava ressaltando isso “por causa da tendência, hoje, de depreciar a pregação em prol de várias outras formas de atividade.”1 A situação não melhorou. John J. Timmerman observou, quase vinte anos depois, que “em muitas igrejas o sermão é uma ilha que diminui cada vez mais em um mar turbulento de atividades.”2
Mesmo igrejas de tradição reformada parecem estar sucumbindo paulatina, mas progressivamente, a essa tendência, e o lugar da pregação no culto tem perdido importância. John Frame, teólogo de tradição reformada, publicou há dois anos o livro Culto em Espírito e em Verdade:Um Estudo Estimulante dos Princípios e Práticas do Culto Bíblico. No livro o autor nega, entre outras coisas, que a pregação seja função restrita dos ministros da Palavra, ou mesmo dos presbíteros em geral, considera a dramatização e o diálogo métodos legítimos de ensino no culto público, e não vê razão pela qual um culto público não possa ser inteiramente musical.David Engelsma, outro reformado conhecido, observa, entretanto, que com base na negação de qualquer distinção entre o culto público oficial e o culto familiar, John Frame faz uma interpretação tão ampla do princípio regulador reformado, que este acaba se tornando sem sentido.4
Muitas são as razões para o declínio contemporâneo da pregação. O surgimento de novos meios de comunicação e de novas mídias interativas, a aversão do homem pós-moderno pela verdade objetiva ou absoluta, a secularização da sociedade, o afastamento do cristianismo das Escrituras, e a própria corrupção da pregação, em muitos púlpitos degenerada em eloqüência de palavras, demonstração de sabedoria humana, elucubrações metafísicas, meio de entretenimento, ou embromação pastoral dominical, certamente são algumas delas.Uma das principais razões, entretanto, diz respeito à concepção moderna da pregação, muitas vezes encarada como atividade meramente humana e pouco relevante, cuja eficácia depende fundamentalmente das habilidades naturais ou capacidade do pregador.
Todas estas tendências, influências e concepções produziram resultados devastadores sobre a pregação nos meios evangélicos. Ela tornou-se como que um apêndice no culto público, e as conseqüências, sem dúvida, se têm feito sentir na vida da igreja. Na perspectiva reformada, o declínio do lugar da pregação no evangelicalismo moderno é uma constatação seríssima. Se a teologia reformada com relação à pregação reflete o ensino bíblico, então muito do estado presente da igreja cristã, se explica como resultado desse declínio da pregação. Meu propósito com este artigo é apresentar, resumidamente, o ensino reformado concernente à natureza, importância, eficácia e propósito da pregação.
I. a natureza da pregação
O conceito reformado de palavra de Deus é mais amplo do que aquele geralmente compreendido pela expressão. Ele inclui a palavra escrita: a Bíblia; a palavra encarnada: Cristo; a palavra simbolizada ou representada: os sacramentos do batismo e da ceia; e a palavra proclamada: a pregação.Na teologia reformada, portanto, a pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Esta concepção de pregação é professada no primeiro capítulo da Segunda Confissão Helvética, de Bullinger, nos seguintes termos:
A Pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus. Por isso, quando a Palavra de Deus é presentemente pregada na igreja por pregadores legitimamente chamados, cremos que a própria palavra de Deus é proclamada e recebida pelos féis; e que nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu...
Isto não significa identificação absoluta da palavra pregada com a palavra escrita. As Escrituras são definitivas e supremas, inerentemente normativas, enquanto que a autoridade da pregação é sempre delas derivada e a elas subordinada.Não significa também que a pregação seja inspirada ou inerrante. Os pregadores, por mais fiéis que sejam na exposição das Escrituras, não são preservados do erro como o foram os autores bíblicos. Muito menos significa que os ministros da Palavra sejam instrumentos de novas revelações do Espírito. O próprio documento reformado acima citado repudia essa idéia, ao afirmar que “nenhuma outra palavra de Deus deve ser inventada nem esperada do céu.”
A pregação da Palavra de Deus é palavra de Deus, primeiro porque é na condição de porta-voz, de embaixador, de representante comissionado por Deus, que o pregador fala (2 Co 5.20). “A natureza da obra do pregador,” observa Dabney, “é determinada pela palavra empregada para descrevê-la pelo Espírito Santo. O pregador é um arauto.”A pregação é palavra de Deus porque é entregue em nome de Deus, e debaixo da sua autoridade. Em segundo lugar, a pregação é palavra de Deus em virtude do seu conteúdo. Parker observa que a pregação recebe seu status de palavra de Deus das Escrituras. A pregação “é palavra de Deus, porque transmite a mensagem bíblica, que é a mensagem ou Palavra de Deus.”Enquanto a pregação refletir fielmente a Palavra de Deus, ela tem a mesma autoridade, e requer dos ouvintes a mesma obediência.10 
Robert L. Dabney observa que o uso do termo arauto para descrever o ofício do pregador encerra duas implicações. Primeiro, que não lhe compete inventar sua mensagem, mas transmiti-la e explicá-la. Segundo, que o arauto
...não transmite a mensagem como mero instrumento sonoro, como uma trombeta ou tambor; ele é um meio inteligente de comunicação...; ele tem um cérebro, além de uma língua; e espera-se que ele entregue e explique de tal maneira a mente do seu senhor, que os ouvintes recebam, não apenas os sons mecânicos, mas o verdadeiro significado da mensagem.”11 
Pregação, definiu Phillips Brooks, é a comunicação da verdade de Deus através da personalidade do pregador.12 Assim como a palavra inspirada não deixa de ser divina, embora escrita por autores humanos em pleno uso de suas peculiaridades humanas, assim também a palavra pregada não deixa de ser de Deus por ser mediada pela personalidade do pregador.
Na verdade, mais do que mero instrumento de comunicação da vontade de Deus, a pregação, na concepção reformada, é um dos meios pelos quais Cristo se faz presente na igreja. Assim como a fé reformada crê na real presença espiritual de Cristo nos sacramentos, crê também na sua real presença espiritual na pregação, pela qual ele salva os eleitos e edifica e governa a igreja.13 Essa concepção, em certo sentido sacramental da pregação, considerada como que uma epifania de Cristo,14 é afirmada freqüentemente por Calvino nas Institutas e em seus comentários.15 Leith observa que, nas Institutas (4.14.26), Calvino cita Agostinho, o qual referia-se às palavras como sinais, porquanto na sua concepção, “na pregação, o Espírito Santo usa as palavras do pregador como ocasião para a presença de Deus em graça e em misericórdia,” e, “nesse sentido, as palavras do sermão são comparáveis aos elementos dos sacramentos.”16 
A concepção reformada de pregação como vox Dei é compartilhada por Lutero. Comentando João 4.9-10, o reformador pergunta: “Quem está falando [na pregação]? O pastor? De modo nenhum! Vocês não ouvem o pastor. A voz é dele, é claro, mas as palavras que ele emprega são na realidade faladas pelo meu Deus.”17 Condenando a tendência católica romana de transformar em sacramento tudo o que os apóstolos fizeram, Lutero afirma que se alguma dessas práticas tivesse que ser sacramentalizada, que a pregação o fosse.18
Foi Calvino, entretanto, quem elaborou mais detalhadamente a questão da natureza da pregação como “a voz de Deus.”19 Em seu comentário de Isaías ele afirma que na pregação “a palavra sai da boca de Deus de tal maneira que ela de igual modo sai da boca de homens; pois Deus não fala abertamente do céu, mas emprega homens como seus instrumentos, a fim de que, pela agência deles, ele possa fazer conhecida a sua vontade.”20 Comentando Gálatas 4.19, “até ser Cristo formado em vós,” Calvino enfatiza a eficácia do ministério da Palavra, afirmando que porque Deus “...emprega ministros e a pregação como seus instrumentos para este propósito, lhe apraz atribuir a eles a obra que ele mesmo realiza, pelo poder do seu Espírito, em cooperação com os labores do homem.”21 Para Calvino, a leitura e meditação privadas das Escrituras não substituem o culto público, pois “entre os muitos nobres dons com os quais Deus adornou a raça humana, um dos mais notáveis é que ele condescende consagrar bocas e línguas de homens para o seu serviço, fazendo com que a sua própria voz seja ouvida neles.”22 Por isso, quem despreza a pregação despreza a Deus, porque ele não fala por novas revelações do céu, mas pela voz de seus ministros, a quem confiou a pregação da sua Palavra.23 Ao falar Deus aos homens por meio da pregação, Calvino identifica dois benefícios: “...por um lado, ele [Deus], por meio de um teste admirável, prova a nossa obediência, quando ouvimos seus ministros exatamente como ouviríamos a ele mesmo; enquanto que, por outro, ele leva em consideração a nossa fraqueza ao dirigir-se a nós de maneira humana, por meio de intérpretes, a fim de que possa atrair-nos a si mesmo, ao invés de afastar-nos por seu trovão.”24 
Os puritanos não pensavam de modo diferente. Eles viam o pregador da Palavra como um porta-voz de Deus.25 Eles afirmavam que “na fiel exposição da Palavra, Deus mesmo está pregando, e que se um homem está fazendo uma verdadeira exposição das Escrituras, Deus está falando, pois é a palavra de Deus, e não a palavra do homem.”26 “Não pode haver dúvida de que para estes adoradores, a pregação da Palavra tornou-se um sacramento verbal.’’27 John Owen, por exemplo, escreveu que “Cristo nos chama a si... nas pregações do evangelho, pelas quais ele é evidentemente crucificado diante de nossos olhos” (Gl 3.1).28 Mencionando a mesma passagem bíblica, Paul Helm comenta que, na pregação, os Gálatas como que viram a Cristo com seus próprios olhos.29 Ele também observa que “os protestantes geralmente enfatizam que a graça conferida nos sacramentos não é de natureza diferente e, certamente, não superior àquela conferida na pregação fiel... assim como os sacramentos são emblemas visíveis da graça de Deus, assim também é a pregação fiel.”30 
II. a relevância da pregação
Em virtude dessa elevada concepção da pregação como vox Dei, a fé reformada atribui à proclamação pública da Palavra de Deus a maior importância. Na tradição reformada a pregação é considerada como o principal meio de graça, como a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra, como o elemento central do culto, como marca genuína da verdadeira igreja e como o meio por excelência pelo qual é exercido o poder das chaves.
A. O Principal Meio de Graça
Na teologia reformada a pregação é um meio de graça. Ela e a ministração dos sacramentos são as ordenanças pelas quais o pacto da graça é administrado na nova dispensação.31 
De fato, na concepção reformada, a pregação é o mais excelente meio pelo qual a graça de Deus é conferida aos homens,32 suplantando inclusive os sacramentos. Os sacramentos não são indispensáveis; a pregação é. Os sacramentos não têm sentido sem a pregação da Palavra, sendo-lhe subordinados.33 Os sacramentos servem apenas para edificar a igreja; a pregação, além disso, é o meio por excelência pelo qual a fé é suscitada; é o poder de Deus para a salvação.34 Os sacramentos são como que apêndices à pregação do evangelho.35 É assim que reformadores e puritanos interpretam as palavras de Paulo em 1 Coríntios 1.17: “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho.” Para Calvino, os sacramentos não têm sentido sem a pregação do evangelho.36 Quando a ministração dos sacramentos é dissociada da pregação, eles tendem a ser considerados como práticas mágicas.37 
A idéia puritana quanto à relevância da pregação não é diferente. Lloyd-Jones observou que “os puritanos asseveravam também que o sermão é mais importante que as ordenanças ou quaisquer cerimônias. Alegavam que ele é um ato de culto semelhante à eucaristia, e mais central no serviço da igreja. As ordenanças, diziam eles, selam a palavra pregada e, portanto, são subordinadas a ela.”38 Comentando Efésios 4.11, Hodge explica o papel do pregador como canal da operação do Espírito como segue:
Assim como no corpo humano há certos canais por meio dos quais a influência vital flui da cabeça para os membros, os quais são necessários à sua comunicação, assim também há certos meios divinamente designados para a distribuição do Espírito Santo, de Cristo para os diversos membros do seu corpo. Quais canais de influência divina são esses, pelos quais a igreja é sustentada e impulsionada, é claramente indicado no verso 11, no qual o apóstolo diz: “Cristo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos.” É, portanto, através do ministério da Palavra que a influência divina flui de Cristo, o cabeça, para todos os membros do seu corpo; de modo que onde o ministério falha, a influência divina falha. Isto não significa que os ministros, na qualidade de homens ou oficiais, sejam de tal modo canais do Espírito para os membros da igreja, que sem a intervenção ministerial deles, ninguém se torna participante do Espírito Santo. Significa, sim, que os ministros, na condição de despenseiros da verdade, são, portanto, os canais da comunicação divina. Pelos dons da revelação e inspiração, Cristo constituiu uns apóstolos e outros profetas para a comunicação e registro da sua verdade; e pela vocação interna do seu Espírito, ele constitui outros evangelistas e outros pastores, com vistas à sua constante proclamação e persuasão. E é somente (no que diz respeito aos adultos) em conexão com a verdade assim revelada e pregada, que o Espírito Santo é comunicado.39 
Que graças são comunicadas por meio da pregação? A pregação é o meio pelo qual as pessoas adultas e capazes são externamente chamadas para a salvação.40 É a causa instrumental da fé e principal meio pelo qual a fé é aumentada e fortalecida, a igreja é edificada e o Reino de Deus é promovido no mundo.41 Pela pregação da Palavra a igreja é ensinada, convencida, reprovada, exortada e confortada.42 
B. A Tarefa Primordial da Igreja e do Pregador
Na concepção reformada, a pregação é a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra.43 Em suas mensagens e escritos, os reformadores condenam insistente e duramente o clero romano por negligenciar a pregação. Incapacitados para a tarefa, os sacerdotes católicos delegavam a função a outros,44 e dedicavam-se a atividades secundárias, ou mesmo à ociosidade e à luxúria. A superficialidade e leviandade com que as pessoas participavam da missa era, para Lutero, culpa dos bispos e sacerdotes, que não pregavam nem ensinavam as pessoas a ouvir a pregação.45 Ele considera que:
...não há praga mais cruel da ira de Deus do que quando ele envia fome [escassez] de ouvir sua Palavra, como diz Amós [8.11s], como também não existe maior graça do que quando envia sua Palavra, conforme o Salmo 107.20: “Enviou sua Palavra e os sarou, e os livrou de sua perdição.” Também Cristo não foi enviado para outra tarefa do que para [pregar] a Palavra; também o apostolado, o episcopado e toda ordem clerical para outra coisa não foram chamados e instituídos do que para o ministério da Palavra.46 
Para Lutero, “...quem não prega a Palavra, para o que foi chamado pela igreja, não é sacerdote de maneira alguma... quem não é anjo (mensageiro) do Senhor dos Exércitos ou quem é chamado para outra coisa que não para o angelato (por assim dizer), certamente não é sacerdote... Por isso também são chamados de pastores, porque devem apascentar, isto é, ensinar. O múnus do sacerdote é pregar. O ministério da Palavra faz o sacerdote e o bispo.”47 
Calvino também condena repetidas vezes os sacerdotes e bispos por não pregarem o evangelho.48 Comentando Atos 1.21-22, quando Barsabás e Matias são indicados para preencher a vaga de Judas no apostolado, como testemunhas da ressurreição de Cristo, Calvino conclui com isso que o ensino e a pregação são funções essenciais do ministério.49 
Forma de Governo Eclesiástico Presbiteriano relaciona, entre as atribuições do ministro da Palavra, juntamente com a oração e a administração dos sacramentos, “alimentar o rebanho pela pregação da Palavra, de acordo com a qual deve ensinar, convencer, reprovar, exortar e confortar.”50 
Esses documentos presbiterianos simplesmente refletem a concepção puritana. William Brad­shaw, autor de uma das obras mais antigas sobre os puritanos comenta que, para eles, “o mais elevado e supremo ofício e autoridade do pastor é pregar o evangelho solene e publicamente à congregação.”51 Packer cita Owen para demonstrar que a pregação era, para os puritanos, “o principal dever de um pastor. De acordo com o exemplo dos apóstolos, eles devem livrar-se de todo impedimento a fim de que possam dedicar-se totalmente à Palavra e à oração.”52 Jonathan Edwards considerava a pregação do evangelho o principal dever do ministro.53 Em uma carta, ele comentou:
Devemos ser fiéis em cada parte das nossas obras ministeriais, e nos empenhar para magnificar nosso ofício. De maneira particular, devemos atentar para a nossa pregação, a fim de que ela seja não apenas sã, mas instrutiva, temperada, espiritual, muito estimulante e perscrutadora; bem pertinente à época e tempos em que vivemos, labutando diligentemente para isso.54 
Dentre as passagens bíblicas que fundamentam essa característica da pregação reformada, as seguintes podem ser mencionadas: com relação a Jesus, Lucas 12.14 e João 6.14-15; com relação aos apóstolos, Atos 6.1-7 e 1 Coríntios 1.17; com relação aos evangelistas, precursores do ministério permanente da pregação da Palavra, 1 Timóteo 5.15; e com relação aos ministros permanentes da Palavra, Romanos 10.13-17 e 2 Timóteo 4.1-4.
C. A Centralidade da Pregação no Culto
No culto medieval, a pregação era considerada, no máximo, como elemento preparatório para a ministração e recepção dos sacramentos. Na concepção reformado-puritana, “a leitura das Escrituras, com santo temor, a sã pregação da Palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus com entendimento, fé e reverência...,” são os principais elementos do culto a Deus na dispensação da graça.55 A Reforma restaurou a pregação à sua posição bíblica, conferindo a ela a centralidade no culto público.56
Na antiga dispensação, o elemento central do culto público era o sacrifício, uma pregação simbólica apontando para o sacrifício de Cristo. Na nova dispensação, havendo Cristo oferecido a si mesmo como o Cordeiro Pascal que tira o pecado do mundo, não há mais lugar para sacrifícios. A pregação da Palavra é a legítima substituta do sacrifício como atividade central do culto na dispensação da graça. O que o sacrifício proclamava de forma simbólica e pictórica na antiga dispensação, deve ser agora anunciado de forma oral, pela leitura e pregação da Palavra.
Com o propósito de restaurar a igreja em Genebra ao modelo bíblico, Calvino e outros redigiram as Ordenanças Eclesiásticas, um manual de governo eclesiástico e de culto. De acordo com as Ordenanças, a pregação da Palavra deveria ser o elemento essencial do culto público e a tarefa essencial e central do ministério pastoral.57 No seu prefácio aos sermões de Calvino sobre o Salmo 119, Boice observa:
Quando a Reforma Protestante aconteceu no século XVI e as verdades da Bíblia, que por longo tempo haviam sido obscurecidas pelas tradições da igreja medieval, novamente tornaram-se conhecidas, houve uma imediata elevação das Escrituras nos cultos protestantes. João Calvino, em particular, pôs isto em prática de modo pleno, ordenando que os altares (há muito o centro da missa latina) fossem removidos das igrejas e que o púlpito com uma Bíblia aberta sobre ele fosse colocado no centro do prédio.58 
Lutero também “...considerava a pregação como a parte central do culto público e colocava a pregação da Palavra até mesmo acima da sua leitura.”59 Timothy George descreve assim a contribuição de Lutero para a pregação:
Lutero recuperou a doutrina paulina da proclamação: a fé vem pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus... (Rm 10.17). Lutero não inventou a pregação mas a elevou a um novo status dentro do culto cristão... O sermão era a melhor e mais necessária parte da missa. Lutero investiu-o de uma qualidade quase sacramental, tornando-o o núcleo da liturgia... O culto protestante centrava-se ao redor do púlpito e da Bíblia aberta, com o pregador encarando a congregação, e não em volta de um altar com o sacerdote realizando um ritual semi-secreto. O ofício da pregação era tão importante que até mesmo os membros banidos da igreja não deviam ser excluídos de seus benefícios.60
Quanto aos puritanos, eles “anelavam ver a pregação da Palavra de Deus tornar-se central no culto.”61 O culto puritano culminava no sermão. Ryken observa que “os puritanos fizeram da leitura e exposição das Escrituras o evento principal do culto.” A pratica puritana da “profetização” (prophesying), um tipo de escola de profetas em que ministros pregavam um após o outro, com vistas ao treinamento de pregadores menos experientes,62 “contribuiu mais do que qualquer outro meio para promover e estabelecer a nova religião na Inglaterra” na época.63 
D. A Marca Essencial da Verdadeira Igreja
Porquanto na pregação Cristo fala e se faz presente, governando e ensinando a igreja, a fé reformada é unânime em considerar que a pregação da Palavra é uma das marcas da verdadeira igreja. Diversos símbolos de fé reformados, dentre os quais a Confissão Belga (artigo 29), a Confissão Escocesa de 1560 (artigo 18), a Confissão da Igreja Inglesa em Genebra de 1556 (artigos 26-28), a Confissão de Fé Francesa de 1559, e a Segunda Confissão Helvética de 1566 (capítulo 17) professam que a “pregação pura do evangelho,” a “verdadeira pregação da Palavra de Deus,” é uma das marcas pelas quais a verdadeira igreja de Cristo pode ser reconhecida neste mundo. Lutero escreveu que “unicamente Cristo é o cabeça da cristandade. Ele age através do evangelho pregado, do Batismo e da Ceia do Senhor, os quais, portanto, são também os sinais pelos quais a verdadeira igreja se identifica.”64 Para Calvino, Satanás tenta destruir a igreja fazendo desaparecer a pregação pura.65 Conseqüentemente,
... os sinais pelos quais a igreja é reconhecida são a pregação da Palavra e a observância dos sacramentos, pois estes, onde quer que existam, produzem fruto e prosperam pela bênção de Deus. Eu não estou dizendo que onde quer que a Palavra seja pregada os frutos imediatamente apareçam; mas que, onde quer que seja recebida e habite por algum tempo, ela sempre manifesta sua eficácia. Mas isto quando a pregação do evangelho é ouvida com reverência, e os sacramentos não são negli­genciados...66
De fato, dentre as três marcas da verdadeira igreja geralmente reconhecidas (a pregação, a ministração dos sacramentos e o exercício da disciplina), a pregação é considerada a mais importante. Primeiro, porque inclui as outras duas: como vimos, na concepção reformada, os sacramentos não podem ser dissociados da Palavra, nem o exercício da disciplina. Segundo, porque é através da pregação verdadeira da Palavra que os eleitos são congregados e edificados. Berkhof, por exemplo, afirma que, “estritamente falando, pode-se dizer que a pregação verdadeira da Palavra e seu reconhecimento como o modelo da doutrina e da vida é a única marca da igreja. Sem ela não há igreja, e ela determina a reta administração dos sacramentos e o exercício fiel da disciplina eclesiástica.”67
 Herman Hoeksema, outro teólogo reformado, escreveu:
...podemos dizer que a única marca distintiva importante da verdadeira igreja é a pura pregação da Palavra de Deus. Onde a Palavra de Deus é pregada e ouvida, aí está a igreja de Deus. Onde esta Palavra não é pregada, aí a igreja não está presente. E onde esta Palavra é adulterada, a igreja deve arrepender-se ou morrerá.68 
III. a eficácia da pregação
Embora tendo elevada concepção da pregação, a fé reformada não atribui à palavra pregada eficácia automática, mecânica ou mágica,69 e nem a associa primordialmente às habilidades e capacidades pessoais do pregador ou dos ouvintes. A eficácia da pregação, na teologia reformada, depende fundamentalmente da operação do Espírito Santo e da responsabilidade humana do pregador e dos ouvintes.
A. A Eficácia da Pregação e as Habilidades Pessoais do Pregador
Com base em 1 Coríntios 2.1-4 e 2 Coríntios 3.5, a fé reformada sustenta que a eficácia da pregação não depende, em primeiro lugar, da eloqüência, linguagem elaborada, gesticulação premeditada ou da capacidade intelectual do pregador. Um pregador pode ser eloqüente, pode gesticular bem, evidenciar grande capacidade intelectual e, no entanto, sua pregação pode ser completamente ineficaz. De fato, estas coisas podem tornar-se até em empecilho para a genuína promoção do reino de Deus. O ideal reformado-puritano da pregação inclui linguagem simples e gesticulação natural.
B. A Obra do Espírito Santo para a Eficácia da Pregação
No entendimento reformado, a eficácia da pregação depende principalmente da obra do Espírito,70 que ocorre em três instâncias: na preparação do sermão, na entrega da mensagem e na recepção da mensagem por oca­sião da pregação.
Com relação ao pregador, a eficácia da pregação depende da capacitação do Espírito para a tarefa (2 Co 3.5-6). É o Espírito Santo quem confere poder à pregação (1 Co 2.4-5 e 1 Ts 1.5). Calvino escreveu que “nenhum mortal está por si mesmo qualificado para a pregação do evangelho, a não ser que Deus o revista com o seu Espírito.”71 Para ele, como observou seu biógrafo Thomas Smith, “as qualificações que habilitam qualquer homem para este elevado ofício [da pregação] só podem ser conferidas por Deus, através de Cristo, e pela operação eficaz do Espírito Santo.”72
A eficácia da pregação depende da ação iluminadora do Espírito Santo na preparação do sermão e da unção do Espírito na entrega da mensagem. Na preparação, a escolha do texto ou do livro a ser exposto e a determinação da sua extensão; a compreensão do seu propósito, sentido, argumentação, significado e aplicação; e a elaboração da mensagem (redigida, em forma de esboço, ou apenas de idéias gerais); tudo depende especialmente da operação interna do Espírito Santo na mente e no coração do pregador. Se o Espírito Santo não assistir o pregador no seu labor exegético, o resultado do seu trabalho será insuficiente, por maior que seja o seu conhecimento e por mais diligente que seja no seu trabalho. Na entrega da mensagem, a eficácia varia na proporção da dependência do pregador da assistência do Espírito, e não da confiança no seu preparo ou habilidades naturais. Havendo se empenhado para compreender o texto e preparar a mensagem e suplicado pela iluminação do Espírito, no momento da pregação o pregador precisa confiar-se completamente à assistência do Espírito Santo, dando lugar a que ele intervenha na entrega da mensagem.
Com relação ao ouvinte, a eficácia da pregação depende, em última instância, da ação iluminadora interna do Espírito Santo na sua mente e coração. É ele quem abre o coração dos ouvintes para que compreendam a mensagem (At 16.14). É ele quem escreve a mensagem no coração dos ouvintes (2 Co 3.3). Somente ele faz resplandecer o evangelho no coração, “para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo” (2 Co 4.6). A pregação em si mesma, por mais verdadeira que seja, e por mais ungido que seja o pregador, é inútil. Não porque falte poder a ela. Mas, por causa da cegueira espiritual do homem natural, a palavra pregada só se torna eficaz pela operação interna imprescindível do Espírito Santo, “o Mestre interior,” que a acompanha.73 Em contraste com a posição arminiana, a fé reformada enfatiza que “é Deus somente, na pessoa do Espírito Santo, quem pode tornar e torna eficaz a pregação.74 A depravação do coração humano não permite dissociar a palavra pregada da operação do Espírito.75 
É este o ensino de Calvino sobre o assunto, e aqueles que o investigam raramente deixam de observar o fato.76 Para ele, “assim como a pregação é o instrumento da fé, assim também o Espírito Santo torna a pregação eficaz.”77 Em seu comentário de Isaías, ele escreveu que “o Espírito está ligado à Palavra, porque, sem a eficácia do Espírito, a pregação do evangelho de nada adiantaria, mas permaneceria infrutífera.”78 E em seu comentário do livro de Atos, ele deixa claro que depende do poder secreto do Espírito Santo que a pregação dos ministros do evangelho seja eficaz.79 A vocação eficaz, explica Calvino, consiste de um duplo chamado: externo, pela pregação da Palavra, e interno, pela iluminação do Espírito, que enraíza a palavra pregada.80 Em seu comentário de Miquéias, por exemplo, o reformador observa que “o governo peculiar de Deus existe no âmbito da igreja, onde pela Palavra e Espírito, ele dobra os corações dos homens à obediência, de modo que eles o seguem voluntária e livremente, sendo ensinados interna e externamente — internamente pela influência do Espírito, externamente pela pregação da Palavra.”81 O fato de que o apóstolo Paulo chama a sua pregação em 2 Coríntios 3.8 de “ministério do Espírito,” mostra a Calvino quão relacionados estão a pregação da Palavra e o Espírito.82 Para ele, “o Espírito exerce o seu ofício pela pregação do evangelho.”83
Confissão de Fé de Westminster afirma que é pelo ministério (da Palavra), tornado eficiente pela presença de Cristo e pelo seu Espírito, que os santos são congregados e aperfeiçoados nesta vida.84 Catecismo Maior de Westminster reconhece que é o Espírito Santo quem torna a pregação da Palavra o meio especialmente eficaz para a salvação: “O Espírito de Deus torna a leitura, e espe­cialmente a pregação da Palavra, um meio eficaz para iluminar, convencer e humilhar os pecadores; para lhes tirar toda confiança em si mesmos e os atrair a Cristo; para os conformar à sua imagem e os sujeitar à sua vontade; para os fortalecer contra as tentações e corrupções; para os edificar na graça e estabelecer os seus corações em santidade e conforto mediante a fé para a salvação.”85 
C. A Responsabilidade do Pregador e dos Ouvintes para a Eficácia da Pregação
Como vimos, a fé reformada condiciona a eficácia da pregação primordialmente à obra do Espírito no pregador e nos ouvintes. Isso, entretanto, não ocorre em detrimento da responsabi­lidade humana de um e de outros. A eficácia da pregação depende também da fidelidade do pregador em não adulterar ou mercadejar a Palavra de Deus (2 Co 2.17 e 4.2) e do uso correto que fizer da Palavra, o qual, por sua vez, dependerá da sua fidelidade no preparo. Depende, ainda, da responsabilidade dos ouvintes em receberem com atenção, reverência, fé e obediência a palavra pregada (Rm 1.5; 15.26).
Os ministros da Palavra são descritos nas Escrituras como “presbíteros que se afadigam na Palavra e no ensino” (1 Tm 5.17), são exortados a manejarem bem a Palavra da verdade (2 Tm 2.15) e a não se tornarem negligentes na preparação para a tarefa (2 Tm 4.14). Da perseverança deles nestes deveres dependerá também a eficácia da pregação para a salvação dos ouvintes (v. 16).
Quanto aos ouvintes, são instados nas Escrituras a considerarem atentamente a Palavra e a não serem negligentes, mas operosos praticantes (Tg 1.25); a “acolherem com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg 1.21b); a tornarem-se “praticantes da Palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22).
Reformadores e puritanos enfatizaram bastante a responsabilidade dos ouvintes para a eficácia da pregação. A teologia reformada da palavra pregada resultou em uma teologia reformada da palavra ouvida.86 Especialmente com relação à edificação dos crentes, esta responsabilidade inclui o devido preparo prévio para ouvir a pregação, a atitude correta ao ouvir a palavra pregada, e o uso apropriado posterior da mensagem ouvida. A preparação prévia requer oração, apetite e um espírito ensinável. Somente uma semana vivida pensando nas coisas do alto, onde Cristo vive, deixa o crente preparado para ouvir a pregação (Cl 3.1-2; 2 Co 4.18). A atitude ao ouvir exige reverência, atenção, humildade e fé (Hb 4.1-2), características daqueles que discernem a real natureza do culto e da pregação. O uso apropriado posterior inclui meditação, oração e prática da mensagem ouvida (Tg 1.21-25).87 
Lutero escreveu que “incorre em grave pecado quem não ouve [a pregação do] evangelho e despreza semelhante tesouro...”88 Para Calvino, “a pregação é um ato corporativo da igreja toda.” A congregação participa da pregação tão ativamente quanto participa da ceia.89 Por isso, ele insiste em que os ouvintes venham preparados para receber a mensagem.90 Ele enfatizou que a pregação da Palavra precisa ser ouvida “com grande reverência”, “bastante atenção,” e “sobriedade para o nosso proveito.” Acima de tudo, disse ele, “precisamos orar continuamente para que o generoso e gracioso Senhor nos conceda seu Espírito, a fim de que por ele a semente da Palavra de Deus seja vivificada em nossos corações.”91 Calvino menciona também a necessidade de humildade para receber a palavra pregada, mas observa que é o próprio Espírito Santo quem torna uma pessoa desejosa de ser ensinada pela Palavra.92 William Perkins, um dos pais do puritanismo inglês, escreveu que
...a responsabilidade daqueles que ouvem a pregação da Palavra de Deus, é submeterem-se a ela... O dever de vocês é ouvir a Palavra de Deus, pacientemente, submeter-se a ela, ser ensinados e instruídos, e mesmo ser perscrutados e repreendidos, e ter os seus pecados descobertos e as corrupções arrancadas.93 
Whitefield pregou um sermão especificamente sobre o assunto, intitulado Instruções sobre Como Ouvir Sermões, baseado em Lucas 8.18, “Vede, pois, como ouvis.”94 Eis suas instruções: 1) venha ouvir, não por curiosidade, mas motivado por um sincero desejo de conhecer e praticar seus deveres; 2) “não apenas prepare seu coração de antemão para ouvir, mas também atente diligentemente para as coisas que forem faladas da Palavra de Deus”; 3) não tenha prevenção contra o ministro a que Deus constituiu bispo (supervisor) e embaixador sobre você;95 4) aplique tudo o que ouvir ao seu próprio coração; 5) ore, antes, durante e depois do sermão, a fim de que Deus conceda poder ao pregador e habilite você a praticar a mensagem.
Breve Catecismo de Westminster, na resposta à pergunta de número 90, “Como se deve ler e ouvir a Palavra a fim de que ela se torne eficaz para salvação?” resume assim a responsabilidade do ouvinte na pregação: “Para que a Palavra se torne eficaz para a salvação, devemos ouvi-la com diligência, preparação e oração, recebê-la com fé e amor, guardá-la em nossos corações e praticá-la em nossas vidas.” Já o Catecismo Maior de Westminster, na resposta à pergunta de número 160, afirma:
Exige-se dos que ouvem a palavra pregada que atendam a ela com diligência, preparação e oração; que comparem com as Escrituras aquilo que ouvem; que recebam a verdade com fé, amor, mansidão e prontidão de espírito, como a palavra de Deus; que meditem nela e conversem a seu respeito uns com os outros; que a escondam nos seus corações e produzam os devidos frutos em suas vidas.
D. Conclusão
Estas considerações sobre a obra do Espírito e a responsabilidade humana para a eficácia da pregação não devem levar o leitor a pensar que a pregação da Palavra só se torna eficaz quando obtém resposta positiva dos ouvintes. A genuína pregação do evangelho nunca é vã. Os legítimos pregadores do evangelho são sempre conduzidos por Deus em triunfo, pois por meio deles se manifesta em todo lugar a fragrância do conhecimento de Deus. Eles são, diante de Deus, o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos, como nos que se perdem. “Para com estes cheiro de morte para morte; para com aqueles aroma de vida para vida” (2 Co 2.14-16).96  Mesmo quando rejeitada, a eficácia da palavra pregada se manifesta tornando indesculpáveis os réprobos, os quais, afirma Calvino, são cegados e estupeficados ainda mais pela pregação da Palavra.97 Ou a pregação nos aproxima de Deus, ou nos coloca mais perto do inferno.98 
IV. O propósito da pregação reformada
Em alguns círculos evangélicos em nossos dias, a pregação parece ter como propósito o entretenimento do auditório, a exacerbação das emoções, o bem-estar material e emocional dos ouvintes e a promoção do próprio pregador ou da sua denominação. Ricardo Gondim, pastor da Assembléia de Deus, reconhece que os púlpitos brasileiros “estão cada vez mais empobrecidos. Pastores animam seus auditórios com frases de efeito, contentam suas igrejas com mensagens superficiais...” Ele admite que necessitamos de uma nova Reforma no cristianismo, a qual deve começar pelo púlpito.99 Em outro artigo, o mesmo autor comenta que “há uma tendência de transformar a igreja em big business. Pior, big business do lazer espiritual.” Ele continua: “Pastores e padres abandonaram sua vocação de portadores de boas novas. Assumiram novos papéis: animadores de auditório e levantadores de fundos. O púlpito transformou-se em mero palco. A igreja, simples platéia... Sermões podem ser facilmente confundidos com palestras de neurolingüística.”100 
 O propósito da pregação reformada é completamente diferente. Ela tem objetivos claros e elevados com relação ao texto que está sendo pregado, com relação aos ouvintes e, especial­mente, com relação a Deus e ao seu reino neste mundo.
A. Com Relação ao Texto
Uma das qualidades mais marcantes da pregação reformada consiste na determinação de fazer do propósito do texto o propósito do sermão. Reformadores e puritanos compreenderam que cada passagem das Escrituras tem propósito(s) específico(s). Por isso, fizeram grande esforço para entender o texto, para discernir o seu propósito(s), para proclamar fielmente a mensagem bíblica e aplicá-la em consonância com o propósito divino. Lutero, por exemplo, afirma que “a principal tarefa do pregador é ensinar corretamente, procurar os pontos [doutrinas] principais e bases do seu texto, e instruir e ensinar de tal maneira os ouvintes que eles entendam corretamente [o texto].”101 Ele assim descreve o dever do pregador:
...ele deve saber ensinar e admoestar. Quando prega uma doutrina, deve, primeiramente, caracterizá-la. Em segundo lugar, deve defini-la, descrevê-la e explicá-la. Em terceiro lugar, deve apresentar passagens bíblicas que a comprovem e confirmem. Em quarto lugar, deve explicá-la e declará-la com exemplos. Em quinto lugar, deve adorná-la com comparações. E, finalmente, deve admoestar e despertar os preguiçosos, reprovar veementemente todos os desobedientes, todas as falsas doutrinas e seus autores...102
A pregação de Zuínglio é geralmente “direcionada ao propósito de libertar seus ouvintes do mundo de superstições e da falsa religião.” E isto ele fez, na avaliação de Bullinger, “pela verdade divina e com ela, e não com frivolidades humanas.”103 O labor exegético de Calvino a fim de compreender e transmitir o sentido real do texto bíblico em sua pregação é amplamente reconhecido. “Como pregador, Calvino tinha um ardente desejo, qual seja, de levar seus ouvintes a um entendimento preciso do que Deus está dizendo à congregação na passagem escolhida das Escrituras e o que aquilo significava para os diferentes tipos de pessoas que estavam ouvindo a pregação.”104 Ele mesmo testifica que, quando assumia o púlpito, não era para expor ali seus sonhos e imaginações, mas para transmitir fielmente, sem nenhum acréscimo, o que havia recebido.105 Calvino descreve o propósito geral da pregação do seguinte modo:
Nisto consiste o poder supremo com o qual os pastores da igreja, seja qual for o nome pelo qual sejam chamados deveriam ser investidos: serem ousados na proclamação da Palavra de Deus, exortando toda virtude, glória, sabedoria e autoridade do mundo a se submeter e obedecer sua majestade; ordenar que todos, dos maiores aos menores confiem no seu  poder [de Deus] para edificar a casa de Cristo e destruir a casa de Satanás; alimentar as ovelhas e expulsar os lobos; instruir e exortar os dóceis; acusar e subjugar os rebeldes e petulantes, ligar e desligar; em suma, queimar (to fire) e fulminar, mas tudo de acordo com a Palavra de Deus.106 
O que Dargan escreveu com relação à pregação de Lutero, pode certamente ser generalizado como ilustrativo do propósito da pregação dos reformadores em geral: “O contexto é considerado, e o real sentido e intenção dos autores das Escrituras é buscado e respeitado.”107 
Packer menciona um comentário bastante elucidativo de um pregador puritano com relação à determinação reformado-puritana no sentido de discernir o propósito do texto e fazer dele o propósito da pregação:
Eu nunca preguei, a não ser que me sentisse convencido de haver descoberto a vontade de Deus com relação ao sentido da passagem. Meu propósito é extrair da Escritura o que ali está... Sou muito zeloso quanto a isso: nunca falar mais nem menos do que acredito ser a mente do Espírito na passagem que estou expondo.108 
B. Com Relação aos Ouvintes
1. Alcançar e Converter o Coração
Reformadores e puritanos queriam, com a pregação, informar o intelecto, mover as afeições e motivar a vontade.109 Entretanto, o alvo estava além do intelecto, dos sentimentos e das emoções. Eles almejavam alcançar e converter o coração, o próprio centro da alma humana.110 E isto eles buscavam, não por meio de manipulação retórica da audiência, mas através da pregação fiel da Palavra de Deus.111
Em uma de suas obras, Lutero resume assim o propósito da pregação: “Estimular os pecadores a sentirem seus pecados e despertar neles o desejo pelo tesouro” do evangelho.112 Em outra obra, ele deplora o fato de que não poucos pregam a Cristo meramente com a intenção de comover os sentimentos humanos, ao invés de promover neles a fé em Cristo.113 Calvino escreveu que “o propósito pelo qual a Palavra de Deus é pregada é nos iluminar com o verdadeiro conhecimento de Deus, fazer com que nos voltemos para Deus, e nos reconciliar com ele.”114 
Para os pregadores puritanos, o sucesso da pregação não deve ser avaliado apenas pelo que acontece na igreja, mas pelo seu efeito nas vidas dos ouvintes que estão fora da mesma.115 Catecismo Maio­r de Westminster exorta os ministros da Palavra a pregarem “...com sinceridade..., procurando converter, edificar e salvar as almas.”116 A salvação da alma é o grande propósito da pregação reformada com relação àqueles que se encontram em estado de pecado.117 
2. Mediar Encontros com Deus
Como o coração é alcançado e convertido? Quando pecadores têm um encontro verdadeiro com Deus mediado pela pregação do evangelho. Packer resume o propósito da pregação reformada como “mediar encontros com Deus.” Para ele, a pregação de Lutero, Latimer, Knox, Baxter, Bunyan, Whitefield, Edwards, McCheyne, Spurgeon, Ryle, Lloyd-Jones, entre outros, não tencionava apenas informar os ouvintes, mas fazer com que a “pregação se tornasse o meio de encontro de Deus com seus ouvintes,” pela exposição e aplicação das verdades das Escrituras.118 Para Lloyd-Jones, “o propósito primeiro e primordial da pregação não é somente fornecer informação mas produzir uma impressão...”;119 é colocar os homens diante de Deus, propiciando um encontro verdadeiro com ele.120 Em suas próprias palavras, o propósito da pregação “é dar a homens e mulheres a sensação de Deus e da sua presença.”121 Ao fazer essas afirmativas, Lloyd-Jones segue de perto a tradição puritana.122
3. Restaurar a Imagem de Deus no Homem
A conversão, entretanto, é apenas o começo. Na concepção reformada, o evangelho deve ser pregado com o objetivo de restaurar nos ouvintes a imagem de Deus corrompida na queda.
Calvino relaciona a restauração da imagem de Deus no ser humano com o ministério da Palavra. Para ele, a restauração da imago Dei no coração humano é obra do Espírito Santo de Deus por meio da pregação da Palavra.123 Ele interpreta o pedido de Paulo em 2 Tessalonicenses 3:1 no seguinte sentido: “Que sua pregação possa manifestar seu poder e eficácia para renovar o homem de conformidade com a imagem e semelhança de Deus.”124 A “reforma” e “edificação” da vida dos ouvintes, segundo Calvino, é o propósito geral da pregação com relação à igreja.125
Os puritanos relacionavam igualmente o propósito da pregação com a restauração da imagem de Deus no homem. Peter Lewis, um estudioso do movimento puritano escreveu que para eles, “o fim principal da pregação... era a glorificação de Deus na restauração da sua imagem nas almas e vidas dos homens.”126 
Dennis Johnson, um autor reformado contemporâneo, assevera na mesma linha que a pregação não se exaure na evangelização e no ensino. Seu telos é a maturidade espiritual dos ouvintes. Ele afirma, com base em Romanos 8.29, Colossenses 3.10-11 e Efésios 4.24, que “o alvo da pregação não é plenamente alcançado senão quando um rebelde se torna filho de Deus. A pregação cristã, o evangelho apostólico, tem como seu propósito nada menos do que a conformidade completa de cada filho de Deus à perfeita imagem do Filho: Cristo.”127 
C. Com Relação a Deus
A restauração da imago Dei na alma e na vida do homem, não é, contudo, o propósito principal da pregação reformada. O propósito maior da pregação reformada consiste em promover o reino e a glória de Deus e destruir o reino de Satanás. Reformadores e puritanos anelavam com a pregação da Palavra, por um lado, avançar com a obra de Deus no mundo, libertando pecadores da escravidão de Satanás, e edificar os santos, instruindo-os a viver para a glória de Deus; e, por outro lado, desmascarar e lançar por terra a obra do diabo. Na proclamação do evangelho a glória de Deus resplandece na face de Cristo (2 Co 4.6), assim como a glória de Deus é proclamada na obra da criação (Sl 19).
Parker afirma que, para Calvino, “o propósito do pregador é direcionado antes de mais nada para Deus. Ele prega a fim de que Deus seja glorificado.”128 Comentando 2 Corintios 2.15 (“somos para com Deus o bom perfume de Cristo”), Calvino afirma que “temos aqui uma passagem notável, porque nela somos ensinados que seja qual for o resultado da nossa pregação, ainda assim ela é agradável a Deus..., porque Deus é glorificado mesmo quando o evangelho resulta na ruína dos ímpios.”129 Calvino afirma que os crentes da antiga dispensação “foram exortados a buscarem a face de Deus no santuário... (Sl 27.8; 100.2; 105.4) por nenhuma outra razão, senão porque o ensino da lei e as exortações dos profetas eram uma imagem viva de Deus, assim como Paulo afirma que na sua pregação a glória de Deus resplandece na face de Cristo (2 Co 4.6).”130 
Benoît, um autor reformado francês, observa que “fazer da salvação o fim da religião significa, segundo Calvino, colocar o homem no centro e fazer de Deus um simples meio com vistas a um fim pessoal.” Ele continua, afirmando que, para Calvino, “a salvação individual não é o propósito final da pregação do evangelho. Ela tem um propósito muito mais elevado: a manifestação da glória de Deus...”131 Para o Sínodo de Dort, também, nota Peter Jong, o propósito último da pregação “é a glória de Deus na salvação de pecadores.”132 
Na tradição puritana, o Catecismo Maio­r de Westminster exorta os ministros da Palavra a pregarem... “tendo por alvo a glória de Deus.” 133 Joseph Pipa, estudioso da pregação puritana, afirma que “o grande propósito do sermão puritano era transformar a vida das pessoas e equipá-las para viver para a glória de Deus.”134
Embora anelasse profundamente a conversão de almas para Cristo, Spurgeon não considerava esse o fim maior da pregação. Ele enfatiza insistentemente que a glória de Deus, sim, é o principal propósito da pregação. Ele escreveu que “nada deveria ser o alvo do pregador a não ser a glória de Deus através da pregação do evangelho da salvação.”135 “Vocês e eu,” disse ele em um de seus sermões, “somos constrangidos a pregar o evangelho, mesmo que nenhuma alma jamais seja convertida por ele; pois o grande propósito do evangelho é a glória de Deus, visto que Deus é glorificado mesmo naqueles que rejeitam o evangelho.”136 “Preguem o evangelho tendo em vista unicamente a glória de Deus,” adverte Spurgeon, “ou então, segurem suas línguas.”137
V. conclusão
Em muitos círculos evangélicos contemporâneos e até mesmo entre reformados, o surgimento de novos meios de comunicação, a aversão do homem moderno por verdades objetivas, a secularização da sociedade, o afastamento do cristianismo das Escrituras, e especialmente a concepção moderna da pregação como uma atividade meramente humana, têm resultado em evidente declínio da pregação. Outras atividades têm tomado o seu lugar no culto, e a pregação têm sido relegada a um plano secundário no culto e na vida da igreja.
Na concepção reformada, entretanto, a pregação pública da Palavra de Deus é considerada não como palavra de homem, mas como vox Dei. Na proclamação solene da Palavra de Deus por arautos comissionados pelo próprio Deus, Cristo se faz presente, fala e governa a igreja. A fé reformada tem uma concepção quase que sacramental da pregação. Ela professa a real presença espiritual de Cristo na pregação, assim como na Ceia.
Em virtude dessa elevada concepção quanto à sua natureza, a teologia reformada atribui grande importância à pregação. Na teologia reformada, a pregação é imprescindível. É o principal meio de graça, a tarefa primordial da igreja e do ministro, o principal elemento de culto na dispensação da graça; constitui-se em marca essencial da verdadeira igreja, e meio pelo qual o reino de Deus é aberto ou fechado aos pecadores. Isto não significa que a fé reformada atribua eficácia automática à pregação. A eficácia da pregação também não está, primordialmente, nas habilidades pessoais do pregador ou dos ouvintes. Está, sim, na operação do Espírito Santo, tanto na preparação e entrega da mensagem, como na sua recepção. Os pregadores devem laborar na interpretação da Palavra, e transmiti-la fielmente. Os ouvintes, devem receber com atenção, reverência, fé e obediência a palavra pregada. Contudo, somente o Espírito Santo pode conferir eficácia à pregação, assistindo e capacitando o pregador, e iluminando e convencendo os ouvintes do pecado e da graça de Deus em Cristo. Não obstante, independentemente da resposta dos ouvintes, a genuína pregação do evangelho nunca é vã. O reino de Deus é promovido também na condenação dos réprobos.O propósito da pregação reformada consiste na fidelidade ao sentido, significado e propósito do texto; na conversão e restauração da imagem de Deus nos ouvintes; e na promoção do reino e da glória de Deus no mundo. Que a vox Dei seja ouvida em nossos púlpitos, para a conversão dos perdidos, para a restauração da imago Dei na alma e na vida dos ouvintes, com vistas à promoção do reino e da glória de Deus no mundo.
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NOTAS
    O autor é ministro presbiteriano, professor de Grego e Hermenêutica no Seminário Teológico Batista Equatorial e presidente da Associação Reformada Palavra da Verdade, na cidade de Belém. É mestre em Teologia pela Potchefstroom University for Christian Higher Education (África do Sul) e doutorando em Ministério no Westminster Theological Seminary, na Califórnia.
Obs.: Este artigo é parte de um dos capítulos da dissertação de Doutorado em Ministério que está sendo elaborada pelo autor com o tema: “Hermenêutica e Pregação: Manual de Hermenêutica Reformada para Pregadores.”
     D. Martyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers (Londres: Hodder and Stoughton, 1985 [1971]), 26.
     John J. Timmerman, Through a Glass Lightly (Grand Rapids: Eerdmans, 1987). Citado em David J. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of God, Voice of Christ (1),” The Standard Bearer 74/8 (1998). Internet: http://www.prca.org/standard_bearer/1998jan15.html#PreachingInWorship; acessado em 05/09/98. Ver também Paul Helm, “Preaching and Grace,” The Banner of Truth 117 (s/d), 8.
     John M. Frame, Worship in Spirit and Truth: A Refreshing Study of the Principles and Practice of Biblical Worship (Presbyterian & Reformed, 1996), 91-94, 114. Ver a resenha dessa obra por T. J. Ralston, em Bibliotheca Sacra 155 (Jan-Mar 1998), 124-5.
     Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of God, Voice of Christ (1).”
     No livro Pregação e Pregadores, Lloyd-Jones menciona algumas razões bem particulares para a presente depreciação da pregação, que também merecem ser consideradas, dentre as quais: os “pulpiteiros,” os profissionais do púlpito do século passado e do início deste século, os quais davam valor exagerado à forma e ao estilo elaborado do sermão; a ênfase moderna em aconselhamento pessoal (hoje degenerado em clínicas pastorais de aconselhamento psicológico); e o ritualismo, que enfatiza formas elaboradas de culto, atribuindo-lhes certa conotação religiosa (ver Lloyd-Jones, Preaching and Preachers, 16-18 e 36-40).
     Para um estudo da perspectiva reformada sobre a relação entre a palavra escrita, pregada e representada, ver o segundo capítulo de Pierre Ch. Marcel, El Bautismo: Sacramento del Pacto de Gracia (Rijswijk: Fundación Editorial de Literatura Reformada, 1968), 33-61.
     T. H. L. Parker, Calvin’s Preaching (Edinburgh: T&T Clark, 1992), 23.
     Ver Robert L. Dabney, Sacred Rhetoric: A Course of Lectures on Preaching (Edimburgo e Pensilvânia: Banner of Truth, 1979 [1870]), 36.
     Parker, Calvin’s Preaching, 23.
10     Ver também Pierre Ch. Marcel, The Relevance of Preaching, trad. Rob Roy McGregor (Grand Rapids: Baker, 1977), 21-22, 30-31, 61-62; J. J. Van der Walt, “Prediking wat God van die Woord laat kom,” em God aan die Woord, ed. Van der Walt (Potchefstroom: Departement Diakoniologie, Potchefstroom University for Christian Higher Education, 1985), 11; e David J. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of God, Voice of Christ (2),” The Standard Bearer 74/9 (1998).
11     Dabney, Sacred Rhetoric, 37-8.
12     Phillips Brooks, Eight Lectures on Preaching, reimp. da 5ª edição (Londres: SPCK, 1959), 5.
13     Ver John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, trad. Christopher Fetherstone, ed. Henry Beveridge (Albany, Oregon: Ages, 1998), 25-26 e 238.
14     Como coloca Richard Stuaffer, em “Les Discours a la premiere personne dans les sermons de Calvin,” em Regards Contemporains sur Jean Calvin (citado por Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31).
15     Ver, por exemplo, Institutas 1.11.7, onde, combatendo o emprego de símbolos visíveis para representar a presença de Cristo no culto, Calvino afirma que é “...pela verdadeira pregação do Evangelho,” e não por cruzes, que “Cristo é retratado como crucificado diante de nós.” Ver também John Calvin, Commentary on the Prophet Isaiah, vol. 2, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1998), 331; e John Calvin,Commentary On the Prophet Jeremiah, vol. 2, trad. e ed. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1998), 403.
16     Ver Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31. Leith cita as Institutas 4.1.6 e 4.14.9-19, para corroborar sua afirmativa. Verificar também a citação de T. H. L. Parker, comparando o sermão com a eucaristia (Peter Lewis, “Preaching from Calvin to Bunyan,” Puritan/Westminster Conference [1985], 36).
17     Martin Luther, Luther’s Works, ed. Jaroslav Pelikan, trad. Martin H. Bertram, vol. 22, Sermons on the Gospel of St. John Chapters 1-4,American Edition (St. Louis: Concordia Publishing House, 1957), 528 (citado por Carl C. Fickenscher II, “The Contribution of the Reformation to Preaching,” Concordia Theological Quarterly 58/4 [1994], 263).
18     Martinho Lutero, “Do Cativeiro Babilônico da Igreja: Um Prelúdio de Martinho Lutero,” em Martinho LuteroObras Selecionadas, vol. 2,O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 399.
19     Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 291.
20     John Calvin, Commentary On the Prophet Isaiah, vol. 2, 434 (ver pp. 50, 112, 341). Ver também Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 291; John Calvin, Commentary on the Prophet Haggai (Albany, Oregon: Ages, 1998), 24; e John Calvin, Commentary on Matthew, Mark and Luke, vol. 1, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1997), 43.
21     John Calvin, Commentary on the Epistle to Galatians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 116. Ver também Institutas 4.1.5; e John Calvin,Commentary On the Epistle to the Ephesians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47.
22     Institutas 4.1.5. Ver também Calvin, Commentary on the Prophet Haggai, 1.12, 25.
23     Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 340.
24     Institutas 4.1.5. Ver John Calvin, Harmony of the Law, vol. 1., trad. Charles William Bingham (Albany, Oregon: Ages, 1998 ), 252.
25     James I. Packer, A Quest for Godliness: The Puritan Vision of the Christian Life (Wheaton, Illinois: Crossway Books, 1990), 284.
26     Ver Martin Lloyd-Jones, “A Pregação,” em Os Puritanos: Suas Origens e Seus Sucessores, trad. Odayr Olivetti (São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1991), 385.
27     Leland Ryken, Santos no Mundo: Os Puritanos como Realmente Eram (São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 1992), 135.
28     John Owen, The Doctrine of Justification by Faith (Albany, Oregon: Ages, 1997), 78.
29     Helm, “Preaching and Grace,” 10.
30     Ibid., 12. Ver também George Whitefield, “Sermon 38 — The Indwelling of the Spirit: The Common Privilege of All Believers,” emGeorge Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 569.
31     Catecismo Maior de Westminster, resposta 35. Ver também Confissão de Fé de Westminster, 7:6.
32     James I. Packer, “Mouthpiece for God: Preaching and the Bible,” em Truth & Power: The Place of Scripture in the Christian Life(Wheaton, Illinois: Harold Shaw Publishers, 1996), 158.
33     Ver Martinho Lutero, “Um Sermão a respeito do Novo Testamento, isto é, a respeito da Santa Missa,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 271.
34     Ver Institutas 4.14.14 e 4.17.39; Marcel, El Bautismo, 55-58; e “The Directory for the Publick Worship of God,” 379.
35     Institutas 4.16.28.
36     Ibid., 4.14.5.
37     Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 363.
38     Lloyd-Jones, “A Pregação,” 385. Whitefield também menciona a pregação como meio de graça (ver George Whitefield, “Sermon 32: A Penitent Heart: The Best New Year’s Gift,” em George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 445.
39     Charles Hodge, An Exposition of Ephesians (Albany, Oregon: Ages, 1997), 167-68.
40     Confissão de Fé de Westminster, 10:3.
41     Ver Confissão de Fé de Westminster, 14:1 e 25:3, e “The Form of Presbyterial Church Government,” em Westminster Confession of Faith (Glasgow: Free Presbyterian Publication, 1994), section 1.
42     “The Form of Presbyterial Church Government,” section 3.
43     Packer, A Quest for Godliness, 281.
44     Especialmente a pregadores itinerantes, como os dominicanos e franciscanos.
45     Martinho Lutero, “Das Boas Obras,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 97.
46     Martinho Lutero, “Tratado de Martinho Lutero sobre a Liberdade Cristã,” em Martinho LuteroObras Selecionadas, vol. 2, O Programa da ReformaEscritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 438.
47     Lutero, “Do Cativeiro Babilônico da Igreja,” 415-16.
48     Institutas 4.5.13.
49     Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 52.
50     Seção 3. Ver também “The Directory for the Publick Worship of God,” 379.
51     Citado em Lloyd-Jones, “A Pregação,” 382.
52     Packer, A Quest for Godliness, 282.
53     Ver Sereno E. Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” em The Works of Jonathan Edwards, vol. 1 (Albany, Oregon: Ages, 1997), 86.
54     Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” 293.
55     Confissão de Fé de Westminster, 21:5.
56     Ver Fickenscher, “The Contribution of the Reformation to Preaching,” 263-64.
57     J. H. Merle d’Aubigné, History of the Reformation in the Time of Calvin (Albany, Oregon: Ages, 1998), vol. 7, 82.
58     James Montgomery Boice, prefácio a Sermons on Psalm 119, by John Calvin (Albany, Oregon: Ages, 1998), 7.
59     Clyde E. Fant, Jr. e William M. Pinson, Jr., 20 Centuries of Great Preaching: An Encyclopedia of Preaching (Waco, Texas: Word Books, 1971), vol. 2, 9.
60     Timothy George, Teologia dos Reformadores, trad. Gérson Dudus e Valéria Fontana (São Paulo: Vida Nova, 1994), 91-92
61     R. T. Kendall, “Puritans in the Pulpit and ‘Such as run to hear Preaching,’” Westminster/Puritan Conference (1990), 87.
62     Lloyd-Jones, “A Pregação,” 138-139.
63     Kendall, “Puritans in the Pulpit,” 87.
64     Martinho Lutero, “A Respeito do Papado em Roma contra o Celebérrimo Romanista de Leipzig,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 199
65     Institutas 4.1.11.
66     Ibid., 4.1.10. Ver também John Calvin, “Prefatory Address,” em Institutes of the Christian Religion (Albany, Oregon: Ages, 1996), 27.
67     Louis Berkhof, Teologia Sistematica, 3ª ed. espanhola (revisada), trad. Felipe Delgado Cortés (Grand Rapids: T.E.L.L., 1976), 689.
68     Herman Hoeksma, Reformed Dogmatics (Grand Rapids: Reformed Free Publishing Association, 1985), 620. O autor explica a razão dessa primazia na página seguinte.
69     Peter Y. De Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” The Banner of Truth 63 (s/d), 30.
70     Ver Dabney, Sacred Rhetoric, 36.
71     John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke, vol. 3 (Albany, Oregon: Ages, 1997), 296.
72     Thomas Smith, Calvin and His Enemies (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47.
73     Ver Institutas 2.2.20.
74     De Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” 30.
75     Ibid., 27-28.
76     Ver, por exemplo, Parker, Calvin’s Preaching, 29, e Leith, “Calvin’s Doctrine of the Proclamation of the Word,” 31-32.
77     John Calvin, Commentary On the Epistle to the Ephesians, 17.
78     John Calvin, Commentary On the Prophet Isaiah, vol. 2, 516. Ver John Calvin, Sermons on Psalm 119, 249.
79     John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 777.
80     William Wileman, John Calvin: His Life, Teaching and Influence (Albany, Oregon: Ages, 1998), 47. Ver John Calvin, Commentary on the Prophet Hosea (Albany, Oregon: Ages, 1998), 103; e John Calvin, Commentary on the Epistle of James (Albany, Oregon: Ages, 1998), 21.
81     John Calvin, Commentary on the Prophet Micah, trad. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1998), 97. Ver também John Calvin,Commentary on First Epistle to the Thessalonians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 7-8.
82     Institutas 1.9.3.
83     John Calvin, The Commentaries on the Epistle of Paul the Apostle to the Hebrews, trad. John Owen (Albany, Oregon: Ages, 1996), 88.
84     Confissão de Fé de Westminster, 25:3.
85     Catecismo Maior, 155. Ver a pergunta e a resposta 89 do Breve Catecismo: “Como a Palavra se torna eficaz para a salvação? Resposta: O Espírito de Deus torna a leitura, especialmente a pregação da Palavra, meios eficazes para convencer e converter os pecadores, para os edificar em santidade e conforto, por meio da fé para a salvação.”
86     Peter H. Lewis, The Genius of Puritanism (Morgan, Pensilvânia: Soli Deo Gloria Publications, 1996), 53.
87     Para este uso triplo (anterior, no momento e posterior) da palavra pregada, ver resumo de Joel Beek, do ensino de Thomas Watson no livro Heaven Taken by Storm (Joel R. Beek “Hearing the Word in a Puritan Way,” Banner of Sovereign Grace 4/5 [1996], 120-21). Ver também Peter Lewis, “The Puritans in the Pew,” em The Genius of Puritanism, 53-62.
88     Lutero, “Das Boas Obras,” 128.
89     Parker, Calvin’s Preaching, 48.
90     Ibid., 49.
91     Ibid., 18.
92     Ibid., 51.
93     William Perkins, “The Calling of the Ministry,” em The Art of ProphesyingWith The Calling of the Ministry (Edimburgo e Carlisle, Pensilvânia: Banner of Truth, 1996), 118-119.
94     George Whitefield, “Sermon 28: Directions How to Hear Sermons,” em George Whitefield 59 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997), 385-393.
95     O ponto também é objeto da exortação de William Perkins: “Você não deve ficar com raiva e se rebelar, nem deve odiar o ministro, nem recorrer à crítica pessoal contra ele. Ao invés disso, submeta-se ao Evangelho, porque é a mensagem e ministério para a sua salvação (The Art of Prophesying, 119).
96     Ver John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke, vol. 4, 226.
97     Institutas 3.24.12.
98     John Preston, citado em Ryken, Santos no Mundo, 103.
99     Ricardo Gondim, “Como a Pena de um Destro Escritor,” Ultimato 253 (1998), 50-51.
100   Ibid., “A Cultura Pop Chegou para Ficar?,” Ultimato 257 (1999), 44-45.
101   Martin Luther, Table Talk (Albany, Oregon: Ages, 1997), 248.
102   Ibid., 202.
103   Ver Fant, Jr. e Pinson, Jr., 20 Centuries of Great Preaching, vol. 2, 87.
104     Allan Harman, “The Reformed Confessions and Our Preaching,” The Banner of Truth 115, 24.
105   Fant, Jr. e Pinson, Jr., 20 Centuries of Great Preaching, vol. 2, 144.
106   Institutas 4.8.9.
107   Edwin Charles Dargan, A History of Preaching, vol. 1, From the Apostolic Fathers to the Great ReformersA.D. 70-1572 (Grand Rapids: Michigan, 1974), 390.
108   Packer, A Quest for Godliness, 284.
109   Ver Iain Murray, “Some Thoughts on our Preaching,” The Banner of Truth 140 (1975), 21; e Pipa, William Perkins on Preaching, part 2.
110   Lewis, “Preaching from Calvin to Bunyan,” 49. Ver também Sinclair B. Ferguson, prefácio de Perkins, The Art of Prophesying, x.
111   Ryken, Santos no Mundo, 115.
112   Lutero, “Das Boas Obras,” 128.
113   Martinho Lutero, “Tratado de Martinho Lutero sobre a Liberdade Cristã,” em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escritos de 1520 (São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1989), 446.
114   John Calvin, Commentary on the Gospel According to John, trad. William Pringle (Albany, Oregon: Ages, 1968), 445.
115   Ryken, Santos no Mundo, 115-16.
116   Catecismo Maior de Westminster, resposta 159.
117   Ver John Cobin, “Spurgeon’s View of Preaching,” The Banner of Truth 310 (1989), 23.
118   Packer, “Mouthpiece for God,” 158-59.
119   Jung, “An Evaluation of the Principles and Methods of the Preaching of D. M. Lloyd-
Jones,” 36.
120   Ibid.
121   Citado em Murray, “Dr. Lloyd-Jones on ‘Preaching and Preachers’,” 18.
122   Ver também Lewis, “Preaching from Calvin to Bunyan,” 45.
123   Ver John Calvin, Commentary On the Epistle to Philemon (Albany, Oregon: Ages, 1998), 8; Calvin, Commentary on the Epistle of James, 21; and Calvin, Sermons on the Deity of Christ, 208-209.
124   John Calvin, Commentary on the Second Epistle to the Thessalonians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 37-8.
125   Parker, Calvin’s Preaching, 46-7.
126   Lewis, Genius of Puritanism, 48.
127   Dennis E. Johnson, “What’s a Young Preacher to Do? Toward Reconciling Rival Approaches to Reformed Preaching” (Apostila para cursos de homilética no Westminster Theological Seminary, na Califórnia), 24.
128   Parker, Calvin’s Preaching, 46.
129   John Calvin, Commentary on the Second Epistle to the Corinthians (Albany, Oregon: Ages, 1998), 61.
130   Institutas, 4.1.5.
131   Jean-Mare Berthoud, “La Formation des Pasteurs et la Prédication de Calvin,” La Revue Réformée 201 (1998); Internet; http://www.asi.fr/cle/rr/98/bert.htm.
132   Jong, “Preaching and the Synod of Dort,” 34.
133   Catecismo Maior de Westminster, resposta 159.
134   Joseph Pipa, “Sermão Puritano: Um Novo Modelo de Exposição,” texto não publicado, 4.
135   Charles Spurgeon, “The Ministry Needed by the Churches and Measures for Providing it,” The Sword and the Trowel 3 (1871), 58.
136   Charles Spurgeon, “Cheer For the Worker, and Hope For London,” em Metropolitan Tabernacle Pulpit, vol. 26 (Albany, Oregon: Age, 1997), 796.

137  Charles Spurgeon, “The Rat-Catcher’s Idea,” The Sword and the Trowel, vol. 7 (1983-84), 524.