1509725595914942
Mostrando postagens com marcador Bíblia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bíblia. Mostrar todas as postagens

20 de jan. de 2016

Jesus e o Sola Scriptura

Por Thiago Oliveira

Sola Scriptura tornou-se o lema mais conhecido da Reforma Protestante. Dele derivam outros quatro “solas”, todavia focaremos apenas neste e na sua relevância. No século 16, quando a Reforma eclodiu, a Igreja Católica Romana colocava a tradição em pé de igualdade com o texto sagrado. Assim, uma doutrina que não tivesse respaldo bíblico poderia ser aceita desde que tradicionalmente fosse adotada pelos pais da igreja, por resoluções conciliares e decretos papais. Lutero, Zuínglio, Calvino, Knox e antes deles Wycliffe e Huss, foram vozes que denunciaram esse preceito e com todas as letras declararam que somente a partir das Escrituras é que as doutrinas devem ser estabelecidas, pois, esta é a forma mais segura de se saber sobre Deus e sobre nós mesmos, afinal de contas, Deus se revelou desta maneira.  
      
A Bíblia é o nosso livro revelacional. Tudo o que sabemos sobre o evangelho de Jesus Cristo está em suas páginas. Ela fala do Salvador desde o Gênesis até o Apocalipse. O que chamamos de Antigo Testamento apresenta o Cristo como uma profecia, uma promessa, uma esperança de salvação. Já no Novo Testamento temos o cumprimento de todo o prenúncio veterotestamentário. Toda a Bíblia é inspirada e nos serve como fonte de revelação para que sejamos edificados mediante o seu conteúdo. A Escritura precisa assumir o seu lugar central em nossas vidas. Infelizmente, ela tem sido periférica até mesmo em nossos cultos, mas o lema da Reforma não foi escolhido à toa, acredito que Sola Scriptura tenha sido orquestrado pelo próprio Deus para lembrar ao seu povo de que este é o povo do livro, detentor da Palavra revelada. Desde então, em cada geração, homens tem sido levantados para bradar estas palavras latinas e defender a autoridade única da Bíblia em nos conduzir até o SENHOR dos senhores. Os homens são conduzidos à fé através da Palavra e este é o método ordinário que Deus usa para chamar os seus eleitos para Si.

Alguns cristãos cometem o equívoco de achar que os dois testamentos bíblicos são concorrentes e que o Novo tornou o Antigo obsoleto. É como se este último fosse apenas um registro do que Deus havia dito e feito para os judeus. Isso está bem longe da verdade. O Antigo Testamento é tão vívido e tão atual que é constantemente citado no Novo. C.S. Lewis, certa feita, disse que o Novo Testamento é uma colcha de retalhos feita com citações do Antigo, de tanto que Jesus e os apóstolos o citam. Até partes em que pensamos que Cristo e seus discípulos apresentaram algo novo, na verdade o que eles fizeram foi aprofundar um conceito que já estava presente no cânon hebraico. Vejamos o quanto Jesus fez uso do Antigo Testamento, que era a Escritura compilada de sua época.

- Lendo Isaías em Nazaré

Ainda no começo de seu ministério Jesus parte para Nazaré, cidade em que foi criado, onde residiam familiares e amigos. Num sábado, vai até a sinagoga e segundo o registro de Lucas (4.14-30) lê Isaías 58.6 e 61.1,2. Ao terminar de ler, devolve o rolo ao assistente e quando todos têm os olhos fitos nele, exclama: “hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir”. O texto do profeta era uma profecia messiânica, ou seja, após ler o que estava escrito (Sola Scriptura) a respeito do Cristo, Jesus afirmou ser ele o prometido a Israel. Muitos ficaram intrigados, a grande maioria rejeitou a sua mensagem, mas ele fez o que era de costume: ia até a sinagoga e através de um manuscrito do Antigo Testamento começava a ensinar que aquilo era um testemunho sobre si mesmo. Mais adiante, ao ser perseguido por causa de sua pregação, Jesus diz aos judeus: “Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Visto, porém, que não creem no que ele escreveu, como crerão no que eu digo? (Jo 5.46,47)”. É no Pentateuco, isto é, nos cinco primeiros livros da Bíblia que Jesus vai afirmar que estão as bases para que creiamos nele. Isso corrobora ou não com o Sola Scritura?

- Citando Deuteronômio na Tentação

Antes de ter chegado a Nazaré, o Filho de Deus havia sido tentado no deserto (ver Lc 4.1-13) e lá, diante de todas as armadilhas falaciosas de Satanás, defendeu-se usando por três vezes o livro de Deuteronômio. Na primeira resposta que deu, usou Dt 8.3, depois rebateu outra mentira diabólica com Dt. 6.13 e por fim utilizou Dt 6.16. O Diabo foi derrotado pela Palavra. Jesus poderia ter derrotado o seu adversário de qualquer outra forma, mas quis demonstrar o poderio do texto sagrado frente às tentações que o nosso vil tentador lança sobre nós. Será que nós deveríamos almejar vencer portando outra arma que não seja a Escritura?

- Ética com base no Gênesis

Quando indagado acerca do divórcio (ver Mt 19), a resposta de Jesus foi baseada em Gn 2.24. Assim, fundamentado em um princípio da Escritura, afirmou que não competia aos homens separar aquilo que tinha sido Deus quem havia juntado. O casamento tem uma base moral, é realizado mediante juramento. Logo, trata-se de uma questão ética. Os princípios éticos que devem nortear os cristãos são os encontrados na Bíblia, por isso dizemos que ela é nossa regra de fé e prática. Jesus foi abordado e questionado com argumentos que derivavam da tradição humana e respondeu com um princípio bíblico. Estamos imitando o nosso Mestre?

- Agindo sem ferir a Escritura

Jesus e os doze colhiam espigas num dia de sábado e foram repreendidos pelos fariseus (ver Mt 12). A acusação era de que eles estavam fazendo algo ilícito. A resposta dada por Jesus é novamente embasada na Escritura. Ele responde fazendo uma pergunta “Vocês não leram o que fez Davi quando ele os seus companheiros estavam com fome?”. A referência está em 1 Samuel 21 quando o Rei Davi e seus homens comeram os pães que eram destinados apenas aos sacerdotes. Obviamente os fariseus tinham lido, pois, esta era uma parte importante do seu trabalho de intérpretes da lei. Jesus estava agindo sem ferir a Escritura e diante da acusação mostrou que sua atitude era respaldada com um exemplo que vem da Bíblia. Será que em nosso meio há esta convicção? Será que nossos atos coadunam com o que está na Bíblia?

- Caminhando e Expondo o Texto Sagrado

Após morrer e ressuscitar, Jesus aborda dois discípulos que estavam caminhando na estrada para Emaús. Entristecidos e confusos, os dois discutiam enquanto andavam. Jesus se aproximou sem que eles o reconhecessem e perguntou o que estava se passando (ver Lc 24.14-35). Eles estranharam a pergunta, pois, era de conhecimento de todos o que havia acontecido com Jesus de Nazaré, mas responderam. Eles começaram a relatar os fatos e até disseram que a tumba estava vazia e que as mulheres e os apóstolos confirmavam isso, porém estavam tão atordoados que não conseguiam ligar os fatos. Cristo, ainda sem ser reconhecido, tratou de confortá-los e elucidou que tudo aquilo era cumprimento do que estava registrado no Antigo Testamento. “E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras”. Isso é algo magnífico. A Palavra encarnada explicava a palavra revelada e registrada na lei e nos profetas. A Bíblia é a testemunha mais segura da pessoa e da obra de Cristo, e o próprio fazia uso com maestria desse testemunho. Quando falamos sobre Jesus em nossa evangelização, adotamos a Escritura como fonte suprema de revelação ou procuramos fontes nada confiantes para testemunharmos do Evangelho?

Finalizo esse texto enfatizando que terminei com uma pergunta em todos os tópicos acima. Se alguém não reparou, peço que releia novamente, agora com mais atenção, e procure responder todas elas. É importante que as respostas retratem uma alta estima pela Bíblia. Acredito que tenha ficado muito claro o papel central das Escrituras na vida do cristão. Vimos que o próprio Cristo deu um imenso destaque ao texto sagrado. Não poderia ser diferente, a Bíblia é o livro que foi escrito para revelar as boas novas de salvação e Cristo é a o salvador do mundo.

Soli Deo Gloria

4 de ago. de 2015

Um Pedido a Sociedade Bíblica do Brasil

Por Thiago Azevedo

A Bíblia com certeza é o livro que mais impactou as gerações. Maior best-seller da história que possui um vasto histórico marcado pela perseguição e por grandes homens que sempre estiveram envolvidos no processo de tradução de seu conteúdo. Estes homens expuseram suas próprias vidas nesse empreendimento. O referido Livro Sagrado, por ter seu texto em predominância no idioma latino, passou por aval de reis e de outras grandes autoridades para que fosse traduzido. Um destes foi o rei Tiago – VI na Escócia e I Na Inglaterra – assim como era conhecido. Ele apoiou e financiou a tradução da Escritura por William Tyndale, considerado o pai da Bíblia na língua inglesa, esta tradução ficou conhecida como The Bible of The King James (A bíblia do rei Tiago). É importante que se diga que nesta época a igreja católica romana não tinha passado pelo cisma com a Igreja Anglicana – o que após ocorrer contribuiu para que mais traduções da Bíblia surgissem. A Igreja Católica passou a perseguir Tyndale como fora da lei, isso pelo fato de ter colocado a Bíblia na mão do povo inglês. Outro rei partícipe neste processo foi Henrique VIII (que seria principal responsável pelo cisma da Igreja Anglicana com a Igreja Católica Romana), que também financiava e protegia os trabalhos de Tyndale.

12 de jul. de 2015

João Ferreira de Almeida: O Tradutor da Bíblia para o Português



A grande maioria dos evangélicos do Brasil associa o nome de João Ferreira de Almeida às Escrituras Sagradas. Afinal, é ele o autor (ainda que não o único) da tradução da Bíblia mais usada e apreciada pelos protestantes brasileiros. Disponível aqui em duas versões publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil — a Edição Revista e Corrigida e a Edição Revista e Atualizada — a tradução de Almeida é a preferida de mais de 60% dos leitores evangélicos das Escrituras no País.

Se a tradução de Almeida é largamente conhecida, o mesmo não se pode dizer a respeito do autor. Pouco, ou quase nada, se tem falado e escrito a respeito dele. Almeida nasceu por volta de 1628, em Torre de Tavares, Portugal, e morreu em 1691, na cidade de Batávia (atual ilha de Java, Indonésia). O que se conhece da vida de Almeida está registrado na “Dedicatória” de um de seus livros e nas atas dos presbitérios de Igrejas Reformadas (calvinistas) do Sudeste da Ásia, para as quais trabalhou como pastor, missionário e tradutor, durante a segunda metade do século XVII.

19 de jun. de 2015

A Bíblia e o Culto a Deus: Do papiro ao aplicativo

Por Thiago Azevedo

Todo e qualquer verdadeiro cristão deve ter o estudo das Sagradas Escrituras no centro de sua vida. Fora assim nos tempos mais longínquos. É possível perceber na Bíblia Sagrada que o interesse de homens pelos textos sacros permeia as mais diversas épocas e os mais diversos materiais em que as verdades bíblicas foram grafadas. Quem quiser mais detalhes, um bom material é o livro do Reverendo Wilson Paroschi “Origem e transmissão do texto do Novo Testamento”. Em Êxodo 20, Moisés recebe os dez mandamentos por parte de Deus e estes foram grafados numa pedra (material rústico). Moisés expôs o que grafou nas pedras ao povo de Israel e manuseava com frequência tal material (Êxodo 24:1-7). O material utilizado na transmissão do texto bíblico evoluiu para o papiro – espécie de planta aquática da qual se extraia o caule para escrita. Acredita-se que é ao papiro que Jeremias faz menção no seu livro no capítulo 36 e verso 2. A tão famosa biblioteca de Alexandria, de meados século III a.C, além de ter como objetivo principal de seus idealizadores possuir uma cópia de cada livro da época, tinha todo seu acervo em papiro. Posteriormente os escritos passaram a ser reproduzidos em outro material, a saber, pergaminho. Este nada mais era que a pele do animal após ser submetida a um intenso processo de tratamento e preparação para escrita. É a este material de escrita que o Apóstolo Paulo se refere em I Timóteo 4:13. Percebe-se que a existência de homens interessados e comprometidos pelo estudo das Escrituras Sagradas sempre foi uma realidade em todas as épocas - independentemente do material em que as verdades bíblicas estivessem grafadas.

8 de jun. de 2015

Eu não tenho 1 minuto. Eu tenho mais que 1 minuto!

Por Pedro Pamplona e Thiago Oliveira

O cantor Thalles Roberto é uma figura controversa entre os evangélicos. Ele tem uma legião de fãs entre os irracionais que dão a cara do evangelicalismo brasileiro. Irracionais no sentido de não refletirem sobre aquilo que consomem, seja na música, na literatura ou noutro tipo de produção cultural. Esse tipo de evangélico, que engloba a maior fatia, não discerne as coisas tendo a Bíblia por base. Mas, há um grupo menor  que apresenta um senso mais crítico. Estes questionam tudo com base no antigo lema reformado “Somente a Escritura”. Figuras como o Thalles não são celebradas nesse segundo grupo.

18 de mai. de 2015

Um resumo de Romanos

Por João Calvino

Estou em dúvida se valeria a pena gastar demasiado tempo com a exposição sobre o valor desta Epístola. Minha incerteza tem por base o simples receio de que, ao comentá-la, não venha a afetar ou a minimizar sua grandeza, e que minhas observações não venham simplesmente a obscurecê-la, em vez esclarecê-la. Deve-se também ao fato de que, em seu próprio início, a Epístola se introduz melhor e melhor se explica, em termos muito mais claros, do que qualquer comentário poderia descrever. Portanto, ser-me-á preferível que, sem delonga, me introduza no próprio tema. Tal fato nos comprovará, além de toda dúvida, que entre as muitas e notáveis virtudes, a Epístola possui uma, em particular, a qual nunca é suficientemente apreciada, a saber: se porventura conseguirmos atingir uma genuína compreensão desta Epístola, teremos aberto uma amplíssima porta de acesso aos mais profundos tesouros da Escritura.

10 de fev. de 2015

Que Diferença a Suficiência das Escrituras Faz na Sua Vida?

Por Kevin DeYoung
Primamos muito pela doutrina da suficiência das Escrituras. Mas, que diferença faz a suficiência das Escrituras na sua vida cristã? Deixe-me propor quatro maneiras que deveriam fazer uma enorme diferença.
Primeiro, com a suficiência das Escrituras mantemos a tradição em seu lugar. A tradição certamente tem um lugar na compreensão da palavra de Deus e na formulação da convicções doutrinárias da Igreja. A diversidade mais facilmente esquecida hoje é a diversidade dos mortos. Devemos aprender com os grandes mestres que vieram antes de nós.Devemos permanecer firmes sobre os credos ecumênicos da igreja. E, para aqueles de nós em tradições confessionais – como luteranos, anglicanos, presbiterianos e reformados – temos que nos comprometer a apoiar nossos padrões confessionais de forma séria, cuidadosa e com integridade. Mas mesmo esses grandes credos, catecismos e confissões são valiosos apenas enquanto resumem o que é ensinado nasEscrituras. Nenhum texto secundário e feito pelo homem pode substituir ou ser autorizado a subverter a nossa lealdade e conhecimento da Bíblia.
A suficiência das Escrituras fortalece o grito da Reforma de sola Scriptura, ou “Somente a Escritura”. Isso não significa que devemos tentar abordar a Bíblia sem a ajuda de bons professores, recursos escolares e fórmulas doutrinárias testadas. “Somente” não significa “por si só” (nuda Scriptura), mas que a Escritura somente é a autoridade final. Tudo deve ser testado contra a palavra de Deus. A tradição não tem um papel de igualdade com a Bíblia em saber a verdade. Em vez disso, a tradição tem um papel de confirmação, iluminação e apoio. Não podemos aceitar inovações doutrinárias, como a infalibilidade papal, o purgatório, a concepção imaculada ou a veneração de Maria, porque essas doutrinas não podem ser encontradas na Palavra de Deus e contradizem o que é revelado nas Escrituras. Embora possamos respeitar os nossos amigos católicos e ser gratos por muitos aspectos da sua fé e testemunho social, não devemos vacilar em nossa fidelidade à sola Scriptura. Está implícito na compreensão bíblica da sua própria suficiência.
Segundo, porque a Escritura é suficiente, não acrescentaremos ou retiraremos da palavra de Deus. Ao nos achegarmos àBíblia, devemos sempre lembrar que estamos lendo um livro pactual. E documentos pactuais normalmente concluem comum a maldição de inscrição pactual. Vemos essa maldição em Deuteronômio 4:2 e 12:32, onde os israelitas são advertidos contra acrescentar à lei mosaica ou retirar qualquer coisa dela(cf. Provérbios 30.5-6). Da mesma forma, vemos o mesmo tipos de maldição na conclusão do Novo Testamento em Apocalipse22.18-19 – “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”. Esta forte admoestação, no final de toda a Bíblia, é um lembrete forte de que não devemos acrescentar nada à Escritura – para torná-la melhor, mais segura ou mais de acordo com as nossas suposições – e não devemos retirar nada dela, mesmo se a experiência, revistas acadêmicas ou o humor da cultura insistir que devemos.
Terceiro, visto que a Bíblia é suficiente, podemos esperar que a palavra de Deus seja relevante em todos os aspectos da vida. Deus nos deu tudo o que precisamos para a vida e a piedade (2 Pedro1.3) porque a Escritura é suficiente para nos tornar sábios para a salvação e santos para o Senhor (2 Timóteo 3.14-17). Se aprendermos a ler a Bíblia para baixo (em nossos corações), do outro lado (o enredo da Escritura), para fora (para o fim da história)e para cima (para a glória de Deus, na face de Cristo), descobriremos que cada parte da Bíblia é proveitosa para nós. Afirmar a suficiência das Escrituras não é sugerir que a Bíblia nos diz tudo o que queremos saber sobre tudo, mas que ela nos diz tudo o que precisamos saber sobre o que mais importa. A Escritura não oferece informações completas sobre todos os assuntos, mas em todas as disciplinas que ela trata, só diz o que é verdadeiro. E, em sua verdade, temos conhecimento suficiente para abandonar o pecado, encontrar o Salvador, tomar boas decisões, se Deus quiser,e chegar à raiz dos nossos problemas mais profundos.
Quarto, a doutrina da suficiência das Escrituras nos convida a abrir nossas Bíblias para ouvir a voz de Deus. Não muito tempo atrás, eu estava em um grupo de aconselhamento da denominação onde nos foi dito para encontrarmos nossas “normas”como uma comunidade. Quando sugeri que a nossa primeira norma deveria ser testar tudo à luz da palavra de Deus, foi-medito – e isto é uma citação exata – que “não estamos aqui para abrir nossas Bíblias”. O objetivo do grupo, aparentemente, era que nós ouvíssemos nossos corações e uns aos outros, mas nem tanto de forma que ouvíssemos a Deus. Mais tarde, na mesma reunião denominacional, um pastor da América do Sul abordou todo o corpo. Ao perceber uma propaganda na parte de trás sobre um evento em que iríamos “descobrir” a visão deDeus para a nossa denominação, o homem disse: “Descobrir? Espero que vocês encontrem o que estão procurando. E tentem não demorar muito”. Foi uma alfinetada bem colocada em relação à tendência na Igreja Americana de planejar, e sonhar,e esquematizar, e projetar uma visão, e se envolver em discernimento mútuo, tudo enquanto, ao mesmo tempo, a clara voz de Deus permanece negligenciada em nosso colo.
________

30 de jan. de 2015

Palavra de Deus: Amo, logo medito

Por Fred Lins

Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia.
Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos; pois estão sempre comigo.
 Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação.
Sou mais prudente que os antigos; porque guardo os teus preceitos.
Desviei os meus pés de todo caminho mau, para guardar a tua palavra.
 Não me apartei dos teus juízos, pois tu me ensinaste.
 Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca.
Pelos teus mandamentos alcancei entendimento; por isso odeio todo falso caminho.

Sl 119.97-104

Em tempos que o nominalismo, perde-se a capacidade de perceber a ação de Deus por meio da sua essência, pois, o homem a ofusca pela necessidade arrogante de si mesmo. Falar da Palavra de Deus torna-se desagradável, provoca coceira nos ouvidos (I Tm 4.3b) e reduz a Igreja a um balcão medíocre de pedidos, onde, Deus atende e simplesmente peço o que quero (fast-food da fé). Apesar de todo contexto desfavorável que constatamos na Igreja contemporânea é possível perceber a ação de Deus preservando a sua Palavra e movendo o coração de homens e mulheres em favor de amar e meditar todos os dias de maneira contínua em seus decretos e juízos.

O salmo 119 é o maior capítulo da Bíblia: Possui 176 versículos, divididos em 22 grupos, grupos estes iniciados pelas letras do alfabeto hebraico (um salmo acróstico), cada grupo possuindo assim 8 versículos. Em uma métrica perfeita, não percebida em nossas versões e traduções. Este maravilhoso texto é exemplo de profunda celebração e exaltação aos decretos divinos (Bíblia). Em todo capítulo - das mais variadas maneiras - o salmista usa diversos sinônimos e os emprega de maneira muito peculiar deixando assim o exemplo de amor e dedicação ao livro que revela quem é Deus e os seus propósitos.

A porção acima destacada (versículos 97-104) mostra pelo menos cinco razões pelas quais vale a pena amar e meditar nas sagradas letras. O salmista inicia o seu poema fazendo uma declaração de amor ao texto sagrado, deixando muito claro que é impossível amar essa palavra sem que isso redunde em meditação, haja vista, que Aquele que tem os mandamentos de Deus e os guarda este é o que o ama (Jo 14.21). Amar a Deus tem como resultado amor e devoção a sua palavra que, por conseguinte modo leva-nos a meditar (extrair verdades espirituais). Esta é maravilhosa equação:

Meditação = Amar a Deus + Amar a sua Palavra

A meditação, produz em nós, segundo o texto, cinco reações, vejamos cada uma delas:

1.    Mais sabedoria - Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos; pois estão sempre comigo (v.98).

É inquestionável pensar em sabedoria e rapidamente não vir a nossa mente Salomão. A sabedoria que foi uma característica notadamente dada por Deus a Salomão (II Cr 9.23) surtiu maravilhosos efeitos nele e em parte dos seus 40 anos de reinado. A evidência dessa maravilhosa sabedoria consegue ser percebida em todas as atitudes de uma vida aliançada a Deus e tem como início o temor a Deus (Pv 9.10a).

2.    Mais entendimento - Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os teus testemunhos são a minha meditação (v.99).

A origem deste termo tem uma relação direta com o uso da razão, da mente, da consciência, da inteligência... Existe uma relação menos conflituosa do que a maneira como este conflito é pintado e que há muito tempo, desde idade média, vem sendo debatido: Fé x Razão. Na realidade há menos conflitos entre estas duas realidades e há mais similaridades que possamos imaginar. O entendimento da Escritura passa pela mente, mas necessita de fé para ser compreendida, não consiste na eliminação de uma destas verdades para validação da outra, mas uma relação de profunda cumplicidade entre dois termos que se harmonizam para uma compreensão correta e sadia das sagradas letras.

3.    Mais prudênciaSou mais prudente que os velhos; pois guardo os teus preceitos (v.100).

O termo que traduz de maneira mais aproximada a palavra prudência seria percepção correta. E na realidade é isso que a palavra de Deus tem a capacidade de nos oferecer. Ela nos empresta o olhar divino e nos ensina a andar sobre uma nova percepção, um novo olhar, uma nova capacidade de entendimento (além da razão, mas sem excluí-la). Traduz a mesma ideia que Jesus deixa aos seus discípulos quando na grande missão expõe o seguinte: Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudente como as serpentes e inofensivos como as pombas. (Mt 10.16).

4.    Livramento - Desviei os meus pés de todo caminho mau, para guardar a tua palavra (v.101).

Quando Jesus está ensinando os seus discípulos orar e os ensina a oração do Pai Nosso, trabalha a ideia de livramento na mesma perspectiva deste salmo, que tem o sentido de empurrar, puxar, tirar a força. O nosso desejo enquanto natureza é pecaminoso, o que pensamos e fazemos é contaminado pelo pecado e por nossas concupiscências, ou seja, não há bem em nós, mas o livramento de Deus nos condiciona a andar em seus preceitos e obedecer a sua Lei, não por nós, mas pela manifestação da sua bondade, Graça e misericórdia.

5.    Firmeza através do ensinamento - Não me apartei dos teus juízos, pois tu me ensinaste (v.102).

Uma das melhores coisas que Deus nos permite experimentar é o conhecimento, e me refiro a conhecimento macro, geral, científico. O conhecimento é libertador, é edificante, é envolvente, tal como o conhecimento de Deus que também é libertador. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8.32). Grande parte do contexto de fé que vivenciamos tem abdicado do ensino, negligenciado a doutrina e cedido aos pressupostos da pós-modernidade, do conhecimento pessoal e intuitivo.
O salmista encerra esta série com duas maravilhosas declarações: declarando que o sabor da palavra de Deus é doce, é agradável, é palatável. De fato só é possível dizer isso quando por essa palavra se é transformado, liberto. Somente assim tais verdades fazem sentido e tornam-se doces como mel e não amargos como fel. A segunda declaração está com o afastamento do caminho mal que vem também como resultado do conhecimento e entendimento adquirido por essa palavra.
Que o nosso Deus conceda a sua Igreja - por meio do seu Santo Espírito - a preservação e direção que são providenciados por meio da sua verdade e seus estatutos e que ela seja a nossa luz e lâmpada em meio ao mundo enegrecido pelo pecado e turvado pelas transgressões.

19 de dez. de 2014

Lutero e o estudo profundo da Bíblia

Por Steven Lawson

Lutero achava essencial que o preparo de sermões incluísse a leitura diligente da Bíblia. Entendia ele que se quisesse pregar bem, teria de conhecer profundamente as Escrituras. Cada uma de suas exposições bíblicas refletia horas concentradas de leitura cuidadosa da Palavra. Thomas Harwood Pattison observa que: “O seu amor pela Escritura fez de Lutero um grande pregador bíblico. O próprio Lutero tinha fome de conhecer mais as Escrituras, como alguém a quem por muito tempo tivesse sido negado o alimento necessário”.[1] E o historiador Jaroslav Pelikan, diz: “Ele estava de tal maneira saturado pela linguagem e pelo pensamento da Bíblia que muitas vezes a citava sem estar consciente disso”.[2] Em palavras simples, Lutero devorava o texto bíblico com voraz apetite.

Continuamente, Lutero lutava com as palavras dos escritores bíblicos. Refletindo sobre suas muitas horas gastas examinando as Escrituras, ele disse:

Quando jovem, eu me familiarizei com a Bíblia. Ao lê-la vez após vez, passei a conhecer o caminho em meio a ela. Só depois disso é que consultei escritores [de livros a respeito da Bíblia]. Mas finalmente, tive de tirá-los todos de minha vista e lutar com a própria Bíblia. É melhor ver com os próprios olhos do que com olhos de outros.[3]

Em outro lugar ele escreveu: “Já há alguns anos, eu tenho lido a Bíblia inteira duas vezes no ano. Se você imagina a Bíblia como uma poderosa árvore, e cada palavrinha um pequeno galho, eu sacudi cada um desses galhos porque queria saber o que era e o que significava”.[4] Essa leitura implacável da Bíblia foi uma das principais ocupações de sua vida.

Lutero sabia que os pregadores seriam tentados a evitar a Escritura procurando os comentários, mas asseverou que a Escritura tem de ser a leitura principal. Acautelou: “A Bíblia estará enterrada sob uma massa de literatura a respeito da Bíblia, negligenciando o próprio texto”.[5] Lutero consultava muitos comentários, mas jamais negligenciou a leitura diligente da Escritura.

Lutero temia que até mesmo a leitura dos pais da igreja pudesse substituir a verdadeira leitura da Bíblia. “A leitura dos santos pais deverá ser só por curto tempo, para que por meio deles sejamos conduzidos às Sagradas Escrituras”.[6] O perigo, dizia ele, é que um homem gaste tanto tempo lendo os pais que “nunca chegue a ler as Escrituras”.[7] Lutero ainda afirmava: “Somos como homens que sempre estudam os sinaleiros e nunca viajam pela estrada. Os queridos pais desejavam que, por seus escritos, fôssemos conduzidos às Escrituras, mas nós os empregamos para nos afastar das Escrituras”.[8] Para Lutero, tinha de haver um influxo total das Escrituras antes que pudesse haver um transbordar da verdade bíblica na pregação.

Ele testemunhou a negligência da leitura bíblica pessoal da parte de muitos no ministério, e Lutero lamentou: “Alguns pastores e pregadores são preguiçosos e não servem para nada. Dependem de… livros para conseguir produzir um sermão. Não oram, não estudam, não leem, não examinam as Escrituras. Não são nada senão papagaios e gralhas que aprenderam a repetir sem entendimento”.[9] Desprezar a leitura pessoal do texto bíblico, Lutero cria, era ser subdesenvolvido no púlpito.

Considerava sua obrigação labutar diariamente na Bíblia. Quanto a isso Lutero declarou: “Somente a Escritura é nossa vinha em que todos devemos lutar e laborar”.[10] Os pregadores não devem nunca se desviar para outros campo, porém, manter-se imersos na Escritura. Ele disse: “O chamado é vigiar, estudar, estar atento para a leitura”.[11] Isso, ele sentia, era o primeiro dever do pregador.

Lutero via o poder da pregação como ligado diretamente ao compromisso do pregador com a Palavra de Deus: “O melhor pregador é aquele que melhor conhece a Bíblia; que a guarda não só na memória como também na mente; que entende seu verdadeiro significado, e o trata com efetividade”.[12] Noutras palavras, um conhecimento profundo do texto prepara o homem para se tornar grande força no púlpito, Disse ele: “Aquele que conhece bem o texto da Escritura é teólogo distinto”.[13] Essa saturação bíblica era característica de Lutero, e impactou profundamente os seus sermões.
___________

Notas:

[1] T. Harwood Pattison, The History of Christian Preaching (Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1903), 135.

[2] Jaroslav Pelikan, Luther’s Works, Companion Volume: Luther the Expositor (St. Louis: Concordia, 1959), 49.

[3] Lutero, Luther’s Works, Vol 54, 361

[4] Ibid., 165.

[5]Ibid., 361

[6] Martinho Lutero, Works of Martin Luther: With Introductions and Notes, Vol 2 (Philadelphia: A. J. Holman Co., 1915), 151.

[7] Lutero, Luther’s Works, Vol 44, 205.

[8] Ibid.

[9] Martinho Lutero, D Martin Luthers Werke, Vol 53 (Weimar: Hermann Bohlaaus Nachfolger, 1883), 218, conforme citado em What Luther Says, 1110.


[10] Lutero, Luther’s Works, Vol 44, 205.

[11] LUTERO, D Martin Luthers Werke, Vol 53, as cited in Meuser, Luther the Preacher, 40–41.

[12] KERR, John, Lectures on the History of Preaching (New York: A.C. Armstrong & Son, 1889), 154–155.


[13] Martinho Lutero, D Martin Luthers Werke, Tischreden IV, 4567 (Weimar: H. Böhlau, 1912–1921), conforme citado em What Luther Says, 1355.

Sintomas de uma igreja que abandonou a suficiência das Escrituras

Por Jackson Amorim

Paulo Anglada em seu livro Sola Scriptura diz: “Uma igreja sem confissão é semelhante a um partido sem ideologia, a uma sociedade sem estatuto, ou a um país sem constituição. Não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina”. Diante desta afirmação o que dizer de uma igreja sem as Escrituras? Quando falamos “sem as Escrituras” nos referimos à importância da mesma dentro da igreja como a única regra de fé, prática e conduta.

Quando uma igreja abandona as Escrituras ela torna-se incoerente, desunida, instável, infiel e sem disciplina. Antes de falarmos sobre essas características, faz-se necessária uma compreensão da origem da Escritura, sua autoridade e, consequentemente, sua suficiência.

1. Origem das Escrituras

A Escritura tem sua origem em Deus, logo sua natureza é divino-humana. Divino porque Deus quis revelar-se em palavras ao homem, e ao mesmo tempo humano, porque Deus falou por intermédio de homens. Homens estes separados e preparados por Deus para registrar todo o seu conselho, suficiente para o conhecimento da condição de pecador em que se encontra a humanidade, ao mesmo tempo que se faz necessária para que o homem seja salvo.

Hermisten Maia em um artigo intitulado “Introdução à Cosmovisão Reformada: anotações quase aleatórias (2)”, publicado na revista eletrônica Teologia Brasileira, faz uma citação de Gerard Van Groningen sobre a ação do Espírito Santo no processo revelacional das Escrituras:

“O Espírito Santo habitou em certos homens, inspirou-os, e assim dirigiu-os que eles, em plena consciência, expressaram-se na sua singular maneira pessoal. O Espírito capacitou homens a conhecer e expressar a verdade de Deus. Ele impediu-os de incluir qualquer coisa que fosse contrária a essa verdade de Deus. Ele também impediu-os de escrever coisas que não eram necessárias. Assim, homens escreveram como homens, mas, ao mesmo tempo, comunicaram a mensagem de Deus, não a do homem”. Sendo as Escrituras a mensagem de Deus para o homem, logo, ela é autoritativa.

2. Autoridade das Escrituras

Existem verdades fundamentais da fé cristã, tais como: Inspiração e Inerrância Bíblica, das quais toda formulação teológica dependem delas, desta forma são pressupostos essenciais na teologia. John MacArthur afirmar que uma compreensão certa da inspiração e da revelação é essencial para se distinguir entre a voz de Deus e a voz do homem.

A inerrância e a infalibilidade da Escritura são decorrentes da sua inspiração. O Espírito Santo inspirou homens para registrar a revelação de Deus livre de erros, sendo pois, uma revelação infalível, porque a revelação tem sua origem no próprio Deus, logo, ela possui autoridade. “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver; a fim de que todo homem de Deus tenha a capacidade e pleno preparo para realizar todas as boas ações” 2Tm 3:16,17.

3. A Suficiência das Escrituras

“Embora as Escrituras não sejam exaustivas, elas são suficientes em matéria de fé e prática. Nelas o homem encontra tudo o que deve crer e tudo o que Deus requer dele para que seja salvo, sirva-o, adore-e e viva de modo que lhe seja agradável”. Paulo Anglada na página 189 do livro SOLA SCRIPTURA.

A história tem mostrado que a Palavra de Deus foi alvo de ataques, dentre os quais, a suposição de sua falibilidade. Hermisten Maia no artigo citado acima coloca que um ataque mais sutil permeou boa parte da história da Igreja, que é a concepção de que as Escrituras não são suficientes para nos dirigir e orientar.

Se as Escrituras têm sua natureza divino-humana, e sua autoridade está na inspiração, que é divina, logo tudo que o homem necessita em matéria de fé, prática e conduta, pode ser logicamente inferido.

Voltando ao ponto inicial, quando a igreja negligencia esses três aspectos: origem, autoridade e suficiência das Escrituras, aos quais está inter-relacionada, ela passa a apresentar os seguintes aspectos: não há coerência, nem unidade, nem estabilidade, nem fidelidade, nem disciplina.

A coerência da Igreja está na Escritura, nos ensinamentos dos profetas e no fundamento dos Apóstolos. “Porque ninguém pode colocar outro fundamento além do que está posto, o qual é Jesus Cristo!” 1Co 3:11. Uma igreja incoerente não está em conformidade com as Escrituras. Nos últimos dias tem-se observado nas igrejas brasileiras práticas exotéricas, místicas, que não condizem com o verdadeiro Evangelho. Isto ocorre quando a Palavra é colocada em segundo plano, onde as “experiências místicas” são colocadas acima das Escrituras, tornando-as autoritativas.

A unidade da Igreja está no fundamento, Jesus Cristo, o verbo encarnado. “Deus foi manifestado em carne, foi justificado no Espírito, contemplado pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo e recebido acima na glória” 1Tm. 3:16. Se a Igreja não tem a Escritura por suficiente, está sujeita a heresias.

Estabilidade se obtém quando se está bem fundamentado, e o fundamento já foi posto, Cristo Jesus. Em 1Tm 3:15, Paulo utiliza o termo coluna, que vem do grego stylos, como a coluna tem por finalidade sustentar o teto de um edifício, assim a igreja tem que sustenta a verdade. O outro termo utilizado pelo apóstolo é baluarte, expressa a idéia de estabilidade e permanência.

No Sl 119:9, o salmista faz uma pergunta vital aos jovens, mas que pode ser estendido a todos, “Como pode um jovem conservar-se puro o seu caminho?”. Podemos fazer outra pergunta: como pode um cristão ser fiel a Deus? O salmista dá uma resposta infalível que serve para essas duas perguntas, “...Vivendo-o de acordo com a Tua Palavra”. Quando a Palavra de Deus não é suficiente, não há como ser fiel, pois como nos orientaremos acerca dos preceitos de Deus?

 “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver” 2Tm 3:16. A disciplina é um ato de amor. Para exercer a disciplina é preciso ter um aferidor, e este aferidor é a Palavra.

Se a igreja possui ou adota outros meios de medida de conduta cristã, logo ela tem as Escrituras como insuficiente, incorrendo no perigo de proceder de forma não escriturística. É o que temos vivenciado no meio dito evangélico brasileiro. Práticas místicas, esoterismo, sincretismo religioso, dentre outras aberrações.

Nunca se cantou tanto e pouco se leu a Escritura. Vivemos em uma superficialidade teológica nunca vivenciada no Brasil. A pregação Cristocêntrica deixou de ser atrativa para muitos pastores. A mensagem da Cruz é muito dura para o homem hodierno segundo alguns ministros da Palavra. Precisamos resgatar a mensagem da Cruz. Precisamos colocar Cristo no centro das mensagens. É urgente o retorno as Escrituras, porém mais urgentes são homens comprometidos com Deus e com sua Palavra. Sola Escriptura.
_______________

REFERENCIAS:

ANGLANDA, P.R.B., Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das Escrituras / São Paulo – Ananindeua: Knox Publicações, 2013.
MACARTHUR, J. F., Os Carismáticos, São Paulo: Fiel, 1981.
COSTA, H.M.P., Artigo: Introdução à Cosmovisão Reformada: anotações quase aleatórias (2). Revista Teologia Brasileira.
BIBLIA King James (KJA), São Paulo – Abba Press

14 de dez. de 2014

Dia da Bíblia: A importância da Escritura e o nosso amor por ela

Por Thiago Oliveira e Thomas Magnum

Certa vez o pastor Russell Shedd - em uma de suas pregações - disse que o Brasil é o país onde mais se vende Bíblias na América Latina. De fato, o acesso que temos em nosso país as Sagradas Escrituras é muito grande. Temos Bíblias de todos os tamanhos, cores, materiais, além de variadas versões. Temos Bíblia até a prova d’água. Hoje comemoramos o dia da Bíblia, essa é uma data que os cristãos de várias partes do mundo comemoram e incentivam a leitura do Livro Sagrado. 

O dia da Bíblia foi criado em 1549, na Grã-Bretanha pelo bispo Cranmer. Esse dia foi criado para que a população intercedesse em favor da leitura da Bíblia, em nosso país a data começou a ser comemorada por volta de 1850 quando aqui pisaram os missionários da Europa e Estados Unidos. No entanto o primeiro ato público como manifestação popular se deu em 1948 com o surgimento da Sociedade Bíblica do Brasil. No ano de 2001 a comemoração passou a integrar o calendário oficial do país segundo prescreve a lei federal 10.335, que instituiu o dia da Bíblia em todo território nacional.

Temos em nossas mãos a Palavra de Deus, a Escritura é inspirada por Deus (II Tm 3.15,16). Sabemos que é através dela que Deus fala a seu povo e a todos os homens, é pela pregação do que ela ensina que os povos virão e adorarão ao Cordeiro. Outro motivo que devemos evidenciar é o propósito dessa data existir. Ela foi instituída para que povos, tribos e nações sejam alcançados pelo evangelho, pela Palavra de Deus. Muitos povos ainda não têm tradução da Bíblia em sua própria língua, isso é um desafio para nós e para novos estudiosos da Bíblia. O mundo tem cerca de 7 mil idiomas, e a Bíblia, ou parte dela, está disponível para um pouco mais de 2.500. Ou seja: ainda há trabalho para a Igreja! Por isso irmãos, temos alguns motivos de oração:

1. Oremos para que o Senhor capacite seus servos que estão trabalhando em traduções Bíblicas, porções das Escrituras e no Novo Testamento.

2. Oremos para que Deus continue levantando novos tradutores da Bíblia, ainda precisamos alcançar muitos povos.

3. Oremos para que o evangelho entre em países de alta perseguição e o povo nativo tenha a Bíblia em sua própria língua. 

4. Oremos para que possamos a cada dia transmitir o Evangelho do Deus Soberano com fidelidade e temor. Oremos para que outras vidas sejam transformadas, regeneradas pelo poder da Palavra de Deus.

Enquanto milhões de cristãos não tem acesso as Escrituras e quando a recebem, agem dessa forma aqui, cristãos no Brasil desprezam o texto sagrado e correm atrás de novas revelações. O que a Palavra de Deus diz acerca do Céu e do Inferno muitas vezes não é levado em conta. Mas se alguém contar suas experiências de ter ido ao Céu ou ao Inferno, mesmo que seu discurso não seja coeso ou provável, as igrejas ficam lotadas de pessoas interessadíssimas em saber o que um “fulano” tem a falar. Ah, se houvesse o mesmo interesse em aprendermos direto da fonte da vida!

Calvino, um dos maiores expositores da Escritura dizia que Deus falava diretamente com ele, toda vez que ele abria a sua Bíblia para meditar ou pregar. Os puritanos também compartilhavam do mesmo sentimento. Quando vamos para o primeiro século da era cristã, vemos a mesma reverência e amor pela Bíblia, incluindo os apóstolos, é claro. E o que falar então do salmista que escreveu o Salmo 119? Já reparou neste que é o capítulo mais longo da Bíblia?

Este Salmo é um poema de amor que evidencia o quanto que a Palavra de Deus deve ser não só obedecida, mas também amada e desejada. Observe alguns versos e veja as palavras apaixonadas do salmista:

Tenho prazer nos teus decretos; não me esqueço da tua palavra.” Salmos 119:16.*

Corro pelo caminho que os teus mandamentos apontam, pois me deste maior entendimento.” Salmos 119:32

Dirige-me pelo caminho dos teus mandamentos, pois nele encontro satisfação.” Salmos 119:35

Tenho prazer nos teus mandamentos; eu os amo.” Salmos 119:47

Fui tomado de ira tremenda por causa dos ímpios que rejeitaram a tua lei.” Salmos 119:53

Fiquemos por aqui. Lembrando que o Salmo 119 contém 176 versículos, estes aqui selecionados são uma pequena amostra do quanto que o salmista se deleita na Palavra e até se ira quando ela é rejeitada, isto é, desprezada. E como diz o Kevin DeYoung: "Ninguém que realmente se deleita na Palavra de Deus será indiferente à desconsideração dela."** Agora podemos ser sinceros com nós mesmos e respondermos o seguinte questionamento: Meu coração arde pela Bíblia com zelo, amor e prazer, tal como ardia o coração do salmista?

Não podemos levar Deus a sério se desconsiderarmos a sua Palavra inspirada. Rejeitar ou não valorizar a Bíblia, é desvalorizar o seu autor. Sem falar que a Bíblia tem o ensinamento que precisamos para sermos instruídos na justiça (2 Tm 3:16) e fazermos aquilo que agrada o nosso Senhor. Ela é suficiente para nos revelar tudo aquilo que precisamos saber sobre Deus, sobre nós mesmos e sobre as questões eternas de vida ou morte. Por isso, também oremos para que:

1. Tenhamos zelo pela Bíblia, fazendo com que ela seja o nosso guia e autoridade final acerca das questões espirituais e das questões éticas desta vida terrena.

2. A Igreja brasileira se apegue mais ao texto sagrado e não fique correndo atrás de todo e qualquer vento de doutrina, ou modismo que aparece vez ou outra.

3. Pastores e mestres que tenham compromisso com as Escrituras continuem fiéis ao que ela diz e as ensinem com muito esmero para a edificação dos santos.

4. Amemos a Bíblia como amam os cristãos que a desejam, mas que não tem o mesmo acesso que nós temos a ela. 
_____________
*   Optamos pela tradução NVI.
** Levando Deus a Sério, Editora Fiel, p. 20.